segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Papo Aleatório VIII – Um dia nublado

Bom, não é nada, é só vontade de escrever mesmo. Eu recomendo que você não leia essas baboseiras

Eu estou bem, me sinto mais livre agora. Ele logou, eu falei que da minha parte não dá para rolar. Pedir para ele esperar seria egoísmo da minha parte para o que agora e nem sei quando dá para acontecer. Por enquanto eu prefiro só a amizade.

Ele não fez escândalo, disse que tudo bem, mas acha que estou apaixonado por outro. Quem dera, se eu tivesse apaixonado por outro eu falaria também. Mas não foi mesmo. Feliz eu sei que ele não ficou, nem sei como ele dormiu já que acho que ele botou fé na relação.

Bem, eu recolhido em mim mesmo dormi muito bem essa noite. Acordei às  08:00 horas – sim eu sou um estudante universitário que não procura emprego porque tem medo de entrevistas, dinâmicas de grupo, não aguenta as desculpas esfarrapadas que dão quando não querem contratar, psicólogos de RH e ninguém sabe – e noitei que o céu estava nublado.

Fui até a janela, me senti livre quando pensei que não tinha que mentir para ninguém e que tudo ia dar certo agora, mesmo que eu acordasse às 08:00 horas da manhã. 

Deitei na cama outra vez e continuei olhando pela janela, que fica aberta a noite toda, pensei nas massas de ar, nos impactos ambientais, na impermeabilização do solo, no oiti – acho que é esse nome – cuja a copa está bem mais alta comparado ao ano passado e que o irritante do meu vizinho fica colocando o carro dele na sombra.

Imagem

Foto que eu tirei agorinha….

Isso que eu não entendo, ele tem uma calçada maior do que a minha, além de inútil, e não planta uma árvore. Aliás, ele cortou a pupunha que tinha no quintal dele para dar lugar a mais uma vaga para o carro do padrasto.

Me levantei e fui ver tv, reprise do Bom Dia Brasil na GloboNews. Me sinto tão alienado, além de preguiçoso e letárgico. Almocei, assisti o Jornal Anhangüera 1ª Edição. Vi as ofertas de emprego, não tinha nada para que eu pudesse me candidatar e isso serviu como uma desculpa esfarrapada para a cobrança da minha consciência.

“Viu só, nada de call center, nada de pessoas sem experiência e nada para a Educação, que é a minha área!”

Agora estou aqui, navegando na web, escrevendo esse texto, me irritando com as correntes que me mandam por email, pensando metarracionalmente.

Vou lavar a louça, arrumar meu quarto, limpar o chão, gravar um mp3 com o que tá bombando na rádio e começar a pintar algumas paredes da minha casa. Se tem uma coisa que faz a gente pensar é pintura, de parede. Acho atividades como essa tão racional.

domingo, 20 de setembro de 2009

Fatos e fantasias

O que é fato é que eu fui a parada gay e gostei de ter ido. É também fato que eu beijei na boca e gostei de ter beijado na boca. Também não deixa de ser fato que eu gostei de ter matado aula naquele agradável dia de chuva para ficar com ele outra vez, mesmo que isso me custasse uma avaliação em sala e mentiras sujeitas a serem desmacaradas.

O que é fantasia é que eu não me sinto sentimentalmente atraído. É fantasia que um eu te amo que por ventura possa ser dito da minha parte agora é verdadeiro. Também é fantasia que eu não me sinto pressionado e que estou satisfeito com a discussão de relação que tivemos ontem.

Combinamos deixar rolar, enquanto deixavamos rolar ele se antecipou, disse que me amava e disse a alguns que já “firmamos”. Não tenho raiva disso, mas isso me faz sentir pressionado e de certa forma me faz pensar que eu não estou tendo controle.

Pedi mais um tempo, não quero magoar ninguém. Disse que acho duas semanas, que se completam hoje, tempo insuficiente para firmamos um compromisso. Ele entendeu, pediu desculpas – embora não fosse uma questão de pedir desculpas porque eu não me ofendi com nada.

Mesmo assim não fiquei satisfeito, pedi para ele esperar um pronunciamento sobre um sim ou um não, o quê seria algo egoísta da minha parte, aliás, até agora está sendo. Ele não tem o mesmo tempo, ou interesse em utilizar esse tempo se o tiver, esperando por algo que eu não posso prover a ele, uma relação.

Então é melhor parar, ficar só na amizade porque não dá certo. Combinamos deixar rolar por mais um tempo e ainda hoje ele me pergunta se pode sair com uma das pessoas que eu conheci na parada e que é amigo dele há muito mais tempo do que ele me conhece, sem contar os sms lá com seus Eu Te Amo e me tratando como Amor.

Ou seja, me sinto pressionado com isso tudo e é então melhor deixar o caminho livre para ele. Não tenho atração afetiva por ele agora e não boto fé que terei um dia e dessa fez devo confiar nas minhas emoções. Namoro é para se conhecer e ver se gosta, mas se namora quando tem alguma coisa atraíndo e essa coisa deve ser lá uma paixão, um afeto mesmo que mínimo e que não tenho.

Sendo assim vou ser transparente, vou esperar que ele chegue em casa e dizer o que eu sinto, ou não sinto, para que eu me agarre só ao que eu quero. Não quero posar de super herói e nem ter o que não está sendo interessante para mim, uma relação.

Então fica melhor assim e não magoar ninguém.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Papo Aleatório VII – Um dia de calor

Agora está um céu limpo e claro lá fora. Claro não por muito tempo, está anoitecendo, é quase 18:00 horas. Apesar de estar limpo e anoitecendo faz calor e eu estou suando e sem camisa.

Ficar sem camisa é algo chato, não gosto. Meu corpo é unsexy na minha humilde opinião e estou pigando de suor em bicas enquanto deve estar fazendo aí uns 36° C. Além disso ficar sem camisa me faz sentir nu e é como se eu tivesse mais desprotegido e sujeito a julgamentos.

Se bem que ultimamente não estou me preocupando tanto com os julgamentos. Fui a parada gay e nem me preocupei com julgamentos, seja os que poderiam se fazer de mim, como os que eu pudesse fazer a respeito dos outros.

Foi bom, conheci mais pessoas, conheci mais o mundo e voltei mais leve. A parada gay não foi apenas uma diversão, foi um aprendizado também e um escancaramento de novas oportunidades.

Daí que outra vez cá estou eu escrevendo sobre as oportunidades que não estou agarrando. Dessa vez, como em várias outras, o ceticismo. Fico aqui achando que as coisas tem tudo para não dar certo comigo, e o pior, muitas vezes acontece.

Agora existem mais pessoas lá no Orkut social, o fake está um tédio e não sei porque ainda não apaguei. As pessoas deram um ânimo novo para abrir aquela coisa lá. O melhor foi uma pessoa em especial que dá para chegar mais e explorar o corpo dela sem constrangimento maiores.

Parece que estou a vontade, mas não estou. Prometemos um ao outro deixarmos rolarmos, ver no que vai dar. Tudo bem, mas daí que nem tem duas semanas e o cara já está me dizendo que me ama.

Isso é para mim constrangedor. Primeiro porque eu não me apego ao que dizem os poetas sobre o amor, não acho amor algo incondicional em todas vezes, mas algo que é construído e no nosso caso não deu tempo de construir isso.

Além disso Eu te amo não é saudação ao chegar, ao sair e nem vírgula, assim como enter também não é. Eu te amo é uma confissão de um sentimento que se nutre. Daí que eu não sinto esse sentimento.

Eu gosto dele sim, eu sei. Não sei se é como amigo. Acontece que para mim as coisas não são simplesmente dizer que são e elas se tornam. As coisas são construídas e leva, muito ou pouco, tempo.

Não quero magoá-lo, aliás, agora magoar é tudo que eu não quero fazer a ele. Mas quero deixar claro, sem querer ser sofista, sem querer ser idealista, sem querer ser chato, sem querer ser brochante dizer que eu não amo ele, embora eu ache que deva dar certo nossa relação.

Mas enfim, outra vez vou confiar no tempo e esperar o contexto para tal. Assim quem sabe as coisas deem certo.

E outra vez enfim, Deus sabe o que faz [/Irmã Selma] e rezar é uma ótima forma de achar que se está ajudando [/@OCriador]. Por isso não rezo e nem acredito em Deus.

P.S.: Como estou atrasado perdoem-me pelos erros de ortografia, gramática e concordância acima da média. E olha que agora num é nem preguiça de revisar o que escrevi, é que estou atrasado mesmo.

sábado, 12 de setembro de 2009

O Estado quer roubar meu corpo

E lá está o Estado, baseado em leis, em moral, em religião e outros fatores do tempo em que a ordem não era questionar o poder.

Não questionando o poder foi se permitindo que o Estado hoje escravize, defina ou seja conivente com o que fazem com o corpo.

Existe alguma liberdade na obrigação de apresentação e do serviço militar obrigatório? Existe algum fator humanista em ser obrigado assassinar outra pessoa para defender interesses diversos de quem quer que seja?

Não e não. A lei do serviço militar obrigatório na verdade é só outra confirmação de como o Estado usurpa o poder sobre o corpo, que pertence ao indivíduo.

Ninguém tem obrigação de morrer por um Estado que de caridoso nada tem. Por um Estado, chamado de pátria para ser personificado e assim os idiotas desenvolverem por ele um afeto mais fácil, não se morre, ainda mais quando quem o lidera é quem inventou a guerra e ou quando esse Estado é financiado com quase 40% de impostos.

Serviço militar obrigatório é apenas a forma mais descarada, mas ignorada pela paixão irracional das pessoas, de como o Estado tira das pessoas o poder de decisão e a autonomia delas sobre os próprios corpos.

Defendendo diferentes interesses e convicções, o Estado impede equivalência de direitos, principalmente entre homossexuais e heterossexuais, criminaliza outra vezes quem decide por algo, como consumir narcóticos e tolera outros.

Enfim, não sou ingênuo e não acredito que meu corpo seja totalmente meu, não que outros tenha direitos sobre o que eu faço questão que seja só meu, mas sim porque o corpo é disputado constantemente, pois seu domínio confere poder.

Apesar de tudo, quero dizer que não sou contra o Estado. Sou favorável a um Estado compacto, não mínimo, feito por pessoas e para pessoas defendendo interesses desde que não se passe por cima da liberdade de outras pessoas.

No entanto o Estado não é dono de ninguém e muito menos pode obrigá-las a ceder o mais preciosos bens, a integridada, a liberdade e a vida por interesses alheios.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Os filosofos… da rodoviária

O que quero dizer é que eu reconheço que sou limitado, incompleto, ingênuo, inexperiente, jovem – ainda bem, que tenho muito que aprender, que não sou dono da verdade.

Reconheço que devo que devo ter humildade para pensar sobre mim mesmo. Mas e você não tem que ter humildade, se perguntar e se julgar sobre quem você pensa ser e acreditar?

Gosto quando muitas pessoas, os filosofos… da rodoviária, se dão conta que eu tenho medo de todo mundo que tem opinião pronta e formada para tudo, até sobre o que não conhecem e se recusam conhecer.

Tenho medo porque são essas pessoas as que fazem os julgamentos mais ignorantes e mais levianos.

Gosto quando as pessoas questionam até que ponto o que elas dizem ser a opinião delas é delas mesmo, baseando-se no que elas de melhor aprenderam na vida. Aprenderam e não copiaram!

Tudo bem achar o que nos passam algo bom, o que não é certo é querer incorporar essas verdades sem questioná-las sendo que tudo é questionável, até o inquestionável.

Gosto também quando as pessoas pensam que talvez seja tudo passível de questionamentos e que um único olhar não representa a verdade e sim uma verdade quando existem várias perspectivas e assim sendo várias verdades, que embora várias não deixam de ser verdades.

Gosto que as pessoas pensam que seja arrogante pensar que a subjetividade de si próprio é maior do que a das outras pessoas e por isso se é melhor, quando na verdade apenas está, se é que possível estar.

Gosto quando as pessoas pensam se a experiência não deva ser cálculada pelos anos de vida e sim pelo valor que cada uma delas, as experiências, tem para a construção do humano que se é.

Assim sendo talvez pensem que os anos de vida podem ser inuteis para se tornar alguém melhor quando o que contribuiu para isso tenha acontecido uma única vez na vida.

Gosto que as pessoas pensem se não é mais certo pensar que só se conhece quando chegamos perto e esmiuçamos ao invés de pensar que tudo que de longe está a reluzir seja ouro.

Gosto que as pessoas pensem se talvez não seja megalomania achar que o mundo é maior do que se é quando a nossa ignorância que é grande na verdade e que o mundo é bem menor, bem simples e nós que o tornamos complicado.

De tal maneira pode ser que dê para pensar que não existem fórmulas mágicas e nem equações para se viver, para lidar com o fácil e gestual.

P.S.: Filosofos da rodoviária são aquelas pessoas que se assemelham as que já encontrei não só nas rodoviárias, mas nas mesas de bares, filas de bancos, e afins que puxam conversa comigo e que tem uma visão pronta, inquestionável, inrevogável, para tudo, mesmo que ignore algumas coisas, mesmo que não reconheça que essa ignorância existe.

P.S.:² Talvez eu esteja com paranoia por ter me dado conta que eu já não tenha mais certeza de nada, nem do que é a REALIDADE (que algum filosofo da rodoviária) mandou eu cair amanhã, digo ontem. Só sei que nada sei (foi Aristóteles que disse?).

P.S.:³ Viver é muito complicado, mas quero tentar simplificar.

P.S.:(²)² O menino lá da parada gay me ligou, e eu liguei para ele, ele me mandou SMS, eu mandei SMS de novo. Aproveitamos os bônus da Vivo e hoje matarei aula para vê-lo.

P.S.:(³)² Vamos deixar rolar, o que rolar rolou e o que não rolar é porque não rolou. Falavámos isso ontem quando aproveitávamos os 20 minutos de bônus que a Vivo me deu.

P.S.:(²)³ Hãããããããã éééééér [/Marília Gabriela]

VIVO SINAL DE QUALIDADE )))

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Eu ia e eu fui

E então eu fui a parada gay, com essa experiência aprendi muitas coisas que certamente vão contribuir para o meu processo de auto-construção. No processo de decisão em ir a parada gay, apesar do receio, e ir para ter ficado até o fim, tenho muitas coisas a comemorar. São ilusões que desaparecem, reflexões que faço, novas ideias, novas experiências. Enfim, valeu a pena ter ido a parada gay.

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Sou o da esquerda.

No sábado estava convicto sobre minha decisão, eu iria ao evento supracitado. Não aguentando a expectativa sobre a reação da minha mãe eu contei logo na noite desse dia que iria a parada. Ela perguntou se iria a parada militar e eu seco respondi, a parada gay. O que me surpreendeu foi a reação dela, se ela sentiu ela não demonstrou, sem receios por mim, sem choro e o melhor, sem perguntas excessivas, retóricas e desnecessárias.

Bom, daí acho que minha mãe já evoluiu, mesmo que em partes e eu não tomei noção disso. E agora me questiono se não estou sendo injusto com ela, com o jeito ríspido que a trato quando assunto é a minha sexualidade e se não é o caso de, entrando na onda da nova novela, viver a vida.

No domingo, que é o dia de hoje, lá pelo começo da manhã sonhava que transava, aliás, ia transar com um rapaz que mora aqui perto de casa. O conheci na infância, hoje ele já é adulto, mais velho que eu e bonito, talvez por isso o sonho libidinoso. O sonho ia interessante, problema que na hora do vamos ver minha mãe coloca a televisão na sala berrando na missa de Trindade – GO. Sempre minha mãe.

Enfim, acordei cedo, contra minha vontade e libido. Toquei uma para drenar um pouco da tesão. Tomei banho, me arrumei, almocei pouco e fui à parada. Fiquei na plataforma esperando o meu amigo e sua trupe por mais de hora e vendo as figuras coloridissimas que desembarcava no outro sentido da linha e no meu para irem ao evento.

A fiscal, simpática, com cara de heterossexual fazia suas colocações sobre os homossexuais, sem ser preconceituosas, mas demostrando desconhecimento. Eu apenas explicava algumas coisas que depois ela foi perceber porque explicava com tanta propriedade. Sou gay meu bein!

Subimos para o shopping que existe no centro da cidade, amplamente frequentado pela turma do babado. Foi divertido quebrar o gelo com relação aos amigos do amigo. São comunicativos, barulhentos, estressados, efeminados, divertidos, necessários para o meu processo de deseterossexualização.

Descemos para o parque, onde a parada ia partir. Foi bom, a sombra das árvores, as famílias dos homossexuais trazendo seus filhos e suas crianças para o evento, para desde cedo tirar as mistificações.

Confesso que as pessoas de lá são bizarras comparadas com o que estou acostumado a conviver e ver diariamente. Mas elas deixam de ser bizarras quando nos aproximamos delas, posamos juntos para fotos, brincam e abraçam! São seres humanos de expressões, texturas e emoções humanas! Não tenho mais medo de travestis!

Durante o evento vi algumas pessoas conhecidas de longe. Sabe os professores da universidade que você desconfia? Então, quando você desconfiar da próxima vez é bem provável que acerte e hoje acertei.

Encontrei uma amiga, que não sei se estava perdida, se era simpatizante, se estava com o namorado, se estava porque era do babado também. Só sei que ela estava e me deu beliscadinhos na barriga para dizer – Oi Well. E eu respondi com um sorriso pouco me importando com o que ela vai pensar.

Confesso que pensei no que vão pensar quando notei um velho conhecido, mala sem alça ainda por cima, da Igreja que estava trabalhando na área técnica de um dos trios. Fiquei constrangido, mas a vergonha passou quando o álcool subiu a cabeça, mesmo que eu não tenha feito nada do que me fosse arrepender depois.

Ali, ligeiramente bêbado, beijando o tempo todo a boca de alguém que agora estou esperando me ligar, se é que vai ligar, explorando e descobrindo a liberdade e o tato corporal, entre as amigas de rodinha, lésbicas ou simpatizantes, mas principalmente entre os amigos de rodinha, muito deles gatinhos, foi lindo embalado nos remixes de Lady Gaga, Beyonce, The Pussycat Dolls, olhar o céu azul anil profundo ao entadecer. O céu azul que aparece depois de três dias cinzentos e agradávelmente chuvosos.

O nome é parada do Orgulho LGBT e não teve nenhum discurso político, pelo menos que eu tenha ouvido. Sequer consegui ouvir o Hino Nacional, que não foi entoado pela Vanusa. Teve distribuições de camisinhas e não falaram sobre os projetos que correm no Congresso do Sarney, pelo menos no Senado ele manda e desamanda, que tratem da homofobia e dos direitos civis aos homossexuais. Não falaram das concessões públicas de rádio e TV sendo utilizadas pelos Renatos Aragões e Chicos Anysios da vida para discriminar com seus retardados humores os homossexuais. Muito menos das concessões públicas usadas pelos padres e pastores evangelizarem sua intolerância.

De político não teve muita coisa, que eu tenha visto, porém políticamente incorreto também não. Mas sabe, se pode desfile de 7 de setembro que de político não tem muito, de formação de caráter patriótico – o que acho uma grande besteira – muito menos e que na verdade é incitação aos órgãos estatais de controle e violência, por que não pode a parada do gay? Ganharia-se muito se a parada fosse mais política, pelo menos enre os participantes, mas porque esse pragmatismo em tudo também?

Enfim, mas falar do macro, da política e da mentalidade da sociedade não é bem o caso quando as maiores transformações aconteceu no indivíduo, no caso eu. A partir de hoje posso dizer que tenho menos preconceitos, mais autoconfiança, mais experiência.

E parafraseando o Mal do Castelo Rá-Tim-Bum, eu ia e eu fui.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Eu juro, só não tenho certeza…

Sem querer ser um sofista, mas já sendo, a vida é feita de escolhas. Algumas escolhas são complicadas e decidir o que se fazer, ou não fazer, a respeito dela demanda muita razão, muita paciência e porque não, muita emoção. Outras escolhas são simples, muitas vezes tão simples que nem penso que ela é uma escolha.

Mas enfim, algumas escolhas, mesmos que simples, acabam criando em mim, seja na razão, seja na emoção, um dilema fudido. Não são raras as vezes que eu estou entre a cruz e a espada, a cruz de isopor e a espada de espuma.

Ganhei uma semana para escolher entre o sim e o não, e escolhi o sim para a parada gay. Parece simples, mas não é. Para mim foi complicado e confesso que ainda estou com vontade de voltar atrás e dizer não. Porém resolvi seguir a propaganda da Visa, que passou no tempo do a vida é agora,  e não colecionar NÃO’s.

Decidi jogar algumas das coisas para cima, questionar, quebrar destruir mesmo que as vezes isso possa fazer mal ou falta, mas se vai, falar agora não passa de hipótese, de possibilidade. Enfim, eu decidi que vou parada gay, ou não.

Vou tentar ser breve, o que dúvido que vou conseguir, e explicar um pouco da minha trajetória de vida e o meu passado recente, ou será que é médio? Assim pode ser que alguém entenda a minha subjetividade e dê um conselho que tornará o meu caminho reto, plano, duplicado, sem radares eletrônicos e taxista, aquela classe filha duma put… que é isso que eles são.

Bom, quando criança eu já me sentia atraído por homens, pelo menos pela estética deles e depois sexual e emocionalmente. Com as mulheres o processo não se repetia da mesma forma, aliás, não se repetia. Fui crescendo em meio a ignorância do que acontecia comigo, em ambiente culturalmente nada propicio, com mistificações – palavra nova que aprendi usar e acho chique – a respeito da homossexualidade e o principal, a homofobia.

Naturalmente, eu que não sou alheio ao meio, fui incorporando isso, os preconceitos, a homofobia e zaz.  Além dos prenconceitos desenvolvi medo de ser identificado como homossexual, e o que mais me marcou para agir assim foram o bulling que sofri na Escola, os preceitos religiosos que já defendi com veemência e o assédio moral e a violência física que sofri da minha mãe quando ela me encontrou brincando de médico, com um outro menino da minha idade.

Cresci com medo de ser o que sempre fui, homossexual, e de ser identificado como tal. Acredito que isso tenha servido apenas para atrapalhar o meu processo de autoentendimento e autoaceitação. Quando me autoaceitei, próximo aos 18 anos de idade, passei a não ter mais vergonha de mim para comigo mesmo, mas das outras pessoas sim. Cheguei até comemorar a revelação da sexualidade a terapeuta, que lógico que já fazia ideia a um bom tempo.

Hoje da vergonha  me resta menos. Não fico constrangido ao falar da sexualidade com outros amigos que sabem e, conforme for, eu até a sugiro em alguns lugares em algum contexto. O que não gosto é que as pessoas que não conheço ou não confio saibam da minha sexualidade, não é da conta delas e acho isso íntimo, ainda mais quando as reações hostis mais do que factuais, são comuns.

Ir até a parada gay é identificar a minha sexualidade, ou sugerir j á que nem tudo que reluz é ouro, aos que por lá estiverem ou passarem. Pessoas com as quais não tenho intimidade, não tenho delas respeito em virtude da devoção e por aí vai.

Também não tenho incorporado totalmente algumas coisas. Algum tempo atrás escrevia neste blog falando do meu armário, situação que acho legitíma, e agora já estou falando de eventos que não combinam muito com quem está nessa condição.

Mas para quê ir até a parada gay então? Quero conhecer o evento para dizer se gosto, para dizer se é bom ou ruim, para colecionar a experiência, matar a curiosidade, para criar um discurso coerente.

Nunca confiei nesses julgamentes publicados na grande mídia criando uma mentalidade negativa a respeito do evento, pois sinto existir uma intencionalidade heteronormativa, até no “sou contra a parada mas respeito os homossexuais”. Ao mesmo tempo acho que tem homossexual que se rendeu a esse discurso mal intencionado quando o adota sem conhecer o evento.

Acho que devo ir ao evento, apesar que tenho comigo o velho pensamento do que os outros vão pensar de mim. Também acho que devo ir para mostrar a mim mesmo quem está no comando da minha vida, se é eu ou o que os outros pensam de mim. Eu deixo de fazer muitas coisas por causa dos outros e o mundo e o tempo são meus.

Chato, chato mesmo só vai ser dizer a minha mãe que eu vou a parada e querer que ela fique numa boa com isso. Ela vai chorar, ela vai berrar. Eu não vou chorar, mas berrar com ela eu vou.

Mas eu juro que vou a parada gay, só não tenho certeza.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Desabafo: desprezo a religião

Outra vez os homossexuais tem a conquista por maiores direitos civis adiada. Outra vez a justificativa para negar direitos civis, como a união estável entre casais homossexuais, é a defesa da família. Outra vez apresentam como argumentos mentiras e afirmações nunca provadas. Outra vez dizem garantir a nós direitos, mas outra vez nunca tivemos esse direito que afirmam.

Dessa vez a proposta de união estável entre casais homossexuais é negada pela Comissão de Seguridade Social e Família, sendo a pessoa do deputado José Linhares (PP-CE) a personificação disso. Como argumento Linhares diz que a união entre homossexuais não é natural e que uma criança precisa de um homem e uma mulher para educá-la.

Não existe coerência nesses argumentos, milenares e constantemente rechaçados, dados pelo deputado, que é padre. Quem prova que famílias chefiadas por homem e mulher nunca falham na formação da pessoa humana? Quem prova que homem e mulher por si só bastam para criar outra pessoa? Quem explica os casos das pessoas que cresceram em famílias que abandonam esse modelo familiar, nuclear cristão e em vias de se tornar menos comum, mas que demonstram caráter e inteligência superior aos filhos do bons costumes?

Enfim, por que se colocar contra algo argumentando que isso é contrário a natureza? Que estudo de caso existe para determinar no comportamento humano o que realmente é natural? Até que pontos somos naturais e o que se permite que algo não seja natural seja tolerado e outro não?

Certamente, Linhares e seus apoiadores, a bancada protestante e católica bem como os seus fiéis, vão dar como justificativa a moral e os ensinos da Bíblia que leem e o que dizem dizer a fé que professam. Vão justificar assim por pensarem que o quê acreditam seja a verdade absoluta, apesar das contradições, apesar das incoerências, apesar de não conhecerem profundamente outras concepções.

Tudo bem enquanto argumento, mas tudo mal para quando eles impõe através do Estado laico e de suas leis, do poder político, o que pensam como se todos tivessem que aderir ao que acreditam. Agir como agem os religiosos infiltrados no Estado com cargos políticos, usando concessões públicas para faixas de radiofrequência para rádio e televisão não é democracia, não é Estado laico, não é liberdade.

É necessário uma ação por parte dos que não concordam com essa intervenção religiosa, travestida de verdade e protetora do que é certo, se é que é certo, e que atribuí a responsabilidade e criminaliza as maiores vítimas desse processo e dessa mentalidade.

Não se deve tolerar a presença da religião na constituição do Estado, de suas leis e políticas. A religião não é sinônimo de ética e responsabilidade, não existe prova disso, muito menos se o pensamento é cristão. Como cidadão e pessoa humana não se deve tolerar as discrimações dos religiosos que oprimem, humilham, confundem, desprezam, mentem sobre amor, tolerância e liberdade.

A religião é o câncer da humanidade.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Papo Aleatório VI – Não é Proibido

Existem algumas músicas que ouço incansavelmente quando descubro que elas existem. Algumas dessas músicas não são novas e estão lá na biblioteca do meu PC a certo tempo. Outras não estão como é o caso de Não é Proibido da Marisa Monte.

Achei a letra ótima. Tem nela uma vibe, créditos ao Gato de Cheshire, meio pedofila na parte que fala de doces e diversão caso a minha suspeita de que a música esteja falando na verdade de suruba seja... verdadeira. Tudo bem, viagem, viagem.

Bom, mas o reforço nos graves são bons, eu adoro o som do contrabaixo porque ele torna a música gorda. E a bateria atiça um desejo de sair requebrando com os braços para cima igual aquele jacaré do Pica-Pau. Qual o nome dele? Foda-se.

Essa noite eu sonhei que no Brasil existia Maglev saindo da minha cidade e indo a vários outros lugares do país, onde mora gente que eu gosto, mas que não conheço e mesmo assim tenho saudade. O melhor era que a passagem custava mais barato do que uma tarifa de ônibus coletivo daqui. Isso sim era utópico.

Para quem não sabe Maglev é o trem magnético, ele não tem rodas e se desloca sobre trilhos magnetizados. A promessa é que ele chegue aos 8000Km/H, mais rápido do que os 2500Km/H do Concorde (in memorian), e tornando raquitico os 850 Km/H da aviação comum.

Por enquanto o Maglev está longe de atingir seus 8000Km/H, ele só vai até 550 Km/H, mais rápido que o TGV da França, ou os 180Km/H que um motor 2.0 atinge facilmente na rodovia quando dirigido por um inconsequente.

Outra vantagem do Maglev é que ele operacionalmente é mais barato do que avião, trem comum e ônibus. Muito melhor do ponto de vista ecológico e mais seguro porque não descarrila. Porém ainda tem muito que evoluir e a instalação é cara.

Bom, mas porque eu estou falando do Maglev? Claro, penso que ser o Brasil um dos pioneiros no desenvolvimente dessa tecnologia nos traria muitos avanços, mas o principal não é esse.

Essa noite eu tive um sonho. Sonhei que todos solitários como eu tinham o Maglev a R$2,25 para ir pela manhã a qualquer lugar do Brasil e a noite estar em casa para ir a Universidade.

Ultimamente tenho me sentindo um sujeitinho tão brega, tão idealizador. Mas tá bom, é até engraçado parafrasear um dos sujeitos que mais admiro e que certamente fazem falta ao Mundo.

Falando em direitos humanos, quero revogar o seguinte artigo do Estatuto do Homem:

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Quem escreveu isso nunca morou em Goiânia, não sabe o tão desagradável é dormir em uma noite quente enquanto que durante o dia sua pele queima e seus olhos e nariz estão a arderem. Manhãs cinzentas de terça-feiras, ainda mais se forem úmidas, são perfeitas por aqui e domingos ensolarados verdadeiros infernos. Pelo menos durante agosto.

domingo, 23 de agosto de 2009

Carta a mim mesmo…

Goiânia, 23 de agosto de 2009.

Aos senhor corpo que me porta, a mente que me conduz e as emoções que me existe…

Faz algum tempo que tenho percebido e atribuído a mim mesmo o que acredito que sejam fracassos, felizmente menores em relação aos sucessos, que tenho obtido na vida. Assim sendo atribuo a mim mesmo o título insuportável, pouco prático, autocrítico e destrutivo, talvez imbuído com alguma falsa modéstia de meu maior inimigo.

Na minha boca, assim como nas minhas veias e artérias, corre o pior veneno a minha felicidade, eu mesmo. Diante disso é certo que eu esteja pensando que o que estou pensando seja algo confrontante com a minha inclinação política, bem como o que penso ser bom, aja vista que esse discurso metaegocentríco que faço tem um caráter semelhante ao indesejado e meritocrático neoliberal e individualista.

De um tempo para cá, que inultimente quero determinar, tenho uma indiposição para fazer acontecer. É como se eu me deixasse levar pela vida boa que de repente eu tive e que aos poucos fui percebendo que se não me esforçasse continuaria com ela.

Tudo bem, reconheço que me esforcei para conseguir coisas que pudessem ser positivas para mim, o falecido, as entrevistas e dinâmicas de grupos com os insuportáveis psicólogos de recursos humanos, as inscrições para concorrer as oportunidades que me foram escancaradas, a tentativa de me socializar com novos grupos, a vontade de retornar para aqueles que só desprezo a fé que possuem e tudo mais.

Contudo, penso ser eu um alguém fraco que não soube correr, pois conta eu bem sei que dá, atrás do que a vida tem a oferecer. Noto que ultimamente me articulo lentamente para conseguir o que quero, que falta persistência e muito mais fé de que as coisas ainda vão dar certo.

Tá bom que não corri atrás do garoto da Universidade essa semana porque eu não o vi, correr atrás entendendo que nesse primeiro momento consiste fazer um reconhecimento de campo e aí sim tomar uma decisão efetiva. Mas confesso que faltou a mim empenho para obter o orkut do moço e permitir que a Mystica contribua para as coisas darem certo.

Nem sempre foi assim, eu sei que fui melhor para ir à ação. Reconheço que nos ultimos tempos tenho evoluído bastante, aliás, tenho sido pessimista inclusive na hora de reconhecer o que é real. Concerteza não sou e não escrevo mais como o sujeito de dois ou três anos atrás.

Seja a hora de se preocupar menos com números e mais com a qualidade talvez, não seja eu um sofista e nem me preocupe a enunciar aqui o que se fazer, eu bem sei o que fazer e não escreva mais uma carta de boa intenção que vai me frustrar no decorrer do tempo caso se não se concretize as belas palavras que um dia pude sugerir a mim.

Sabe, na verdade eu tenho vontade mesmo é de começar tudo, mas é impossível voltar ao passado e começar com a subjetividade que hoje me é inerente, com a intencionalidade que agora tenho querendo que as coisas se deem belas pelo acaso.

Enfim, não vou me despedir porque não estou morrendo e sei que meu pensamento continua, não aqui de forma escrita demonstrando apenas uma sequência e linearidade do que estou a bombardear nas infinitas conexões neurológicas da minha mente. Mas sendo essa uma carta eis, uma despedida simbólica somente para fins de licença poética.

Att,

Meu subjetivo racional e emotivo eu alocado nesse corpo seu corpo.