quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Consciência Ambiental

Um dia desses fui a drogaria para comprar um aparelho de barbear que mesmo sabendo que é uma marca costumo chamar todos de Prestobarba. Está certo, eu sei que aparelhos de barbear são descartáveis e feito com um material fóssil e nada biodegradável, plástico, mas a essência do que quero falar não é essa.

Fui até onde tinha o produto, peguei uma embalagem com dois, fui até o caixa e paguei. Quando eu guardava a nota fiscal e o troco, a simpática vendedora sem perceber colocava a mercadoria dentro de uma sacola. Eu falei meio extasiado "Não não não! Não precisa eu levo na mão". Ela rindo e sem entender disse "tudo bem" e me entregou o produto.

Eu tenho consciências ambiental, global, social, econômica que podem ser mínimas, mas tenho, além de pensar na funcionalidade das coisas. Eu não sou exemplo de uma pessoa sustentável, digna do selo verde, mas sei que uma sacola naquele caso e em muitas outras ocasiões é inútil. 

Uma sacola, que possui um custo minimo, mas possui, para um produto pequeno que coube no meu largo bolso direito dianteiro da calça e que fariam as minhas mãos, que gostam de ficar livres, suar e acumular a sudorese são uma verdadeira agressão ambiental. Um consumo desnecessário e prefudicial que fazemos diariamente sem perceber e sem pensar em razão da busca insustentável pela praticidade e modernidade que a vida consumista nos impõe. Praticidade e modernidade que se formos olhar a fundo talvez nem exista.

Seguir ações sustentáveis em pró do ambiente são dificeis porque somos mal acostumados e comodistas. Também acreditamos ser bobeira, ser chato, complicado. Gostaos de ficar parado na realidade. Para facilitar um pouco as coisas, já que virar uma pessoa amiga de Gaia pode parecer tão complicado, que tal pensar sobre o quanto e como utilizamos a sacolinhas plásticas e reduzir o seu consumo? Não resolve os problemas mas é uma ação pontual que multiplicada pela grande massa se torna grande.

sábado, 15 de novembro de 2008

O fim do dia



Estava bem tarde. Naquele horário já estaria em casa se fosse um dia qualquer e aquela a linha que estava acostumado a pegar. Toca a campainha e na quadra seguinte desse um dos dois passageiros daquele ônibus. Apressadamente sem nem olhar para trás se afasta do veículo que também se afasta seguindo sua rota.

A calçada irregular estava suja pelas folhas e galhos que caíram por causa da chuva que durou a tarde toda e o começo da noite. Desviava das poças d’água que formavam espelhos que refletia as marquises cafonas das lojas, o tom cinza e o desbotado dos prédios, a iluminação pública laranja onde gotículas formavam ondulações ovais.

Estava frustrado porque tinha demorado mais do que o comum para sair daquele campus e não ganhara carona por causa de um sujeito entrão e sem noção. Estava irritado também, não só pelo episódio da carona, mas também por ter que pegar um ônibus para outro lugar já que os da sua linha deixam de passar, embora não devessem, no campus depois daquele horário.

De certa forma sentia-se humilhado – por ficar para trás e por ficar esperando o ônibus que não viria, abandonado, não reconhecido tanto pelos amigos, que foram embora primeiro e juntos, como no geral. Sentia frio, embora estivesse apenas fresco. Na barriga uma sensação de vazio potencializadas pelo significado que tinha para ele as luzes de natal da cidade.

A sua frente o resultado da exclusão econômica e da falência social, um grupelho de mendigos debaixo de uma marquise dividindo solidariamente seus papelões e jornais. Ficou com medo, atravessou para a outra calçada com antecedência. Normal para quem também constrói de certa forma as barreiras da segregação social.

Andava lentamente e se pôs a pensar em quem não conhecia, não sabia o rosto, a voz, as idéias, o que fazia da vida, apenas deseja ter a companhia para um abraço, um beijo, para um sexo que nunca fez, ter a sensação de segurança, de desejado e pudesse retribuir o mesmo. Pensava que talvez pudesse ser o candidato alguém que conhecesse pela internet.

Na internet existem muitos caras legais, mas moram sempre longe e que talvez não vão gostar dele quando encontrá-lo pessoalmente, caso isso realmente aconteça algum dia. Ficou triste. Na sua frente aparece uma figura que não gosta, tem medo, quer distância, mas respeita. Travestis, pessoas que são para ele tanto pseudo-homens como pseudo-mulheres.

Ele não gosta de mulher e esse é um segredo que poucos sabem e não lhe é interessante muitos saberem, tampouco todos. Mulheres são para ele brochantes, chatas, irritantes. Travestis se parecem com mulheres por isso não gosta deles.

Homem é tão bom, porém tão proibido para ele. Não que vá ser assim tão proibido e sim porque ele pensa que seja. E por ser algo proibitivo, também pensa neles como distantes e difíceis de serem conquistados.

Mas é isso, ele gosta de homens. Adora a voz, a virilidade, a força física, a segurança a que isso sugere, o jeito pragmático, sem a embromação que as mulheres possuem. Gosta da anatomia, dos músculos, do corpo, tudo o que um travesti na sua individualidade nega, inverte e por isso não são homens do jeito que ele gosta.

O medo dos travestis se dá também por pensar que todos eles sabem do seu segredo de liquidificador, do o que realmente lhe faz feliz, o que ocupa sua mente, o que tanto deseja e o que lhe é também uma vergonha. E tem medo que eles de alguma forma manifestem isso numa, quem sabe, cantada ou comentário. Uma cantada seria a situação que lhe deixaria assustado, constrangido, mais irritado e mais frustrado. 

Travestis, de acordo com seus conhecimentos, andam armados com lâminas afiadas e a sua integridade física e mental conservada também é um desejo que possui.

Passa indiferente pela figura assim como os mendigos, que tem menos em comum com ele. Segue seu caminho, anda na beirada da calçada pensando numa eventual fuga de algum energúmeno realmente perigoso, como quem sabe um assaltante. Chega a estação, passa o cartão, olha as garis farreando. Repensa sobre tudo e pensa em escrever aquilo em algum lugar.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Abrindo o armário para mais uma

A quinta-feira foi aniversário de minha amiga. Uma amizade que conquistei no grupo de jovens que participei no passado. Após a universidade passei pessoalmente na casa dela para dar um abraço de feliz aniversário e ali no portão mesmo ficamos falando daquilo que a muito não falavamos. Foi bom matar a saudade. Combinamos de no dia seguinte, a sexta-feira, irmos ao famoso chorinho do Grande Hotel e fomos.

Ela não conhecia o evento e gostou. Ali ao som do cavaquinho, do clarinete, do violão de sete cordas ficamos falando de trivialidades. Ela confia em mim, conta os segredos delas. As desilusões sobre o amor, a morte e as paixões. Na hora de falar de mim, eu não estava com saco para contar a ela sobre a menina sobre a qual para muitas pessoas eu menti uma paixão que nunca existiu. Há muito tempo desejava falar para ela a minha condição sexual e falei.

A coisa foi mais ou menos assim, ela falou do pouco caso dela amoroso pelo qual passa. Perguntou como é que as coisas vão para mim. Eu falei para ela que as coisas para mim são muito piores do que é para ela. Quando comecei a notar que ia me justificar demais soltei o "blá blá blá porque eu sou gay".

Minhas mãos estavam frias, eu não tinha me dado conta delas, apenas do meu coração disparado. Ela ficou com uma cara séria, na verdade ela não sabia como reagir, eu a peguei de supetão. Ela falou que nada ia mudar, continuaremos os mesmos com nossas amizades. É o que eu mais quero. Ela gosta de mim e ao longo do tempo me deu muita segurança.

Expliquei para ela um monte de coisas, porque eu me afastei da Igreja, porque eu não me assumo para todos. Falei da comunidade do Armário. Falei dos tipos da universidade, dos tipos presentes ali naquele chorinho. Eu me senti no ínicio envergonhado e até cogitei voltar atrás. Mas a minha vontade de levar aquilo a em frente era maior. Falamos muito, me justifiquei muito para ela sobre isso que eu não tenho culpa.

As coisas com ela até o instante se dando muito bem. 

No sábado fui a universidade e a tarde saí com o meu melhor amigo. Mas as condições não permitiam uma revelação sobre a minha sexualidade que ele no mínimo suspeita. Deixa estar. As coisas ainda vão dar certo.

***

Revelar a condição sexual não é uma obrigação. Eu não vejo como obrigação. Porém existem pessoas para as quais eu não preciso mentir e nem omitir. Revelando eu ganho mais pessoas para contar, consigo saber quem continua comigo e tenho que me oprimir menos, ou nem mesmo me oprimir. 

Oprimido, é assim que me sinto quando tenho que ficar omitindo ou mentindo a minha sexualidade. Me sinto numa prisão, violentado, acuado, silênciado, desperdiçado.

Achar que todas as pessoas são homofóbicas, que não tolera uma pessoa homossexual, que elas não merecem confiança para revelarmos a nossa condição sexual, também é preconceito. Infelizmente existem pessoas que pensam assim. Azar delas não ter pessoas, como as que eu tenho, para as quais eu posso revelar a minha condição. Algumas pessoas já sabem de mim e não me arrependo disso.

Falar que as coisas são ao contrário do que eu penso é fácil. Pode dizer que se pensa assim por causa da experiência também é fácil. Porém experiência mal sucedida não serve para dizer que todas as outras também serão, nem ao menos serve para dizer que será sempre assim. Afinal estamos lidando com pessoas, indivíduos complexos e singulares. .

Só resta saber se quem disse ter aprendido com a vida realmente teve por onde aprendeu e questionar se o que aprendeu também é o certo.

***

Apesar dos que me chama de equivocado, para não dizer errado, por não ter o estar no armário como uma religião, por eu ter a coragem de sair fora dele e não me arrepender - embora pelas falas parece querer que eu me dê mal; eu estou muito bem.

O final de semana teve uma chuva, não como eu queria, mas choveu. Antes dela um pouco teve a Fórmula 1. Lewis Hamilton é um gatinho, mereceu a vitória, mas se olharmos o saldo de vitórias do Felipe Massa, saberemos que o brasileiro teve um desempenho melhor. Não somos campeões por culpa daquela Ferrari inconpetente. Eita Cingapura que vai ficar na história.

Bom, sei que dei um grito quando o Vettel ultrapassou o inglês. Minhas mãos tremiam, meu corpo estava gelado, meu coração estava disparado, muito mais do que quando me revelei a minha amiga. A emoção foi boa para testar o coração.  Chato foi o Timo Glock ficar sem tração por causa dos pneus para pista seca. 


A música é Fechar os Olhos da Valéria Coista, cantora goiania cujo site (www.valeriacosta.com) dispõe de downloads gratuitos das músicas de todos os albuns. Recomendo que vocês baixem a versão do Acústico, o último albúm.

Acho essa música super a ver por causa da letra que entre muitas coisas serve para falar desses conselhos infelizes que ouvimos e dessa vida de se esconder, renúncia para sermos algo que não queremos e que não somos.

sábado, 25 de outubro de 2008

Situação do Armário em casa

Bom, na minha casa são três pessoas. Eu e meus pais. Se serve para ajudar, eu sou filho único. Isto quer dizer que os planos dos meus pais envolve a mim. Os planos deles são os mesmo que os meus? Não! Eles me perguntaram isso? Jamais! Mas de qualquer forma eu sinto uma certa segurança, pelo menos no meu pai.

Meu pai não é do tipo que fica perguntando aonde vou, com que eu vou, o que vou fazer. É assim porque ele confia em mim. Quanto aos outros ele também não se preocupa com a vida deles, porque isso não é da alçada dele. Ele é reservado, porém sempre que precisamos conversar ele nos ouve e fala o que tem que ser dito muito bem, desde que no intervalo do futebol. Quando está junto com a família ele é muito enérgico e feliz. Talvez por isso ele seja considerado O TIO pelos meus primos. Tem uma paciência que eu queria ter herdado. 

Já me falou de amigos dele que morava com ele no interior que eram gays e foram expulsos de casa por causa da intolerância dos pais, aliás do pai. E vieram para Goiânia sofrer, se virar como pode. E alguns ele encontrou muito bem "sucedido" como cabeleiros e afins da socialight da província que era isso na década de 1970. Ele não faz piadas homofóbicas e não costuma rir delas. Não reduz o caráter de ninguém a isso e tampouco vê a sexualidade como denominador de bondade ou maldade. Diz para mim que devo respeitar. 

Não sei porque ainda não assumi para o meu pai. 

Minha mãe tem tudo aquilo que eu acho desnecessário. Pergunta demais o que não é da conta dela. Gosta de detalhes que em trinta minutos ela vai esquecer e nunca mais se lembrará deles. Fala muito da vida dos outros. Quando fazemos uma coisa que não é da conformidade dela, logo ela cita alguém, principalmente meu melhor amigo e diz que eu devo ser como ele e não como o filho de alguém sei lá.

Minha mãe faz muitos julgamentos e se preocupa muito com os julgamentos feitos pelos outros a respeito de nós. É muito melodramática. Qualquer coisa que se diz ela faz uma tempestade no copa de água.

Deixo de conversar com ela por causa disso. O sentimentalismo dela é uma chantagem que ela faz para que aceitemos sempre o ponto de vista dela. Pobre mãe! Ainda não se deu conta que o mundo não pode parar para ela e nem para ninguém. Acha que a única que tem sofrimentos, é a única que tem vergonha, é a única que se senti lesada, injustiçada, é a única que está certa e só a opinião dela que vale.

Aqui em casa de uma coisa eu tenho certeza. Meus pais já desconfiam de mim. Um dia de cão, que não tem muito tempo. Chego em casa ela reclamando. Tava de saco cheio de ouvir só os problemas dela e o infeliz que fui falei que um dia vamos ter que ter uma conversa, eu, ela e meu pai; muito séria e que mais cedo ou mais tarde teremos que tê-la. É íncrivel como quando o ser humano não quer aceitar uma coisa ele inventa outras coisas para atribuir o problema, e parece que até se convence disso. 

Ela me disse que se eu quisesse largar o curso e fazer outro tudo bem. Eu disse para ela que a Universidade é uma das únicas coisas atualmente na minha vida que vejo que realmente vale a pena e só faço outro curso depois que terminar o atual. Aí ela me pergunta o que é, eu falo que não é o momento de contar. Ela insiste, eu falo não. Então ela pergunta "Você é homossexual?", e começa a fazer aquele tramalhão mexicano de como se só ela tivesse sofrimentos. 

Eu neguei, e me arrependi ao mesmo tempo que dei graças por não ter dito NÃO. Ela continuou a falar que tinha que ser, porque eu não levava nenhuma moça em casa. Eu disse que não era isso e respeitei a vontade dela, de chorar e a fiz chorar por outros motivos. Como diz a humorista, "Contornei". Ela fez mais uma pergunta e perguntou se a terapeuta sabia, eu disse que sim. No outro dia ela disse que ia ligar para a terapeuta e saber o que era. Eu disse que ela ia gastar franquia de minutos em vão pois ela não diria. Mão de vaca ela!

Semana passada enquanto eu arrumava os armários (da cozinha) para a nova geladeira que não é assim uma Brastemp, mas é muito boa, kkk; ela começou com uma história irritante. Falou que está pensando em construir um sobrado no fundo do nosso latifúndio urbano de 300m² para quando eu casar e que está louca para ter netos, que as minhas tias são felizes com os netos delas, e zaz.

Ainda bem que eu não tenho visão com raio laser se não eu arrebentava alguns parafusos e deixava um armário cair em cima da minha mãe e faria a Flora de A Favorita. Eu disse para ela que eu não estou preocupado com isso agora e nem vou me preocupar e meus objetivos por agora são outros. Mas até hoje estou irritado com isso. 

Ela sabe, ela só está esperando eu falar e fica fazendo esses comentários infelizes. 

Estou pensando em dizer também aos meus pais, pelos menos para limpar a barra em casa. Acho que complicamos demais. Ainda bem que não sou sistemático e vou mudando meus planos de acordo com as minhas novas perspectivas.

Desculpe a longa postagem.

Publicado na Comunidade "Estou no Armário, e daí?" em 21/10/2008.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Sobre a Promiscuidade

Desejo sexual pelo mesmo sexo desde quando me dou por gente eu tenho.  Mais ou menos com 12 anos aceitei que de fato eu tinha essa atração sexual, porém tentei esquecer e enganar a mim mesmo. Participou desse delírio a religião onde eu pedia para Deus “curar” a minha homossexualidade, me sentia culpado por me masturbar entre outras coisas. Regras morais nas quais eu acreditava e que sempre me aprisionaram.

Quando eu me aproximava do meu aniversário de 18 anos simplesmente decidi que não iria mais me enganar. Não iria mais beijar meninas na balada – as até hoje poucas que eu vou, tanto para parecer heterossexual, como para tentar ser heterossexual. Não iria mais imaginar sendo o que eu não conseguiria, e se conseguisse seria a duras penas, casar e inventar uma grande mentira envolvendo várias pessoas. Aceitei que eu sou homossexual.

Pronto, rompi com o plano de heterossexualidade para minha vida estabelecido por mim, por pressão coletiva e me vi perdido de certa forma. Não sabia como tratar a minha homossexualidade. Lembrei que às vezes entrava nas salas do Terra e do Uol só por curiosidade e vi que por lá as pessoas marcavam encontros sexuais. Fazia então muito tempo que eu não brincava de médico com ninguém e eu estava louco por sexo.

Comecei a entrar freqüentemente nessas salas em buscas de punhetas na cam, desisti porque é muito sem graça e demasiado cansativo - má relação de custo benefício, e o principal, encontros sexuais.  Parece que eu ia me tornar uma pessoa promíscua.

 Na verdade consegui apenas duas transas. Na hora de marcar o encontro eu sempre voltava atrás, ficava com medo de não tudo, mas de muitas coisas. Ainda bem, acho que me conservei bastante e ainda por cima logo percebi que um comportamento promiscuo é uma escolha que tenho, mas que não é a melhor para mim.

 

***

A promiscuidade é o comportamento no qual alguém possuí vários parceiros sexuais onde reina a busca de prazer e nada, ou muito pouco, além disso. A pessoa promíscua não tem muitos parceiros fixos e sim uma grande rotatividade deles. Muitas vezes nem se quer sabe o nome da pessoa com quem transa.

Vejo em comunidades, inteligentes e voltadas para o público LGBT, que muitas pessoas não gostam de promiscuidade. Eu também não, embora tenha apenas dois encontros arrumados com esse imaginário na mente. A grande questão é a argumentação empregada para dizer porque não gosta da promiscuidade. A argumentação se baseia nos padrões morais e/ou religiosos.

Promiscuidade é um comportamento que expõe as pessoas a um prazer passageiro, sem perspectivas de algo mais profundo e prolongado – a não ser o pênis ou o ânus, e as pessoas se expõe a integridade física, psicológica, o anonimato, podem se contaminar com alguma doença e mais uma série de outros fatores. No entanto é necessário analisar a situação com mais cautela antes de dizer que promiscuidade não é algo bom por causa do que é moral, do que faz parte dos planos de Deus.

Na questão moral, vale lembrar que moral são regras convencionadas pela sociedade que visam uniformizar as pessoas no que o imaginário coletivo acredita ser o certo. O grande “X” da questão que envolve a moral é que essa moral, e bons costumes, é a mesma que crer que dois homossexuais se beijando é algo errado, é algo nojento. Que a união civil entre pessoas do mesmo sexo é um ataque a família, por hora a tradição e a propriedade.

Nessa classificação do que é moralmente certo, acaba se esquecendo de analisar se a situação de um indivíduo “imoral” realmente nos prejudica. Em geral, no que tange a sexualidade principalmente a condição sexual, não! O que acontece por parte de quem acha imoral é um estranhamento, uma fobia e uma resistência ao que não conhece. Também um apego ao que já está posto e um comodismo que impede se quer questionar esse padrão moral.

Ao se criticar um promiscuo em função da fé que se nutre, deve se lembrar que fé é algo individual. Que alguns por fé, e essa fé pode vir de N formas e motivos, praticam algo, outros não. Alguns acreditam em uma norma religiosa, outros não. Na visão religiosa de muitos a promiscuidade é algo desrespeitoso, na de outros não, até mesmo daqueles que não tem religião ou nem se quer se preocupa com ela.

Aí também é necessário tomar outro cuidado. Uma pessoa que não tem uma religião, ou não manifesta algum pensamento teológico, não significa um sujeito sem propriedade para dizer que não serve aquilo que não é religioso.

Além desses fatores, as religiões que condenam a promiscuidade são em geral as que condenam a homossexualidade. Mas o que faz pensar que a intolerância a homossexualidade seja um equívoco dogmático e a promiscuidade não? O que faz pensarmos que as coisas são sempre assim?

O livro que fundamenta as religiões denominadas cristãs, a Bíblia, na interpretação dos mais reacionários e conservadores, em tal ponto, se mostra contrária a homossexualidade. Na mesma Bíblia está escrito que ela, logo a vontade de Deus, aceita a escravidão, aceita as guerras, aceita o sacrifício de crianças, aceita a submissão da mulher, inventam uma série de normas para se cultivar um campo, normas que agricultura moderna não cabem mais e são impensáveis.

Isso que está na Bíblia sobre escravidão, criança, mulher, guerra e afins é certo? E sobre a homossexualidade é certo? E agora, e sobre a promiscuidade? E quais os critérios que se faz pensar assim?

Bem, essas são perguntas que sempre faço ao pensar na visão religiosa, principalmente cristã, a respeito do mundo. Não estou defendendo aqui a promiscuidade. Aliás, não sou contra e nem a favor dela. Apenas não acho um comportamento adequado no que envolve fatores de segurança e saúde. Estou indagando os argumentos que se utiliza por muitos para se colocar contra a alguma coisa. 

domingo, 5 de outubro de 2008

Pensamentos: encadeiamento ou a tentativa.

A humanidade tem seus anseios. A necessidade de se transportar para distâncias cada vez maiores em tempo em cada vez menor com quantidades cada vez maiores é um exemplo disso. O mundo sempre foi do mesmo tamanho, porém o significado desse tamanho para a locomoção e a dinâmica humana perdeu força ao longo do tempo.

Logo as pernas não foram capazes de suprir a necessidade da humanidade de interação, de troca e de mudança. Vieram os lombos dos animais, com a invenção da roda as carroças, na Idade Média as naus e caravelas, com a Revolução Industrial as locomotivas e no século XX os automóveis e suas rodovias. Principalmente após a II Guerra Mundial (1939-1945) veio à informática com os computadores conectados entre si por meio da internet.

O que notamos na dinâmica do mundo é a valorização do que é informacional, abstrato. Talvez o que seja material não tenha tanto valor quanto antes e ou vai perdendo esse valor ao longo do tempo. Os Km/h foram substituídos pelos Kbps que já não são mais suficientes, já estamos ou queremos os Mbps – unidade 1024 vezes maior a anterior.

A informação por segundo percorre uma distância que não existe. Vizinhos de cerca, muro, de andar são tão distantes quanto estão próximos de quem mora em outro extremo distante do globo na teia da internet. No fundo, não existe distância, pois a distância é algo do mundo físico.

O mundo físico, as pessoas são tomadas por uma série de padrões que elas mesmas criam, reproduz e aos quais se tornam presas. Gente estúpida! Estamos hostis e fechados em nos mesmos. Reclamamos da solidão e do caráter das pessoas, mas ainda assim não deixamos de ser como elas e não paramos de construir e reforçar as paredes de nossas barreiras. Nós nos apressamos para quando chegarmos ficar esperando. Nessa pressa não damos a mínima, sequer notamos, pequenos detalhes que por motivos N vão ficando raros.

O que custa notarmos que as pessoas valem mais do que o quê elas podem ter.

Well Bernard! diz:
eu toh escrevendo um texto pro blog, ficou bom, mas agora não sei terminar
Vinícius Sebek! diz:
ué, naum termina
o q tem o texto ficar inacabado?
o blog naum é uma redação
Well Bernard! diz:
fica estranho
Vinícius Sebek! diz:
ah, besteira


Well Bernard! diz:
toh escrevendo um texto pro blog, mas agora eu não sei terminar
Funny guy diz:
escreve fim e ponto...
eu vou escrever tbm....
daqui a pouquinho...



Realmente. Rausto!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Como Funciona a Lei da Atração.

Matéria atraí matéria. Uma partícula, ou seja matéria, atraí outra partícula. Essa atração é a gravidade. Quando duas partículas se somam, a força de atração, a gravidade, delas aumenta também, o que atraí mais matéria. Com isso o centro de gravidade delas aumenta.

Chega um ponto em que a matéria atraí tanta matéria que a gravidade fica muito intensa. Quanto mais intensa é a força maior é a pressão, quanto maior é a pressão maior é a temperatura. Chega um momento que a temperatura é tão alta que tudo explode. É assim que nasce uma estrela.

Quando guardamos um sentimento ele vai atraindo mais do mesmo. E vamos inchando e atraindo mais. Então a gravidade fica muito intensa, chegamos a um ponto crítico e explodimos. Só que quando explodimos em geral não viramos estrela, muito antes pelo contrário, ninguém acha bonito e só sai porcaria. Ainda bem que eu aliviei meus sentimentos. Quando? Sei lá. Só estou escrevendo algo porra.

Bem, eu não me sinto nada bem agora. Dá vontade de desistir. E quer saber, esqueça a aula de física travestida de psicologia. Isso aqui nem pó de estrela é.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Abrindo o jogo

Mentiras e omissões são coisas que eu coleciono muito bem. Porém das mentiras e omissões que eu saio a proferir posso dizer que elas são formas que encontro para fugir de questões que eu não tenho resolvidas comigo mesmo. Isso quer dizer que eu coleciono uma porção de gestalts abertas. Gestalt é um termo que vem do alemão e eu aprendi estudando psicologia e eu simplesmente acho um loosho essa palavra. Significa mais ou menos forma, configuração, mas essas traduções não são utilizadas na psicologia. Uma pessoa que tem uma gestalt aberta é uma pessoa que tem um conflito interno, algo mal resolvido. Quando a gestalt está fechada é quando a pessoa encontrou a boa-forma.

Pensando nessas gestalts abertas e na minha busca pela boa-forma das coisas, tomei a decisão de não mais omitir ou mentir coisas para a terapeuta. Decidi também publicar coisas sobre mim, sem abrir mão do meu efetivo anonimato, que eu escondo e tenho dificuldades para lidar com elas aqui no blog. Vejo importante contar a verdade para a terapeuta, pois ela é uma profissional que vai me ajudar a entender esses processos e lidar melhor com eles. Já publicar aqui a verdade sobre os fatos que me acometeram ou me acomete ainda é uma demonstração que eu dou a mim mesmo de que eu estou conseguindo no mínimo não guardar apenas para mim coisas que eu não quero mais. Os meus leitores são parte do processo que muito me massageia o ego quando me leêm.

Entendido então o porquê que eu contei sobre como começou as minhas consulta ao médico (kkk) e como eu aprendi um pouco de medicina, principalmente anatomia humana e masculina está na hora de dar seqüência.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Daquele amigo


 

Vou contar como era a relação de convivência com esse amigo. Na casa dele não existia televisão em função da religião dos pais dele, pentecostais, e muito menos antena parabólica, equipamento essencial onde moramos para ver TV aberta. Mesmo assim ele gostava de ver desenhos animados e a mãe dele deixava-o vir para minha casa com certa regularidade com esse intuito, ver desenhos animados sem chuviscos e chiados.  Porém, quando ele chegava aqui as intenções dele mudavam. Minha mãe estava em outras partes da casa cuidando de seus afazeres peculiares a uma boa dona-de-casa, coisa que até hoje ela é embora trabalhe fora também. Ficávamos sozinhos, eu e ele, na sala vendo Eliana ou TV Colosso, saudades daqueles programas. Na primeira hora ele se distraía com aquilo, depois ia para outra parte da casa onde ele acreditava que nós não seriamos pêgos, e caso fossemos pêgos poderíamos disfarçar já que ouviríamos quem estivesse chegando a tempo. 

Então ele me chamava como quem não queria nada. Eu, é lógico, sabia das intenções dele desde o princípio, mas preferia fazer o ingênuo, e ia ver o que ele queria. Ele me abraçava, eu não via muita graça naquilo e sentia medo de algum flagrante, que ate então nunca aconteceu. Às vezes ele tentava me beijar na boca e eu sentia nojo, coisa que hoje eu não sinto mais dos homens pelo menos, e não deixava. Roçávamos os nossos corpos. Ele abaixava a minha bermuda e a dele também. Sempre pedia que eu o boqueteasse, coisa que eu fazia às vezes, eu tinha nojo também. A higiene íntima dele não era boa, tinha mal cheiro e esmegma. Eu, aprendi muito cedo a afazer a minha, pois anos antes fiz operação de fimose. Chegava as vezes ele conseguir o que tanto queria, me comer. Está certo, na época era por o pinto na entrada do cu do outro e ficar parado, nem se quer bombava. Eu também comia ele, mas porque sempre via o passivo, talvez pelo machismo que os diversos signos me imprimia, como algo inferior. 


Hoje eu fico pensando onde ele aprendia isso e tão bem. Ele assim como eu só tinha quatro ou cinco anos. A nossa diferença de idade era de alguns meses. Até hoje eu acredito que ele não tinha outro amigo além de mim na época. A família, o melhor, os pais dele na época era humilde, ele dormia no mesmo quarto que os pais dele. Será que foi assim que ele aprendeu? Ou será que foi por instinto? Ignoro. Qualquer especulação que eu faço aqui não tem outra base se não meu errante achismo e não é importante.

Após o acontecido, o desgaste psicológico e físico que minha mãe me fez passar ele voltou a minha casa muitas vezes. Em muitas ele queria ver desenho, outras ele estavam acompanhando os pais dele que eram amigos dos meus. Nas oportunidades, principalmente quando ele via para ver desenho, que ele tinha de ficar sozinho comigo ele continuou a me chamar em algum canto silencioso da casa longe da vista e da desconfiança de algum adulto. Lembro de uma dessas oportunidades, apenas dela, e é a única que me vêm na memória agora. Estávamos na sala, ele começou a andar sozinho pela casa, foi ao quarto de hóspede, me chamou, eu o segui, chegando lá ele abaixou a bermuda dele e já estava com as piroca branca e sacuda dura e mando que eu chupasse. 

Eu não tinha esquecido o que minha mãe fizera comigo dias antes e entrei num pânico. Uma sensação que raramente eu tenho hoje, a última vez que eu tive aqueles sentimentos foi semana passada quando uma louca me deu uma fechada no trânsito. Então eu deixei ele sozinho, voltei para a sala e tentei assistir o que passava. Instantes depois ele veio de volta, sentou no sofá com uma expressão que tinha um misto de raiva, esperanças de que eu voltasse atrás e falta de entendimento dos motivos que me levou a refugar aquilo.

Por mais alguns anos continuamos muito amigos, mas com a escola, o trabalho de nossos pais, a acomodação e N motivos começamos a nos ver com menos frequência. Há muitos anos não frequentamos a casa um do outro, sequer nos comprimentos. Não somos mais amigos. A amizade morreu não por algum sentimento que gera aversão um ao outro, mas sim por falta de estímulo. Se deu pra perceber eu não tomo muita iniciativas, principalmente por timidez, e ele sei lá. Hoje ele é um pouco mais alto do que eu. Anda bem vestido, cheio de apetrechos, eu não gosto mais das minhas camisetas de banda e da funcionalidade. Tem uma cara de bobalhão safado enquanto eu tenho uma cara de "você pra mim é problema seu", não que eu seja antipático, basta apenas um sorriso da pessoa para que eu quebre esse gelo que minha face pode impor.


***


Essa música da Pitty está descrevendo um pouco a minha comum e anônima vida.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

As brincadeiras de criança

Tenho um primo mais velho pouco mais de um ano. Até alguns anos atrás, não faz tanto anos assim, eu possuía uma relação muito próxima com ele. Essa relação nasceu no período em que meus tios moraram com ele em nossa casa enquanto a casa deles aqui, na Região Metropolitana, não ficava pronta. Assim sendo desenvolvemos uma relação muito próxima. Brincávamos o dia todo um com o outro. Eu era o mais comportado e o mais manhoso, ele o mais atentado e agressivo.

Brigávamos muito também. Eu sempre apanhava, aliás, acho que apanhei de praticamente todo mundo. Embora meus tios tenham se mudado para a casa própria deles assim que foi a eles possível, a minha relação de proximidade com esse primo não se abalou. Claro, não era mais como antes que por morarmos debaixo do mesmo teto éramos quase irmãos, mas continuamos próximos dando seqüência a um processo.

Na minha casa ficou um vazio mesmo assim, era normal que ficasse. Com a ausência desse meu primo, quando eu tinha por volta de dois ou três anos, mudou-se para a rua transversal a minha casa uma pessoa que supriu a falta do meu primo e é hoje o meu melhor amigo e quem será uma das próximas pessoas para qual eu planejo contar da minha condição.

Mas voltando ao primo, principalmente depois que passamos a morar em casas diferentes começamos a "brincar de médico". Não lembro a primeira vez em que eu joguei. Mas sei que a iniciativa e quem "me iniciou" no jogo foi ele. Nas vezes eu era bobo, ingênuo, ou melhor, inocente mesmo. Não tinha malícia, pois nunca tive contado com sexo, não sabia o que era transar, o que era sexo.

Nas brincadeiras lembro-me do pênis ereto, das chupadas, da saliva que ficava com uma consistência diferente e nojenta, das cutucadas. Eu não sentia prazer, eu não sabia estimular o meu pênis e acredito que meu primo também não, o dele tampouco o meu. Lembro também da proibição, tudo o que fizéssemos era nosso segredo. Os adultos não poderiam saber jamais, aquilo era errado, não era coisa de homem, era coisa de mulherzinha, Deus castigava e principalmente, apanharíamos. Acredito ser isso o começo do imaginário do sexo como algo sujo e o homossexual ser inferior por se "assemelhar" a mulher no imaginário dos adultos, até mesmo das próprias mulheres.

Brincando de médico, posso dizer com segurança, que eu aprendi muitas coisas. Está certo que o fundamental mesmo fui aprender na adolescência de N modos, todos eles normais penso eu. Aprendi muito sobre anatomia masculina, a minha anatomia, ao ser examinado e examinar o meu primo. Era aquele jeito que eu encontrei para conhecer meu próprio corpo, sem notar é lógico, pois não podia tocar o meu corpo, era feio, sujo, errado, papai do céu não gostava.

Dessa proibição, outra coisa que aumentou muito o meu medo de brincar de médico, seja com quem for, foi um evento ocorrido na minha casa, na Copa de 1994. Tínhamos um casal de vizinhos que possuíam um filho da minha idade com quem fiz amizade. Com esse amiguinho brinquei de médico também, ele me dava umas "dicas" que eu passava para o meu primo que me dava outras que eu passava para o meu amiguinho. kkk.

Um dia veio esse meu amiguinho junto com o pai dele a minha casa para assistir o jogo do Brasil contra não me importa quem. Eu já brincava com ele, ficaram os adultos na sala e nos dois pela casa brincando de N coisas. Quando criança tanto eu como meus amigos quando estava com vontade de mijar falava na lata que ia fazer xixi e alguém ia para mijar também. Eu disse ao meu amigo que ia fazer isso então e fomos os dois para o banheiro. Fizemos o que tínhamos para fazer.

Então ele fechou a porta, isto é, encostá-la sem nem ao menos encostar no batente e travar a maçaneta, coisa que não alcançávamos. Então ele começou a passar a mão na minha bermuda e tirou o pênis dele que já tava duro, era maior do que meu e branquinho também. Eu já tinha sacado e os feromônios já estavam me deixando ereto. Então começou o chupa-chupa, daí foi passar para o troca-troca. Na hora de começar eu fiquei como passivo e ele como ativo (aeh?).

Passado algum tempo, não tinha naquela época noção de tempo e a porta abre de uma vez e minha mãe olha para nos dois que subíamos os calções envergonhados, assustados. A cara da minha mãe não gosto de lembrar nenhum pouco, muito menos descrever. Lembro que passado alguns instantes tava o meu amigo brincando com minhas coisas até o momento em que o jogo acabou e nisso o pai dele chamou ele para ir embora. Nesse tempo minha mãe ficava me fazendo perguntas para mim num canto da cozinha, me dava tapas na boca, eu chorava, e quando eu chorava ela me batia, eu respondia ela me batia, eu me calava ela me batia.

Quando o meu amigo foi embora com o pai dele lembro que minha mãe me deu muitas cintadas, ela dizia para o meu pai o que tinha acontecido. Não lembro de como meu pai se posicionou sobre. Ele não falou nada eu acho, deveria pensar ele que aquilo era normal. Acho que se fosse ele que tivesse me visto lá ele teria dado uma bronca e feito que nada tinha acontecido. Mas eu indago tudo isso pois se ele fosse tolerante, sei lá, achasse normal ele teria me defendido das agressões da minha mãe e dado uma lição de moral de descascar aroeira como as vezes dá na minha mãe.

No acho fim, acho mesmo que meu pai foi um cúmplice do que minha mãe fazia comigo. Não tinha ninguém ali para me defender de quem eu acreditava, e acredito ser ainda, os meus heróis. Não havia psicólogo, pedagogo, conselheiro tutelar para me defender, para impedir o assédio moral que minha mãe estava provocando em mim. Será que se Deus estivesse lá ele também me bateria ou sendo ele alguém infinito em amor e misericórdia me defenderia no colo dele.

Fiquei muito constrangido, humilhado com o episódio. É a primeira vez que eu penso já com a ciência de uma pessoa adulta que eu devo ser sobre o que aconteceu, tentando justificar algo. Será que minha mãe me bateria se fosse eu que tivesse comendo o meu amiguinho? Será que dá pra eu revelar para minha mãe, para o meu pai a minha condição tendo em vista aquilo lá? Minha mãe nunca demonstrou ter mudado de opinião.

Me sinto ofendido e irritado, também invadido e cobrado, quando eu entro no meu quarto e vejo 12 camisinhas sobre a minha cama, colocadas por minha mãe, como as que eu encontrei essa noite.

Neste instante me sinto nu por expor algo que por tanta vergonha, tantos tabus eu escondi desde os meus cinco anos de idade. Acho até bom, me sinto aliviado compartilhando o que eu guardo a sete chaves. Me pego até ligeiramente emocionado.