terça-feira, 19 de agosto de 2008

Da Matriarca

Minha mãe, não sei porque mas tem hora que a senhora me irrita com umas perguntas e suas explicações. "Pega a panela no armário". Será que é só eu que percebi que aqui em casa tem tantas panelas em tantos armários? "Sabe aquela minha amiga daquele dia?" Eu posso tratar como "aquele dia" qualquer dia antes de hoje. E amiga, a senhora tem tantas.

Mas suas descrições genéricas a respeito das pessoas, das coisas e dos eventos não é o que me irrita. E nem o videocassete, agora (alguns aninhos) o leitor de DVD, a parabólica que está aqui em casa a tanto tempo e ainda sou requisitado para trocar de canal, por legenda, por para gravar a novela.

Também não me irrito tanto com a lentidão com que anda. O mal gosto para comprar roupas para mim. O tanto de bugigangas que põe no meu rack. As vindas da missa nas quais fala mal da vida de alguém por mais que eu não queira ouvir.

Me irrita para caramba quando a senhora fala "Aquele menino viado", "Quando você casar", "Os meus netos, que ainda vou ter." Eu não sou mal por gostar do que gosto e não deixo de ser quem você pensa que eu sou na essência por causa disso.

O que custa perceber que as coisas não é como eu quero? É tão dificil ver que eu não quero o mesmo que a senhora? Por que eu não me sinto seguro? Por que você reclama tanto? Se apega ao que é dos outros e não faz diferença alguma para nós? Por que você não me dá segurança? Tem que me fazer sentir tanto medo assim?

Somos dois errantes, mas estamos tentando acertar. Alguém de nos encontrou ou está encontrando o melhor caminho para aproximar-se da inatingível perfeição. Mas o que é a perfeição a não ser uma idealização que nossos desejos elaboram, algo que vai da intenção de cada?

O dia em que você saberá da minha boca o que eu gosto vai chegar. Sair frustada e caída só dependerá de você. Sair frustado e caído não dependerá de mim. Não sei quando será, mas vou me preparar para que tudo dê certo para mim.

Mas sem esquecer que eu amo muito a senhora. O jeito como mexe com o mão é único e já me dá suspiros de respeito, amor e tudo mais. É linda a doação que faz por mim e por meu pai, e é as vezes exagera. Doe-se para mim quando eu precisar de contar algo e a senhora ser para a mim um porto seguro.

A senhora é uma boa pessoa apesar dos erros. Eu por mais ranzinza, por mais arrogante, por mais impaciente, por mais que não seja aquele filho munido de condura também sou. Tentemos fazer o nosso amor incondicional não ser dominado pela vaidade que eu tanto quanto a senhora temos descontraladamente.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O medo...

Hoje fiquei o dia todo na internet, não fiz nada de produtivo. Sou uma ameba. A noite fui a universidade fazer prova. Enquanto eu falava da compartimentação do relevo meu melhor amigo veio até minha casa e usou meu computador. Se ele tiver notado, existe vestígios no Mozilla Firefox de que alguém naquele computador visita sites comprometedores.

Ele é muito educado, mantém descrição a respeito das coisas. Mas suas colocações me confunde, não sei se ele é tolerante ou homofóbico. A dúvida não é confortável e jamais será. Ele não deixou recado para mim em lugar algum e ainda não conversamos. Vou deixar as coisas rolarem. Acho que ele não vai jogar fora uma amizade com mais década e meia fora.

terça-feira, 17 de junho de 2008

"Penso Logo Existo"



Um amigo do MSN, homossexual naturalmente, me presenteou com um livro. Depois d’eu falar os motivos que me impediam de comprar o livro, ele citando a proximidade em que ainda estávamos, ou estamos, do meu aniversário, a amizade e a possibilidade que ele possui, fui por ele presenteado o O Terceiro Travesseiro. Fico eternamente agradecido com o presente.


Posso dizer que o livro, a mim, não é impactante, digo, não vai dar uma reviravolta na minha vida. Talvez vá, mas será por minha literatura ainda limitada e este livro ser o primeiro a tratar com um foco mais forte, aliás, com o foco principal, o tema da homossexualidade, bissexualidade, enfim.


Na história, embora o autor afirme ser real, às vezes foi irreal e forçada por alguns detalhes que acho muito incomuns numa "incomunidade", assim também como o livro se saiu previsível. Mas de modo geral posso falar que o livro é bom, de leitura agradável e prende a atenção.


Ao concluir a leitura pensei o seguinte, existem coisas que sabemos que existem, que quando não são fato, como a morte, são muito prováveis de acontecer, como a homossexualidade, e nós, na nossa ingenuidade voluntária, preferimos ignorar.


A morte me assusta, mas não deveria. Assusta-me porque estou pensando mais profundamente nela como algo adiável, mas a todos inevitável. Por mais que fujamos dela, e devemos afinal queremos viver, por mais que a ignoremos, por mais que afastemos, um dia ela vai chegar.


Nesse dia nos daremos conta de o quanto nos somos humanos, não pela sensibilidade e solidariedade que deveríamos ter, mas sim pela nossa incapacidade de controlar a natureza. Da natureza, a morte é a coisa pontual mais poderosa, mais forte que faz de nós pequenos e frágeis. E como se não bastasse tanto poder, ela é irreversível, não volta atrás, o que faz de nós ainda menores e frágeis. A natureza é poderosa, só a humanidade que não se conscientizou disso e acha que o mundo foi feito para o seu deleite.


O que vem depois da morte é algo que assusta também. Não sabemos o que acontecerá depois dela. Eu, que não tenho crença em algo espiritual, acredito que com a minha consciência nada acontecerá, ela simplesmente deixará de existir. A consciência é o que nos faz diferentes de todos os outros seres vivos no que tange a mente, sabemos que nós existimos. Daí, Descartes formulou sua frase, "Penso Logo Existo".


Mas voltando ao que nos espera depois da morte, ser aquela minha expectativa sobre a morte, não me resta outra coisa a não ser aproveitar os meus insignificantes anos de vida diante dos bilhões de anos que tem esse Universo.


A música é do Anderson Richards, vocalista da banda goiana Mr. Gyn, chama Sonhando e essa versão é a do DVD Acústico da cantora, também goiana, Valéria Costa. Ele fez a música para o pai dele que morreu. Acho a letra bonita e profunda e a melodia melancólica.

domingo, 15 de junho de 2008

Do Esquecer

Fato é que eu não esqueci é está díficil para esquecer. Acho que não esqueci. Os sentimentos quando não estão bem vivos estão latentes. Que saber? Eu gosto de você. Alimento minhas esperanças de que você volte e que eu possa falar com você. Que eu possa dizer o que eu penso, que eu estou puto, irritado com o que você fez comigo.


Tudo bem, eu entendo você e seus medos, mas você poderia ter feito de modo diferente. Você só pensou em você quando me deixou esperando até que eu desistisse e fosse lhe procurar. Procurando-te você me ignorou, eu supliquei para você dizer a mim o que não me convenceu. Tudo bem, você não quiz mais, mas poderia ter falado. Não custa nada falar, não me julgue pelos outros, eu não sou assim.


Mas se você voltar, eu vou lhe dizer o que eu sinto e o que eu desejo. Que eu tento mas não consigo e insisto em não te esquecer. Eu quero você para mim. Só me arrependo de não ter feito você saber o quanto quero você e já desde o início. Maldita timidez.


Mas digo que eu ainda gosto de você. Quero você, só vai depender de você. Enquanto isso, errante vou deixar meu coração ser manobrado por outros. Aliás, por causa de você eu tenho medo de apostar nos outros, ou de apostar para te esquecer, não esquecer e magoar outros. Não posso deixar eu acima dos outros, eu sou tão igual quanto os outros. Não quero para ninguém o que eu não quero para mim.


Talvez o grande idiota seja eu. Sim, poderia te esquecer, endurecer o semblante para o que me lembrar de você, quando lembrar de você. No entanto não consigo, é complicado, é dificil, a dificuldade me faz acomodar e prefirir nutrir esperanças, desejos, imaginar situações e acreditar que pode ser apenas um delírio da minha dor de cotovelo. Eu posso procurar e possivelmente te esquerer, mas será que eu quero? Não sei.


Mas não faço errado em pensar e refletir sobre o que eu penso. Estou confuso, a agústia toma conta de mim, existem horas que eu nem lúcido sou.

sábado, 7 de junho de 2008

Destrancando o armário...


Num primeiro de abril minha melhor amiga veio passar à tarde comigo, período do dia que sempre passo sozinho em casa. Essa rotina é quebrada pelo menos uma vez na semana, mas isso não vem ao caso. Quando minha amiga sentou na cadeira do computador e começou a ler as informações que rede mundial dos computadores mandava naquele dia, com caráter mentiroso eu soltei meio que sem pensar, "eu sou gay amiga". Fiz aquilo tendo em vista não só sair do armário para mais alguém além da terapeuta e dos meus amigos do MSN, que são na grande maioria de outros estados, mas também para vê como seria sentir uma experiência, que tinha metade de chance de dar certo, metade de chance de dar errado, com uma pessoa importante para mim.

Quando terminei de falar, ela se virou pra mim, e disse "é?", não não, ela disse "éééé???" com aquela cara de 'eu suspeitei desde o principio mas não sabia que ia ser assim'. rs. Nisso senti um medo da reação dela que estava só começando, me veio um pessimismo, um pânico e um arrependimento. Pensei rapidamente numa resposta, "amiga, primeiro de abril". Ela caiu na risada juntamente comigo se virou para o pc novamente e disse "ah tá!". Foi como se eu tirasse o mundo das minhas costas, mas outros sentimentos, ingratidão e covardia me vieram. Eu deveria ter coragem de contar para ela, manter a informação se é que eu confio tanto nela. Mas tudo bem. Que salada de sentimentos né?

Contei isso na sessão, que aconteceu naquela semana ainda, a terapeuta e continuei me sentindo, apesar de tudo, um covarde e ingrato. Mas no domingo, quando me vi num tédio infernal de domingo, não havia ninguém interessante logado no meu contato gay do MSN, entrei no meu contato hetero. Minha amiga estava lá, e comecei a puxar assunto, papo vai, papo vem, confesso que não muito fluído e interessante, mas quando nos encontrávamos num momento de partilhamento de depressões comecei a jogar uns verdes dissimulando. Comecei aquela história que um dia faria uma revelação a quem eu acho importante, que merece saber e que vai entender. Mas essa história era não só importante para mim como difícil de ser contada, eu precisava do meu tempo. A amiga me fez crer que ela correspondia a todas as exigências que eu faria para contar uma história que eu já pensei tão bem, no sentido de muito avaliar, e finalmente eu contei. Aliás, deixei que ela deduzisse o que eu iria contar e confirmasse depois caso fosse aquilo, "é sobre a sua sexualidade, amigo?", "sim, é sobre ela, eu sou homossexual?".

Sim, eram emoticons, mas pessoalmente seriam beijos, abraços e apertos de mão acompanhados daquelas palavras escritas a mim, só que com uma diferença, olhos no olhos. Disse a verdadeira versão de uns casos que eu contei nesses tempos de vivência a ela, expliquei que login era aquele no MSN, apresentei os mais queridos dos meus contatos gays, o orkut fake, quem naquela vez era o meu afeto. Boas e ruins lembranças eu tenho dele, mas valeu a pena pelas boas lembranças. Uma coisa notei naquela longa conversa de msn, nas visitas seguintes a minha casa, nos passeios lado a lado pela rua; os músculos do meu rosto doíam, mas é porque eu tinha um sorriso freqüente que certamente ajudou-me a ter sonos mais profundos. Ter aberto o meu armário para ela foi uma das melhores coisas que me aconteceu.

Nas semanas seguintes, quando os dias frios de outono foram chegando, algumas pessoas que não me conheciam começaram saber da minha condição sexual em função dela. Não que ela tenha saído espalhando, simplesmente eu delimitei a quem ela poderia a contar, pessoas que não conheço, o namorado dela, os amigos de MSN que certamente nunca me verão na rua ou em qualquer lugar a não ser na própria internet. Pessoas que eu sei que não se preocupam com a minha condição sexual e das quais eu não faço muitas expectativas, não que seja eu um antipático, anti-social ou elas más.

Porém, pessoas mais próximas de mim começam saber da minha condição sexual, a prima da amiga, um amigo dos tempos de ensino médio e depois outro. Confesso que com exceção da prima da amiga, para quem contei foi numa mesa de pizzaria onde tudo para nos saía debochativo e engraçado conseqüentemente, revelar minha condição a esses amigos foi algo que de tão tranqüilo, não sei se foi natural, pois acho que até esse dia chegar irá demorar muitos dias, foi sem graça. Não houve muito medo, não houve muita expectativa, não houve emoções de modo geral.

Disso tudo o que eu tiro é que às vezes somos preconceituosos, sem termos consciência, com as pessoas. Subestimamo-las e os preceitos delas. De modo geral contínuo pensando que a nossa sexualidade deve ser revelada a quem acharmos necessário, que saberá entender, que merecerá saber. As vantagens de contar algumas pessoas é que embora elas não sejam como agente, elas certamente irá nos apoiar eventualmente, diminuir a nossa solidão e nosso medo e acabam sendo menos pessoas para mentirmos quando não der para omitir.

É isso! Rausto! kkkkkk

PS.: Eu sei que a música não tem nada haver com a postagem, mas eu gosto da música, da cantora e o blog é meu e eu faço dele o que eu quiser. kkk

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Enfim...

Enquanto não penso em nada para colocar no blog vamos ajudar a raposa. O Mozilla Firefox, o melhor navegador do mundo, está lançando no mês de junho a sua versão 3.0.

O navegador é mais rápido, mais seguro, mais estável e tem mais funções do que o Internet Explorer. Sem contar o visual mais limpo e funcional.

Clique no ícone e abaixo e saiba mais:

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sábado, 10 de maio de 2008

Coração em Stand by

E então aqueles 17° que dizia a previsão da internet ficaram então mais glaciais. A noite além de fria tornou-se insuportável. A escuridão lhe tocava o corpo e o envolvia em uma nuvem de agonia. O sono não chegava, a inquietude era fato. Estava inconformado. Não acreditava no que estava se passando. Pensava e pensava sobre as possibilidades, as palavras ditas, as situações vividas. Se apegando aos sentimentos aquilo se tornava irreal, mas a razão lhe convencia do contrário. Aquilo era tão real e estava ele lá, deitado de bruços, soluçando ao mesmo tempo em que estava abraçado ao travesseiro, assim como um mendigo caído na sarjeta abraçado a sua trouxa de imundices, que ninguém quer, na esperança de não se separar delas.

Os pensamentos eram borbulhantes e lhe provocava o tédio, a angústia, a frustração, a dúvida, a esperança. Pensava no que vira na internet minutos antes. De fato foi ignorado. Tentava não mais pensar naquilo, ecoava em sua cabeça estridente os “esquece” escritos por vários naquela janela de Messenger certos da veracidade do que também viram. Esquecer que jeito? Não é fácil. Ele ainda alimenta esperanças.

Pensou no primeiro dia que viu o perfil do menino na comunidade de relacionamento. A foto o fazia crer numa beleza atraente. Sentiu se mais cativado quando leu naquele perfil o nome da cidade do menino, a mesma do agoniado. Aquilo lhe potencializava esperanças por algo mais efetivo, por mais remoto que fosse. Um dia a coragem, adicionou o perfil do menino novo na comunidade. No dia seguinte a felicidade, fora aceito. No embalo daquela confirmação envia ao perfil seu contato para o Messenger. É adicionado e em um dia os dois conversam muito. A conversa é inocente, pura. Eles compartilham os mesmos medos, receios, opiniões e esperanças. Eles vão se encontrar pessoalmente, está combinado.

Um dia quente e úmido de verão que inusitadamente não chovia. Na biblioteca, olha por entre as prateleiras, encontra o livro, procura o outro nas prateleiras próximas de onde aquele menino da comunidade disse que estaria. Identifica quem seria ele enquanto não encontra o outro livro. É real o receio por uma possibilidade de engano, mas ele chega e se apresenta. É correspondido com um sorriso e um aperto de mão amistoso e convidativo. Puxa a cadeira, encara a beleza do menino da comunidade que é sem sombra de dúvidas mais bonito do que nas fotos, coloca o livro sobre a mesa e começa os dois a falar.

Estavam em horário de verão e já era 18h00min daquela tarde onde Hélio ainda irradiava seu calor e sua luz branca sobre Gaia, mesmo assim pegou seu livro e disse que precisava ir embora, um desempregado não tem muito que fazer fora de casa em um horário que seria em tese noite. Foram juntos a loja de conveniência do campus, o rapaz do livro comprou seu bilhete eletrônico e junto com o novo amigo andou até o ponto mais distante possível para poderem conversar mais. Chegou o ônibus e se despediram apressados para quem fosse embarcar não perdesse a condução.

Em casa estava melancólico. Ouvia no mp4, que não era seu, Inverno, da Adriana Calcanhotto e projetava na memória o rosto do menino da comunidade, os trejeitos, a voz, o sorriso. Não estava com o computador em casa, sofria de angústia para falar com o menino. Os dias se passaram e outras vezes se encontraram na biblioteca da Universidade e muito descobriram um do outro. O menino da comunidade era do interior e estava na capital enquanto aguardava o resultado de aprovação da universidade. A amizade se consolidava, um recado de última hora avisa que o novo amigo estava voltando para a sua cidade, não daria para ficar na capital, não fora aprovado pela universidade. Vão lá e tem os dois a última conversa pessoal e com a mesma intensidade de sempre. Embora não aparecesse, Inverno ecoava na mente do menino da capital e lhe dava uma melancolia, uma leve dor de despedida. As idas a biblioteca daquele dia em diante lhe dava uma nostalgia e um talvez saudosismo.

Então começam os dois a se falar com mais freqüência de tudo o que é possível no Messenger. Logo aquele menino lá do interior, tão admirando pelo da capital por sua beleza, pelo jeito simples, humilde, otimista e humorado, começa a dar sinais de uma afetuosidade, embora desejada pelo outro, desacreditada. Sim, desacreditada estava no começo, mas então, o menino da capital começa a corresponder e apresenta seus signos, o frio na barriga, o Flerte Fatal do Ira!, o jeito mais melancólico e afetuoso de se dirigir, tudo mais. As trocas de elogios, as declarações de sentimentos, certamente verdadeiros por parte de um deles, os planos, os assuntos, as conversas são mais intensas e freqüentes. Tudo caminha tão bem.

Um dia o menino do interior tem uma queda de conexão e não retorna mais na mesma noite. Na outra retorna, explica o que aconteceu, mas novamente cai e não volta na mesma noite. A terceira e ultima noite não foi diferente, exceto pelo critério de que o menino do interior não voltou mais na quarta. A semana estava só começando. O menino da capital religiosamente estava logando até altas horas esperando por quem uma série de reações provocava em seu corpo. O medo começou a ficar mais constante, a ansiedade também, mas as possibilidades, as mais agonizantes estavam descartadas... ainda. Então o sumido aparece, conta uma história que justifica o sumiço. O jeito de contar a história, de referir ao outro e tudo mais continuam iguais. Nada de diferente exceto o cansaço que fizera o menino do interior ir dormir mais cedo mas com a promessa feita de voltar a sempre estar disponível ao seu amante.

A promessa não foi cumprida. O menino da capital toma sua ação, deixa seus recados no perfil do seu afeto. Logo pistas começam a se escancarar. Os seus recados deixados a ele estavam sendo ignorados, como se não tivesse sido deixados, e seu amante sempre, até mesmo nos mesmos horários estava logando e respondendo a todos. O sentimento ainda rege a alma do garoto da capital, mostra o detalhe a quem espera sinceridade, a mais dura se possível, e todo mundo sai proferindo “esquece”, esquece aquele que não é corajoso suficiente pra não assumir nem a ele mesmo o que sente e brinca com seus sentimentos. A letargia domina o corpo a mente, leves soluços. Despede-se e vai tentar dormir. Mas não dorme, apenas lamenta e enrijece o coração e a desconfiança.

Obrigado meus amigos por me apoiarem na minha angústia.

sábado, 19 de abril de 2008

A Saudade



Sei que nada acabou, pois sei que nada começou. O mundo apenas se transforma e nessas transformações as coisas podem não ser mais como queremos. Sei que para sempre assim será, que novos horizontes sempre existirão assim como caminhos que a eles levam.

Agora acredito que todos nos trilhamos, cada um, um caminho diferente. Mas o caminhos não são retos, uma hora eles se encontram nas mesmas estradas. E numa dessas estradas encontrei você, choramos e rimos muito enquanto iamos juntos. Com você aprendi muitas coisas e como disse o escritor fiquei eternamente responsável por ter cativado você.

Acontece que um dia chega e nossos caminhos tomam rumo diferentes. É tão rápido a mudança de trajetos que somos pegos desprevinidos e ficamos perplexos. Agora sei que que você vai em outra estrada paralela a minha, me manda sinais que a minha insensibilidade raramente perceberá. Mas por mais dificil que seja, seguirei meu caminho, pois não está tudo acabado e nada é para sempre. Uma vez essas estradas serão perpendiculares e lá no trevo a esperar por mim você estará.

O que me provoca dor é forma repetina de dizer até logo e como algo tão previsivel é por nós tão ignorado. Mas as lágrimas tem coisas boas para nós, limpar a alma e liberar a pressão. Agora cuidarei para aproveitar e viver intensamente minha passagem nessa estrada até o dia que nos encontraremos novamente e possamos seguir juntos.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Arrepia

Bem, minha intenção não é fazer propaganda para ninguém e nem ser nostalgico. Até mesmo porque 2004, o ano em que esse vídeo foi publicado, foi um ano que não acho marcante. Não que tenha sido ruim, mas não foi marcante. Bem está uma propaganda da Visa mas que é muito impactante e que certamente deixa alguma coisa marcada.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Aberto Para Balanço

Fazendo um balanço, concluo que o ano de 2007 foi um ano bom. Primeiro, eu cheguei a Universidade, e pública. Segundo, completei minha maior idade, iniciei o processo para emissão da minha carteira de motorista. Vivi durante um bom tempo na esperança de ter um estágio em um lugar que me trouxe coisas boas. E quarto, mas o primordial, foi um ano em que eu lentamente comecei a olhar para mim mesmo e vi que definitivamente eu não sou heterossexual.

Nesse processo a terapia ajudou, as palavras daquelas pessoas ativistas do movimento LGTB ajudou, alguém daquele lugar onde passava as minhas tardes - sem saber, sem querer, por mais distante que fosse de mim - também ajudou. O processo não é o mesmo para todas as pessoas, não corre na mesma velocidade para todos, não começa na mesma hora para todos.

Primeiro me via como bissexual, uma mentira que eu insistia em dizer, eu não estava me aceitando totalmente. Ainda existia culpa por ser o que eu não escolhi ser e estava cansado de lutar contra, no que tange a Deus, algo pecaminoso, desprezível, errado, mal. Mas depois pensei sobre Deus e em outra postagem vocês podem ver o que eu penso dEle. Finalmente, lá no final do ano conto para a terapeuta, "Sou Gay!".

Aquele momento foi intenso. Sentia-me nu, constrangido dum tanto. Era como se eu tirasse minha máscara e mostrasse o meu verdadeiro rosto. Porém era bom, era como se eu me livrasse também de correntes, algumas grades e tivesse então um espaço maior e mais bonito para correr. Digo isso, pois afinal de contas, eu quero um latifúndio para eu viver e nao viver dentro de um armário para sempre.

Lógico, a terapeuta já sabia que eu sou homossexual, nem ela e nem eu gosta muito da palavra gay. Eu fico impressionado com a psicanálise por causa do fato da gente falar muito coisa que não pensa não estar dizendo. Ela, a terapeuta, só estava esperando chegar O MEU TEMPO, para contar a ela, para confirmar a ela. Mas o principal mesmo, a hora primordial, foi eu ter me aceitado. Quando me aceitei não foi como se eu tivesse tirando o mundo das minhas costas, mas pelo menos a Austrália. Aquilo tudo ali me aliviou dum tanto. E falar para ela foi como se eu tirasse quem sabe a Antártida.

Aceitação da condição sexual. Aceitar a condição sexual começa por aceitar a si mesmo e entender que ninguém é culpado por algo que não é que não é sua culpa, até mesmo porque a própria condição sexual não foi escolhida por nós mesmo. Não se sentir culpado por algo que não é controlável. Esses desejos, sexuais principalmente, que vem a nós não são controláveis. Isso é o principal, não podemos aprisionar massacrar a nos mesmo se temos amor próprio.

Bem, o êxtase da confissão na terapia já passou. Hoje fico me indagando se não dá para eu contar para mais alguém sobre a minha condição sexual. Isso vem de uma necessidade que eu tenho de contar para as pessoas que eu acho importante para e que merecem saber. Não acho que devemos gritar ao mundo quem somos o que somos só porque as pessoas em seus casulos predestinados acha isso anormal quando é tão natural. Que heterossexual se apresenta como heterossexual para um desconhecido? "Oi, meu nome é fulano eu sou heterossexual". Eu não sou diferente dos heterossexuais.

Bem fica ai minhas óticas e minhas expectativas. A música é Primeiro de Julho, foi composta pelo saudoso Renato Russo, quem canta é a saudosa Cássia Eller em seu Acústico Mtv. Nossa, como esse Brasil já teve gente boa na música né? Ainda tem é claro, mas convenhamos, Renato, Cássia, Elis que quando morreu eu nem era nascido, Cazuza, enfim, fazem uma falta tremenda.