sábado, 28 de novembro de 2009

Eu sou homem com H e com H sou muito homem

Mais uma aleatoriedade sobre o meu cotidiano, um deprezo à religião e um aísougay para alguém.

É comum haver discussões durante as minhas aulas, os professores gostam de incitar o debate e debatemos. Dessa vez a aula era de um disciplina cujo tema orbita ao redor da Educação. O que fica entendido é que os professores não devem transmitir prenconceitos, exemplos são citados ao tratar de temas relacionados aos gêneros, à sexualidade, à homossexualidade para ser mais exato, à influência africana na constituição da identidade brasileira e que agora é obrigatório ser ensinado na escola.

Sobre gênero e homossexualidade a professora cita e a turma cantarola junto com ela “nunca vi rastro de cobra, nem couro de lobisomem, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, porque eu sou é homem, porque eu sou é homem, menina eu sou é homem, menina eu sou é homem e como sou. Eu sou homem com H e com H eu sou muito homem, se alguém duvidar pode perguntar (?) pelo meu nome (?)”.

São jogados então vários temas que vão inflamando ainda mais a chama e o calor do debate. Minhas colocações são concisas e para quem puder ouvir, são sarcasmos e acides disparadas contras os argumentos religiosos dados para manter a convicção em algo que eu e muitos acreditam equivocados, pricipalmente os relativos a homossexualidade e o dilema para definir se é preconceito a objeção das religiões a essa condição.

Vou me incomodando com as premissas tomadas por alguns para justificarem o que para mim é sim preconceito das religiões e tentar explicar a homossexualidade. Tem a hora que a professora comenta rapidinho para mim:

- Ainda bem que você está ajudando a segurar o debate na polidez.

Meu estomâgo fica gelado, como algumas vezes ficou e como eu pensava que não ficaria mais e cochicho em seu ouvido:

- Complicado é para mim que sou homossexual e com eles não concordo, mas não posso me assumir para quebrar os paradigmas deles.

Imediatamente apreensiva ela volta ao meu ouvido e diz:

- Não faça isso agora, depois te explico porque.

O porquê dela para mim é um mistério, não consegui ficar sozinho com ela depois da aula. Enfim, me assumir ali para todos não era o que eu ia fazer. Independente disso, arrepios tive por todo o resto da aula, achava absurdo a justificativa dada pelos colegas religiosos para falar que as religiões africanas são complicadas de serem tratada, comparando-as a esse tal de Diabo, uma das melhores invenções para tirar das pessoas da responsabilidades que elas tem sobre as coisas ou para assumir o que é fato.

Agora fiquei esbabacado quando o colega religioso estressou comigo e com a turma ao dizer que para falar da Bíblia tem que conhecer de Teologia. Engraçado, justo eles, os luteranos que tanto pregam a livre interpretação daquele livro. Mais engraçado é que para dizer que se acredita nela não precisar de conhecer Teologia. E pelo que ele fala, teologia? Isso é ciência? Isso tem método? Tudo bem, estou sendo positivista aqui, assim também como materialista, mas teologia tem objeto de estudo? E é mais ciência do que a que estudamos naquela Universidade? Como assim tem ciência que é mais ciência que a outra?

Lógico, todo mundo caiu matando em cima do sujeito que o equivoco foi ter apelado e começar a falar aos berros e cortando a todos. Mas outra vez eu digo, religião é o câncer da humanidade alastrado nos sujeitos que deverão, mas não serão professores laicos, mesmo que não estejam em escolas confissionais, um erro cultural da nossa sociedade.

Mas não foi tudo perdido, ali deu para ver um galera realmente crítica, que incorporou aquilo que a Universidade potencializou em todos nós. Uma galera que questionou os próprios valores, a forma de perceber e pensar o mundo ao redor e abriu mão desses preceitos que vieram definidos como certo antes de todos nós nascermos e que até então nem tínhamos perguntado se é isso mesmo.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Não me pergunte que eu não sei

Eu leio, ouço, assisto muitas notícias sobre as mesmas e muitas coisas. Porém ainda assim me sinto desinformado, no fundo penso que eu não sei nada, que não entendo nada do que acontece. Não é humildade da minha parte dizer isso, é que acho que tudo que leio, ouço, assisto é pouco objetivo e quando não é tendencioso para algo que não gosto, acho ideológico, dogmático demais.

O presidente do Irã, que tem aquele nome estranho do qual não vou arriscar escrever aqui, veio ao Brasil e muita gente não gostou. Dizem que ele diz, porque eu nunca vi uma declaração completa dele e muito menos entendo a língua que ele fala, que ele enforca homossexuais, oprime mulheres, persegue minorias religiosas e nega o holocausto – que tem hora que eu não questiono se existiu, mas pergunto até quando os judeus são os coitadinhos tal as ações do Estado israelense deles com relação a Palestina.

Dizem também que ele é um ditador, tem um programa terrorista e que quer fazer armas nucleares. Se ele tem um bomba atômica, eu não sei, mas eu que sou cosmopolita e contrário as guerras me contradigo, para mim o Brasil também deve ter bomba atômica. Os EUA têm, ISRAEL tem, a China, a Índia tem, um monte de países. Mas não sei porque eles e nem nós, que precisamos pela diplomacia e é disso que eu gosto, não podemos ter se eles têm.

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Do fundo do meu coração eu tenho medo do presidente do Irã, tenho raiva também, me parece que ele faz no Irã o que os evangélicos querem fazer no Brasil e conseguem às vezes. Também me imagino dando cabeçadas no nariz dele, o presidente do Irã, ao ponto de quebrá-lo. Já me imaginei torcendo o pulso dele e dando joelhadas na mandíbula dele usando aquelas técnicas de Krav Magá.

Isso dá certo? Não, não sei. Mas que dá uma sensação de satisfação pessoa e elevação da autoestima dá, mesmo que seja só uma fantasia da minha mente fértil e entediada com os jornais.

Mas sabe, eu sou contra o Presidente do Irã, mas não me peça um argumento para tal profundo e bem elaborado, eu não tenho nada, a não ser a passionalidade do meu instinto de sobrevivência, conservação e solidariedade para os meus iguais em opressão e sexualidade.

Quer saber, para eu que nada sei, não fui a televisão falar nada, que acho que as faxinas “humanas” do presidente daquele Irã vão me afetar aqui no Brasil, que não escrevi e-mail para o meu deputado e acho que nossos jornalistas competente não conseguem, pelos seus variados, se não os mesmos motivos, informar, a passionalidade deve estar de bom tamanho para aflorar algum desprezo.

No entanto, vamos confessar também né minha gente! Nós adoramos frases de impactos, dizer que admiramos alguém falando altos elogios e pouco argumento. Criticar então nem se fala. Como eleva o ego dizer “eu desprezo fulano” ou dizer que tem uma opinião para tudo, igual Caetano Veloso.

Mas eu gosto disso, me faz sentir além de humano um tanto quanto vivo também!

Enfim, é melhor ouvir a Nova Brasil pela web e desligar a CBN no rádio.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Frustrado não dá para escrever

É isso, é frustração o que tenho sentido em todas essas semanas, inclusive na última e tão otimista postagem. Sim, ela realmente foi otimisma, mas o otimismo apenas superou momentaneamente um outro regime, um outro estado psicológico (me perdoem os psicólogos, um eu sei que lê isso aqui, se estado psicológico quer dizer outra coisa).

Na verdade no decorrer das últimas semanas eu me frustrei e então as coisas foram aumentando, as cobranças para cima de mim também. E eu refém do pensamento confuso, da incapacidade de constatar a situação naquele momento nada fiz, a não ser se deixar ser constrangido.

Bom, e os constrangimentos continuaram, inclusive quando tentei estender uma flor querendo reduzir a importância do que aconteceu a apenas mais um detalhe do passado, do que poderia ter acontecido e não aconteceu. Não deu certo e lá estou tentando me defender do que eu ainda não entendi o que é.

Isso me lembrou muitos conflitos que vivi nessas minhas exatas duas décadas de vida, entre eles o da sexualidade, na qual criei infantaria para atacar o quê precisaria de uma marinha. Exemplo idiota pegando o militarismo, coisa que eu não gosto, como embasamento.

E as coisas foram passando, chega um momento que eu não dou conta mais de aguentar tudo calado e sem querer fazer um desabafo conto a alguém como é que recebo e vivencio tudo aquilo. É sempre bom uma terceira visão, a de quem está de fora mas que a tudo vê, e que pode dar opinião tendo como base o quê não entendo.

Bom, ajudou muito para desencargo de consciência. Outra vez descubro que não necessariamente a culpa de toda infelicidade é minha. A minha resposta a tudo isso, bem, continuei minha política de me manter calado, mas do fundo do coração não é isso o que eu quero.

Continuo me sentindo acuado, sem direito de respostas e constrangido. Quero falar também agora que já entendo como vivencio essa coisa que tomou uma proporção maior do que imaginei e eu quis.

Bem, eu não vou mais chorar – e como tenho raiva de mim por ter chorado, ainda que em silêncio entre um sono, ou melhor, entre um sonho e outro – e continuarei calado, mesmo que eu tenha a necessidade de dar a dimensão de como foram as coisas para mim a outrem, enquanto não houver contexto ou se vier perguntar para mim.

O que lamento é que não sinto mais estimulado para conversar, não tenho mais aquele empenho e as falas daquele que me diz para mim se tornaram sempre enfadonhas, idiotas, inobjetivas e talvez inconvenientes. É como se eu tivesse perdido algo e dor de cotovelo eu tenho por ficar tirando conclusões do tipo “nem está se importa comigo” ou “não sou nada de novo”.

Eu sempre digo que o tempo é o senhor da razão e que a tudo resolve e continuo rogando por isso. Quero que ele, que na verdade sou eu com meu processo de amadurecimento, dê um jeito para que as coisas se tornem como eram antes. Tá bom, eu estou querendo demais, quero apenas que a frieza se acabe e as coisas não sejam cordiais apenas por diplomacia.

Sobre o perdão que já escrevi nesse blog, bem agora eu não consigo dar, mas darei em breve, assim que o tempo achar por melhor. Se é que tem alguém que pensa que me ofendeu e tanto faz para ela se ofendeu ou não para querer meu perdão.

Bom, por hoje é isso, um desabafo delongado, ainda que parcial, sobre uma coisa que me faz sentir desnudado, embora não seja tudo o que eu queira dizer, para alguém aí para qual considero mais certa a possibilidade de a isso não ler. Ainda bem se for realmente isso!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A sorrir Eu pretendo levar a vida Pois chorando Eu vi a mocidade perdida.

Mas os últimos dias não foram de todo mal apesar da peculiar baixa emoção das minhas horas. Meu pai desempregado e eu prometo a mim mesmo que não vou fazer da vida e das coisas um inferno para dizer que eu estou vivenciando um.

A noite em claro, apesar que não estivesse eu sentia calor e não dormi. Assim levantei-me e propondo sair antes do combinado cedo do dia para a casa dos avós no interior, desperto os senhores meus pais de seus sonos.

O Sol só foi aparecer quase chegando por lá, veio amarelo como a gema de um ovo de galinha caipira e teve o cheiro desagradável da vinhaça dos canaviais. Aliás, até de madrugada é possível sentir o odor da vinhaça trazido pelo vento fresco de sudeste, mesmo que a casa dos meus avós esteja no grande centro da cidade de 30.000 habitantes.

Imagem 016

Chegando a casa da avó uma ‘manada’ de cães estão a cachorrar em seu portão e se assustam com o carro que chega por ali. Um desses vira latas mais baixotinho no desespero se atropela socando-se debaixo do carro. Ali no banco de trás meu rosto é apreensivo e eu estou desesperado, os grunidos do cão são altos e eles despertam uma compaixão que me faz sentir humano, porém sem ser iluminista.

O mundo saiu de minhas costas quando o carro dá marcha a ré e o cão, de inteligência canina, saí correndo rumo a praça de logo ali aparentando estar apenas assustado e não muito machucado. Ótimo para mim que não dormi na última noite, mas que anseio um sono leve.

Mal chegamos e vamos para outra cidade para colecionar mais uma experiência para a série “Parentes distantes e do sítio que eu não conhecia”. Alguém percebe o rolo de papel higiênico em minhas mãos após uma crise de espirros provocados pelo resfriado. Então insistem para que eu tome remédio, o que eu odeio.

- Você está com febre?

- Não. (apático)

- Você está com dor no corpo?

- Não. (mais apático)

- Na garganta?

- Não.

- Com febre?

Respiro fundo e digo – Não.

- Com o quê? (Aí me dou conta que o jovem balconista da drogaria é bonito).

- Com coriza e espirros. (Mas cuida você bem de mim e nem se preocupe com esses senhores, meus pais e avós, eles sabem de mim e é só o que eu penso)

- Você toma um desses a cada oito horas, pode tomar um agora, vou pegar um copo d’água para você.

Ele volta com um copo e eu com cara de obrigado volte sempre digo que bebi o comprimido a seco.

E teve comida com gosto de roça, o morro agudo de fato era agudo e o celular não pegava. Ótimo, não ia ligar para ninguém e como esses primos distantes são feios. Eu durmo no banco de trás ouvindo a trilha sonora da novela, porque dormi na casa dos outros, que são meus parentes e nem sabia, é estranho. E o sono é bom, saí aquele suorzinho gostoso da testa e eu fico tão melancolico. A vida é boa sim.

Na hora de volta para casa dos avós eu levo o carro porque meu pai está um pouco etílico e com lei seca dirigir com pomba na cabeça não pode. A estrada é foi recém recapiada, as retas são retas além de longas. Em 5ª marcha na casa dos 3000 rpm vão se 100, 110, 120 e a minha avó no banco de trás começa a me reprender. Gente mais velha não gosta de emoções.

Tudo bem, isso não foi muito divertido, aliás, não é. Isso no caso é tudo, ficar a noite em claro, viajar de madrugada, atropelar cães, alto medicar, tratar com desdém o balconista que é bonito, achar os parentes feios e extrapolar por enquanto em 20% a limite de velocidade.

Fiquei entediado o tempo todo depois disso é verdade, ouvi música, não tive saco para ler, liguei para o Mário no Infinity. Isso foi bom, as peripecias dele na web com minha senha do MSN e do Twitter também. Também foi bom que ele leu os comentários deixados por vocês aqui no blog para mim. O “amigo” da cidade do interior não leu em tempo meu recado em off e fico sem alguém igual a mim para conversar ali. Prometo não deixar para última hora e salvar todos telefones em todos chips.Imagem 010

Em Goiânia é quarta feira, o céu está nublado, não vai chover, pelo menos não fede vinhaça. Embora quase 15:00 horas no Horário Brasileiro de Verão as onzeoras estão floridas e um pé de quê não sei também tiro foto delas.

Mas sabe, prometi que não ia pensar negativo e ia deixar o tempo agir. Ele agiu e os tempos de vacas magras duraram apenas duas semanas. Nunca estive com a autoestima tão elevada por ser brasileiro. Entramos por último no crise, saímos primeiro dela e como se não bastasse ela dura duas semanas na minha versão doméstica.

E viva o aumento do crédito, dos prazos e do financiamento da casa própria. Viva o Reuni também, que embora destrua a Universidade Federal de qualidade, tem obra para se tocar e empregar meu digno pai. Nhá, voltei a ser bonito também.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Escrevendo outra vez

Olá pessoas, aqui estou eu escrevendo algo para vocês lerem. E daí que o quê eu escrevo seja mais do mesmo, que seja enfadonho se pelo visto vocês não acham isso  não é? Até mesmo porque enquanto eu acho isso chato vocês estão aqui lendo e comentando.

Mas vou confessar… mesmo que eu ache o que meus colegas blogueiros escrevem mais interessante e melhor redigido eu escrevo porque eu gosto de escrever. Não sei qual o nome da região do cerebro e nem da substância que ele libera, mas ver o cursor do mouse se movimentando da esquerda para direita a cada segundo e ouvir esse tec tec tic tac tec do teclado faz com que eu sinta recompensando.

Enfim, escrever me dá prazer e acho de agradável estética ver as letras formarem palavras, as palavras sentenças e as sentenças parágrafos. Aliás, outra coisa que eu acho bonito é ver os parágrafos separados entre si pelo enter. E quando mais eu digito assim, mais com vontade de escrever eu sinto e me empolgo e acho lindo e fico satisfeito e não presto atenção. Por isso relevem como sempre os erros de concordância e gramática certo?

Mas não estou aqui para falar sobre os meus orgasmos editoriais (nem sei se essa palavra se aplica para o meu caso e deixa porque é licença poética e eu posso então). Estou aqui para falar que não aconteceu nada, absolutamente nada de interessante durante essa semana. Ninguém me cantou no MSN, ninguém me adicionou no MSN, eu não fui lugar que não fosse Universidade algum.

Ah sim! A Universidade foi um porre, assisti uma palestra por dia, em todas eu fiquei entediado, em todas eu olhava as panturrilhas peludas dos meus colegas, em todas  eu olhava mais para os meninos bonitos que passavam pela minha frente e olhava para os seus dedos, procurando algum anel de compromisso, casamento ou simplesmente para especular o tamanho de seus membros através deles.

Mas teve coisas interessantes? Acho que andar do ponto de ônibus até o centro de eventos debaixo daquela chuvinha fina foi legal. As gotas geladas geram um desconforto mas é bom, é bom porque a pele funciona, é bom porque está chuvando e eu prefiro chuva ao invés de Sol. Chuva é umidade para minhas vias aéreas, meus olhos, é água nos rios, nas hidrelétricas, no medidor de água, garantia de safra. E também acho que eu fico bonitinho, fofinho, quando me fico um pouco molhadinho de chuva. Sei lá, talvez alguém fique com dó de mim e queira me secar e ver o que eu vou fazer logo mais a noite.

Na verdade não teve nada de interessante, aliás, as coisas estão mais tensas. Minha mãe briga comigo porque eu não guardo minhas roupas na hora que ela quer e sim na que eu quero e eu falo alto mandando ela parar de gritar porque vizinho não tem que ouvir.

E ela grita, desnecessariamente grita, por coisa desnecessária e eu digo para falar baixo e ela gritando para vizinho ouvir que sou “um um um um” vendo que o um dela não saí, mas sabendo o que ela quer dizer eu pergunto berrando e dessa vez querendo que vizinho escute “Um quer que eu grite para eles ouvir? [com muita vontade de falar viado que dá e recebe cu]” e ela responde um preguiçoso engolindo seco.

Enfim, minha mãe é complicada. Ela é orgulhosa, ela acha a homossexualidade uma aberração e apesar de dizer que não tem preconceito, ela se sente muito superior a quem é. Ela se arrepia, amarga só de pensar que o filho dela é uma palavra que ela não gosta, gay! E gosto de ver na sua cara medo por temer que eu diga aos outros que o filho dela que se acha muito boa é um viado.

Essa não é a solução dos problemas existentes na relação com minha mãe, que penso ser muito reguladora, vaidosa ao ponto de ser pouco prática, muito menos crítica, apenas desnecessariamente liturgica. Mas é isso que eu sinto, irritação para com esse comportamente da minha mãe e sentimento de recompensa quando eu ameaço a dizer a ela o que ela quer dizer a mim.

Esses são meus podres… podem vaiá-los… mas isso sou eu.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O não vai dar certo voltou

Por muito tempo as perspectivas no horizonte simplesmente foram capazes de conferir a mim sofrimento ou muita alegria. Anos de terapia e aprendo não dar mais tanta importância para as expectativas, pelo contrário, se apegar ao máximo ao que é possível e não tratar o incerto como fato.

Não sabendo dosar a balança, comecei a ficar cético quanto a um monte de coisas. A vida se tornou um tédio, sem graça, simplesmete ficou quadrada e eu passei a ir para, ou acreditar nas coisas, como se o fato delas não darem certo era o mais esperado e a realização delas um acaso, que nesse caso viria para o bem.

A vida é um aprendizado e uma evolução constante e decidi viver as boas expectativas por antecedência. Uma delas foi o fato dos meus pais pagarem uma cirurgia nada tão sério, porém que custa 15 a 20 mil reais, uma cirurgia na mandibula necessária a minha qualidade de vida.

O preço elevado fez com que esperassemos por muito tempo a cirurgia na rede pública, onde as disputas de ego e política são sempre maiores do que as demandas dos pacientes e por isso a cirurgia não saiu, ou não saí. Meus pais decidem pagar por ela e isso me deu alegria. Comecei a viver a cirurgia antes mesmo dela acontecer, quando o dinheiro, mesmo que não seja o principal, ainda assim é preponderante para que ela aconteça.

O dia é um verdadeiro tédio, um calvário na Universidade. Os discursos são enfadonhos e meus olhos embaçam em sono quando tento fixar o olhar nos slides. Uma diversão, aliás, uma distração é olhar os rapazes em volta, principalmente suas pernas peludas, ou lembrar dos descamisados colegas estudantes das Artes Cênicas em suas apresentações nesses dias do evento.

De volta para casa, até que enfim, olho para a Região Leste e trovões e raios estão a bradar e clarear por lá. Aqui um asfalto ligeiramente molhado e um chuvisco de nada.

Finalmente estou no ônibus que vai me conduzir ao ponto da minha casa. Lá dentro olho os corpos masculinos procurando pelo que não tive e sequer é dessa cidade. A chuva vem e vem grossa, parece que quer levar embora tudo que num quero daquele dia. O tédio, as frustrações, a carência, o cansaço e quisesse anunciar alguma coisa, que poderia ser boa ou ruim.

Desço do bólido semovente para massas, doravante denominado ônibus, inundo meus pés com a água da sargeta, me escondo debaixo da marquiz e olho o véu laranja das lâmpadas de mercúrio. Meu pai chega para me buscar e quase em casa pergunto como foi na firma. Foi que agora meu pai está desempregado, o que significa entre uma série de coisas péssimas, uma mais péssima ainda, a possibilidade, pelo menos para quando planejamos, da minha cirurgia não se concretizar.

Chego em casa estressado já pelo simples fato de imaginar a minha mãe poder escolher a hora d’eu jantar para ser mais um calvário dela, aliás, uma coisa que me irrita profundamente na minha mãe é o seu gosto por sofrer, por viver o que não é positivo da pior forma, o seu processo eterno de se vitimizar, de se achar sofrida. É como se ela não vivenciasse algo negativo se ela não chorasse, esperneasse, berrasse e enchesse mais do que o necessário a minha paciência com essa lamúria.

Janto em paz e nada mais falo com meus pais. Me tranco nesse quarto e escrevo isso para vocês. Celebro ter uma verdadeira inspiração para à vocês escrever agora.

domingo, 25 de outubro de 2009

Metablogável

Fiquei com muita vontade de escrever e aqui estou, fazendo mais uma postagem no blog e quebrando um jejum superior a uma semana. Ao mesmo tempo que fico feliz por escrever qualquer coisa aqui, fico também chateado. Isso porque eu penso que quantidade, que é o que fiz muito nesse blog durante esse ano, não traz qualidade.

Não é que eu tenha em algum dia ficado realmente satisfeito e confiante no que eu tenha escrito, aliás, continuo achando que meu blog é sempre mais um do mesmo, contudo penso que escrever menos fará com que eu atinja a qualidade.

Tudo bem, eu confio quando as pessoas dizem que eu escrevo bem, e até me envaideço com isso, aliás, sempre me envaideço com um elogio por mais cético que eu seja a ele. Porém eu penso que esse blog é uma coisa medíocre. Eu já falei que acho ele mais do mesmo? Já né? Então, é isso o que eu sinto sempre que escrevo nele.

Também devo confessar que fiquei esses dias todos sem escrever por falta de criatividade, não que seja criativo, mas tem hora que por mais que tentemos reinventar a roda eu me convenço que realmente não dá.

Bem, e assim eu consegui ficar esses dias todos sem postar nada no blog. Não satisfeito com isso eu fui deixando também de ler e comentar os blogs dos textos que eu me interesso.

E o que dizer de mim? Que seja eu quem sabe, não vou ser tão auto-crítico assim, um idiota se martirizando pelo que não faz diferença como se o importante fosse apenas ser diferente. Também que eu acho que escrevendo

Olha, agora eu estou com uma baita preguiça de continuar isso aqui e vou postar assim mesmo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sobre o perdão

Quando lia a Bíblia, ia as missas, participava de encontros, retiros, pregações, fazia preparação para crismar lembro muito do que se dizia nesses lugares todos sobre o perdão. Lembro de como ele está contido nos escritos religiosos e como os cristãos acreditam nele como algo preponderante para alcançar a vida eterna, a santidade.

Hoje não sou mais cristão, aliás, me defino nesse momento como ateu, mas sobre o perdão eu concordo. Contudo não acho perdoar algo cristão, mas sim algo humano, uma prova de nós como seres racionais, inteligentes, diferentes e capazes de encontrar novas saídas para os conflitos.

Nos meados da minha adolescência aconteceu um conflito familiar. Esse conflito coincidiu com a época em que eu estive mais religioso, o conflito teve a mim como um dos epicentros. Saí dele muito ofendido, magoado e enraivecido.

Dizer que tinha raiva não resolvia o problema, mas me fazia sentir melhor quando a autoestima estava em baixa e pedir ou dar perdão, não importa quem estivesse culpado ali, era o que eu jamais pensaria em fazer, até mesmo porque eu estava muito orgulhoso.

Mesmo assim eu continuava hipócrita. Dentro da Igreja continuava rezando, cantando e pedindo perdão a Deus, algo que nos preceitos cristãos eu só teria o direito de pedir se eu desse também. Bom, mas eu achava que o perdão de Deus era maior até do que meu orgulho e minha hipocrisia e tudo bem se eu não pedisse perdão, Deus não me deixaria ir para o inferno, o maior medo da minha vida naquela época.

Minha mãe, matriarca que é, defendeu seu filho. A minha relação e da minha mãe para com um tio meu resumiu-se a diplomacia e até deixamos de participar de reuniões em família por causa da presença dele.

Com o passar do tempo minha mãe continuou muito resistente com relação ao meu tio. Eu não. Eu achei tudo que aconteceu na adolescência uma coisa menor, irrelevante, mas não ia tratar das situações como se nada tivesse acontecido. Nas reuniões em família eu continuava diplomático, mas sem abertura, aliás, fingindo quem não o via, escutava, simplesmente, que ele estivesse ali.

Devo confessar que foi um grande excercício de Paola Bracho ser tão dissimulado e cínico, fingir que absolutamente nada estava acontecendo. Mas fingir tudo isso foi um pé no saco e cansativo.

Então chega o último feriado prolongado, na casa da tia no interior, os filhos dos meus avós todos reunidos juntamente com eles a sós dentro da cozinha, onde estava minha mãe, enquanto netos e bisnetos do lado de fora ficavam curiosos.

Interessante é que eu fui o único deles, netos e bisnetos, que teve a honra de participar, mas quando meu avô começou a falar sobre perdoar 70x7 como Cristo falou e ali ao meu lado estava o tio, saquei a charada.

Bom, daí que achei aquele momento muito peru Sadia na noite de natal. Minhas tias choraram, minha avó chorava, os primos bicões choravam. Eu, que rapidamente mesmo sem saber o porquê me solidarizo com as lágrimas de riso ou choro, pelo contrário, dava altas gargalhadas porque achei tudo comicamente… fofo.

Se Deus existe, eu agradeci. Falei que da minha parte estava tudo bem, posaram os tios, tias e o tio, jutamente comigo, pais e meus avós numa foto estilo momento Kodak Ultra.

Confesso que tive vergonha de dizer no começo, há pouquissimos anos, que da minha parte estava tudo bem e que tive receio de não ser reciproco. Mas por em prática o perdão, não importando quem devesse ser perdoado por quem, foi o ápice do feliz feriado que tive.

Enfim, mas acho que o maior perdoado foi eu e o maior perdoador também, pois dessa forma deu para ficar melhor comigo mesmo e pensar que não estou devendo nada a ninguém. Entre essas dívidas está a de provar a mim mesmo que de fato dou perdão e me apego cada vez menos a essas vaidades, a de se achar muito bom para pedir perdão ou não dar perdão.

P.S.: Bom é que mesmo que eu volte a ser Cristão eu vou poder rezar o Pai Nosso em paz.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Feliz na escola

Agora estou fazendo estágio de verdade e já comecei acompanhando duas turmas. Elas não são muito disciplinadas, pelo contrário, mas eu estou feliz. É o professor o responsável por colocar os estudantes em envolvimento com o conteúdo e eu não tive essa formação na Universidade, mesmo assim estou feliz.

Bom, em uma das turmas as estudantes ficam me fotografando, cochichando sobre mim e quando eu olho elas dão risadinhas e ficam tímidas. Não sei, acho que elas me acha bonito, além de não saberem que eu desconfio.

Na escola encontro com meu passado sempre, o formigueiro da quarta série continua lá e a sala da quarta série virou laboratório de informática. A sala da oitava série agora tem o sétimo ano.

Emoções me despertam é quando encontro com os professores, as tias da merenda, as tias da limpeza e o guarda da portaria, que não estava lá quando eu era estudante, mas sim porque ele é um moreninho muito bonitinho com aquele cabelo milico e de farda.

Alguns professores não sabiam ainda que eu estou ali fazendo estágio e qual não é as suas caras de surpresa e de “mas você vai ser professor?”. É tudo tão lindo, nessas horas dá um medo desse senhor controlador e sabichão, mas muito simpático, o Tempo.

Engraçado tecer comentários sobre o salário de professor em Goiânia usando o estacionamento da escola como estudo de caso. “Olha, não tem nenhum BMW ou Mercedes-Benz, mas os mais velhos aí são ano 2005 e ninguém anda a pé”.

Ah! Está ótimo, e vai ficar melhor com as semanas, até mesmo em janeiro.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Sobre Mercedes Sosa

A primeira vez que ouvi Mercedes Sosa foi na RBC FM 90,1 de Goiânia, rádio de seguimento adulto. Tocava Duerme Negrito, achei a música diferente e bonita.

Algum tempo depois a Som Livre divulgava propaganda sobre uma compilação dos maiores sucessos da cantora para a série Perfil. Gostei muitas das músicas, mas eu ainda possuia grandes incógnitas a respeito de Mercedes Sosa.

Finalmente a inclusão digital chega a minha casa. Com computador e internet posso pesquisar material fonográfico, bem como comunidades e a biografia de Mercedes Sosa.

Sobre a cantora não possuo grandes conhecimentos a não ser alguns poucos e não sou tão ouvinte quanto de grandes outras vozes da música, só que brasileira. Porém fico chateado com a notícia de sua morte e confesso que me sinto ainda mais desperdiçado sabendo que eu não tive a oportunidade de ir a algum espetáculo dela, oportunidades que amigos tiveram e foram.

A música em questão é Como La Cigarra, que da metáfora é possível pensar sobre perseverença, sobre os leões que precisamos matar diariamente, sobre o sufocamento da Liberdade, que é o que acontece com os homossexuais no Brasil.