sábado, 27 de junho de 2009

Papo Aleatório I

Muitas coisas podem ser escritas nesse blog sem precisar que eu escreva um lindo tratado para elas. Assim como Caetano Veloso, eu tenho opinião própria e assim como Caetano Veloso, acho que ela é ótima e merece ser seguida. Chamarei de PAPO ALEATÓRIO os textos como este que irei falar em cada parágrafo algo que penso ser pertinente.


Sempre Avante no Nada Infinito possui agora 14 seguidores. Obrigado senhoras e senhores por pensarem que o que eu escrevo é interessante e me desculpa pela falta de consideração por raramente comentar em seus blogs, o que é uma péssima estratégia pois assim divulgaria mais meu blog e consigueria mais seguidores. Eu gosto de blogs, garanto, é que minha inclinação se faz aos políticos e especializados em automóveis.

Well Bernard continua carente. Sim continuo ouvindo Ana Carolina e fico arrepiado quando escuto É Mágoa. Preciso de alguém que more num raio de até 30 Km da minha casa. A exigência pela distância é porque existem muitas pessoas interessantes, mas moram em outro estado.

Diogo Mainardi é despedido. O pseudo jornalista da pseudo revista séria Veja foi mandado embora. Claro, pessoas conservadores, retrógradas e pseudo críticas existem, mas ninguém tem saco para ler aqueles textos irritante portadores de um novo absurdo a cada parágrafo. Agora falta Reinaldo Azevedo ser demitido, que além de ser como Diogo Mainardi, é desveladamente homofóbico.

Soulseek revoluciona minha playlist. Graças a esse novo programa de visual funcional e limpo, porém sem graça tenho baixado alguns arquivos sem recorrer aos blogs da vida. Entre os arquivos mais interessante estão o álbum Oito do portugueses do Rádio Macau e o The Very Best of Nina Simone.

Michael Jackson morreu. Sim, eu sei que você sabe disso e que pode ser que, assim como eu, você não agüenta mais essa mídia fabricando uma consternação por alguém que não faz a menor importância para a maioria das pessoas. Mas os termos MICHAEL e JACKSON farão que a probabilidade de ferramentas de busca, como o Google, retornem o meu blog e com isso eu tenha aumento nas visitas.

Meu Gmail tem 17% de espaço ocupado com pornografia. Isso mesmo, meu email wellbernardgyn@gmail.com possui 17% do espaço ou 1734MB ocupados com fotos de homens transando ou simplesmente pelados. Se não são fotos, são links para downloads de conteúdo em que esses homens estejam transando ou simplesmente ficando nu. E eu garanto, minhas fotos prediletas são as amadoras tirada pelos próprios membros do grupo de compartilhamento de pornografia.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Balanço semestral

Lá se vão os seis primeiros meses do ano que parece ter começado há pouco tempo. Enquanto não vêm os meses que dão a sensação de passar mais rápido ainda, os do segundo semestre, fico refletindo sobre os que já passaram. Não é o caso de se comemorar e nem de se lamentar, mas de olhar o que valeu ou não a pena.

Dia 08 de Julho irei completar seis meses da abertura da porta do meu armário aos meus pais e no embalo para algumas pessoas importantes também. Ainda lembro bem e com algum desprezo da hora em que estava neste computador assistindo De Porta em Porta, típico filme estadunidense tosco falando de vencer barreiras e ganhar dinheiro, quando minha mãe me aparece com uma carta do Mário dizendo para não receber mais cartas de homens porque pegava mal.

Pegava mal... não era daquela hora que minha mãe inconscientemente me pedia a verdade. Sem saber ela me pedia a verdade quando sonhava por mim casando com mulheres, tendo filhos com elas e dizendo isso toda hora como se quisesse cobrar ou querer que eu falasse alguma coisa. Os sonhos que a mim são pesadelos asquerosos, mesmo que eu esteja acordado escrevendo em um blog. Ela me pedia a verdade quando se sentia superior e se referia aos outros como aquele viado, aquela bicha e daí olhava para mim se orgulhando por não ter um filho assim. Minha mãe me pedia a verdade muitas vezes e de formas diferentes.

Minha mãe pedia a verdade e eu contei sem que ela estivesse preparada. Respirei fundo, a sudorese nas mãos e nos pés aumentou, assim como o frio na barriga e os batimentos cardíacos. Era incógnito o que viria doravante. Mas foi até anestesiante quando um espírito vingativo entrou em mim e me deu mais coragem para revelar a ela o que iria dizer.

Vingança é pesado para formação que a maioria de nós teve e não pensem que eu odeio ou não amo minha mãe. Mas naquela hora quis me vingar das cobranças dela, do jeito dela impor as vontades dela, da forma dela agir sem consultar aos outros e saber se eles querem, por se entusiasmar com incertezas.

Mas não era só me vingar da minha mãe, era me vingar de tudo, por viver tantos anos escondido com medos dos preconceitos que inegavelmente existem e que não é agradável ser vítima deles. Por isso acho nobre quem se esconde em um armário e desprezo os arrogantes que militam chamando aos armariados de covardes por não darem a cara a tapa. Ninguém tem as mesmas atribuições e nem a obrigação messiânica para com uma causa e todos tem direito de viver seus processos em paz.

Falei a minha mãe de uma forma firme, cínica e sem ser agressivo que iria receber cartas de quem eu quisesse e não me preocupava se era de homem ou mulher, já que sou gay mesmo. Não foi bem nessas palavras, porém o espírito do que eu quis dizer foi esse. Minha mãe começou um choro constrangedor, que iria durar dias. Pediu-me naquele momento que eu a iludisse dizendo que era mentira, mas eu não menti, eu disse a verdade.

Na onda ganho convicções mais forte da M como um anjo e de sua mãe como uma segunda mãe. Encanto-me ao mesmo tempo em que me espanto com a sabedoria e candura dos meus avós que vieram até minha casa, semana depois de os vê-los em sua casa no interior, para mostrar que a vida não é como se pensa... à minha mãe.

Ao longo desses dias nunca postei tanto nesse blog e nunca pensei que ele pudesse ser uma terapia tanto para mim, como para outros, tão eficiente. Ao longo dos dias não senti raiva, mas no fundo uma mágoa que a razão impediu vivê-la. Minha relação com minha mãe ficou então mais fria e seca além do que era antes. Nesses dias vi o tempo como alguém sábio, que a tudo resolveria e a quem eu podia pedir clemência. E deu certo, cheguei a essa conclusão semanas depois e agora depois de seis meses tenho mais certeza ainda.
Minha mãe aprendeu que controlar a mim com choro não é eficiente, às vezes ela tenta ainda, mas sofre em vão.

Sair do armário em casa e para mais algumas pessoas é positivo, pois dá para viver com mais transparência, apesar de que ninguém tem que saber os detalhes do que faço. No entanto não é muito diferente de antes. Continuo escondido, prefiro a descrição, às vezes negação da minha sexualidade conforme quem perguntar.

Não nego que sair do armário aqui me faz ter agora outras necessidades como alguém para ouvir Ana Carolina comigo, se ele gostar de Ana Carolina, e que com quem possa trocar carícias e fazer com ele as coisas mais íntimas que os sentimentos deixarem. Nutrir por ele os sentimentos mais avassaladores, nobres e a mim pouco ou nada conhecido. Nesses dias, diante da frieza dos textos científicos me dá uma carência disso, uma saudade do que não vivo. Mas deixa, vou confiar outra vez no tempo que tratará de tudo resolver.

sábado, 20 de junho de 2009

Falando aleatóriamente do Mercado de Trabalho

Se tem uma coisa que eu gosto são das porcarias eletrônicas. Adoro falar de coisas com LCD, zoom ótico, sensibilidade ao toque. Quando uso o meu telefone celular sei que estou usando a Banda A da lei de ortagas e concessões brasileiras para telefonia nacional. Daí que a freqüência da banda A é em 850Mhz, o que confere a minha operadora por critério da física o sinal de qualidade. Sei que a tecnologia que uso é a GSM, muitos sabe disso, mas não sabe que o pacote de dados para enviar ou receber um foto torpedo é o GPRS, que atinge 46,4Kbps de velocidade, o que fará com que uma foto de 100KB seja recebida em 12 segundos.

Enfim, a maioria das pessoas usam seus telefones celulares sem saber disso, assim também como assistem televisão sem saber que se estão assistindo uma transmissão em banda C ou Ku. Sei disso porque gosto e porque tenho tempo para descobrir. Mesmo assim acho que tenho tempo demais para que eu mesmo decida como gastar.

Na verdade o que eu quero e preciso é de alguma atividade remunerada, seja estágio, seja trabalho. Não estou trabalhando e nem estagiando por várias desculpas, mas as desculpas não são em sua maioria minhas e sim de quem um dia pretendeu me contratar. Fico revoltado com isso, dá vontade de mandar tomar no cu quando dizem que vão ligar até o final da semana ou que tenho um bom perfil, mas não sou o que eles procuram. O Mais nojento é que eles nunca dizem porque não vão contratar, não dão ao indivíduo sequer a oportunidade de descobrir a falha e melhorá-la.

Falha? Eles são politicamente eufêmicos, correto é o que não são. Nunca vão se referir ao que não agrada eles usando o termo falha, vão dizer usando outro termo que nem vou pensar qual.

Por fim, procurar emprego ou estágio é uma das piores coisas do mundo. O trabalho glorifica o individuo, mas a busca o destrói, é a coisa mais desumana do Mundo. Não estou exagerando, é verdade o que digo. Quando se busca sair da disponibilidade para o mercado de trabalho, eufemismo que eles usam para quem não quer mais ser desempregado, começa um massacre que da autoestima e que faz com que se sinta o pior dos seres humanos, choca porque se descobre que no fundo o que querem é explorar a infeliz classe proletária, da qual tenho a sorte de pertencer, e as vezes até te nós dá alguma esperança.

As vezes botamos fé, criamos expectativas e pensamos agora vai. Nada disso cara pálida, pois é como diz o sábio Murphy, tudo dá errado, se não deu errado é porque ainda não chegou a hora. Quando você pensa, agora vou trabalhar, vão te deixar esperando, esperando até você desistir de esperar e por aí vai.

Muitas coisas irritam o Well, mas três merecem destaque:

1 – Dinâmica de Grupo

2 – Psicologo de Recursos Humanos

3 – Pedir para falar sobre mim

Não adianta mexer com essas três coisas. Se for sincero não ganha trabalho, se for falso, não ganha trabalho, se for omisso não ganha trabalho. Não adianta ser comunicativo, trabalho em equipe, liderança, paciência, empreendorismo, isso é ilusão.

Infelizmente agora não dá mais para adiar, final de semestre e lá vou eu procurar emprego ou estágio outra vez. Pobre desempregado eu sou.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Título é o de menos

De São Paulo trouxe uma gripe que quase no final dessa semana resolve realmente me incomodar. É impressionante como gripes são desconfortáveis. Graça a ela estou com a audição ligeiramente afetada e meus ouvidos às vezes doem um pouco por causa da garganta. Tenho uma continua vontade de arrotar e não consigo. Minha garganta está formigando e isso tira o conforto e a serenidade de qualquer sono que eu possa ter.

Para completar o inferno astral me vem um pessimismo com relação ao bom senso e a inteligência das pessoas. Concluo que ninguém sabe criticar, muitos dos que se denominam mais críticos não sabem criticar. Opinião todo mundo quer ter uma, mesmo que seja a do outro, mesmo que se terceirize-a.

Me espanta o tanto de mentiras e opiniões dolosamente deturpadas a respeito dos temas que me chega na caixa de correio. Emails assinados por um Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo, um tal Olavo de Carvalho. Nomes diferentes e que as antas que me repassam automaticamente sequer sabem quem são, se quer tiveram coragem de ler os absurdos que eles escrevem ou conseguiram vencer a preguiça de analisar o que eles dizem. Uma verdadeira pseudo intelectualidade potencializada pela mal sucedida inclusão digital brasileira.

Concluo que brasileiro não tem opinião própria. Todo mundo precisa de um Caetano Veloso para dizer o que é bom ou ruim. Se não é um Caetano Veloso vai ser uma religião com sua coletânea de delírios, vai ser a de algum profissional se identificando apenas como tal e escrevendo coisas contra sua ética de profissão em alguns desses emails que chegam na caixa de correio.

Melhor é quando todo mundo resolve usar das informações editadas, escolhidas e passadas com a entonação desejada de uma imprensa que não é séria para ter uma visão autônoma dos fatos. Aí começa tudo, são contra os produtos transgênicos sem nem ao menos saber o que é ou passa a defendê-los após lerem informes da Monsanto. Acham aborto um crime contra a vida sem nunca ouvirem o argumento de quem os defende.

É internet 2.0 é assim, todo mundo faz o conteúdo e todo mundo vai ter uma opinião, mas não quer dizer que eles sejam bons ou sérios, nem a desse babaca que está a vos escrever.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Homossexualidade X Homossexualismo: o significado dos termos.

Não sei você, mas a mim incomoda o uso de alguns termos para se referir a tal coisa. Muitas pessoas vão dizer que é frescura, vontade de parecer politicamente correto, desejo messiânico de salvar o mundo com balelas. Será que é mesmo? Não, isso não passa de justificativa para o comodismo que as pessoas possuem, o de não pensar o significado das palavras e mudar seus vocabulários. Da mesma forma que muitas pessoas não vêem problema algum em utilizar alguns termos, pois eles ficaram muito intrínsecos a elas, a mim fica algo conflitante utilizar esses mesmos termos, pois também o asco a etimologia dos termos também me ficou natural e intrínseca.

Exemplo de quando sinto esse asco são as vezes que utilizam para se referir aos homossexuais o termo homossexualismo. Esse termo foi cunhado após o Século XVIII para designar como doentes as pessoas por serem homossexuais. Com a ciência e seus avanços, no segundo quartel do Século XX foi refutada a idéia de homossexuais como pessoas doentes e o termo homossexualismo passou a ser inadequado, quiçá proibido em laudos científicos.

Assim a quem resolver utilizar o termo homossexualismo para se referir aos homossexuais ignora o saber cientifico, aqui amparado na biologia e na psicologia. A quem insistir no trato dos homossexuais como doentes por serem tais, caberá o ônus da prova. Logo deverá refutar com métodos científicos, que são processos passíveis de repetição e obtenção dos mesmos resultados sempre, uma infinidade de estudos que já foram feitos e dizem o contrário. Isso não é nada fácil e arrisco dizer impossível.

Não sou doente por ser homossexual e me irrita esse modismo, esse senso comum, no uso das palavras para se referir aos homossexuais. O que me irrita bastante nisso não é nem tanto as pessoas que ignoram a diferença entre homossexualismo, doença, e homossexualidade, um comportamento assim como a heterossexualidade. O que me irrita é os meios de grande imprensa, os cientistas sociais que dizem levantar a bandeira da tolerância aos homossexuais utilizar o termo homossexualismo. E o que me irrita mais ainda são os homossexuais saberem a diferença e insistirem no uso do termo homossexualismo para definir a sua sexualidade, homossexuais que certamente não se vêem como doentes.

Tudo bem que quem usa o termo homossexualismo não queira dizer que são doentes, mas as palavras conforme a mente ignorante, conforme o contexto e conforme sua etimologia e o significado que deram a ela preteritamente diz isso sim. É meio caótico, mas o caminho é esse. Aboli o termo homossexualismo do meu vocabulário, assim como viado, bicha, boiola.

sábado, 6 de junho de 2009

Era uma vez...



Antes de começar essa historinha quero mandar beijos e abraços às pessoas novas que visitaram ou passam a visitar a partir de um momento meu blog, pelos comentários, pelos elogios. Essas pessoas são principalmente da comunidade do Armário, que muito tem contribuído comigo, para o meu processo de auto aceitação e até mesmo auto afirmação da minha sexualidade, e da blogsfera. Não é ético citar nomes, mas com licença, cito o Juninho e o Gato de Cheshire para mandar a eles abraços e beijos mais especiais e tornar claro minha admiração pelas suas belezas, sarcasmo, inteligência e no caso do Juninho o apreço pelas conversas via MSN.

Mas senta que lá vem história...

Existe uma cidadezinha onde mora um velhinho que por todos é muito querido. No entanto esse velhinho é diferente dos outros velhinhos moradores da cidade. O velhinho não fica na praça olhando o movimento e nem oferece doces para as crianças, também não conta como eram as coisas antes de chegar à cidade, que dizem ser ele o fundador. Também ninguém o vê e nem sabe ao certo onde é a casa dele. Mas mesmo assim as pessoas sabem que ele mora na cidade e ama muito o velhinho.

Para as pessoas conhecerem melhor o velhinho foram escritos alguns livros que foram unidos em um único volume. Esses livros contam algumas coisas que aconteceram antes da cidade existir, das pessoas lá morarem e como o velhinho é bom para a cidade e seus moradores. Porém esses livros foram escritos por pessoas que também moraram na cidade, mas muito depois dela ser construída e que também não conheceram o velhinho vivendo em tempos que já se dizia que o velhinho é muito bom. Mas os moradores não se preocupam com isso, pois para elas esses livros são muito verdadeiros, conforme os próprios livros dizem.

Por ser o velhinho alguém tão querido e admirado, se parecer com ele virou o desejo de muita gente. Para se parecer com o velhinho, muitas pessoas da cidade passaram a fazer várias coisas, mesmo que não fosse à coisa mais fácil, mais óbvia, mais simples e que no final fosse melhor para todos. Algumas pessoas se mancaram disso e por isso deixaram de fazer essas coisas, mesmo que nos livros seja dito que tem que ser feito. Mas ficou tudo bem mesmo assim, pois as pessoas passaram a entender que era necessário saber interpretar os livros.

Na cidade existem alguns moradores que gostam de usar roupas coloridas, de várias cores ao mesmo tempo, só que a maioria das pessoas usa roupas de uma cor só porque gosta e ou porque nos livros dizem que o velhinho não gosta de roupas coloridas. Por causa disso as pessoas monocromáticas não gostam das pessoas coloridas e as pessoas coloridas dizem que não é assim e mesmo assim usam roupas coloridas. Só que as pessoas monocromáticas não aceitam e dão como motivos os livros, mesmo que as pessoas coloridas digam que é necessário interpretar os livros. Porém a maioria das pessoas monocromáticas não está nem aí, mesmo que no passado em outros casos diferentes elas tenham parado de usar os livros ao pé da letra.

Como o velhinho é muito querido pelas pessoas da cidade, alguns moradores acharam melhor convencer as pessoas de outras cidades a amar o velhinho. Para isso elas passaram a visitar outras cidades e a convencerem os moradores de que os velhinhos em que elas acreditavam não existiam, que o velhinho delas era mau e que elas deveriam amar só um único e verdadeiro velhinho, o da cidade delas. Algumas pessoas de outros lugares acreditavam no mesmo velhinho, só que as pessoas daquela cidade achavam que elas acreditavam de forma errada.

Para as pessoas saírem da cidade e convencer outras pessoas a amarem o velhinho, ou mesmo para dizerem como amar o velhinho, essas pessoas fizeram vários centros de amação ao velhinho pela cidade que passaram a ser sustentado com o dinheiro que muitas pessoas ganhavam com muita dificuldade. Só que as pessoas nunca deixavam de dar dinheiro para sustentar os centros de amação ao velhinho, porque o dinheiro não é mais importante do que o amor, principalmente se for o do velhinho.

Algumas pessoas fazem trocas, mediadas pelos centros de amação geridos por pessoas que amavam e sabiam amar melhor o velhinho de acordo com essas próprias pessoas, para que o velhinho as ajudassem naquilo que elas possuíam dificuldade em conseguir. Muitas vezes essas pessoas conseguem o que tanto desejam. Para isso elas contam com a ajuda de outras pessoas ou as coisas simplesmente acontecem. Mas independente disso, elas agradecem ao velhinho por tudo que há de bom.

Enfim, mas na cidade, e em várias outras cidades em que acreditam no velhinho ou em algum outro velhinho ou velhinha, algumas pessoas começaram a ficar imaginando e tentar saber quem é o velhinho, onde ele mora, porque ele nunca aparece, como é que ele ajuda as pessoas apesar de parecer que outras pessoas que ajudam, a saber como é que pode os livros estarem certos. Claro, essas pessoas não são bem vistas e quem ama o velhinho passou a evitá-las, pois para quem ama o velhinho, os perguntadores são pessoas más e mentirosas.


O velhinho chama Deus, a cidade chama religião, as pessoas que amam são os crentes e eu sou ateu.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Datena: fomento aos preconceitos na TV

Como todos devem saber, José Luís Datena apresenta na TV Bandeirantes o programa Brasil Urgente. Esse programa de Brasil não tem muita coisa, além do nome e do objetivo de sua publicidade irritante, já que as matérias raramente saem de São Paulo. A essência do programa é seu patético apresentador, Datena, que é o que incomoda.

Ultimamente Datena tem se denominado contra pedofilia. No entanto, aquele senhor não entrevista em seu programa nenhum especialista reconhecido na área para que esse explique o que é pedofilia, quem é e como identificar uma pessoa pedofila, o que a pedofilia provoca na vida de quem é abusado. Datena faz ao contrário disso, a forma que ele escolhe para abordar os casos de pedofilia desinforma e coloca nas pessoas mal informadas o medo e preconceitos.

Diariamente no Brasil Urgente são exibidas reportagens sobre crimes relacionados à pedofilia. Quando essas reportagens se encerram, Datena começa a rotular, a culpar e a sentenciar os até então acusados. Faz parte de seu discurso exigir atitudes das autoridades com palavras de ordem e sem nenhuma análise crítica do caso como se as coisas se resumissem e se resolvessem com isso.

Mas Datena apresenta as coisas assimo porque não percebe ou está mal intencionado.

Nessa semana o intitulado jornalista mostrou em seu programa uma quadrilha que agenciava meninos pobres nas regiões Norte e Nordeste para prostituí-los como travestis na cidade de São Paulo. Para se referir ao caso, Datena dizia que uma quadrilha agenciava garotos NORMAIS e os TRANSFORMAVAM em HOMOSSEXUAIS e TRAVESTIS. Existem muitas pessoas que não vêem nada de mal nisso. Porém as palavras assumem significados diferenciados conforme o contexto em que são utilizadas.

Assim como não explica cientificamente de forma clara, objetiva, racional sem a sua típica passionalidade sensacionalista Datena não mostra também nesses mesmos critérios o que é homossexualidade, o que é um travesti, sequer define o que é ser normal, muito menos com competência cientifica. Portanto não pensem que está tudo bem. Eu por enquanto não vi nada que seja homofóbico da parte de Datena, mas acho que não vai demorar para que isso aconteça. Suas palavras são cobertas de sutil duplo sentido e ele não faz os parênteses necessários.

Não estranhem se um dia alguém de 17 anos for proibido pelos pais de namorar alguém de 18 anos por se pensar que isso seja pedofilia. Não estranhem se um dia a homofobia usar contra nós argumentos como os que se somos homossexuais é porque fomos abusados e se somos homossexuais é porque somos pedofilos. E quando isso acontecer também não estranhem se quem usar desses argumentos sejam fãs de Datena.

A forma de jornalismo usada no Brasil Urgente, que não é Brasil e nem urgente, é maçante, desnecessária, não adianta e não acrescenta nada a não ser preconceitos oriundos de dúvidas e das trevas da ignorância. Está na hora de Datena ser tirado do ar.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Memórias do vigésimo



Hoje é o dia do meu 20º aniversário e não tenho entusiasmo para comemorá-lo. Vem-me a mente umas reflexões e umas conclusões pessimistas. Eu acredito que eu tenho evoluído, tenho ficado melhor a cada ano, principalmente nos últimos dois anos. Motivos para comemorar eu tenho, só não tenho entusiasmo.

Quando completei os 18 anos de vida decidi viver bem com a minha sexualidade. Naquele dia só não imaginei que em tão pouco tempo, dois anos que se completam no dia de hoje, estaria onde estou, principalmente sendo assumido para as pessoas mais importantes, entre elas os meus pais.
Por um lado eu ganhei, por outro perdi e perdi justamente o que eu não queria perder, os tantos amigos que tive no passado. Não, ninguém se afastou de mim por causa da minha sexualidade, sequer sabem dela. Eles podem desconfiar, mas não saber. O que aconteceu é que não vou mais aos lugares que encontrava os amigos, principalmente o colégio e a Igreja.

Não vou mais a Igreja, o lugar que mais me proporcionou amigos, momentos e boas experiências. Não vou mais a Igreja porque não gosto dos fariseus embriagados em seu conservadorismo, em suas teorias a respeito da existência de uma força superiora, um deus, que não consigo acreditar. Não me faz sentido aquilo, nem mesmo as músicas que até hoje liberam em mim os hormônios do prazer. Além disso, o grupo de jovens não será o mesmo, não terá as mesmas pessoas. No fundo, me sinto um estranho, algo externo e estranho ao ambiente de uma Igreja.

Quanto ao colégio, a esse nunca mais voltarei como estudante e nem como adolescente. Aqueles tempos foram outros, também com suas pessoas, sua nostalgia, essência.

Na universidade tudo é diferente, não conheço todo espaço da instituição que é enorme. As pessoas são isoladas, como já disse outra vez, em seus prédios, ciências, leituras. É meio estranho. Tenho amigos por lá, poucos e proporcionalmente não tanto quanto no ensino médio. Além disso, as amizades não têm aquela passionalidade adolescente, são muito formais e não sei até que ponto vão, tanto é que não confesso minha sexualidade a elas.

Há dois anos, no dia do meu aniversário já teria recebido várias ligações e teria muitos para convidar para um rodízio na pizzaria, hoje é diferente. Talvez não fosse assim se nesse tempo todo que se passou, que me distanciei aos poucos das pessoas, pensasse em cultivar as muitas amizades que tive tendo em mente que tudo que vou me distanciando, vai aos poucos, ficando menor.

Conforta saber que eu não tenho nunca houve atritos com alguém e eu, as amizades sempre foram cordiais. Conforta saber que hoje sobrou as que eu sempre achei melhor. Mas mesmo assim gostava daqueles dias em que as rodinhas de violão, os DVD’s na casa de alguém depois da aula, os almoços de domingo, as caravanas levantavam minha autoestima e fazia eu pensar que não estava passando em branco na vida de ninguém.

Talvez eu peque muito idealizando, idealizando como as coisas deveriam ser para me agradar. É bem verdade que nunca estou satisfeito, existem sempre algo que para mim deve melhorar e não que eu seja infeliz, não me considero infeliz, irei ficar muito incomodado.

Posso concluir usando de umas das mais belas músicas do Lenine, que explica bem o que sinto e o que quero...

“Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem
Quem vai virar o jogo e transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado só de quem me interessa”

sábado, 16 de maio de 2009

Uma crítica que pretende anarquista

Ser homossexual não afirma nada além do fato de gostar de pessoas do mesmo sexo, todo o resto são adereços que podem ou não existir e que dependem do individuo. Mas estamos secularmente acostumados a um modelo positivista, que visa explicar a tudo e todos usando leis gerais tiradas a partir de pequenas partes.

Mesmo assim, ninguém por ser homossexual vai ser passivo, efeminado, gostará de divas ou utilizará e se portará espalhafatosamente. Muito menos tem o involuntário papel messiânico de sair às ruas gritando aos quatro cantos sua sexualidade intolerada socialmente e querer a partir disso uma transformação social, política, ou às vezes simplesmente carnaval.

Além disso, quando se vive em uma sociedade heteronormativa é legitimo que muitas pessoas homossexuais escolham viver escondidas, inclusive de suas famílias e amigos, abrindo seus armários para poucas pessoas. Porém, o que falta em muitos armariados é questionar a si mesmos, seus valores, seus padrões antes de se pensarem dignos de acusar algum grupo, muitas vezes semelhantes a si.

Outro dia, quem se dizia contra pessoas taxativas, criou pela N vez um tópico com uma visão determinista, além de pessimista, a respeito da homossexualidade, taxando o mundo homossexual de fútil. Na comunidade surgiu um debate extenso. Muitos concordaram com o autor do tópico, mas a maioria, pelo menos de quem postou, felizmente discordou das taxações e perseguições a um perfil de homossexual, o dos efeminados freqüentadores de baladas, fãs de Mariah Carey e super produzidos.

O que falta aos homossexuais armariados é a percepção de que as mesmas condutas morais que eles usam para discriminar efeminados são as mesmas que a sociedade e as religiões, que insistem em professar, usam para condenar simplesmente pelo fato de serem homossexuais os armariados. O que não pode ignorar também a mudança que esse perfil de homossexual, organizados em seus ativismo conseguiram para mudar para melhor nosso mundo.

Se sentir atraído por efeminados sexualmente ninguém é obrigado, mas respeitá-los enxergando-os no mesmo patamar de importância e dignidade humana que nós é necessário. Até mesmo porque mundo gay é uma concepção heteronormativa e ignorante a respeito da diversidade sexual além de limitada e taxativa. Sem contar que mundo gay é feito pelos gays. Se habitasse no imaginário coletivo de que os homossexuais são sempre discretos, a concepção de mundo gay também mudaria.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Nem tudo precisa de título.


Ah! Que vontade de escrever conforme me vem às coisas na cabeça sem me preocupar com a linearidade e com os meus objetivos. Sei lá, falar o que eu tenho pensado nesses dias, mesmo que não tenha pensado muito em mim. Mas tenho que exercitar o pensamento linear e adestrado. Assim também como é interessante falar de mim, pois é o que eu tenho propriedade para bem dizer. Então...

Então que eu falei da última vez das paixões de adolescência, mas essas paixões se foram junto com os medos e as incompreensões que me acompanhavam naquele período da vida. Nunca mais me apaixonei. Bem, não chamo os processos similares a esse de agora de paixão, ainda não.

Que inconclusivo estou.

Lá existem outros que são bonitos também, são de encher os olhos e fazer brotar em mim uma certa carência. Lógico, também imagino-os em diversas situações, de uma simples conversa a respeito do conteúdo, sendo que fico muito feliz quando uma dessa se torna real, até um beijo. Bom que já dá para definir agora quem também é colorido conforme vou lapidando o radar.

Imagino também como deve ser seus abraços, as sensações que passam através do tato vindas de seus corpos. Ok, eu confesso, também os imagino nus, e não me recordo, talvez mais que isso. Tenho a mania de olhar para os dedos para deduzir o tamanho. Claro, contextualizo o tamanho e o formato dos dedos com o biótipo e não me perguntem como, eu costumo acertar o tamanho.

Mas deixo os pensamentos libidinosos para depois. Eu penso muito em todos de lá, mas entre todos alguém se destaca e nesse alguém, que sabe lá o porquê, eu penso mais.

Diferente das paixões de adolescente eu não fico me sentindo ridículo, e não fico pensando tanto assim, não imagino tanto as hipotéticas situações, não fico constrangido assim. Pelo menos por enquanto não. Agora é diferente, sei lá, é muito bom e frustrante também. Ai que porra! Camões! Camões! Camões!

Mas eu não estou apaixonado, mas se continuar irei ficar, pois é um processo isso tudo.

Gosto das tardes de terça e de quinta feiras, só não gosto da disciplina da quinta, mas gosto da turma. São os dias em que o vejo. Saco, cinco metros é muita coisa, melhor é claro que se fosse do outro lado da sala. Porém, mesmo que fosse um metro apenas, na carteira ao lado ainda ficaria distante. A timidez, a cara de pau que não possuo para chegar e puxar conversa torna qualquer distância uma unidade astronômica (distância média da Terra em relação ao Sol).

O gaydar, em estágio beta e que insisto em por para funcionar, o gaydar que não é capaz de me dar resposta alguma. Agora ele ficou um individuo assexuado.

Mas a cada vez que eu o olho fico feliz, me sinto saciado de alguma coisa e fico carente também, querendo algo que não tenho e que sinto falta, ou melhor, nunca tive. Sinto um leve constrangimento pelo medo de que alguém perceba que eu o olho. E olho mesmo, olho com gosto, vou escaneando até a forma como gesticula, o sorriso, o espírito humilde e adocicado, vários signos que se encontro em outra pessoa me lembra ele.

Quando a aula acaba sempre olho para trás. Olho sempre para trás, sempre que algo para mim não terminou, algo que precisa ser resolvido. Fico melancólico e é frio, mas essa é a perspectiva enquanto não tomar iniciativa de ir em busca da realização dos meus desejos.

Último devaneio

DIRIGIR é uma falsa sensação de liberdade. Na pista da direita não se anda com regularidade, sempre haverá alguém andando, saindo, balizando. Na central sempre haverá alguém mais lento que eu e na da esquerda, quando eu pensar que estou rápido, haverá alguém mais rápido que eu chegando por trás e querendo passar. Deixo passar indo para pista central e sendo atravancado pela lesma da frente.

Sem contar que sempre que estiver andando em velocidade cruzeiro, com quinta marcha a 60Km/h na via arterial ou 80 Km/h na via expressa, haverá algo, não importa o que, um semáforo, uma rótula, uma anta, uma plaquinha de “Os transtornos passam e os benefícios ficam” para estreitar a pista, com eles a velocidade e redobrar a atenção.

Pois é, o período pós autoescola já passou, acabou um pouco antes do primeiro ano da provisória vencer.