segunda-feira, 6 de abril de 2009

Eu estou fora do armário?

Não sei responder essa pergunta, pois não sei definir o que é armário e então fica complicado responder sobre algo que eu não tenho uma ideia, ou várias delas, formada. Mas, vou tentar seguir um pensamento linear e tentar responder a pergunta.

 

Ser homossexual, a minha condição sexual, é algo inaceito socialmente pela maioria das pessoas, tanto é que encontramos nelas muita hostilidade contra as pessoas que estão nessa condição. Por não ser aceito, muitas pessoas optam por esconder a sexualidade.

 

Em um primeiro momento, as pessoas escondem a sexualidade de si mesmo, a pior fase dado aos sentimentos de culpa, frustração, medo e as ilusões que redundam em mais culpa, frustrações e medos. Essas pessoas talvez sejam o que muitos chamam de enrústidos, não reconhecem e não aceitam a si próprias, muito menos os outros homossexuais.

 

No segundo momento, as pessoas aceitam a si mesmas, mas decidem não compartilhar isso com ninguém e resolvem viver discretamente. Acho que são essas pessoas as que estão no armário. Porém daí surge uma confusão, estar no armário quer dizer que ninguém sabe da sexualidade do indivíduo, mas e quando ele começa a se abrir para o terapeuta, para algum amigo virtual, procura também um outro “não assumido” nesses batepapos e redes de socialização para juntos permitirem viver o que as emoções e razões podem proporcionar através do corpo com a pessoa do mesmo sexo?

 

Assumir a sexualidade em uma sociedade intolerante, apesar das exceções ou da intensidade da intolerância, não é algo confortável para muitos e a mim, que não sou diferente, não é interessante. No entanto guardar essa sexualidade para si próprio também não é agradável e faz mal. Vejo que é uma escolha entre o ruim e o pior. Com isso notamos que no nosso caso pode existir um amigo para o qual resolvemos contar e dele conseguirmos apoio, o que é tudo de bom. Mas quando isso acontece continua-se no armário?

 

Depois desse amigo, vemos que temos mais uns dois que podem saber e contamos, eles também nos apóia, e aparece pessoas importantes também, como os pais e os avós, contamos e eles nos apóiam. Seja terapeuta, amigo ou familiar, quando contamos a sexualidade peço segredo, pois não é bom que todos saibam, ninguém quer sentir preconceitos e sou orgulhoso, não quero nem mesmo ouvir dizer que disseram mal de mim pelas costas.  Mas mesmo assim, quando isso acontece continua-se no armário? Mas por quê?

 

Estou em uma fase em que todas as pessoas que eu acho importantes para mim sabem da minha sexualidade e o mais importante, elas aceitam, algumas não tão bem como é o caso da minha mãe, mas deixa para lá. Nessa situação que me vejo encontro uma autoconfiança e confiança nas pessoas importantes muito grande, a autoestima fica elevada, afinal agora não preciso mentir, omitir e sei com quem posso confiar, independente da minha sexualidade.

 

Acontece que agora também, conforme for o perfil da pessoa, caso ela perguntem a mim a minha sexualidade não será bem o caso de dizer, mas será o de não mentir, de sugerir já que vejo que dela não surge nenhum preconceito. Ainda não foi o caso disso acontecer, mas embora eu tenha um pequeno receio, sei que provavelmente tomarei essa atitude.

 

De modo geral não sou assumido. A quantidade de pessoas com quem me relaciono diariamente e que me conhecem em vista da quantidade de pessoas que sabem de mim são poucas, são apenas as mais importantes ou aquelas, que constituem um grupo muito pequeno, que a minha sexualidade, como a de qualquer outro, para elas não importa. Também não quero e não devo sair dizendo a quem perguntar a minha sexualidade, isso não é da conta delas, perguntar não quer dizer que elas mereçam ouvir.

 

Talvez seja melhor eu deixar a sina de usar rótulos para definir as pessoas e dar moral aos tipos que surgem por aí que utilizam deles, mesmo que na própria comunidade do armário, onde sinto em alguns um “naziarmarismo”. Naziarmarismo? A purificação dos armariados, só pode entrar quem está no armário, sendo que a ideia de armário é vaga e indefinida e como quem que parece estar fora do armário consistisse num perigo aos demais, não importa o histórico, o caráter da pessoa e as relações que ela cultivou ali.  Impressiona como as pessoas promovem o preconceito do qual são vítimas e nem se tocam.

domingo, 22 de março de 2009

Do melhor amigo



Abrindo a porta do armário:

O meu melhor amigo é o R e a mãe dele, V, é muito amiga minha, aliás, é uma das minhas segundas mães. A mãe dele havia pegado a minha máquina fotográfica emprestada e depois fui buscá-la na casa deles. Em casa estava apenas meu amigo, e o irmão dele – um bebê – que dormia, e pensei em ir embora. É incrível, por mais intimo que eu seja naquela casa ainda me sinto um tanto quanto tímido. 

Disse a ele que iria embora, pois em casa o clima está meio tenso, trevoso como eu diria meses atrás. Ele quis saber o por quê e eu disse que não era nada. Mas ele insistiu para saber e ficamos ali naquele “fala” da parte dele e “não falo” da minha parte, um lenga-lenga tedioso. Ele disse que com ele eu poderia contar e então acionei o modo EXPLODA e comecei a falar para ele algo que sabemos bem. 

Disse a ele que existem coisas que não escolhemos, mas que precisamos seguir, até mesmo porque depende nossa felicidade disso, e que algumas pessoas como a minha mãe complicam. Ele é sagaz e inteligente, logo entendeu ou começou a fazer ideia do que eu estava falando e já perguntou como vai a minha relação com meu pai. Disse que com meu pai as coisas vão bem, ele não se preocupa com isso, ele continua o mesmo comigo. Isso o deixou surpreso, principalmente porque ele imaginava meu pai conservador, o que não é bem assim, muito antes, pelo contrário.

A conversa fluiu e ele disse algumas coisas que eu sei, entendo e que tenho dificuldade de incorporar na prática relacionada a mim e à minha mãe, mas que é importante repetir. Disse outras coisas, que eu não sou um bicha, fez as críticas as depravadas e eu disse a ele que não tenho interesse de fazer da homossexualidade o meu cartão de visita. Nisso concordamos bem. Disse também que pensei em nunca falar a ele sobre a sexualidade, já que ouvia da parte dele algumas piadas homofóbicas (?) e ele replicou dizendo que são brincadeiras. Me convenci disso. 

Falamos sobre muito mais coisas a respeito disso, dos tipos da universidade, dos grupos ativistas e tudo. Relevante contar é que eu agradeci a ele, afinal de contas tive medo que para ele uma amizade que existe desde muito cedo, talvez desde os três anos, não valesse nada para dois caras de 19. Fiquei feliz, não que a semana tenha sido ruim, foi ótima aliás, mas contar com apoio do meu melhor amigo valeu por todos os dias.

Sobre o meu melhor amigo:

Não sei precisar bem a idade, mas talvez seja aos três anos que eu o vi pela primeira vez e posteriormente começamos nossa amizade. O bairro ainda era novo, não existiam muitas casas, fomos um dos primeiros a nos mudar para cá, ele e sua família veio logo em seguida. Eu passava com minha mãe na frente da casa dele, lembro que sua mãe varria a rampa e cumprimentou a minha, embora ainda não fossem amigas. Ele segurava uma bola e estava sentado na escada e disse um alegre “Oi”. Talvez ele nem lembre disso, acho que não.

Não sei precisar o tempo, quando criança não tinha noção espaço-temporal eficiente, mas sei que foi pouco para nossos pais serem amigos e eu me aproximar dele e da irmã dele, pela qual também nutro muito carinho. Logo de cara dá para falar que o R é o meu melhor amigo há muito tempo. Se é recíproco da parte dele não sei e nem me preocupo em saber. Desde meus três anos será? Não sei! Mas sabemos o peso que um amigo de longa data tem em nossas vidas, nas experiências, nos momentos importantes da vida, ainda mais se ele for considerado pela gente o melhor amigo.

O melhor amigo, para quem preza as amizades e as pessoas que vivem ao redor, é certamente uma das pessoas mais importantes para a vida desse indivíduo. É interessante compartilhar coisas de nossas vidas com o melhor amigo e poder ficar a vontade para não esconder a sexualidade, se formos homossexual, não é diferente. 

Quem acompanha o blog há um bom tempo, sabe que por um período pensei viver minha verdadeira sexualidade escondido de todos aqueles que me subentendiam heterossexual. Com a evolução e as mudanças no meu ponto de vista a respeito da homossexualidade e das pessoas a minha a volta, ficou claro também que passou a existir algumas pessoas para as quais passei a tratar como sendo interessante o conciência delas a respeito da minha condição. Essas pessoas são alguns amigos do colégio, meus pais – sendo que a tranqüilidade da minha relação com minha mãe seja frágil, e o meu melhor amigo, assim como a mãe dele.

domingo, 15 de março de 2009

As teorias


Diz a tese que o homem que tiver o dedo indicador maior que o anular, provavelmente será homossexual, e caso tenha o dedo anular maior que o indicador, provavelmente ele será heterossexual. A primeira vez que ouvi sobre essa teoria foi no Fantástico, em seguida na internet em ocasiões diversas. 

No meu caso a teoria se aplica, conforme a foto, tenho o dedo indicador maior que o anelar, o que sugere que eu seja homossexual. A teoria sugere e eu confirmo conhecendo a mim tão bem, sou homossexual.

Ao dizer sobre essa teoria, a da relação do tamanho dos dedos, vi que não é bem assim. Muitos tinham o dedo indicador maior que o anular, indicativo de homossexualidade. Outros, compondo um número bem relevante, que não sei precisar se chegavam a ser maioria ou minoria possuíam o dedo anular maior do que o indicador, indicativo de heterossexualidade, no entanto eles foram categóricos ao dizerem que eram homossexuais já que eles não tinham a menor dúvida quanto a isso.

É uma teoria, a ciência se pauta pela repetição do processo, observação do tamanho dos dedos e a relação com a sexualidade do indivíduo, e obtenção do mesmo resultado sempre para ter segurança sobre suas afirmações. Porém não é isso o que acontece, existem muitas excessões e havendo excessões jamais poderá tornar uma lei essa teoria. Lembro do bom senso do cientista que faz estudos sobre ela, ele disse que a teoria é essa, mas existe muitas questões serem resolvidas e saber se ela é válida ou não.

O que a teoria diz sobre as meninas não sei, só lembro que o dedo indicador maior que o anular, homossexual, é o padrão comum entre as mulheres, que pressupõe serem heterossexuais.

Bom, o que eu quero é que quem ler essa postagem diga como a teoria se aplica a você, dizendo quem é maior que quem e a sua condição sexual. Até a próxima, aqui no Mundo de Beakman.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Você é o meu balão


Quando criança, eu ia a muitas festas infantis. Nelas brincava-se muito, comia-se muito brigadeiros, salgados, sempre rolava o "Com quem será" depois de cantar parabéns. Enfim, eram divertidas as festas e eu gostava muito do final, quando os festeiros pegavam os balões que adornavam e distribuiam as crianças. As festas eram geralmente a noite e eu chegava em casa em um horário que eu costumava estar dormir, então chegava muito cansado e deixava para curtir meus balões no outro dia.

Os balões para mim sempre foram mais do que objetos feitos de um elástico latex com perfume peculiar. Foram para mim a continuidade da diversão em casa, recolhido comigo mesmo na minha infância solitária, sem irmãos e com a presença de amigos talvez menor do que em comparação a média. E dos balões posso dizer que eles não foram apenas balões no meu universo infantil. Nunca atribuí a eles nomes, mas atribuí a eles personalidades, nada mais reflexo da minha própria.

Me encatava nos balões o colorido, pareciam sempre estar sorrindo, a leveza, a flutuação. No fim acabava eu criando um certo laço afetivo com eles e com eles eu tive um pouco da sensação de se perder algo querido, seja repentinamente - estouro - com a falta de cuidado de uma criança, seja ao longo dos dias em que eles iam murchando, perdendo a leveza e as cores vivas e brilhantes passando para umas densas e opacas.

Mas então, eu só sei que apesar de tudo que não seja interessante, ainda assim muito eu gosto de balões e que você é o meu balão.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Amanhã ou Depois.



Na minha relação com a minha mãe muitas coisas são complicadas. Tenho notado que ao longo dos anos a nossa relação que era muito afetiva por parte de nós dois foi se acabando. As manifestações de carinho acontecem apenas por parte dela e mesmo que ela seja carinhosa eu ainda me sinto incomodado. Talvez tenha acontecido em função da definição da minha personalidade que é muito diferente da dela. Não gosto disso e acho que sou muito injusto com a minha mãe.

 

Por um tempo fantasiei que as coisas entre nós dois poderiam melhorar caso ela soubesse da verdade sobre minha sexualidade. Muitas mentiras e omissões que eu fazia a respeito de mim tendo a sexualidade iriam desaparecer e eu ficaria mais tranquilo, mais sereno. Fiquei mais tranquilo sim e também mais sereno, mas não atingi o objetivo que quis. Continuo agressivo, no entanto agora é diferente.

 

Certamente fico irritado pela forma como minha mãe age diante da situação. É degradante a forma degenerativa como minha mãe conduz a situação sobre a minha sexualidade. Sem sombras de dúvida ela gosta de mim, mas a felicidade dela está em me ver heterossexual, o que é impossível. Ela não sabe, ela é inocente quanto a isso, ingênua, mas ela me magoa muito quando deseja e reza ao Deus dela para que isso aconteça.

 

Abstenho-me de fazer muita coisa que eu imaginei que poderia fazer, e posso fazer, quando tivesse saído do armário. São degradantes as perguntas, a comotion (leia-se choro e chantagem sentimental) que minha mãe faz quando eu saio de casa. É uma sabatina pautada em dúvidas sem nexo, expressa com termos degradantes por parte dela ou tom de voz alto e expressões agressivas que preciso fazer para sair de casa sozinho.

 

Não importa o que se diga e o que se faça por agora, minha mãe acha que sempre vou fazer “safadagem” com alguma bicha (homossexual depravada e que todos percebem a sexualidade) doente que vai me deixar doente também, preferencialmente com AIDS como se fosse essa doença exclusiva aos e a todos homossexuais. E como se não bastasse, ao final me deixar falado, pesadelo para ela. Agora minha mãe deu para escolher até com quem, mesmo que heterossexual, posso assistir filmes que vão ter como temáticas a homossexualidade. Ela tem pavor que eu conte para pessoas como o meu melhor amigo e a mãe dele, que fecharão um ciclo de pessoas para quais acho conveniente contar.

 

Em função das atitudes da minha mãe e do meu comodismo em enfrentá-las eu fico em casa. Recuso muitos convites de pessoas daqui de Goiânia que poderiam terminar em amizades ou até em uma relação, se for para ser, por causa disso.

 

***

 

Falar de si mesmo é importante, pois é ouvimos opiniões sobre nós pautadas no que não percebemos. Também ajuda escrever para os outros tendo a própria vida como base da argumentação. É assim que olhamos para nós mesmos e entendemos melhor como comportamos, pensamos, sentimos, enfim.  Faço isso aqui no blog e faço isso na comunidade do Armário.

 

Na comunidade do Armário falei sobre minha relação com minha mãe, os amigos de lá foram certeiros com os conselhos, me disseram tudo o que eu sabia de certa forma, só não tinha me dado conta que servia para mim e que preciso muito usar. Agora falta por em prática, entender que eu não posso exigir da minha mãe o que ela não consegue. Eu sou o responsável por ter saído do meu armário, diante das pressões prós e contras, e sou também o responsável pelo o que vier agora tendo essa saída como pano de fundo.  

 

Cabe a eu agir da melhor maneira possível para melhorar a situação com a minha mãe.

 

Na última noite não fiquei até o horário de costume na internet, estava achando aquilo um tédio e morrendo de vontade de me ver ocupado novamente com minha faculdade. Assisti quatro finais de jornais, tentei dormir. O sono não veio e chegou o momento em que liguei meu mp4 que carreguei só com músicas acústicas.

 

Nisso tocou Amanhã ou Depois da banda gaúcha Nenhum de Nós. Rolou algumas lágrimas ao ouvi-la, pois a música fala bem da minha relação com a minha mãe com uma rica fidelidade. Amanhã ou Depois será a trilha sonora doravante da minha relação com minha mãe. Adoro as metáforas e os seus compositores, ainda mais em boas melodias.

Amanhã ou Depois


Deixamos pra depois uma conversa amiga
Que fosse para o bem, que fosse uma saí da
Deixamos pra depois a troca de carinho
Deixamos que a rotina fosse nosso caminho
Deixamos pra depois a busca de abrigo
Deixamos de nos ver fazendo algum sentido

Amanhã ou depois, tanto faz se depois
For nunca mais... nunca mais

Deixamos de sentir o que a gente sentia
Que trazia cor ao nosso dia a dia
Deixamos de dizer o que a gente dizia
Deixamos de levar em conta a alegria
Deixamos escapar por entre nossos dedos
A chance de manter unidas as nossas vidas

Amanhã ou depois, tanto faz se depois
For nunca mais... nunca mais


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Mais outro sobre a matriarca

Me irrita as pessoas que não tem nada para dizer e falam besteira.

Assim com a minha mãe não vê na dela, eu não vejo a menor graça na minha vida. Sou pobre, estudo para me formar no que não vai me trazer felicidade, o meu corpo não é o que eu quero, como se não bastasse preciso de uma cirurgia que não sai tão cedo. Carnaval para mim consiste em ficar com meus pais, que ruminam diante da TV, e sentado feito um zumbi na frente desse computador.

É muito, mas muito cedo para eu dizer que vim ao mundo e perdi a viagem. Ainda tenho tempo e não chegou as vezes em que eu vou explorar todas as chances que eu tiver e assim me achar melhor ao Sol. Minha mãe coitada, é diferente, não está velha, mas do jeito que ela escolheu as coisas ela envelhece rápido. Isso me faz sentir dó dela e ainda mais raiva.

Ela só não tem coragem de dizer porque me ama, porém a verdade é que ela me acha um vagabundo. Com 19 anos eu só estudo. Ela dá graças a Deus por eu estudar, mas ela tem mais vontade que eu trabalhe do que estude. Ela tem raiva de muita coisa, raiva d’eu não falar de mulher mesmo que eu não fale de homem. Ela tem raiva de mim, e dela também, porque a pobre egoísta que ela é sem saber acabou transferindo a mim a maior parte dos planos da vida dela, acou se limitando. Ela tem raiva porque eu não acredito em Deus e não vejo a menor necessidade disso. Ela tem raiva de mim porque eu não acho bom senso nela, nem nas coisas que a minha avó ensinou a ela e a coitada pensa que eu tenho que seguir. Ela tem raiva porque eu não tenho raiva da família do meu pai. Ela tem raiva porque eu nada me interesso saber sobre o que os vizinhos fazem da vida deles ou o que foi manchete nos jornais sangrentos.

E eu não tenho raiva? Lógico que tenho, tenho raiva dela ter raiva e não saber do que tem raiva. Tenho raiva dela ser assim. Tenho raiva porque isso me afeta e tenho raiva das probabilidades que faz mãe e filho duas pessoas com trato em relação as situações tão diferentes. Não tenho raiva dela, mas sim das coisas que ela faz ou pensa. Tenho raiva dos elogios feitos a mim devido a vontade de que algo diferente aconteça.

Não quero ficar nessa por muito tempo. Eu quero ser livre, quero a sair daqui assim que puder. Ela vai sofrer, eu também, eu gosto dela e com a distância que verei que gosto dela de verdade e irei me arrepender e só não vou admitir por causa do meu orgulho. Mas confesso, a vontade de realmente testar a existência dessa felicidade é imensa. Assim também como sair de casa para fazer ela chorar. 

Desculpa minha mãe se eu não o que você quis e me desculpa também se na razão eu te entendo e o meu amor é apenas latente e nada saliente. 

O que me anima é saber que um dia as coisas vão mudar, pois tem que mudar, inclusive o regime de chuvas, quanta raiva eu sinto desses dias quentes semelhantes a agosto. Nem os típicos musgos dessa estação tem nos meus muros.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

DILMA ROUSSEFF 2010



O PT não diz nada sobre quem será seu candidato a Presidência da República, mas notamos que ele escolherá alguém inteligente, com experiência política e em administração pública, conhecedor do funcionamento do Estado e que possui grandes chances de ser tornar a primeira mulher a governar o Brasil. Por esses motivos e outros Dilma Rousseff deve ser a presidente do Brasil. A atual ministra da Casa Civil, ministério com nome mais chique, dará continuidade ao governo Lula.

Teremos a garantia de que a Petrobras será nossa e também o Pré Sal, também será nossa a tecnologia para exploração de nossas reservas que serão desenvolvidas em nossas universidade públicas, que tenderão a se tornarem melhores e mais inclusivas. Com Dilma finalmente teremos nosso fundo soberano efetivado, garantindo segurança e autonomia para o Brasil nos momentos de crise, teremos também o nosso fundo nacional de amparo a educação que vai corrigir a ineficiência da escola pública ao formar cidadãos capazes de desenvolverem nossa cultura e ciência.

Votar em Dilma Rousseff é continuar programas sociais, que conforme muitos levantamentos de organismo internacionais sérios, além dos nossos, apontam que são responsáveis por tirar nos últimos anos mais de 14 milhões de brasileiros da fome, fomentando o consumo interno e, diferente do imaginário de muitos, não promovendo o assistencialismo.

O governo Dilma Rousseff será o governo em que o Brasil irá consolidar sua autonomia e seu respeito com relação à sociedade mundial. Ela mostrará que somos competentes, que sabemos caminhar sozinhos, diferente dos errantes conselheiros que hoje caminham em uma tríplice crise, energia, alimentos e crédito.


Dilma tem uma biografia da qual ela pode se orgulhar. Lula é um grande signo para a nossa política, foi o metalúrgico de origens humildes que provou ser melhor do que os intelectuais burgueses que tiveram a seu favor a mídia corporativista que o acusou de alcoólatra e analfabeto, mesmo que não seja, e continuar a perpetrar preconceitos elitistas com relação as origens humildes e nordestina dele. Dilma lutou contra o Regime Militar e mentiu quando presa e TORTURADA para defender a vida de seus amigos e juntamente com uma grande massa dar-nos hoje o direito de manifestar com liberdade nossas opiniões, criticarmos e votarmos naqueles que achamos mais competentes.

Dilma Rousseff é um nome novo, no entanto não é menos competente na política, e mesmo que seja o próprio Lula deu a nós o exemplo de como isso é tão relativo. Dilma é a renovação e a garantia da democracia e de se caminhar rumo à igualdade de condições, da justiça social, da paz e o respeito entre as nações, ao bem viver de todos, principalmente dos secularmente esquecidos pelas políticas públicas.

Termino com o vídeo do dia em que a própria oposição lançou a pré candidatura da nossa dama a presidência da República. Senador Agripino Maia, embora o senhor seja um político biônico filiado ao partido dos coronéis brasileiros, que ainda persistem na política apesar da democracia e da renovação, eu fiquei com vergonha pelo senhor ter perdido a grande chance de manter-se calado, recolhido na insignificância que possui para a construção de UM PAIS DE TODOS literalmente:



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Da auto-aceitação

Nos dias da proximidade do meu aniversário de 18 anos uma reviravolta estava acontecendo na minha mente. Algo foi o estopim para mim, as palavras do grupo da causa LGBT presente na universidade que foram ditas naqueles meus primeiros dias na incógnita universidade da qual passei a fazer parte. Pelos próximos meses aquelas palavras, que me chocaram naquela noite, iriam ficar latentes. No entanto com o tempo elas borbulhariam com a pressão de tantas outras palavras, experiências, sentimentos e expectativas que inutilmente eu insistia esconder, pois elas diziam aquilo que eu bem sabia, mas que na minha silenciosa solidão negava.

Mas qual a finalidade de negar aquilo a mim, cuja maior testemunha do que acontecia com meus pensamentos e emoções era eu mesmo? Eu, assim como praticamente todos, fui criado em uma sociedade heteronormativa concebida para heterossexuais e disposta a empreender, na esmagadora maioria das vezes irracionalmente, o que for necessário para impedir que as pessoas que fujam a essa regra. Em casos isolados até atitudes extremas seriam tomadas e aceitadas através da omissão e da pouca importância dada pelas pessoas.

Além disso, sou filho único e meus pais sem me perguntarem e inocentemente estenderam os projetos deles a mim, sem ao menos notar se é da minha vontade realizá-los. As experiências negativas na escola davam outra proporção do que pode ser o respeito - ou ausência dele - dispensado a uma pessoa que assumi a todos aquilo que eu negava a mim mesmo.

Com 17, quase 18, anos eu estava cansado de ficar fingindo para mim pensamentos e emoções que eu sempre soube serem falsos, pois os verdadeiros envergonhavam a mim mesmo. Bastavam alguns minutos de silêncio entre um sono e outro para que a simples lembrança da minha homossexualidade constrangesse a mim mesmo, o meu maior inimigo, mas o meu maior herói. Além das palavras do grupo LGBT ditas naquele seminário, vieram as sugestões e as vezes em que fui posto na parede, e que sempre neguei, pela terapeuta, os meus conceitos sobre a minha condição mais próximos da tolerância e aceitação do que da repressão irracional e maquiada para me deixar cansado.

Viajo com meus pais para outro estado e no banco de trás, recolhido na minha introspecção, facilitada pela rara rodovia pública duplicada e sem pedágio, eu aceito finalmente a mim mesmo, dou um grito mental e digo a mim mesmo SOU HOMOSSEXUAL E VOU SER FELIZ ASSIM.

O que tenho em mente é que a partir desse dia da minha vida eu iniciei uma sucessão de grandes evoluções na formação e definição do meu caráter e principalmente, da minha personalidade. Não tirei o mundo das minhas costas, mas foi como se eu tirasse a Austrália e iniciasse um processo que ao final teria a mim livre de carregar o mundo. A partir desse dia até meu sono ficou mais leve.

Ultimamente tenho estado tão leve que estou nas nuvens, tanto é que agora, exatamente 19h01min no meu relógio lembrei que as 17h00min eu tinha terapia e não fui.

Comentem!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Mais uma experiência

A Spleen esperou que a mãe dela fosse dormir para ir comer um apetitoso pedaço de torta. Meus pais já dormiam há um bom tempo e eu queria aquele resto de sorvete. Pedi alguns instantes aos meus queridos amigos da web, que conversavam comigo naquela janela do MSN,  e fui até a geladeira.

Odeio quando estou andando pela casa de madrugada e minha mãe fica perguntando o que eu estou fazendo. Então andei com a leveza e o silêncio de um carro nipônico pela casa, segurando o telefone celular para me iluminar o caminho.

Na cozinha lentamente abri a gaveta, peguei uma colher daquelas bem grandes. Fui até a geladeira, peguei aquele lindo pote de sorvete, fechei o freezer e quando já me aproximava contente da vida da porta do meu quarto eis a surpresa ao abrir a lata. Feijão congelado!

Ughhh... eu amo feijão, mas cozido e com arroz. Voltei até a geladeira, agora sem tanto cuidado para não fazer barulho. Olhei e a lata de sorvete original não estava lá. Fui até a pia e sobre o escorredor de louças estava a lata do sorvete que eu tanto quis. Eita mania de pobre!

 Voltei para o meu quarto, frustrado, enfurecido, constrangido.


Comentem porra!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Do amor, simples

Não acho que o amor seja tudo e aquilo o que dizem ser. Pessoas se casam, se unem não é só por causa de amor e o amor não existe só entre pessoas que estão interessadas em viver juntas criando entre si a mais íntima das relações.

Os poetas escrevem o que é o amor na forma romântica, meu sinônimo para falta de bom senso, pessoal e determinista deles do que vem a ser esse nobre sentimento. O erro é que as pessoas fascinadas pelas belas palavras não desconfiam e não percebem que aquele amor dos livrescos não é o que elas sentem em suas vidas.

Ora! Bom é viver e perceber como os sentimentos afloram em nós. Só assim para descrever e ser sincero consigo mesmo e com os outros do que vem a ser entre tantos sentimentos o amor.

Comigo?

O amor não é libidinoso, libido é sexual, e não surge vigorosamente enlouquecedoramente em uma troca de olhares, isso é paixão. O amor se constrói e a paixão uma hora acaba, seja pela conquista, seja pela frustração.

O amor é o sentimento que une com a mais sincera estima pessoas a outras pessoas, aos animais, as plantas, a lugares, ideias, fatos e o que mais quiser considerar. 

O amor não é fiel. Fidelidade é diferente, é o respeito, a ética com a qual se conduz uma relação. É o desejo e a prática de fazer pelos outros aquilo que queremos para nós mesmos.

O que mais dizer do amor? Não sei, ele é grande, é complexo, rico e facetado, mas é sempre bom. Me falta ideia e mais percepções a respeito dele para num textinho descrevê-lo e com a arrogância dos poetas determiná-lo como verdade absoluta, a minha concepção.