quinta-feira, 12 de março de 2009

Você é o meu balão


Quando criança, eu ia a muitas festas infantis. Nelas brincava-se muito, comia-se muito brigadeiros, salgados, sempre rolava o "Com quem será" depois de cantar parabéns. Enfim, eram divertidas as festas e eu gostava muito do final, quando os festeiros pegavam os balões que adornavam e distribuiam as crianças. As festas eram geralmente a noite e eu chegava em casa em um horário que eu costumava estar dormir, então chegava muito cansado e deixava para curtir meus balões no outro dia.

Os balões para mim sempre foram mais do que objetos feitos de um elástico latex com perfume peculiar. Foram para mim a continuidade da diversão em casa, recolhido comigo mesmo na minha infância solitária, sem irmãos e com a presença de amigos talvez menor do que em comparação a média. E dos balões posso dizer que eles não foram apenas balões no meu universo infantil. Nunca atribuí a eles nomes, mas atribuí a eles personalidades, nada mais reflexo da minha própria.

Me encatava nos balões o colorido, pareciam sempre estar sorrindo, a leveza, a flutuação. No fim acabava eu criando um certo laço afetivo com eles e com eles eu tive um pouco da sensação de se perder algo querido, seja repentinamente - estouro - com a falta de cuidado de uma criança, seja ao longo dos dias em que eles iam murchando, perdendo a leveza e as cores vivas e brilhantes passando para umas densas e opacas.

Mas então, eu só sei que apesar de tudo que não seja interessante, ainda assim muito eu gosto de balões e que você é o meu balão.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Amanhã ou Depois.



Na minha relação com a minha mãe muitas coisas são complicadas. Tenho notado que ao longo dos anos a nossa relação que era muito afetiva por parte de nós dois foi se acabando. As manifestações de carinho acontecem apenas por parte dela e mesmo que ela seja carinhosa eu ainda me sinto incomodado. Talvez tenha acontecido em função da definição da minha personalidade que é muito diferente da dela. Não gosto disso e acho que sou muito injusto com a minha mãe.

 

Por um tempo fantasiei que as coisas entre nós dois poderiam melhorar caso ela soubesse da verdade sobre minha sexualidade. Muitas mentiras e omissões que eu fazia a respeito de mim tendo a sexualidade iriam desaparecer e eu ficaria mais tranquilo, mais sereno. Fiquei mais tranquilo sim e também mais sereno, mas não atingi o objetivo que quis. Continuo agressivo, no entanto agora é diferente.

 

Certamente fico irritado pela forma como minha mãe age diante da situação. É degradante a forma degenerativa como minha mãe conduz a situação sobre a minha sexualidade. Sem sombras de dúvida ela gosta de mim, mas a felicidade dela está em me ver heterossexual, o que é impossível. Ela não sabe, ela é inocente quanto a isso, ingênua, mas ela me magoa muito quando deseja e reza ao Deus dela para que isso aconteça.

 

Abstenho-me de fazer muita coisa que eu imaginei que poderia fazer, e posso fazer, quando tivesse saído do armário. São degradantes as perguntas, a comotion (leia-se choro e chantagem sentimental) que minha mãe faz quando eu saio de casa. É uma sabatina pautada em dúvidas sem nexo, expressa com termos degradantes por parte dela ou tom de voz alto e expressões agressivas que preciso fazer para sair de casa sozinho.

 

Não importa o que se diga e o que se faça por agora, minha mãe acha que sempre vou fazer “safadagem” com alguma bicha (homossexual depravada e que todos percebem a sexualidade) doente que vai me deixar doente também, preferencialmente com AIDS como se fosse essa doença exclusiva aos e a todos homossexuais. E como se não bastasse, ao final me deixar falado, pesadelo para ela. Agora minha mãe deu para escolher até com quem, mesmo que heterossexual, posso assistir filmes que vão ter como temáticas a homossexualidade. Ela tem pavor que eu conte para pessoas como o meu melhor amigo e a mãe dele, que fecharão um ciclo de pessoas para quais acho conveniente contar.

 

Em função das atitudes da minha mãe e do meu comodismo em enfrentá-las eu fico em casa. Recuso muitos convites de pessoas daqui de Goiânia que poderiam terminar em amizades ou até em uma relação, se for para ser, por causa disso.

 

***

 

Falar de si mesmo é importante, pois é ouvimos opiniões sobre nós pautadas no que não percebemos. Também ajuda escrever para os outros tendo a própria vida como base da argumentação. É assim que olhamos para nós mesmos e entendemos melhor como comportamos, pensamos, sentimos, enfim.  Faço isso aqui no blog e faço isso na comunidade do Armário.

 

Na comunidade do Armário falei sobre minha relação com minha mãe, os amigos de lá foram certeiros com os conselhos, me disseram tudo o que eu sabia de certa forma, só não tinha me dado conta que servia para mim e que preciso muito usar. Agora falta por em prática, entender que eu não posso exigir da minha mãe o que ela não consegue. Eu sou o responsável por ter saído do meu armário, diante das pressões prós e contras, e sou também o responsável pelo o que vier agora tendo essa saída como pano de fundo.  

 

Cabe a eu agir da melhor maneira possível para melhorar a situação com a minha mãe.

 

Na última noite não fiquei até o horário de costume na internet, estava achando aquilo um tédio e morrendo de vontade de me ver ocupado novamente com minha faculdade. Assisti quatro finais de jornais, tentei dormir. O sono não veio e chegou o momento em que liguei meu mp4 que carreguei só com músicas acústicas.

 

Nisso tocou Amanhã ou Depois da banda gaúcha Nenhum de Nós. Rolou algumas lágrimas ao ouvi-la, pois a música fala bem da minha relação com a minha mãe com uma rica fidelidade. Amanhã ou Depois será a trilha sonora doravante da minha relação com minha mãe. Adoro as metáforas e os seus compositores, ainda mais em boas melodias.

Amanhã ou Depois


Deixamos pra depois uma conversa amiga
Que fosse para o bem, que fosse uma saí da
Deixamos pra depois a troca de carinho
Deixamos que a rotina fosse nosso caminho
Deixamos pra depois a busca de abrigo
Deixamos de nos ver fazendo algum sentido

Amanhã ou depois, tanto faz se depois
For nunca mais... nunca mais

Deixamos de sentir o que a gente sentia
Que trazia cor ao nosso dia a dia
Deixamos de dizer o que a gente dizia
Deixamos de levar em conta a alegria
Deixamos escapar por entre nossos dedos
A chance de manter unidas as nossas vidas

Amanhã ou depois, tanto faz se depois
For nunca mais... nunca mais


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Mais outro sobre a matriarca

Me irrita as pessoas que não tem nada para dizer e falam besteira.

Assim com a minha mãe não vê na dela, eu não vejo a menor graça na minha vida. Sou pobre, estudo para me formar no que não vai me trazer felicidade, o meu corpo não é o que eu quero, como se não bastasse preciso de uma cirurgia que não sai tão cedo. Carnaval para mim consiste em ficar com meus pais, que ruminam diante da TV, e sentado feito um zumbi na frente desse computador.

É muito, mas muito cedo para eu dizer que vim ao mundo e perdi a viagem. Ainda tenho tempo e não chegou as vezes em que eu vou explorar todas as chances que eu tiver e assim me achar melhor ao Sol. Minha mãe coitada, é diferente, não está velha, mas do jeito que ela escolheu as coisas ela envelhece rápido. Isso me faz sentir dó dela e ainda mais raiva.

Ela só não tem coragem de dizer porque me ama, porém a verdade é que ela me acha um vagabundo. Com 19 anos eu só estudo. Ela dá graças a Deus por eu estudar, mas ela tem mais vontade que eu trabalhe do que estude. Ela tem raiva de muita coisa, raiva d’eu não falar de mulher mesmo que eu não fale de homem. Ela tem raiva de mim, e dela também, porque a pobre egoísta que ela é sem saber acabou transferindo a mim a maior parte dos planos da vida dela, acou se limitando. Ela tem raiva porque eu não acredito em Deus e não vejo a menor necessidade disso. Ela tem raiva de mim porque eu não acho bom senso nela, nem nas coisas que a minha avó ensinou a ela e a coitada pensa que eu tenho que seguir. Ela tem raiva porque eu não tenho raiva da família do meu pai. Ela tem raiva porque eu nada me interesso saber sobre o que os vizinhos fazem da vida deles ou o que foi manchete nos jornais sangrentos.

E eu não tenho raiva? Lógico que tenho, tenho raiva dela ter raiva e não saber do que tem raiva. Tenho raiva dela ser assim. Tenho raiva porque isso me afeta e tenho raiva das probabilidades que faz mãe e filho duas pessoas com trato em relação as situações tão diferentes. Não tenho raiva dela, mas sim das coisas que ela faz ou pensa. Tenho raiva dos elogios feitos a mim devido a vontade de que algo diferente aconteça.

Não quero ficar nessa por muito tempo. Eu quero ser livre, quero a sair daqui assim que puder. Ela vai sofrer, eu também, eu gosto dela e com a distância que verei que gosto dela de verdade e irei me arrepender e só não vou admitir por causa do meu orgulho. Mas confesso, a vontade de realmente testar a existência dessa felicidade é imensa. Assim também como sair de casa para fazer ela chorar. 

Desculpa minha mãe se eu não o que você quis e me desculpa também se na razão eu te entendo e o meu amor é apenas latente e nada saliente. 

O que me anima é saber que um dia as coisas vão mudar, pois tem que mudar, inclusive o regime de chuvas, quanta raiva eu sinto desses dias quentes semelhantes a agosto. Nem os típicos musgos dessa estação tem nos meus muros.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

DILMA ROUSSEFF 2010



O PT não diz nada sobre quem será seu candidato a Presidência da República, mas notamos que ele escolherá alguém inteligente, com experiência política e em administração pública, conhecedor do funcionamento do Estado e que possui grandes chances de ser tornar a primeira mulher a governar o Brasil. Por esses motivos e outros Dilma Rousseff deve ser a presidente do Brasil. A atual ministra da Casa Civil, ministério com nome mais chique, dará continuidade ao governo Lula.

Teremos a garantia de que a Petrobras será nossa e também o Pré Sal, também será nossa a tecnologia para exploração de nossas reservas que serão desenvolvidas em nossas universidade públicas, que tenderão a se tornarem melhores e mais inclusivas. Com Dilma finalmente teremos nosso fundo soberano efetivado, garantindo segurança e autonomia para o Brasil nos momentos de crise, teremos também o nosso fundo nacional de amparo a educação que vai corrigir a ineficiência da escola pública ao formar cidadãos capazes de desenvolverem nossa cultura e ciência.

Votar em Dilma Rousseff é continuar programas sociais, que conforme muitos levantamentos de organismo internacionais sérios, além dos nossos, apontam que são responsáveis por tirar nos últimos anos mais de 14 milhões de brasileiros da fome, fomentando o consumo interno e, diferente do imaginário de muitos, não promovendo o assistencialismo.

O governo Dilma Rousseff será o governo em que o Brasil irá consolidar sua autonomia e seu respeito com relação à sociedade mundial. Ela mostrará que somos competentes, que sabemos caminhar sozinhos, diferente dos errantes conselheiros que hoje caminham em uma tríplice crise, energia, alimentos e crédito.


Dilma tem uma biografia da qual ela pode se orgulhar. Lula é um grande signo para a nossa política, foi o metalúrgico de origens humildes que provou ser melhor do que os intelectuais burgueses que tiveram a seu favor a mídia corporativista que o acusou de alcoólatra e analfabeto, mesmo que não seja, e continuar a perpetrar preconceitos elitistas com relação as origens humildes e nordestina dele. Dilma lutou contra o Regime Militar e mentiu quando presa e TORTURADA para defender a vida de seus amigos e juntamente com uma grande massa dar-nos hoje o direito de manifestar com liberdade nossas opiniões, criticarmos e votarmos naqueles que achamos mais competentes.

Dilma Rousseff é um nome novo, no entanto não é menos competente na política, e mesmo que seja o próprio Lula deu a nós o exemplo de como isso é tão relativo. Dilma é a renovação e a garantia da democracia e de se caminhar rumo à igualdade de condições, da justiça social, da paz e o respeito entre as nações, ao bem viver de todos, principalmente dos secularmente esquecidos pelas políticas públicas.

Termino com o vídeo do dia em que a própria oposição lançou a pré candidatura da nossa dama a presidência da República. Senador Agripino Maia, embora o senhor seja um político biônico filiado ao partido dos coronéis brasileiros, que ainda persistem na política apesar da democracia e da renovação, eu fiquei com vergonha pelo senhor ter perdido a grande chance de manter-se calado, recolhido na insignificância que possui para a construção de UM PAIS DE TODOS literalmente:



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Da auto-aceitação

Nos dias da proximidade do meu aniversário de 18 anos uma reviravolta estava acontecendo na minha mente. Algo foi o estopim para mim, as palavras do grupo da causa LGBT presente na universidade que foram ditas naqueles meus primeiros dias na incógnita universidade da qual passei a fazer parte. Pelos próximos meses aquelas palavras, que me chocaram naquela noite, iriam ficar latentes. No entanto com o tempo elas borbulhariam com a pressão de tantas outras palavras, experiências, sentimentos e expectativas que inutilmente eu insistia esconder, pois elas diziam aquilo que eu bem sabia, mas que na minha silenciosa solidão negava.

Mas qual a finalidade de negar aquilo a mim, cuja maior testemunha do que acontecia com meus pensamentos e emoções era eu mesmo? Eu, assim como praticamente todos, fui criado em uma sociedade heteronormativa concebida para heterossexuais e disposta a empreender, na esmagadora maioria das vezes irracionalmente, o que for necessário para impedir que as pessoas que fujam a essa regra. Em casos isolados até atitudes extremas seriam tomadas e aceitadas através da omissão e da pouca importância dada pelas pessoas.

Além disso, sou filho único e meus pais sem me perguntarem e inocentemente estenderam os projetos deles a mim, sem ao menos notar se é da minha vontade realizá-los. As experiências negativas na escola davam outra proporção do que pode ser o respeito - ou ausência dele - dispensado a uma pessoa que assumi a todos aquilo que eu negava a mim mesmo.

Com 17, quase 18, anos eu estava cansado de ficar fingindo para mim pensamentos e emoções que eu sempre soube serem falsos, pois os verdadeiros envergonhavam a mim mesmo. Bastavam alguns minutos de silêncio entre um sono e outro para que a simples lembrança da minha homossexualidade constrangesse a mim mesmo, o meu maior inimigo, mas o meu maior herói. Além das palavras do grupo LGBT ditas naquele seminário, vieram as sugestões e as vezes em que fui posto na parede, e que sempre neguei, pela terapeuta, os meus conceitos sobre a minha condição mais próximos da tolerância e aceitação do que da repressão irracional e maquiada para me deixar cansado.

Viajo com meus pais para outro estado e no banco de trás, recolhido na minha introspecção, facilitada pela rara rodovia pública duplicada e sem pedágio, eu aceito finalmente a mim mesmo, dou um grito mental e digo a mim mesmo SOU HOMOSSEXUAL E VOU SER FELIZ ASSIM.

O que tenho em mente é que a partir desse dia da minha vida eu iniciei uma sucessão de grandes evoluções na formação e definição do meu caráter e principalmente, da minha personalidade. Não tirei o mundo das minhas costas, mas foi como se eu tirasse a Austrália e iniciasse um processo que ao final teria a mim livre de carregar o mundo. A partir desse dia até meu sono ficou mais leve.

Ultimamente tenho estado tão leve que estou nas nuvens, tanto é que agora, exatamente 19h01min no meu relógio lembrei que as 17h00min eu tinha terapia e não fui.

Comentem!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Mais uma experiência

A Spleen esperou que a mãe dela fosse dormir para ir comer um apetitoso pedaço de torta. Meus pais já dormiam há um bom tempo e eu queria aquele resto de sorvete. Pedi alguns instantes aos meus queridos amigos da web, que conversavam comigo naquela janela do MSN,  e fui até a geladeira.

Odeio quando estou andando pela casa de madrugada e minha mãe fica perguntando o que eu estou fazendo. Então andei com a leveza e o silêncio de um carro nipônico pela casa, segurando o telefone celular para me iluminar o caminho.

Na cozinha lentamente abri a gaveta, peguei uma colher daquelas bem grandes. Fui até a geladeira, peguei aquele lindo pote de sorvete, fechei o freezer e quando já me aproximava contente da vida da porta do meu quarto eis a surpresa ao abrir a lata. Feijão congelado!

Ughhh... eu amo feijão, mas cozido e com arroz. Voltei até a geladeira, agora sem tanto cuidado para não fazer barulho. Olhei e a lata de sorvete original não estava lá. Fui até a pia e sobre o escorredor de louças estava a lata do sorvete que eu tanto quis. Eita mania de pobre!

 Voltei para o meu quarto, frustrado, enfurecido, constrangido.


Comentem porra!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Do amor, simples

Não acho que o amor seja tudo e aquilo o que dizem ser. Pessoas se casam, se unem não é só por causa de amor e o amor não existe só entre pessoas que estão interessadas em viver juntas criando entre si a mais íntima das relações.

Os poetas escrevem o que é o amor na forma romântica, meu sinônimo para falta de bom senso, pessoal e determinista deles do que vem a ser esse nobre sentimento. O erro é que as pessoas fascinadas pelas belas palavras não desconfiam e não percebem que aquele amor dos livrescos não é o que elas sentem em suas vidas.

Ora! Bom é viver e perceber como os sentimentos afloram em nós. Só assim para descrever e ser sincero consigo mesmo e com os outros do que vem a ser entre tantos sentimentos o amor.

Comigo?

O amor não é libidinoso, libido é sexual, e não surge vigorosamente enlouquecedoramente em uma troca de olhares, isso é paixão. O amor se constrói e a paixão uma hora acaba, seja pela conquista, seja pela frustração.

O amor é o sentimento que une com a mais sincera estima pessoas a outras pessoas, aos animais, as plantas, a lugares, ideias, fatos e o que mais quiser considerar. 

O amor não é fiel. Fidelidade é diferente, é o respeito, a ética com a qual se conduz uma relação. É o desejo e a prática de fazer pelos outros aquilo que queremos para nós mesmos.

O que mais dizer do amor? Não sei, ele é grande, é complexo, rico e facetado, mas é sempre bom. Me falta ideia e mais percepções a respeito dele para num textinho descrevê-lo e com a arrogância dos poetas determiná-lo como verdade absoluta, a minha concepção.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sem título para essa ideia



Nos últimos dias não pensei em nada que fosse interessante para escrever aqui no blog. Eu passei por um período breve em que as atualizações foram diárias. Foi até necessário, pois muitas pessoas dedicaram a acompanhar aquilo que muitos tem vontade de fazer, no entanto não tem segurança e nem coragem para tal, assumir a sexualidade para a família. Esses dias se passaram rápido e conforme eu tanto pedi ao tempo, uma personificação de homem velho, sábio e bom que eu fiz; aproximamos de um mês pós saída do armário.

Atualmente as coisas vão até bem, a relação com a minha mãe não está tensa e deixou de ser muito antes disso. Com o meu pai as coisas continuam na mesma, ele não mudou em nada, falamos de tudo, menos daquele assunto e eu prefiro que seja assim, afinal de contas, não preciso tocar nesse assunto só porque eu sou homossexual. Enfim, a reação do meu pai é a que qualquer homossexual quer dos pais, da família, amigos e sociedade. Eu só tenho flores para jogar.

Minha mãe tenta aceitar, ela não usa em hora alguma aquelas palavras nada agradáveis que me disse no passado. Aliás, nesse tempo todo, ela vive me dizendo que eu sou a coisa mais importante da vida dela, que me ver infeliz é o maior pesadelo dela. Isso é verdade, mas tenho a impressão de que ela diz isso para ganhar um perdão que dei desde o momento da primeira ofensa até a hora que seja, porém ela não sabe que já perdoei, eu apenas não digo isso. Não que eu seja mau, é que eu prefiro que as coisas fiquem subentendidas, mas a minha mãe não entende com facilidade o que eu sugiro.

Agora eu tenho partido para ação, houve duas oportunidades em que fui ver dois rapazes diferentes. Nas duas vezes minha mãe me perguntou aonde eu ia e eu disse que ia em tal lugar, depois ela me perguntou com quem seria e o que eu iria fazer. Apenas não identifiquei os rapazes e omitir parte do que eu ia fazer, mas respondi tudo. Na última vez ela ficou chorosa, o jeito dela de dominar as pessoas, só que mais cedo ou mais tarde ela irá aprender que comigo não adianta; e praguejou contra a internet que ela acredita ser a culpada pela minha sexualidade. Deixei ela falando sozinha e fui.

Algumas coisas eu aprendi, que não preciso contar tudo, muito menos responder tudo o quê me perguntam, e também não preciso ficar justificando ou debatendo a respeito de tudo que eu não concordo, principalmente quando eu já falei antes. Deixar as pessoas falando sozinhas, por mais importantes que elas sejam, é bom até para elas aprenderem. O que eu acho que minha mãe precisa aprender é não perguntar ou fazer as pessoas falarem o que ela, a minha mãe, não quer ouvir.

Eu? De lá para cá eu não tenho uma certa desconfiança com a minha mãe. Custa acreditar que ela deixou aqueles cumulus nimbus tempestivos tão rápido. Também não enho sido rude com a minha mãe, só que agora saiu a agressividade para dar lugar a uma frieza, que assim como o jeito ríspido, não consigo controlar. Talvez seja porque assim como o jeito rude, eu não tenho me dedicado a investigar o que acontece comigo para eu me comportar de tal jeito. Quando vejo, estou agindo como e dada minha angústia o que mais quero é sair do momento e me distrair com outra coisa, com o repetitivo plantão de notícias, com o livro chato, a internet, enfim...

Não quero ser assim, rude ou frio, minha mãe não precisa que eu seja assim e não merece. Mas acho que poderia ser diferente aquilo que eu nem parei para pensar se é simplesmente a minha natureza, a minha personalidade como é a minha sexualidade. Até agora da minha sexualidade o que eu sei é que eu não a escolhi e não vou me abdicar de ser feliz e como eu sou para agradar aos projetos e as idealizações alheias, por mais importantes que essas pessoas possam ser para mim.

Confesso que eu estava sem a menor idéia sobre o que falar aqui no blog, só tinha em mente escrever nele, mas consegui e escrevi rápido, portanto não reparem meus erros ortográficos e de concordância. Por um instante pensei em falar apenas do clipe dessa postagem.

Mas tentando ser conciso, o que posso dizer sobre ele é que eu nunca achei essa música bonita, a letra dela acho super tosca, mas que acho o vocalista da banda, o lourinho careca, musculoso e tatuado; muito, muito gostoso e que tenho fetiche por esse tipo de homem. Como o blog é meu, eu procuro me pautar ao menos possível em moral cristã e eu sou humano e homossexual, como vocês sabem bem, eu confesso que morro de vontade de transar com ele, ou alguém parecido, e hoje de manhã toquei uma pensando no cara aí do clipe, gozei litros. Tá, também posso dizer que quando essa música era sucesso, há cinco anos atrás, o que não faz muito tempo, eu estava com 14 anos, brincava de médico com um primo meu e estava confuso com a minha sexualidade, confuso no sentido de não aceitar o que sempre soube.

Por hoje é só, até a próxima, aqui no mundo de Beakman.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

As constatações



Agora você constatou que não é heterossexual e tem um desejo intenso que lhe sai pelos poros por pessoas do mesmo sexo. Não se sente atraído e até se enoja quando em contato mais íntimo com pessoas do outro sexo. Não só o contato, mas também tocar em alguns assuntos lhe causa vergonha e asco.

Constatação não muito agradável. E você mente para você mesmo e tenta mudar ou fingir que não sente. Começa a provar para as pessoas o que não é verdade seguindo comportamentos que não gosta.

Crítica quem deixa evidente que é o que você é. Essa desconstrução do valor do outro é sua forma de se sentir superior, negar o que tanto lhe aflinge e faz sentir pior.

Com o tempo você constata que isso cansa. Mais cedo ou mais tarde verá que isso não dá para mudar e que continuar a seguir esse caminho de mentira, o que muitos fazem, vai lhe custar a felicidade.

Aos poucos você se acostuma com a idéia e tem menos medo de repeti-la, mesmo que mentalmente para você mesmo. Ao mesmo tempo que sentir uma vergonha por ser quem de fato você, pois pensa que isso é ser inferior, sentirá também um alívio. O seu maior cobrador é o seu maior inimigo, você!

Constata que não gosta de ficar na presença das outras pessoas, principalmente quando elas te perguntam sobre algo que não tem e não te interessa ter e é necessário mentir ou omitir, elas não querem entender e nem respeitar. Tem medo de que elas descubram e cria uma vida de segredo que pensa seguir como uma religião.

Então constata que não sabe bem o que fazer agora. Não sabe se fica como aquelas pessoas que estão na rua sendo vaiadas ou se continua sendo a pessoa que sempre foi. Gostando de fazer e aparentar o que sempre gostou e aparentou.

Resolve então experimentar algumas coisas. Os contatos físicos mais próximo, os primeiros beijos para valer e o sexo também. Ruim é que as pessoas que vão aparecendo no caminho são passageiras como a água que passa por debaixo da ponte.

Ao longo do tempo vai constando que nem sempre é necessário mentir, omitir ou isentar-se. Pois existem pessoas que não importa com o que você é e com quem você pode ser você enquanto elas continuam a gostar de você, pois isso não faz importância para elas.

Uma coisa é certo, que ao decorrer das coisas constatações existirão, mas o mais importante de tudo aconteceu, você já ter aceitado-se quem você realmente é e com isso ter acabado com parte das cobranças mais injustas feitas sobre você, vindas do seu maior inimigo e maior herói, você.

Se espante, você evoluiu bastante, mas muitas coisas vão mudar também.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O Cartão-Postal: está tudo bem agora.

As coisas estão tranquila, a minha mãe não demonstra nenhuma chateação. Eu a trato normalmente e o mesmo acontece com ela para comigo. Aliás, vivemos como antes, não tocamos no assunto. O meu pai também não toca no assunto.

carta

Ontem recebi um cartão postal direto da Argentina que o Mário me mandou. Dessa vez minha mãe não colocou nenhuma resistência sobre o postal ou sobre eu receber cartas e afins de homens. Bom, da ultima vez que ela fez isso ela teve uma notícia que para ela não é muito agradável e que agora, no oitavo dia, ela aparenta estar se acostumando.

Lembro da minha aflição desejando que estivessemos no final do mês só para sair daqueles dias desconcertantes e ver para que rumo as coisas foram. Para passar a agônia mais rápida eu fiz uma personificação para algo tão abstrato como é o tempo. Chamei-o de senhor da razão e me consolava saber que ele faria com que as coisas melhorassem. De fato o tempo é invencível.

Mudando de assunto

Sabe, eu ouço as pessoas contarem os problemas delas para mim. Quando acho que eu posso falar algo, eu falo. Uma coisa é certa, eu não tenho fórmulas mágicas e digo o que aprendi na minha comum, errante e nada interessante vida, o que comigo deu certo ou que eu tentaria se fosse o meu caso.

Porém não tenho paciência com essas pessoas que vivem a dizer que sofrem, que está passando por umas perrengas mas que nada fazem para mudar a situação, ou não se esforçam o quanto deveriam. Talvez seja por isso a minha impaciência comigo mesmo no que se refere a emprego. Também não tenho paciência com essas pessoas que mal lhe perguntam como está e começa a dizer dos problemas dela, das paranóias dela.

Ontem, por pensar e agir assim, acabei discutindo, aliás, deixando uma pessoa sozinha falando e falando e falando um monte de coisas para mim. Eu estava de saco cheio droga!

Sempre tendo que agüentar aquela janela invadindo a minha barra de tarefas. E ainda por cima na usura de teclas enter - quando a tecla enter é usado no lugar da vírgula e fica impossível acompanhar a conversa já que a mesma rola muito rápido para baixo, sem contar o plimplim a cada segundo que atrapalha ouvir música, se concentrar nas outras pessoas e janelinha piscando sem parar. Mais irritante era sempre contar as coisas como se eu tivesse a obrigação de ler aquilo, de entender aquilo e ainda dá uma resposta para a situação.

Ontem me perguntou se eu estava bem, mas bem só por questão de conveniência. Se eu dissesse que não ia perguntar como se eu tivesse que contar tudo, ia ficar calado, nada diria e ficaria off line sem avisar, nem ao menos um até logo. Eu disse que estava bem e então me perguntou se eu poderia ouvi-la. Como assim ouvi-la? Iriamos iniciar uma conversa de voz? Não e o que importa é que hoje eu não queria saber dos problemas dela eu que estava feliz com o postal e o filme que assistia no PC. Eu não respondi nada, nem sim nem não. Mas sou adepto de que na ausência de resposta é melhor não fazer nada, a pessoa não.

Começou naquele esquema supracitado a contar o seus problemas e como de praxe, no final me perguntou se tem base. Puta que pariu desgraça! Então eu disse, se quiser ser "ouvido" cria um blog, conte seus problemas lá para quem quiser ler e que quiser ajudar. Disse que sou humano, que tenho sentimentos, que também sofro, que eu estou cansado, eu não sou terapeuta on line e que tenho o direito de ficar feliz sem que alguém me tire isso uma hora.

Pensei que ia ficar chateado mas a coisa ia acabar ali. Ledo engano.

A resposta de quem dizia que eu era inteligente, ponderado, culto entre outras coisas que eu nunca usei para descrever a mim mesmo foi hóstil. Eu, considerado um dos melhores amigos virtuais da pessoa, virei um insensível, grosso, egoísta além de descobrir que tenhos ciúmes dela, a pessoa que de tão inconveniente nunca chamava para conversar e nem dava bola.

Com bem menos enters, letras e palavras, eu rebati tudo dizendo que a reciproca era verdadeira e que você - sim eu sei que você tá lendo essa porra! - é um inconveniente que não tem educação, que fica enchendo os outros com seus problemas. Além disso é frustrado porque eu não sou aquilo que ele idealiza que deve ser um amigo, uma pessoa boa.

A troca de farpas continuou, falei bem pouco, aliás, só um irônico "feche a porta ao sair" quando você me disse que ia sair, após ter dito que sou uma farsa, um pseudo-intelectual, que me acho, ingênuo que acredita nos elogios das pessoas e que X e Y viram isso, por isso que eles nem falam mais comigo.

Ora, Y viu isso em mim e em todo mundo, por isso que sumiu apesar que aparece de vez em quando me falando brigadeiros. Já o X aparece de vez em quando também, mas conversa sempre comigo, do jeito dele é claro, mas me falou o que ele pensa de você, coisa que eu não especifiquei por uma questão de ética e você disse que não te afetava, não te feria. Mentira! A sua negação é uma rejeição ao que você sabe, a sua própria vontade de ser adorado pelas pessoas mas incapaz de lidar com o contrário.

Depois ela me deixou um scrap no orkut fake, disse que o que as pessoas diziam ali para mim era apenas o que elas falariam antes de conhecer a minha outra face. Me deixou um depoimento dizendo que o frustrado sou eu, filho único, que não vai casar e nem dar netos para os meus pais e que vou viver com um macho em cima de mim. Voltou ao MSN, me disse o que havia feito e fez a gritaria mais louca do mundo. Provando aquilo que eu disse antes, que você se comporta como um adolescente embora aproxima-se dos 30.

gay

É claro, eu recusei o depoimento, excluí o scrap, ignorei e deletei o sujeito no perfil fake como no social, por questão de segurança.

Você implorou para que eu te bloqueasse também enquanto eu assistia e agia em silência para que eu provasse que a minha inferioridade em relação a você. Inferior eu? Ou será que você que vem me pedir a fórmula mágica do bem-viver todo dia como se eu a tivesse e não só a humildade de dizer que eu não sei e não tenho.

Minutos depois volta, diz que um tal de Vander pegou a senha dele, mandou emails aos amigos dele ofendendo-os e perguntou se eu acreditava nisso. E eu? Me convencia que a melhor vaia é o silêncio para quem quer louvores.

 

Disso ficou claro que você é um bajulador, invejos, falso, mentiroso, covarde, hipócrita, além de ser o verdadeiro insensível, egoísta, pseudo intelectual e inferior. Veio chamar justo eu que ouço Rolando Boldrin e faço uso da minha variedade de língua regional de caipira enrústido.

Agora eu pergunto e daí? Sou homossexual, mas quem tem que me amar, que são meus pais, me ama. Os seus não te aceita. E quem  disse que eu quero casa? Casar é paranóia sua que gosta de seguir as conviências cristãs ditadas como sendo dos bons costumes. Além disso, você não entendeu que meu negócio é homem? Em cima, por baixo, de lado, sendo homem e bonito e gostoso para mim é realização.

E viu tanto que eu sou inferior, escrevi mais para você em uma postagem do que para minha mãe. Realmente, ciúmes é uma coisa que eu tenho demais por você.