Um Estado liberal é aquele que não faz distinção de tratamento com suas leis e políticas entre os indivíduos em função da decisão que cada um toma a respeito do que é seu como o corpo, a vida, os pensamentos, as emoções. Isso não acontece no Brasil. Aqui existem várias distinções que dão a um grupo mais ou menos direitos e condições sobre o outro, o que promove uma sociedade injusta.
Os exemplos são variados, vão desde a diferença na idade e no tempo de aposentar entre homem e mulher, passando pelo alistamento militar obrigatório para homens - o que já está errado por ser obrigatório em um Estado denominado democrático, aos direitos civis que os heterossexuais possuem e os homossexuais não possuem. Também temos como exemplo a omissão do Estado no combate aos preconceitos e restrições que um grupo sofre mesmo que esse grupo também financie o Estado.
Está equivocado quem pensa que somos livres no Brasil. Os homossexuais são oprimidos de várias formas e de jeitos não escancarados. Aqui os heterossexuais podem firmar uma união civil, deixar herança para os seus companheiros e os homossexuais não. Essa diferença é injusta seja porque faz distinção, seja por nega direito a um indivíduo por uma característica que não é levada em conta por exemplo na hora de pagar impostos. Outro exemplo, os heterossexuais podem afirmar a sua sexualidade, nada acontece com eles, um homossexual se empreender o mesmo será constrangido.
Então numa visão reducionista vão dizer "Ninguém está perguntando nada sobre o que a pessoa é ou se sabe que não vai ser aceito fica calado". No entanto o calar é uma censura proveniente dos preconceitos, dos padrões sociais assim como o não ser aceito. Por esses motivos muitas pessoas, mesmo que homossexuais, preferem omitir e até afirmar o contrário a respeito de sua sexualidade.
Então vem outra falácia, quem está no Armário não tem que ficar falando sobre militâncias sociais. Porém, estar no armário é um protesto contra, a suposta, obrigação de quem se reconhecer como não heterossexual sair afirmando para todos que é assim sendo que a sociedade é resistente e muito hóstil a essas condições. Também, estar no armário não significa que o indivíduo é alienado e não é capaz de fazer uma crítica reflexiva a respeito de temas como os que envolvem cidadânia, inclusive a LGBT. Por fim, estar no armário não impede a pessoa de promover mudanças em favor de uma sociedade mais igualitária e justa. Existe as manifestações de vontade anônimas e pontuais que por serem assim passam desapercebidas, no entanto essas manifestações tem grande poder de influência e o que faz diferença para que elas sejam predominante é a quantidade de vezes que surgem.
O que se tem no Brasil é um Estado grande, pesado, lento, burocrático, caro, contraditório e intervicionista. Prega a liberdade, mas obriga os homens a servirem alguma Força Armada. Não deixa o indivíduo escolher o que faz com o corpo, como é o caso das mulheres serem criminalizadas por abortarem. Não deixa o indivíduo escolher o que faz com a vida, como é o caso de alguém que é obrigado a viver em estado vegetativo mesmo que quando consciente ela rejeitasse essa possibilidade.
O que o Estado brasileiro precisa são de mudanças em suas leis e política para que se possa dizer que o Brasil é liberal, democrático. Essas revisões estão acontecendo, mas a passos lentos. Um grande desafio é enfrentar a resistência de direitas conservadores, religiosos que se fundamentam na religião para decidir sobre o bem comum. São classe que por serem beneficiadas com as diferenças existentes insistem em dizer que não existe preconceitos, discriminação ou barreiras e que por desconhecerem realmente a natureza ou por má intenção chamam qualquer atitude que contradiz essa tese de comunista.
Falam assim pois para eles é interessante que continue a existir essas diferenças e se sentem ameçados com a afirmação, que o que se quer, e não a imposição, das minorias, ou nem tanto como é o caso dos grupos etnicos e feministas. No dia em que essas mudanças acontecerem aí sim seremos liberais.