domingo, 15 de junho de 2008

Do Esquecer

Fato é que eu não esqueci é está díficil para esquecer. Acho que não esqueci. Os sentimentos quando não estão bem vivos estão latentes. Que saber? Eu gosto de você. Alimento minhas esperanças de que você volte e que eu possa falar com você. Que eu possa dizer o que eu penso, que eu estou puto, irritado com o que você fez comigo.


Tudo bem, eu entendo você e seus medos, mas você poderia ter feito de modo diferente. Você só pensou em você quando me deixou esperando até que eu desistisse e fosse lhe procurar. Procurando-te você me ignorou, eu supliquei para você dizer a mim o que não me convenceu. Tudo bem, você não quiz mais, mas poderia ter falado. Não custa nada falar, não me julgue pelos outros, eu não sou assim.


Mas se você voltar, eu vou lhe dizer o que eu sinto e o que eu desejo. Que eu tento mas não consigo e insisto em não te esquecer. Eu quero você para mim. Só me arrependo de não ter feito você saber o quanto quero você e já desde o início. Maldita timidez.


Mas digo que eu ainda gosto de você. Quero você, só vai depender de você. Enquanto isso, errante vou deixar meu coração ser manobrado por outros. Aliás, por causa de você eu tenho medo de apostar nos outros, ou de apostar para te esquecer, não esquecer e magoar outros. Não posso deixar eu acima dos outros, eu sou tão igual quanto os outros. Não quero para ninguém o que eu não quero para mim.


Talvez o grande idiota seja eu. Sim, poderia te esquecer, endurecer o semblante para o que me lembrar de você, quando lembrar de você. No entanto não consigo, é complicado, é dificil, a dificuldade me faz acomodar e prefirir nutrir esperanças, desejos, imaginar situações e acreditar que pode ser apenas um delírio da minha dor de cotovelo. Eu posso procurar e possivelmente te esquerer, mas será que eu quero? Não sei.


Mas não faço errado em pensar e refletir sobre o que eu penso. Estou confuso, a agústia toma conta de mim, existem horas que eu nem lúcido sou.

sábado, 7 de junho de 2008

Destrancando o armário...


Num primeiro de abril minha melhor amiga veio passar à tarde comigo, período do dia que sempre passo sozinho em casa. Essa rotina é quebrada pelo menos uma vez na semana, mas isso não vem ao caso. Quando minha amiga sentou na cadeira do computador e começou a ler as informações que rede mundial dos computadores mandava naquele dia, com caráter mentiroso eu soltei meio que sem pensar, "eu sou gay amiga". Fiz aquilo tendo em vista não só sair do armário para mais alguém além da terapeuta e dos meus amigos do MSN, que são na grande maioria de outros estados, mas também para vê como seria sentir uma experiência, que tinha metade de chance de dar certo, metade de chance de dar errado, com uma pessoa importante para mim.

Quando terminei de falar, ela se virou pra mim, e disse "é?", não não, ela disse "éééé???" com aquela cara de 'eu suspeitei desde o principio mas não sabia que ia ser assim'. rs. Nisso senti um medo da reação dela que estava só começando, me veio um pessimismo, um pânico e um arrependimento. Pensei rapidamente numa resposta, "amiga, primeiro de abril". Ela caiu na risada juntamente comigo se virou para o pc novamente e disse "ah tá!". Foi como se eu tirasse o mundo das minhas costas, mas outros sentimentos, ingratidão e covardia me vieram. Eu deveria ter coragem de contar para ela, manter a informação se é que eu confio tanto nela. Mas tudo bem. Que salada de sentimentos né?

Contei isso na sessão, que aconteceu naquela semana ainda, a terapeuta e continuei me sentindo, apesar de tudo, um covarde e ingrato. Mas no domingo, quando me vi num tédio infernal de domingo, não havia ninguém interessante logado no meu contato gay do MSN, entrei no meu contato hetero. Minha amiga estava lá, e comecei a puxar assunto, papo vai, papo vem, confesso que não muito fluído e interessante, mas quando nos encontrávamos num momento de partilhamento de depressões comecei a jogar uns verdes dissimulando. Comecei aquela história que um dia faria uma revelação a quem eu acho importante, que merece saber e que vai entender. Mas essa história era não só importante para mim como difícil de ser contada, eu precisava do meu tempo. A amiga me fez crer que ela correspondia a todas as exigências que eu faria para contar uma história que eu já pensei tão bem, no sentido de muito avaliar, e finalmente eu contei. Aliás, deixei que ela deduzisse o que eu iria contar e confirmasse depois caso fosse aquilo, "é sobre a sua sexualidade, amigo?", "sim, é sobre ela, eu sou homossexual?".

Sim, eram emoticons, mas pessoalmente seriam beijos, abraços e apertos de mão acompanhados daquelas palavras escritas a mim, só que com uma diferença, olhos no olhos. Disse a verdadeira versão de uns casos que eu contei nesses tempos de vivência a ela, expliquei que login era aquele no MSN, apresentei os mais queridos dos meus contatos gays, o orkut fake, quem naquela vez era o meu afeto. Boas e ruins lembranças eu tenho dele, mas valeu a pena pelas boas lembranças. Uma coisa notei naquela longa conversa de msn, nas visitas seguintes a minha casa, nos passeios lado a lado pela rua; os músculos do meu rosto doíam, mas é porque eu tinha um sorriso freqüente que certamente ajudou-me a ter sonos mais profundos. Ter aberto o meu armário para ela foi uma das melhores coisas que me aconteceu.

Nas semanas seguintes, quando os dias frios de outono foram chegando, algumas pessoas que não me conheciam começaram saber da minha condição sexual em função dela. Não que ela tenha saído espalhando, simplesmente eu delimitei a quem ela poderia a contar, pessoas que não conheço, o namorado dela, os amigos de MSN que certamente nunca me verão na rua ou em qualquer lugar a não ser na própria internet. Pessoas que eu sei que não se preocupam com a minha condição sexual e das quais eu não faço muitas expectativas, não que seja eu um antipático, anti-social ou elas más.

Porém, pessoas mais próximas de mim começam saber da minha condição sexual, a prima da amiga, um amigo dos tempos de ensino médio e depois outro. Confesso que com exceção da prima da amiga, para quem contei foi numa mesa de pizzaria onde tudo para nos saía debochativo e engraçado conseqüentemente, revelar minha condição a esses amigos foi algo que de tão tranqüilo, não sei se foi natural, pois acho que até esse dia chegar irá demorar muitos dias, foi sem graça. Não houve muito medo, não houve muita expectativa, não houve emoções de modo geral.

Disso tudo o que eu tiro é que às vezes somos preconceituosos, sem termos consciência, com as pessoas. Subestimamo-las e os preceitos delas. De modo geral contínuo pensando que a nossa sexualidade deve ser revelada a quem acharmos necessário, que saberá entender, que merecerá saber. As vantagens de contar algumas pessoas é que embora elas não sejam como agente, elas certamente irá nos apoiar eventualmente, diminuir a nossa solidão e nosso medo e acabam sendo menos pessoas para mentirmos quando não der para omitir.

É isso! Rausto! kkkkkk

PS.: Eu sei que a música não tem nada haver com a postagem, mas eu gosto da música, da cantora e o blog é meu e eu faço dele o que eu quiser. kkk

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Enfim...

Enquanto não penso em nada para colocar no blog vamos ajudar a raposa. O Mozilla Firefox, o melhor navegador do mundo, está lançando no mês de junho a sua versão 3.0.

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sábado, 10 de maio de 2008

Coração em Stand by

E então aqueles 17° que dizia a previsão da internet ficaram então mais glaciais. A noite além de fria tornou-se insuportável. A escuridão lhe tocava o corpo e o envolvia em uma nuvem de agonia. O sono não chegava, a inquietude era fato. Estava inconformado. Não acreditava no que estava se passando. Pensava e pensava sobre as possibilidades, as palavras ditas, as situações vividas. Se apegando aos sentimentos aquilo se tornava irreal, mas a razão lhe convencia do contrário. Aquilo era tão real e estava ele lá, deitado de bruços, soluçando ao mesmo tempo em que estava abraçado ao travesseiro, assim como um mendigo caído na sarjeta abraçado a sua trouxa de imundices, que ninguém quer, na esperança de não se separar delas.

Os pensamentos eram borbulhantes e lhe provocava o tédio, a angústia, a frustração, a dúvida, a esperança. Pensava no que vira na internet minutos antes. De fato foi ignorado. Tentava não mais pensar naquilo, ecoava em sua cabeça estridente os “esquece” escritos por vários naquela janela de Messenger certos da veracidade do que também viram. Esquecer que jeito? Não é fácil. Ele ainda alimenta esperanças.

Pensou no primeiro dia que viu o perfil do menino na comunidade de relacionamento. A foto o fazia crer numa beleza atraente. Sentiu se mais cativado quando leu naquele perfil o nome da cidade do menino, a mesma do agoniado. Aquilo lhe potencializava esperanças por algo mais efetivo, por mais remoto que fosse. Um dia a coragem, adicionou o perfil do menino novo na comunidade. No dia seguinte a felicidade, fora aceito. No embalo daquela confirmação envia ao perfil seu contato para o Messenger. É adicionado e em um dia os dois conversam muito. A conversa é inocente, pura. Eles compartilham os mesmos medos, receios, opiniões e esperanças. Eles vão se encontrar pessoalmente, está combinado.

Um dia quente e úmido de verão que inusitadamente não chovia. Na biblioteca, olha por entre as prateleiras, encontra o livro, procura o outro nas prateleiras próximas de onde aquele menino da comunidade disse que estaria. Identifica quem seria ele enquanto não encontra o outro livro. É real o receio por uma possibilidade de engano, mas ele chega e se apresenta. É correspondido com um sorriso e um aperto de mão amistoso e convidativo. Puxa a cadeira, encara a beleza do menino da comunidade que é sem sombra de dúvidas mais bonito do que nas fotos, coloca o livro sobre a mesa e começa os dois a falar.

Estavam em horário de verão e já era 18h00min daquela tarde onde Hélio ainda irradiava seu calor e sua luz branca sobre Gaia, mesmo assim pegou seu livro e disse que precisava ir embora, um desempregado não tem muito que fazer fora de casa em um horário que seria em tese noite. Foram juntos a loja de conveniência do campus, o rapaz do livro comprou seu bilhete eletrônico e junto com o novo amigo andou até o ponto mais distante possível para poderem conversar mais. Chegou o ônibus e se despediram apressados para quem fosse embarcar não perdesse a condução.

Em casa estava melancólico. Ouvia no mp4, que não era seu, Inverno, da Adriana Calcanhotto e projetava na memória o rosto do menino da comunidade, os trejeitos, a voz, o sorriso. Não estava com o computador em casa, sofria de angústia para falar com o menino. Os dias se passaram e outras vezes se encontraram na biblioteca da Universidade e muito descobriram um do outro. O menino da comunidade era do interior e estava na capital enquanto aguardava o resultado de aprovação da universidade. A amizade se consolidava, um recado de última hora avisa que o novo amigo estava voltando para a sua cidade, não daria para ficar na capital, não fora aprovado pela universidade. Vão lá e tem os dois a última conversa pessoal e com a mesma intensidade de sempre. Embora não aparecesse, Inverno ecoava na mente do menino da capital e lhe dava uma melancolia, uma leve dor de despedida. As idas a biblioteca daquele dia em diante lhe dava uma nostalgia e um talvez saudosismo.

Então começam os dois a se falar com mais freqüência de tudo o que é possível no Messenger. Logo aquele menino lá do interior, tão admirando pelo da capital por sua beleza, pelo jeito simples, humilde, otimista e humorado, começa a dar sinais de uma afetuosidade, embora desejada pelo outro, desacreditada. Sim, desacreditada estava no começo, mas então, o menino da capital começa a corresponder e apresenta seus signos, o frio na barriga, o Flerte Fatal do Ira!, o jeito mais melancólico e afetuoso de se dirigir, tudo mais. As trocas de elogios, as declarações de sentimentos, certamente verdadeiros por parte de um deles, os planos, os assuntos, as conversas são mais intensas e freqüentes. Tudo caminha tão bem.

Um dia o menino do interior tem uma queda de conexão e não retorna mais na mesma noite. Na outra retorna, explica o que aconteceu, mas novamente cai e não volta na mesma noite. A terceira e ultima noite não foi diferente, exceto pelo critério de que o menino do interior não voltou mais na quarta. A semana estava só começando. O menino da capital religiosamente estava logando até altas horas esperando por quem uma série de reações provocava em seu corpo. O medo começou a ficar mais constante, a ansiedade também, mas as possibilidades, as mais agonizantes estavam descartadas... ainda. Então o sumido aparece, conta uma história que justifica o sumiço. O jeito de contar a história, de referir ao outro e tudo mais continuam iguais. Nada de diferente exceto o cansaço que fizera o menino do interior ir dormir mais cedo mas com a promessa feita de voltar a sempre estar disponível ao seu amante.

A promessa não foi cumprida. O menino da capital toma sua ação, deixa seus recados no perfil do seu afeto. Logo pistas começam a se escancarar. Os seus recados deixados a ele estavam sendo ignorados, como se não tivesse sido deixados, e seu amante sempre, até mesmo nos mesmos horários estava logando e respondendo a todos. O sentimento ainda rege a alma do garoto da capital, mostra o detalhe a quem espera sinceridade, a mais dura se possível, e todo mundo sai proferindo “esquece”, esquece aquele que não é corajoso suficiente pra não assumir nem a ele mesmo o que sente e brinca com seus sentimentos. A letargia domina o corpo a mente, leves soluços. Despede-se e vai tentar dormir. Mas não dorme, apenas lamenta e enrijece o coração e a desconfiança.

Obrigado meus amigos por me apoiarem na minha angústia.

sábado, 19 de abril de 2008

A Saudade



Sei que nada acabou, pois sei que nada começou. O mundo apenas se transforma e nessas transformações as coisas podem não ser mais como queremos. Sei que para sempre assim será, que novos horizontes sempre existirão assim como caminhos que a eles levam.

Agora acredito que todos nos trilhamos, cada um, um caminho diferente. Mas o caminhos não são retos, uma hora eles se encontram nas mesmas estradas. E numa dessas estradas encontrei você, choramos e rimos muito enquanto iamos juntos. Com você aprendi muitas coisas e como disse o escritor fiquei eternamente responsável por ter cativado você.

Acontece que um dia chega e nossos caminhos tomam rumo diferentes. É tão rápido a mudança de trajetos que somos pegos desprevinidos e ficamos perplexos. Agora sei que que você vai em outra estrada paralela a minha, me manda sinais que a minha insensibilidade raramente perceberá. Mas por mais dificil que seja, seguirei meu caminho, pois não está tudo acabado e nada é para sempre. Uma vez essas estradas serão perpendiculares e lá no trevo a esperar por mim você estará.

O que me provoca dor é forma repetina de dizer até logo e como algo tão previsivel é por nós tão ignorado. Mas as lágrimas tem coisas boas para nós, limpar a alma e liberar a pressão. Agora cuidarei para aproveitar e viver intensamente minha passagem nessa estrada até o dia que nos encontraremos novamente e possamos seguir juntos.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Arrepia

Bem, minha intenção não é fazer propaganda para ninguém e nem ser nostalgico. Até mesmo porque 2004, o ano em que esse vídeo foi publicado, foi um ano que não acho marcante. Não que tenha sido ruim, mas não foi marcante. Bem está uma propaganda da Visa mas que é muito impactante e que certamente deixa alguma coisa marcada.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Aberto Para Balanço

Fazendo um balanço, concluo que o ano de 2007 foi um ano bom. Primeiro, eu cheguei a Universidade, e pública. Segundo, completei minha maior idade, iniciei o processo para emissão da minha carteira de motorista. Vivi durante um bom tempo na esperança de ter um estágio em um lugar que me trouxe coisas boas. E quarto, mas o primordial, foi um ano em que eu lentamente comecei a olhar para mim mesmo e vi que definitivamente eu não sou heterossexual.

Nesse processo a terapia ajudou, as palavras daquelas pessoas ativistas do movimento LGTB ajudou, alguém daquele lugar onde passava as minhas tardes - sem saber, sem querer, por mais distante que fosse de mim - também ajudou. O processo não é o mesmo para todas as pessoas, não corre na mesma velocidade para todos, não começa na mesma hora para todos.

Primeiro me via como bissexual, uma mentira que eu insistia em dizer, eu não estava me aceitando totalmente. Ainda existia culpa por ser o que eu não escolhi ser e estava cansado de lutar contra, no que tange a Deus, algo pecaminoso, desprezível, errado, mal. Mas depois pensei sobre Deus e em outra postagem vocês podem ver o que eu penso dEle. Finalmente, lá no final do ano conto para a terapeuta, "Sou Gay!".

Aquele momento foi intenso. Sentia-me nu, constrangido dum tanto. Era como se eu tirasse minha máscara e mostrasse o meu verdadeiro rosto. Porém era bom, era como se eu me livrasse também de correntes, algumas grades e tivesse então um espaço maior e mais bonito para correr. Digo isso, pois afinal de contas, eu quero um latifúndio para eu viver e nao viver dentro de um armário para sempre.

Lógico, a terapeuta já sabia que eu sou homossexual, nem ela e nem eu gosta muito da palavra gay. Eu fico impressionado com a psicanálise por causa do fato da gente falar muito coisa que não pensa não estar dizendo. Ela, a terapeuta, só estava esperando chegar O MEU TEMPO, para contar a ela, para confirmar a ela. Mas o principal mesmo, a hora primordial, foi eu ter me aceitado. Quando me aceitei não foi como se eu tivesse tirando o mundo das minhas costas, mas pelo menos a Austrália. Aquilo tudo ali me aliviou dum tanto. E falar para ela foi como se eu tirasse quem sabe a Antártida.

Aceitação da condição sexual. Aceitar a condição sexual começa por aceitar a si mesmo e entender que ninguém é culpado por algo que não é que não é sua culpa, até mesmo porque a própria condição sexual não foi escolhida por nós mesmo. Não se sentir culpado por algo que não é controlável. Esses desejos, sexuais principalmente, que vem a nós não são controláveis. Isso é o principal, não podemos aprisionar massacrar a nos mesmo se temos amor próprio.

Bem, o êxtase da confissão na terapia já passou. Hoje fico me indagando se não dá para eu contar para mais alguém sobre a minha condição sexual. Isso vem de uma necessidade que eu tenho de contar para as pessoas que eu acho importante para e que merecem saber. Não acho que devemos gritar ao mundo quem somos o que somos só porque as pessoas em seus casulos predestinados acha isso anormal quando é tão natural. Que heterossexual se apresenta como heterossexual para um desconhecido? "Oi, meu nome é fulano eu sou heterossexual". Eu não sou diferente dos heterossexuais.

Bem fica ai minhas óticas e minhas expectativas. A música é Primeiro de Julho, foi composta pelo saudoso Renato Russo, quem canta é a saudosa Cássia Eller em seu Acústico Mtv. Nossa, como esse Brasil já teve gente boa na música né? Ainda tem é claro, mas convenhamos, Renato, Cássia, Elis que quando morreu eu nem era nascido, Cazuza, enfim, fazem uma falta tremenda.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Eu Sou Egoísta

Baú do Raúl no MultiShow... Uma das deusas da música, a Pitty, consagra uma versão de Eu Sou Egoísta, música do inesquicivel para quem se lembra dele, no caso eu não porque ele já havia morrido, Rau Seixas. De lá que vem o "Sempre avante no nada infinito" que dá nome ao blog. Abaixo o video no Youtube.com e a letra oriunda do Terra.com.br

Se você acha que tem pouca sorte.
Se lhe preocupa a doença ou a morte.
Se você sente receio do inferno.
Do fogo eterno, de Deus, do mal.

Eu sou estrela no abismo do espaço.
O que eu quero é o que eu penso e o que eu faço.
Onde eu tô não há bicho-papão

Eu vou sempre avante no nada infinito.
Flamejando meu rock, o meu grito.
Minha espada é a guitarra na mão.

Se o que você quer em sua vida é só paz;
Muitas doçuras, seu nome em cartaz.
E fica arretado se o açúcar demora.
E você chora, cê reza, cê pede... implora...

Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho;
Eu quero é ter tentação no caminho.
Pois o homem é o exercício que faz.
Eu sei;
Sei que o mais puro gosto do mel.
É apenas defeito do fel.
E que a guerra é produto da paz.

O que eu como a prato pleno.
Bem pode ser o seu veneno.
Mas como vai você saber... sem tentar?

Se você acha o que eu digo fascista.
Mista, simplista ou anti-socialista.
Eu admito, você tá na pista.
Eu sou ísta, eu sou ego.
Eu sou ísta, eu sou ego.
Eu sou egoísta
Eu sou, sou egoísta... 3 x
Eu sou
Eu sou
Por que não... 5 x
por que por que...

domingo, 23 de março de 2008

Deus, Universo, Religião e Eu.



Qualquer deboche a fé de outras pessoas é leviano e pode ser comparado ao deboche que os homossexuais sofrem constantemente. Fé é algo muito pessoal, é uma opinião que a pessoa nutri a respeito de algo. E tudo a esse respeito é questão de fé. Até um ateu tem fé, tem fé que Deus não existe.

Num passado recente, não mais que dois anos, eu tinha religião. Eu era católico romano praticante e fervoroso. Mas foi dentro da própria instituição, como “leigo”, fiel, ovelha a ser conduzida, e nas duas maiores comunidades que congrega participantes dela no Orkut.com que eu comecei a questionar a religião e o Deus que ela se apoderou e disputa com outras a posse. Esse Deus é todo sistemático, cheio de detalhes, exigências, critérios, regrinhas, conceitos.

Desde criança sempre questionei se Deus existia, mas quando me lembrava do pecado que era pensar isso eu desistia, ainda mais por ter medo de ir para o inferno. Mas um dia chutei o pau da barraca e pensei que pelo menos para mim religião é algo totalmente inútil. Elas formatam Deus de um modo e depois modifica, perde perdão a humanidade pelas atrocidades que fazem e andam fazendo e aceitam a ciência que não tem outra base argumentativa a não ser a questionável, para elas, realidade.

Eu nunca tive uma experiência com Deus. Senti-lo, ouvi-lo, vê-lo, enfim nunca aconteceu comigo. E das pessoas que eu conheço e diz nele acreditar nenhuma também teve uma experiência nesses modos, sendo que para elas o simples acaso, uma série de acontecimentos programados individualmente pelas pessoas conhecidentemente, já são uma prova factual da existência de Deus e sua bondade. Quem eu já ouvi falar que teve as experiências mais marcantes com Ele, na maioria das vezes viveu em tempos de ciência limitado, superstições elevadas, em alta e truculência e foram essas pessoas que formataram Deus do jeito que esta colocado a mim.

Um dia fui ao planetário da Universidade onde pegava aulas de astronomia, matéria obrigatória no meu curso. O professor explicava que na ciência quando uma tese não pode ser provada, na ausência de outra que foi provada, ela é utilizada como referência por ser a mais aceitável. Mas a qualquer instante, quando houver outra mais aceitável ou provada ela é substituída. Impressiona-me a humildade que, nas palavras da religião a arrogante ciência tem. A humilde religião quando possui uma tese pouco importa se ela é plausível ou não, a tese fica determinando tudo e tudo a ela deve seguir, e o crime é questioná-la. Pode ser que a Igreja além de Santa seja humana e, portanto errante. Mas não precisa d’eu me empenhar por uma instituição a mim inútil, que ignora até mesmo o factualismo da ciência que não merece crédito por isolar-se do Deus que ninguém nunca viu e basear apenas na realidade, que ignora a ética, preocupada com o bem-estar de alguém resguardando o do outro, ao impor obstáculos as células-troncos e a eutanásia.

Eu não acredito mais em religiões e nem o Deus delas. Na verdade não sei se Deus existe e se ele vai se irritar comigo por eu ser promiscuo, coisa que eu não sou.


Deus? Nessas aulas o professor dizia, embora ainda não fosse provado, existem fortes bases que levam a aceitar a idéia de que o universo possui 15 Bilhões de anos luzes de diâmetro. Que a luz percorre 300.000 km/s. A Terra tem 40.000 quilômetros de diâmetro. Que ela equivale à milésima parte de Júpiter e que o Sol, uma estrela de quinta grandeza, tem 99% da massa do sistema solar. Também o Sol tem 5 bilhões de anos dos 10 bilhões que viverá além de ficar numas beiradas da Via Láctea. Em seu núcleo e em seus espirais estão bilhões de outras estrelas, 100 a 1000 vezes maiores do que o Sol em muitos casos. A Via Láctea deve ter seus 150 milhões de anos de diâmetro, quase dois trilhões de vezes a massa do Sol. Tem como vizinha Andrômeda, que fica há alguns milhões de anos luzes de distância. Ambas estão em um aglomerado de galáxias juntamente com outros milhares de galáxias. Os aglomerados com centenas de outros aglomerados formam os grandes aglomerados. E nos 15 bilhões de diâmetro desse universo achatado existem outros milhões de grandes aglomerados.

Tudo o que é visível no universo equivale 15% da matéria total sendo que o restante é desconhecido ao homem. Como se não bastasse, a humanidade, constituída por 6.5 Bilhões de pessoas, olha só! Finalmente a humanidade consegue grandes números além dos de impacto ambiental, desigualdade, mortes e ganância; sabe muito pouco, infinitamente muito pouco de todo o conhecimento que é possível extrair do universo. Mais impressionante é que toda essa matéria foi no passado apenas uma ponta infinitamente menor do que a cabeça de um alfinete, infinitamente quente e infinitamente densa constituída da mesma coisa, energia. Simplesmente energia. Um dia tudo isso explodiu, o tempo e o espaço foram surgiram, eles não existiam. E nos primeiros milésimos de segundos a maior parte da matéria que existe hoje foi formada a partir daquela energia toda.

Todos os elementos químicos que me formam, sobretudo o carbono são oriundos das reações químicas das estrelas. Sobretudo das gigantes vermelhas. Tudo o que vejo e somos é pó de estrela. Os crentes me disseram que sou a imagem e a semelhança de Deus e que Deus é a energia que criou o universo, que fez a mulher para o homem, que não gosta de promiscuidade e lá no antigo testamento condenou a homossexualidade, aprovou a escravidão, entre outras coisas que a inquestionável ciência de Deus permitiu. Se no começo tudo era energia, a energia formou a matéria da qual me formo. Logo eu sou Deus, todos os homens são Deus, e todos os problemas da humanidade não tem outra origem se não no próprio coração do homem.

Então pouco importa se eu tenho 1,67m de altura, 65 kg, espero com muito custo chegar aos 80 anos de idade lúcido e sadio e vivo em meio a 6,5 Bilhões de outras pessoas em meio a essa quantidade de números astronômico inimagináveis. Eu sou Deus! O senhor da minha vida, a minha maior prisão e o meu maior herói. A quem tudo depende. Sou dono e caçador de mim. O meu corpo é templo de Deus, o meu corpo é totalmente meu. Nunca estarei errado quando amar uma pessoa independente de como ela seja e eu sou, ela também é Deus. Quando eu respeita-la estarei respeitando a e amando a mim também. Nunca mais me sentirei culpado, sujo, imundo, pecador por amar homens.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

O Domínio


Nas luzes azuis do relógio eram 03h55min. Ele estava acordado naquela hora porque não conseguiu dormir. Sua sina era essa há várias noites, ele não possuía rotina e tomado por medo, angústia, depressão, solidão, ficava ali acordado feito um zumbi. Não conseguia parar o pensamento, ao mesmo tempo em que em nada conseguia pensar. Por mais fresca e tranqüila fosse a noite, a sudorese encharcava a sua cama. O silêncio era estridente e dilacerava a sua mente. Cansado daquele inferno levantou-se, acendeu a luz do quarto e caminhou até a janela. Abriu um buraco por entre as abas da persiana e começou a mirar o mundo lá fora. A noite estava fresca, ouvia se apenas cães ladrando, uma motocicleta ao longe, uma ambulância ou viatura e no bairro vizinho uma festa domiciliar na qual desejou estar. Observava as luzes de mercúrio que deixavam à cidade parecendo um tapete em brasas.

Ele, ao olhar para rua, viu um vulto afastando de sua casa. O vulto era elegante, trajava um sobretudo com capuz negro como a noite de qualquer lugar sem tantas luzes como as daquela cidade. O vulto ia embora, mas segundos depois, quando ele estava lá parado contemplando aquele individuo misterioso que se afastava com discrição, o vulto parou e com a mesma discrição e com o mesmo mistério começou a ir em direção a casa onde ele estava. Pânico! Ele foi percebido. Saiu da janela, apagou a luz, tropeçou o mindinho do pé na perna da cama e deitou-se naqueles lençóis mais frescos e menos úmidos. Antes que a dor não intensa, mas muito irritante do dedo lhe dominasse, ele foi tomado pelo medo e pelo arrependimento do que fizera, ou não fez. Ficou pensando no que pode ter acontecido para ser notado, se é que foi notado, e o que poderá acontecer pelos próximos minutos, nas piores das hipóteses.

Antes que terminasse sua linha de raciocínio, foi projetada nas persianas não muito opacas uma sombra que lembrava a feição do vulto. Cobriu-se com a manta como se ela fosse a mais poderosa das fortalezas. O vulto entrou pelo quarto e com facilidade destampou o rosto e o pescoço dele que já suava frio e era letárgico por tanto medo. Os caninos cravados no pescoço e ele sentido o mais intenso e puro dos orgasmos. Aquilo era muito bom. Após um desmaio e um pouco tonto os pensamentos não se fixavam. Estava ele deitado na cama e o vulto sentado na poltrona. Começa então o diálogo...

- Desculpa por...

-...estar me olhando pelo janela.

- Eu sofro...

- ...de insônia.

- Eu fiquei...

- ...com medo.

- Mas eu quis no fundo...

- ... da alma esse instante.

- Droga, pare de adivinhar o que eu falo!

- Desculpa, não posso controlar! É intrínseco a nos lermos os pensamentos alheios, portanto, nenhum segredo, certo?

- Certo, mas fique comigo! Eu te amo!

Eram 04h41min nas luzes azuis do relógio.

- Não dá, tenho poucas horas. Em breve tenho que descansar, em breve será aurora.

- Não, mas fique. Eu amo você!

- Outro dia eu volto!

- Outro dia quando? Eu quero ir com você!

O último beijo entre um corpo quente e um corpo frio, entre um corpo duplicado no espelho e outro nada visível. Já era 11h31min nas luzes azuis do relógio, o telefone toca, ele corre para atender.

- Alô?

- Atrasado outra vez!!! Onde você anda com a cabeça...