quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Como Funciona a Lei da Atração.

Matéria atraí matéria. Uma partícula, ou seja matéria, atraí outra partícula. Essa atração é a gravidade. Quando duas partículas se somam, a força de atração, a gravidade, delas aumenta também, o que atraí mais matéria. Com isso o centro de gravidade delas aumenta.

Chega um ponto em que a matéria atraí tanta matéria que a gravidade fica muito intensa. Quanto mais intensa é a força maior é a pressão, quanto maior é a pressão maior é a temperatura. Chega um momento que a temperatura é tão alta que tudo explode. É assim que nasce uma estrela.

Quando guardamos um sentimento ele vai atraindo mais do mesmo. E vamos inchando e atraindo mais. Então a gravidade fica muito intensa, chegamos a um ponto crítico e explodimos. Só que quando explodimos em geral não viramos estrela, muito antes pelo contrário, ninguém acha bonito e só sai porcaria. Ainda bem que eu aliviei meus sentimentos. Quando? Sei lá. Só estou escrevendo algo porra.

Bem, eu não me sinto nada bem agora. Dá vontade de desistir. E quer saber, esqueça a aula de física travestida de psicologia. Isso aqui nem pó de estrela é.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Abrindo o jogo

Mentiras e omissões são coisas que eu coleciono muito bem. Porém das mentiras e omissões que eu saio a proferir posso dizer que elas são formas que encontro para fugir de questões que eu não tenho resolvidas comigo mesmo. Isso quer dizer que eu coleciono uma porção de gestalts abertas. Gestalt é um termo que vem do alemão e eu aprendi estudando psicologia e eu simplesmente acho um loosho essa palavra. Significa mais ou menos forma, configuração, mas essas traduções não são utilizadas na psicologia. Uma pessoa que tem uma gestalt aberta é uma pessoa que tem um conflito interno, algo mal resolvido. Quando a gestalt está fechada é quando a pessoa encontrou a boa-forma.

Pensando nessas gestalts abertas e na minha busca pela boa-forma das coisas, tomei a decisão de não mais omitir ou mentir coisas para a terapeuta. Decidi também publicar coisas sobre mim, sem abrir mão do meu efetivo anonimato, que eu escondo e tenho dificuldades para lidar com elas aqui no blog. Vejo importante contar a verdade para a terapeuta, pois ela é uma profissional que vai me ajudar a entender esses processos e lidar melhor com eles. Já publicar aqui a verdade sobre os fatos que me acometeram ou me acomete ainda é uma demonstração que eu dou a mim mesmo de que eu estou conseguindo no mínimo não guardar apenas para mim coisas que eu não quero mais. Os meus leitores são parte do processo que muito me massageia o ego quando me leêm.

Entendido então o porquê que eu contei sobre como começou as minhas consulta ao médico (kkk) e como eu aprendi um pouco de medicina, principalmente anatomia humana e masculina está na hora de dar seqüência.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Daquele amigo


 

Vou contar como era a relação de convivência com esse amigo. Na casa dele não existia televisão em função da religião dos pais dele, pentecostais, e muito menos antena parabólica, equipamento essencial onde moramos para ver TV aberta. Mesmo assim ele gostava de ver desenhos animados e a mãe dele deixava-o vir para minha casa com certa regularidade com esse intuito, ver desenhos animados sem chuviscos e chiados.  Porém, quando ele chegava aqui as intenções dele mudavam. Minha mãe estava em outras partes da casa cuidando de seus afazeres peculiares a uma boa dona-de-casa, coisa que até hoje ela é embora trabalhe fora também. Ficávamos sozinhos, eu e ele, na sala vendo Eliana ou TV Colosso, saudades daqueles programas. Na primeira hora ele se distraía com aquilo, depois ia para outra parte da casa onde ele acreditava que nós não seriamos pêgos, e caso fossemos pêgos poderíamos disfarçar já que ouviríamos quem estivesse chegando a tempo. 

Então ele me chamava como quem não queria nada. Eu, é lógico, sabia das intenções dele desde o princípio, mas preferia fazer o ingênuo, e ia ver o que ele queria. Ele me abraçava, eu não via muita graça naquilo e sentia medo de algum flagrante, que ate então nunca aconteceu. Às vezes ele tentava me beijar na boca e eu sentia nojo, coisa que hoje eu não sinto mais dos homens pelo menos, e não deixava. Roçávamos os nossos corpos. Ele abaixava a minha bermuda e a dele também. Sempre pedia que eu o boqueteasse, coisa que eu fazia às vezes, eu tinha nojo também. A higiene íntima dele não era boa, tinha mal cheiro e esmegma. Eu, aprendi muito cedo a afazer a minha, pois anos antes fiz operação de fimose. Chegava as vezes ele conseguir o que tanto queria, me comer. Está certo, na época era por o pinto na entrada do cu do outro e ficar parado, nem se quer bombava. Eu também comia ele, mas porque sempre via o passivo, talvez pelo machismo que os diversos signos me imprimia, como algo inferior. 


Hoje eu fico pensando onde ele aprendia isso e tão bem. Ele assim como eu só tinha quatro ou cinco anos. A nossa diferença de idade era de alguns meses. Até hoje eu acredito que ele não tinha outro amigo além de mim na época. A família, o melhor, os pais dele na época era humilde, ele dormia no mesmo quarto que os pais dele. Será que foi assim que ele aprendeu? Ou será que foi por instinto? Ignoro. Qualquer especulação que eu faço aqui não tem outra base se não meu errante achismo e não é importante.

Após o acontecido, o desgaste psicológico e físico que minha mãe me fez passar ele voltou a minha casa muitas vezes. Em muitas ele queria ver desenho, outras ele estavam acompanhando os pais dele que eram amigos dos meus. Nas oportunidades, principalmente quando ele via para ver desenho, que ele tinha de ficar sozinho comigo ele continuou a me chamar em algum canto silencioso da casa longe da vista e da desconfiança de algum adulto. Lembro de uma dessas oportunidades, apenas dela, e é a única que me vêm na memória agora. Estávamos na sala, ele começou a andar sozinho pela casa, foi ao quarto de hóspede, me chamou, eu o segui, chegando lá ele abaixou a bermuda dele e já estava com as piroca branca e sacuda dura e mando que eu chupasse. 

Eu não tinha esquecido o que minha mãe fizera comigo dias antes e entrei num pânico. Uma sensação que raramente eu tenho hoje, a última vez que eu tive aqueles sentimentos foi semana passada quando uma louca me deu uma fechada no trânsito. Então eu deixei ele sozinho, voltei para a sala e tentei assistir o que passava. Instantes depois ele veio de volta, sentou no sofá com uma expressão que tinha um misto de raiva, esperanças de que eu voltasse atrás e falta de entendimento dos motivos que me levou a refugar aquilo.

Por mais alguns anos continuamos muito amigos, mas com a escola, o trabalho de nossos pais, a acomodação e N motivos começamos a nos ver com menos frequência. Há muitos anos não frequentamos a casa um do outro, sequer nos comprimentos. Não somos mais amigos. A amizade morreu não por algum sentimento que gera aversão um ao outro, mas sim por falta de estímulo. Se deu pra perceber eu não tomo muita iniciativas, principalmente por timidez, e ele sei lá. Hoje ele é um pouco mais alto do que eu. Anda bem vestido, cheio de apetrechos, eu não gosto mais das minhas camisetas de banda e da funcionalidade. Tem uma cara de bobalhão safado enquanto eu tenho uma cara de "você pra mim é problema seu", não que eu seja antipático, basta apenas um sorriso da pessoa para que eu quebre esse gelo que minha face pode impor.


***


Essa música da Pitty está descrevendo um pouco a minha comum e anônima vida.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

As brincadeiras de criança

Tenho um primo mais velho pouco mais de um ano. Até alguns anos atrás, não faz tanto anos assim, eu possuía uma relação muito próxima com ele. Essa relação nasceu no período em que meus tios moraram com ele em nossa casa enquanto a casa deles aqui, na Região Metropolitana, não ficava pronta. Assim sendo desenvolvemos uma relação muito próxima. Brincávamos o dia todo um com o outro. Eu era o mais comportado e o mais manhoso, ele o mais atentado e agressivo.

Brigávamos muito também. Eu sempre apanhava, aliás, acho que apanhei de praticamente todo mundo. Embora meus tios tenham se mudado para a casa própria deles assim que foi a eles possível, a minha relação de proximidade com esse primo não se abalou. Claro, não era mais como antes que por morarmos debaixo do mesmo teto éramos quase irmãos, mas continuamos próximos dando seqüência a um processo.

Na minha casa ficou um vazio mesmo assim, era normal que ficasse. Com a ausência desse meu primo, quando eu tinha por volta de dois ou três anos, mudou-se para a rua transversal a minha casa uma pessoa que supriu a falta do meu primo e é hoje o meu melhor amigo e quem será uma das próximas pessoas para qual eu planejo contar da minha condição.

Mas voltando ao primo, principalmente depois que passamos a morar em casas diferentes começamos a "brincar de médico". Não lembro a primeira vez em que eu joguei. Mas sei que a iniciativa e quem "me iniciou" no jogo foi ele. Nas vezes eu era bobo, ingênuo, ou melhor, inocente mesmo. Não tinha malícia, pois nunca tive contado com sexo, não sabia o que era transar, o que era sexo.

Nas brincadeiras lembro-me do pênis ereto, das chupadas, da saliva que ficava com uma consistência diferente e nojenta, das cutucadas. Eu não sentia prazer, eu não sabia estimular o meu pênis e acredito que meu primo também não, o dele tampouco o meu. Lembro também da proibição, tudo o que fizéssemos era nosso segredo. Os adultos não poderiam saber jamais, aquilo era errado, não era coisa de homem, era coisa de mulherzinha, Deus castigava e principalmente, apanharíamos. Acredito ser isso o começo do imaginário do sexo como algo sujo e o homossexual ser inferior por se "assemelhar" a mulher no imaginário dos adultos, até mesmo das próprias mulheres.

Brincando de médico, posso dizer com segurança, que eu aprendi muitas coisas. Está certo que o fundamental mesmo fui aprender na adolescência de N modos, todos eles normais penso eu. Aprendi muito sobre anatomia masculina, a minha anatomia, ao ser examinado e examinar o meu primo. Era aquele jeito que eu encontrei para conhecer meu próprio corpo, sem notar é lógico, pois não podia tocar o meu corpo, era feio, sujo, errado, papai do céu não gostava.

Dessa proibição, outra coisa que aumentou muito o meu medo de brincar de médico, seja com quem for, foi um evento ocorrido na minha casa, na Copa de 1994. Tínhamos um casal de vizinhos que possuíam um filho da minha idade com quem fiz amizade. Com esse amiguinho brinquei de médico também, ele me dava umas "dicas" que eu passava para o meu primo que me dava outras que eu passava para o meu amiguinho. kkk.

Um dia veio esse meu amiguinho junto com o pai dele a minha casa para assistir o jogo do Brasil contra não me importa quem. Eu já brincava com ele, ficaram os adultos na sala e nos dois pela casa brincando de N coisas. Quando criança tanto eu como meus amigos quando estava com vontade de mijar falava na lata que ia fazer xixi e alguém ia para mijar também. Eu disse ao meu amigo que ia fazer isso então e fomos os dois para o banheiro. Fizemos o que tínhamos para fazer.

Então ele fechou a porta, isto é, encostá-la sem nem ao menos encostar no batente e travar a maçaneta, coisa que não alcançávamos. Então ele começou a passar a mão na minha bermuda e tirou o pênis dele que já tava duro, era maior do que meu e branquinho também. Eu já tinha sacado e os feromônios já estavam me deixando ereto. Então começou o chupa-chupa, daí foi passar para o troca-troca. Na hora de começar eu fiquei como passivo e ele como ativo (aeh?).

Passado algum tempo, não tinha naquela época noção de tempo e a porta abre de uma vez e minha mãe olha para nos dois que subíamos os calções envergonhados, assustados. A cara da minha mãe não gosto de lembrar nenhum pouco, muito menos descrever. Lembro que passado alguns instantes tava o meu amigo brincando com minhas coisas até o momento em que o jogo acabou e nisso o pai dele chamou ele para ir embora. Nesse tempo minha mãe ficava me fazendo perguntas para mim num canto da cozinha, me dava tapas na boca, eu chorava, e quando eu chorava ela me batia, eu respondia ela me batia, eu me calava ela me batia.

Quando o meu amigo foi embora com o pai dele lembro que minha mãe me deu muitas cintadas, ela dizia para o meu pai o que tinha acontecido. Não lembro de como meu pai se posicionou sobre. Ele não falou nada eu acho, deveria pensar ele que aquilo era normal. Acho que se fosse ele que tivesse me visto lá ele teria dado uma bronca e feito que nada tinha acontecido. Mas eu indago tudo isso pois se ele fosse tolerante, sei lá, achasse normal ele teria me defendido das agressões da minha mãe e dado uma lição de moral de descascar aroeira como as vezes dá na minha mãe.

No acho fim, acho mesmo que meu pai foi um cúmplice do que minha mãe fazia comigo. Não tinha ninguém ali para me defender de quem eu acreditava, e acredito ser ainda, os meus heróis. Não havia psicólogo, pedagogo, conselheiro tutelar para me defender, para impedir o assédio moral que minha mãe estava provocando em mim. Será que se Deus estivesse lá ele também me bateria ou sendo ele alguém infinito em amor e misericórdia me defenderia no colo dele.

Fiquei muito constrangido, humilhado com o episódio. É a primeira vez que eu penso já com a ciência de uma pessoa adulta que eu devo ser sobre o que aconteceu, tentando justificar algo. Será que minha mãe me bateria se fosse eu que tivesse comendo o meu amiguinho? Será que dá pra eu revelar para minha mãe, para o meu pai a minha condição tendo em vista aquilo lá? Minha mãe nunca demonstrou ter mudado de opinião.

Me sinto ofendido e irritado, também invadido e cobrado, quando eu entro no meu quarto e vejo 12 camisinhas sobre a minha cama, colocadas por minha mãe, como as que eu encontrei essa noite.

Neste instante me sinto nu por expor algo que por tanta vergonha, tantos tabus eu escondi desde os meus cinco anos de idade. Acho até bom, me sinto aliviado compartilhando o que eu guardo a sete chaves. Me pego até ligeiramente emocionado.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Do Funny Guy

Felicidade


Feliz? Por quê?
Há a fome,
a Guerra,
a Violência,
o Preconceito,
o Rancor...
Onde anda esta tal Felicidade?

Tristeza? Para quê?
Existe o Alimento, e a Solidariedade.
Existe a Paz e a Reconciliação.
Existe a Tolerância e o Perdão.
Existe o Respeito...
e o Amor.
E acima de tudo isso, existe a AMIZADE.

(Funny Guy)

Que te diz o vento que passa?
http://quetedizoventoquepassa.blogspot.com/

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Da Matriarca

Minha mãe, não sei porque mas tem hora que a senhora me irrita com umas perguntas e suas explicações. "Pega a panela no armário". Será que é só eu que percebi que aqui em casa tem tantas panelas em tantos armários? "Sabe aquela minha amiga daquele dia?" Eu posso tratar como "aquele dia" qualquer dia antes de hoje. E amiga, a senhora tem tantas.

Mas suas descrições genéricas a respeito das pessoas, das coisas e dos eventos não é o que me irrita. E nem o videocassete, agora (alguns aninhos) o leitor de DVD, a parabólica que está aqui em casa a tanto tempo e ainda sou requisitado para trocar de canal, por legenda, por para gravar a novela.

Também não me irrito tanto com a lentidão com que anda. O mal gosto para comprar roupas para mim. O tanto de bugigangas que põe no meu rack. As vindas da missa nas quais fala mal da vida de alguém por mais que eu não queira ouvir.

Me irrita para caramba quando a senhora fala "Aquele menino viado", "Quando você casar", "Os meus netos, que ainda vou ter." Eu não sou mal por gostar do que gosto e não deixo de ser quem você pensa que eu sou na essência por causa disso.

O que custa perceber que as coisas não é como eu quero? É tão dificil ver que eu não quero o mesmo que a senhora? Por que eu não me sinto seguro? Por que você reclama tanto? Se apega ao que é dos outros e não faz diferença alguma para nós? Por que você não me dá segurança? Tem que me fazer sentir tanto medo assim?

Somos dois errantes, mas estamos tentando acertar. Alguém de nos encontrou ou está encontrando o melhor caminho para aproximar-se da inatingível perfeição. Mas o que é a perfeição a não ser uma idealização que nossos desejos elaboram, algo que vai da intenção de cada?

O dia em que você saberá da minha boca o que eu gosto vai chegar. Sair frustada e caída só dependerá de você. Sair frustado e caído não dependerá de mim. Não sei quando será, mas vou me preparar para que tudo dê certo para mim.

Mas sem esquecer que eu amo muito a senhora. O jeito como mexe com o mão é único e já me dá suspiros de respeito, amor e tudo mais. É linda a doação que faz por mim e por meu pai, e é as vezes exagera. Doe-se para mim quando eu precisar de contar algo e a senhora ser para a mim um porto seguro.

A senhora é uma boa pessoa apesar dos erros. Eu por mais ranzinza, por mais arrogante, por mais impaciente, por mais que não seja aquele filho munido de condura também sou. Tentemos fazer o nosso amor incondicional não ser dominado pela vaidade que eu tanto quanto a senhora temos descontraladamente.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O medo...

Hoje fiquei o dia todo na internet, não fiz nada de produtivo. Sou uma ameba. A noite fui a universidade fazer prova. Enquanto eu falava da compartimentação do relevo meu melhor amigo veio até minha casa e usou meu computador. Se ele tiver notado, existe vestígios no Mozilla Firefox de que alguém naquele computador visita sites comprometedores.

Ele é muito educado, mantém descrição a respeito das coisas. Mas suas colocações me confunde, não sei se ele é tolerante ou homofóbico. A dúvida não é confortável e jamais será. Ele não deixou recado para mim em lugar algum e ainda não conversamos. Vou deixar as coisas rolarem. Acho que ele não vai jogar fora uma amizade com mais década e meia fora.

terça-feira, 17 de junho de 2008

"Penso Logo Existo"



Um amigo do MSN, homossexual naturalmente, me presenteou com um livro. Depois d’eu falar os motivos que me impediam de comprar o livro, ele citando a proximidade em que ainda estávamos, ou estamos, do meu aniversário, a amizade e a possibilidade que ele possui, fui por ele presenteado o O Terceiro Travesseiro. Fico eternamente agradecido com o presente.


Posso dizer que o livro, a mim, não é impactante, digo, não vai dar uma reviravolta na minha vida. Talvez vá, mas será por minha literatura ainda limitada e este livro ser o primeiro a tratar com um foco mais forte, aliás, com o foco principal, o tema da homossexualidade, bissexualidade, enfim.


Na história, embora o autor afirme ser real, às vezes foi irreal e forçada por alguns detalhes que acho muito incomuns numa "incomunidade", assim também como o livro se saiu previsível. Mas de modo geral posso falar que o livro é bom, de leitura agradável e prende a atenção.


Ao concluir a leitura pensei o seguinte, existem coisas que sabemos que existem, que quando não são fato, como a morte, são muito prováveis de acontecer, como a homossexualidade, e nós, na nossa ingenuidade voluntária, preferimos ignorar.


A morte me assusta, mas não deveria. Assusta-me porque estou pensando mais profundamente nela como algo adiável, mas a todos inevitável. Por mais que fujamos dela, e devemos afinal queremos viver, por mais que a ignoremos, por mais que afastemos, um dia ela vai chegar.


Nesse dia nos daremos conta de o quanto nos somos humanos, não pela sensibilidade e solidariedade que deveríamos ter, mas sim pela nossa incapacidade de controlar a natureza. Da natureza, a morte é a coisa pontual mais poderosa, mais forte que faz de nós pequenos e frágeis. E como se não bastasse tanto poder, ela é irreversível, não volta atrás, o que faz de nós ainda menores e frágeis. A natureza é poderosa, só a humanidade que não se conscientizou disso e acha que o mundo foi feito para o seu deleite.


O que vem depois da morte é algo que assusta também. Não sabemos o que acontecerá depois dela. Eu, que não tenho crença em algo espiritual, acredito que com a minha consciência nada acontecerá, ela simplesmente deixará de existir. A consciência é o que nos faz diferentes de todos os outros seres vivos no que tange a mente, sabemos que nós existimos. Daí, Descartes formulou sua frase, "Penso Logo Existo".


Mas voltando ao que nos espera depois da morte, ser aquela minha expectativa sobre a morte, não me resta outra coisa a não ser aproveitar os meus insignificantes anos de vida diante dos bilhões de anos que tem esse Universo.


A música é do Anderson Richards, vocalista da banda goiana Mr. Gyn, chama Sonhando e essa versão é a do DVD Acústico da cantora, também goiana, Valéria Costa. Ele fez a música para o pai dele que morreu. Acho a letra bonita e profunda e a melodia melancólica.

domingo, 15 de junho de 2008

Do Esquecer

Fato é que eu não esqueci é está díficil para esquecer. Acho que não esqueci. Os sentimentos quando não estão bem vivos estão latentes. Que saber? Eu gosto de você. Alimento minhas esperanças de que você volte e que eu possa falar com você. Que eu possa dizer o que eu penso, que eu estou puto, irritado com o que você fez comigo.


Tudo bem, eu entendo você e seus medos, mas você poderia ter feito de modo diferente. Você só pensou em você quando me deixou esperando até que eu desistisse e fosse lhe procurar. Procurando-te você me ignorou, eu supliquei para você dizer a mim o que não me convenceu. Tudo bem, você não quiz mais, mas poderia ter falado. Não custa nada falar, não me julgue pelos outros, eu não sou assim.


Mas se você voltar, eu vou lhe dizer o que eu sinto e o que eu desejo. Que eu tento mas não consigo e insisto em não te esquecer. Eu quero você para mim. Só me arrependo de não ter feito você saber o quanto quero você e já desde o início. Maldita timidez.


Mas digo que eu ainda gosto de você. Quero você, só vai depender de você. Enquanto isso, errante vou deixar meu coração ser manobrado por outros. Aliás, por causa de você eu tenho medo de apostar nos outros, ou de apostar para te esquecer, não esquecer e magoar outros. Não posso deixar eu acima dos outros, eu sou tão igual quanto os outros. Não quero para ninguém o que eu não quero para mim.


Talvez o grande idiota seja eu. Sim, poderia te esquecer, endurecer o semblante para o que me lembrar de você, quando lembrar de você. No entanto não consigo, é complicado, é dificil, a dificuldade me faz acomodar e prefirir nutrir esperanças, desejos, imaginar situações e acreditar que pode ser apenas um delírio da minha dor de cotovelo. Eu posso procurar e possivelmente te esquerer, mas será que eu quero? Não sei.


Mas não faço errado em pensar e refletir sobre o que eu penso. Estou confuso, a agústia toma conta de mim, existem horas que eu nem lúcido sou.

sábado, 7 de junho de 2008

Destrancando o armário...


Num primeiro de abril minha melhor amiga veio passar à tarde comigo, período do dia que sempre passo sozinho em casa. Essa rotina é quebrada pelo menos uma vez na semana, mas isso não vem ao caso. Quando minha amiga sentou na cadeira do computador e começou a ler as informações que rede mundial dos computadores mandava naquele dia, com caráter mentiroso eu soltei meio que sem pensar, "eu sou gay amiga". Fiz aquilo tendo em vista não só sair do armário para mais alguém além da terapeuta e dos meus amigos do MSN, que são na grande maioria de outros estados, mas também para vê como seria sentir uma experiência, que tinha metade de chance de dar certo, metade de chance de dar errado, com uma pessoa importante para mim.

Quando terminei de falar, ela se virou pra mim, e disse "é?", não não, ela disse "éééé???" com aquela cara de 'eu suspeitei desde o principio mas não sabia que ia ser assim'. rs. Nisso senti um medo da reação dela que estava só começando, me veio um pessimismo, um pânico e um arrependimento. Pensei rapidamente numa resposta, "amiga, primeiro de abril". Ela caiu na risada juntamente comigo se virou para o pc novamente e disse "ah tá!". Foi como se eu tirasse o mundo das minhas costas, mas outros sentimentos, ingratidão e covardia me vieram. Eu deveria ter coragem de contar para ela, manter a informação se é que eu confio tanto nela. Mas tudo bem. Que salada de sentimentos né?

Contei isso na sessão, que aconteceu naquela semana ainda, a terapeuta e continuei me sentindo, apesar de tudo, um covarde e ingrato. Mas no domingo, quando me vi num tédio infernal de domingo, não havia ninguém interessante logado no meu contato gay do MSN, entrei no meu contato hetero. Minha amiga estava lá, e comecei a puxar assunto, papo vai, papo vem, confesso que não muito fluído e interessante, mas quando nos encontrávamos num momento de partilhamento de depressões comecei a jogar uns verdes dissimulando. Comecei aquela história que um dia faria uma revelação a quem eu acho importante, que merece saber e que vai entender. Mas essa história era não só importante para mim como difícil de ser contada, eu precisava do meu tempo. A amiga me fez crer que ela correspondia a todas as exigências que eu faria para contar uma história que eu já pensei tão bem, no sentido de muito avaliar, e finalmente eu contei. Aliás, deixei que ela deduzisse o que eu iria contar e confirmasse depois caso fosse aquilo, "é sobre a sua sexualidade, amigo?", "sim, é sobre ela, eu sou homossexual?".

Sim, eram emoticons, mas pessoalmente seriam beijos, abraços e apertos de mão acompanhados daquelas palavras escritas a mim, só que com uma diferença, olhos no olhos. Disse a verdadeira versão de uns casos que eu contei nesses tempos de vivência a ela, expliquei que login era aquele no MSN, apresentei os mais queridos dos meus contatos gays, o orkut fake, quem naquela vez era o meu afeto. Boas e ruins lembranças eu tenho dele, mas valeu a pena pelas boas lembranças. Uma coisa notei naquela longa conversa de msn, nas visitas seguintes a minha casa, nos passeios lado a lado pela rua; os músculos do meu rosto doíam, mas é porque eu tinha um sorriso freqüente que certamente ajudou-me a ter sonos mais profundos. Ter aberto o meu armário para ela foi uma das melhores coisas que me aconteceu.

Nas semanas seguintes, quando os dias frios de outono foram chegando, algumas pessoas que não me conheciam começaram saber da minha condição sexual em função dela. Não que ela tenha saído espalhando, simplesmente eu delimitei a quem ela poderia a contar, pessoas que não conheço, o namorado dela, os amigos de MSN que certamente nunca me verão na rua ou em qualquer lugar a não ser na própria internet. Pessoas que eu sei que não se preocupam com a minha condição sexual e das quais eu não faço muitas expectativas, não que seja eu um antipático, anti-social ou elas más.

Porém, pessoas mais próximas de mim começam saber da minha condição sexual, a prima da amiga, um amigo dos tempos de ensino médio e depois outro. Confesso que com exceção da prima da amiga, para quem contei foi numa mesa de pizzaria onde tudo para nos saía debochativo e engraçado conseqüentemente, revelar minha condição a esses amigos foi algo que de tão tranqüilo, não sei se foi natural, pois acho que até esse dia chegar irá demorar muitos dias, foi sem graça. Não houve muito medo, não houve muita expectativa, não houve emoções de modo geral.

Disso tudo o que eu tiro é que às vezes somos preconceituosos, sem termos consciência, com as pessoas. Subestimamo-las e os preceitos delas. De modo geral contínuo pensando que a nossa sexualidade deve ser revelada a quem acharmos necessário, que saberá entender, que merecerá saber. As vantagens de contar algumas pessoas é que embora elas não sejam como agente, elas certamente irá nos apoiar eventualmente, diminuir a nossa solidão e nosso medo e acabam sendo menos pessoas para mentirmos quando não der para omitir.

É isso! Rausto! kkkkkk

PS.: Eu sei que a música não tem nada haver com a postagem, mas eu gosto da música, da cantora e o blog é meu e eu faço dele o que eu quiser. kkk