quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Da auto-aceitação

Nos dias da proximidade do meu aniversário de 18 anos uma reviravolta estava acontecendo na minha mente. Algo foi o estopim para mim, as palavras do grupo da causa LGBT presente na universidade que foram ditas naqueles meus primeiros dias na incógnita universidade da qual passei a fazer parte. Pelos próximos meses aquelas palavras, que me chocaram naquela noite, iriam ficar latentes. No entanto com o tempo elas borbulhariam com a pressão de tantas outras palavras, experiências, sentimentos e expectativas que inutilmente eu insistia esconder, pois elas diziam aquilo que eu bem sabia, mas que na minha silenciosa solidão negava.

Mas qual a finalidade de negar aquilo a mim, cuja maior testemunha do que acontecia com meus pensamentos e emoções era eu mesmo? Eu, assim como praticamente todos, fui criado em uma sociedade heteronormativa concebida para heterossexuais e disposta a empreender, na esmagadora maioria das vezes irracionalmente, o que for necessário para impedir que as pessoas que fujam a essa regra. Em casos isolados até atitudes extremas seriam tomadas e aceitadas através da omissão e da pouca importância dada pelas pessoas.

Além disso, sou filho único e meus pais sem me perguntarem e inocentemente estenderam os projetos deles a mim, sem ao menos notar se é da minha vontade realizá-los. As experiências negativas na escola davam outra proporção do que pode ser o respeito - ou ausência dele - dispensado a uma pessoa que assumi a todos aquilo que eu negava a mim mesmo.

Com 17, quase 18, anos eu estava cansado de ficar fingindo para mim pensamentos e emoções que eu sempre soube serem falsos, pois os verdadeiros envergonhavam a mim mesmo. Bastavam alguns minutos de silêncio entre um sono e outro para que a simples lembrança da minha homossexualidade constrangesse a mim mesmo, o meu maior inimigo, mas o meu maior herói. Além das palavras do grupo LGBT ditas naquele seminário, vieram as sugestões e as vezes em que fui posto na parede, e que sempre neguei, pela terapeuta, os meus conceitos sobre a minha condição mais próximos da tolerância e aceitação do que da repressão irracional e maquiada para me deixar cansado.

Viajo com meus pais para outro estado e no banco de trás, recolhido na minha introspecção, facilitada pela rara rodovia pública duplicada e sem pedágio, eu aceito finalmente a mim mesmo, dou um grito mental e digo a mim mesmo SOU HOMOSSEXUAL E VOU SER FELIZ ASSIM.

O que tenho em mente é que a partir desse dia da minha vida eu iniciei uma sucessão de grandes evoluções na formação e definição do meu caráter e principalmente, da minha personalidade. Não tirei o mundo das minhas costas, mas foi como se eu tirasse a Austrália e iniciasse um processo que ao final teria a mim livre de carregar o mundo. A partir desse dia até meu sono ficou mais leve.

Ultimamente tenho estado tão leve que estou nas nuvens, tanto é que agora, exatamente 19h01min no meu relógio lembrei que as 17h00min eu tinha terapia e não fui.

Comentem!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Mais uma experiência

A Spleen esperou que a mãe dela fosse dormir para ir comer um apetitoso pedaço de torta. Meus pais já dormiam há um bom tempo e eu queria aquele resto de sorvete. Pedi alguns instantes aos meus queridos amigos da web, que conversavam comigo naquela janela do MSN,  e fui até a geladeira.

Odeio quando estou andando pela casa de madrugada e minha mãe fica perguntando o que eu estou fazendo. Então andei com a leveza e o silêncio de um carro nipônico pela casa, segurando o telefone celular para me iluminar o caminho.

Na cozinha lentamente abri a gaveta, peguei uma colher daquelas bem grandes. Fui até a geladeira, peguei aquele lindo pote de sorvete, fechei o freezer e quando já me aproximava contente da vida da porta do meu quarto eis a surpresa ao abrir a lata. Feijão congelado!

Ughhh... eu amo feijão, mas cozido e com arroz. Voltei até a geladeira, agora sem tanto cuidado para não fazer barulho. Olhei e a lata de sorvete original não estava lá. Fui até a pia e sobre o escorredor de louças estava a lata do sorvete que eu tanto quis. Eita mania de pobre!

 Voltei para o meu quarto, frustrado, enfurecido, constrangido.


Comentem porra!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Do amor, simples

Não acho que o amor seja tudo e aquilo o que dizem ser. Pessoas se casam, se unem não é só por causa de amor e o amor não existe só entre pessoas que estão interessadas em viver juntas criando entre si a mais íntima das relações.

Os poetas escrevem o que é o amor na forma romântica, meu sinônimo para falta de bom senso, pessoal e determinista deles do que vem a ser esse nobre sentimento. O erro é que as pessoas fascinadas pelas belas palavras não desconfiam e não percebem que aquele amor dos livrescos não é o que elas sentem em suas vidas.

Ora! Bom é viver e perceber como os sentimentos afloram em nós. Só assim para descrever e ser sincero consigo mesmo e com os outros do que vem a ser entre tantos sentimentos o amor.

Comigo?

O amor não é libidinoso, libido é sexual, e não surge vigorosamente enlouquecedoramente em uma troca de olhares, isso é paixão. O amor se constrói e a paixão uma hora acaba, seja pela conquista, seja pela frustração.

O amor é o sentimento que une com a mais sincera estima pessoas a outras pessoas, aos animais, as plantas, a lugares, ideias, fatos e o que mais quiser considerar. 

O amor não é fiel. Fidelidade é diferente, é o respeito, a ética com a qual se conduz uma relação. É o desejo e a prática de fazer pelos outros aquilo que queremos para nós mesmos.

O que mais dizer do amor? Não sei, ele é grande, é complexo, rico e facetado, mas é sempre bom. Me falta ideia e mais percepções a respeito dele para num textinho descrevê-lo e com a arrogância dos poetas determiná-lo como verdade absoluta, a minha concepção.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sem título para essa ideia



Nos últimos dias não pensei em nada que fosse interessante para escrever aqui no blog. Eu passei por um período breve em que as atualizações foram diárias. Foi até necessário, pois muitas pessoas dedicaram a acompanhar aquilo que muitos tem vontade de fazer, no entanto não tem segurança e nem coragem para tal, assumir a sexualidade para a família. Esses dias se passaram rápido e conforme eu tanto pedi ao tempo, uma personificação de homem velho, sábio e bom que eu fiz; aproximamos de um mês pós saída do armário.

Atualmente as coisas vão até bem, a relação com a minha mãe não está tensa e deixou de ser muito antes disso. Com o meu pai as coisas continuam na mesma, ele não mudou em nada, falamos de tudo, menos daquele assunto e eu prefiro que seja assim, afinal de contas, não preciso tocar nesse assunto só porque eu sou homossexual. Enfim, a reação do meu pai é a que qualquer homossexual quer dos pais, da família, amigos e sociedade. Eu só tenho flores para jogar.

Minha mãe tenta aceitar, ela não usa em hora alguma aquelas palavras nada agradáveis que me disse no passado. Aliás, nesse tempo todo, ela vive me dizendo que eu sou a coisa mais importante da vida dela, que me ver infeliz é o maior pesadelo dela. Isso é verdade, mas tenho a impressão de que ela diz isso para ganhar um perdão que dei desde o momento da primeira ofensa até a hora que seja, porém ela não sabe que já perdoei, eu apenas não digo isso. Não que eu seja mau, é que eu prefiro que as coisas fiquem subentendidas, mas a minha mãe não entende com facilidade o que eu sugiro.

Agora eu tenho partido para ação, houve duas oportunidades em que fui ver dois rapazes diferentes. Nas duas vezes minha mãe me perguntou aonde eu ia e eu disse que ia em tal lugar, depois ela me perguntou com quem seria e o que eu iria fazer. Apenas não identifiquei os rapazes e omitir parte do que eu ia fazer, mas respondi tudo. Na última vez ela ficou chorosa, o jeito dela de dominar as pessoas, só que mais cedo ou mais tarde ela irá aprender que comigo não adianta; e praguejou contra a internet que ela acredita ser a culpada pela minha sexualidade. Deixei ela falando sozinha e fui.

Algumas coisas eu aprendi, que não preciso contar tudo, muito menos responder tudo o quê me perguntam, e também não preciso ficar justificando ou debatendo a respeito de tudo que eu não concordo, principalmente quando eu já falei antes. Deixar as pessoas falando sozinhas, por mais importantes que elas sejam, é bom até para elas aprenderem. O que eu acho que minha mãe precisa aprender é não perguntar ou fazer as pessoas falarem o que ela, a minha mãe, não quer ouvir.

Eu? De lá para cá eu não tenho uma certa desconfiança com a minha mãe. Custa acreditar que ela deixou aqueles cumulus nimbus tempestivos tão rápido. Também não enho sido rude com a minha mãe, só que agora saiu a agressividade para dar lugar a uma frieza, que assim como o jeito ríspido, não consigo controlar. Talvez seja porque assim como o jeito rude, eu não tenho me dedicado a investigar o que acontece comigo para eu me comportar de tal jeito. Quando vejo, estou agindo como e dada minha angústia o que mais quero é sair do momento e me distrair com outra coisa, com o repetitivo plantão de notícias, com o livro chato, a internet, enfim...

Não quero ser assim, rude ou frio, minha mãe não precisa que eu seja assim e não merece. Mas acho que poderia ser diferente aquilo que eu nem parei para pensar se é simplesmente a minha natureza, a minha personalidade como é a minha sexualidade. Até agora da minha sexualidade o que eu sei é que eu não a escolhi e não vou me abdicar de ser feliz e como eu sou para agradar aos projetos e as idealizações alheias, por mais importantes que essas pessoas possam ser para mim.

Confesso que eu estava sem a menor idéia sobre o que falar aqui no blog, só tinha em mente escrever nele, mas consegui e escrevi rápido, portanto não reparem meus erros ortográficos e de concordância. Por um instante pensei em falar apenas do clipe dessa postagem.

Mas tentando ser conciso, o que posso dizer sobre ele é que eu nunca achei essa música bonita, a letra dela acho super tosca, mas que acho o vocalista da banda, o lourinho careca, musculoso e tatuado; muito, muito gostoso e que tenho fetiche por esse tipo de homem. Como o blog é meu, eu procuro me pautar ao menos possível em moral cristã e eu sou humano e homossexual, como vocês sabem bem, eu confesso que morro de vontade de transar com ele, ou alguém parecido, e hoje de manhã toquei uma pensando no cara aí do clipe, gozei litros. Tá, também posso dizer que quando essa música era sucesso, há cinco anos atrás, o que não faz muito tempo, eu estava com 14 anos, brincava de médico com um primo meu e estava confuso com a minha sexualidade, confuso no sentido de não aceitar o que sempre soube.

Por hoje é só, até a próxima, aqui no mundo de Beakman.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

As constatações



Agora você constatou que não é heterossexual e tem um desejo intenso que lhe sai pelos poros por pessoas do mesmo sexo. Não se sente atraído e até se enoja quando em contato mais íntimo com pessoas do outro sexo. Não só o contato, mas também tocar em alguns assuntos lhe causa vergonha e asco.

Constatação não muito agradável. E você mente para você mesmo e tenta mudar ou fingir que não sente. Começa a provar para as pessoas o que não é verdade seguindo comportamentos que não gosta.

Crítica quem deixa evidente que é o que você é. Essa desconstrução do valor do outro é sua forma de se sentir superior, negar o que tanto lhe aflinge e faz sentir pior.

Com o tempo você constata que isso cansa. Mais cedo ou mais tarde verá que isso não dá para mudar e que continuar a seguir esse caminho de mentira, o que muitos fazem, vai lhe custar a felicidade.

Aos poucos você se acostuma com a idéia e tem menos medo de repeti-la, mesmo que mentalmente para você mesmo. Ao mesmo tempo que sentir uma vergonha por ser quem de fato você, pois pensa que isso é ser inferior, sentirá também um alívio. O seu maior cobrador é o seu maior inimigo, você!

Constata que não gosta de ficar na presença das outras pessoas, principalmente quando elas te perguntam sobre algo que não tem e não te interessa ter e é necessário mentir ou omitir, elas não querem entender e nem respeitar. Tem medo de que elas descubram e cria uma vida de segredo que pensa seguir como uma religião.

Então constata que não sabe bem o que fazer agora. Não sabe se fica como aquelas pessoas que estão na rua sendo vaiadas ou se continua sendo a pessoa que sempre foi. Gostando de fazer e aparentar o que sempre gostou e aparentou.

Resolve então experimentar algumas coisas. Os contatos físicos mais próximo, os primeiros beijos para valer e o sexo também. Ruim é que as pessoas que vão aparecendo no caminho são passageiras como a água que passa por debaixo da ponte.

Ao longo do tempo vai constando que nem sempre é necessário mentir, omitir ou isentar-se. Pois existem pessoas que não importa com o que você é e com quem você pode ser você enquanto elas continuam a gostar de você, pois isso não faz importância para elas.

Uma coisa é certo, que ao decorrer das coisas constatações existirão, mas o mais importante de tudo aconteceu, você já ter aceitado-se quem você realmente é e com isso ter acabado com parte das cobranças mais injustas feitas sobre você, vindas do seu maior inimigo e maior herói, você.

Se espante, você evoluiu bastante, mas muitas coisas vão mudar também.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O Cartão-Postal: está tudo bem agora.

As coisas estão tranquila, a minha mãe não demonstra nenhuma chateação. Eu a trato normalmente e o mesmo acontece com ela para comigo. Aliás, vivemos como antes, não tocamos no assunto. O meu pai também não toca no assunto.

carta

Ontem recebi um cartão postal direto da Argentina que o Mário me mandou. Dessa vez minha mãe não colocou nenhuma resistência sobre o postal ou sobre eu receber cartas e afins de homens. Bom, da ultima vez que ela fez isso ela teve uma notícia que para ela não é muito agradável e que agora, no oitavo dia, ela aparenta estar se acostumando.

Lembro da minha aflição desejando que estivessemos no final do mês só para sair daqueles dias desconcertantes e ver para que rumo as coisas foram. Para passar a agônia mais rápida eu fiz uma personificação para algo tão abstrato como é o tempo. Chamei-o de senhor da razão e me consolava saber que ele faria com que as coisas melhorassem. De fato o tempo é invencível.

Mudando de assunto

Sabe, eu ouço as pessoas contarem os problemas delas para mim. Quando acho que eu posso falar algo, eu falo. Uma coisa é certa, eu não tenho fórmulas mágicas e digo o que aprendi na minha comum, errante e nada interessante vida, o que comigo deu certo ou que eu tentaria se fosse o meu caso.

Porém não tenho paciência com essas pessoas que vivem a dizer que sofrem, que está passando por umas perrengas mas que nada fazem para mudar a situação, ou não se esforçam o quanto deveriam. Talvez seja por isso a minha impaciência comigo mesmo no que se refere a emprego. Também não tenho paciência com essas pessoas que mal lhe perguntam como está e começa a dizer dos problemas dela, das paranóias dela.

Ontem, por pensar e agir assim, acabei discutindo, aliás, deixando uma pessoa sozinha falando e falando e falando um monte de coisas para mim. Eu estava de saco cheio droga!

Sempre tendo que agüentar aquela janela invadindo a minha barra de tarefas. E ainda por cima na usura de teclas enter - quando a tecla enter é usado no lugar da vírgula e fica impossível acompanhar a conversa já que a mesma rola muito rápido para baixo, sem contar o plimplim a cada segundo que atrapalha ouvir música, se concentrar nas outras pessoas e janelinha piscando sem parar. Mais irritante era sempre contar as coisas como se eu tivesse a obrigação de ler aquilo, de entender aquilo e ainda dá uma resposta para a situação.

Ontem me perguntou se eu estava bem, mas bem só por questão de conveniência. Se eu dissesse que não ia perguntar como se eu tivesse que contar tudo, ia ficar calado, nada diria e ficaria off line sem avisar, nem ao menos um até logo. Eu disse que estava bem e então me perguntou se eu poderia ouvi-la. Como assim ouvi-la? Iriamos iniciar uma conversa de voz? Não e o que importa é que hoje eu não queria saber dos problemas dela eu que estava feliz com o postal e o filme que assistia no PC. Eu não respondi nada, nem sim nem não. Mas sou adepto de que na ausência de resposta é melhor não fazer nada, a pessoa não.

Começou naquele esquema supracitado a contar o seus problemas e como de praxe, no final me perguntou se tem base. Puta que pariu desgraça! Então eu disse, se quiser ser "ouvido" cria um blog, conte seus problemas lá para quem quiser ler e que quiser ajudar. Disse que sou humano, que tenho sentimentos, que também sofro, que eu estou cansado, eu não sou terapeuta on line e que tenho o direito de ficar feliz sem que alguém me tire isso uma hora.

Pensei que ia ficar chateado mas a coisa ia acabar ali. Ledo engano.

A resposta de quem dizia que eu era inteligente, ponderado, culto entre outras coisas que eu nunca usei para descrever a mim mesmo foi hóstil. Eu, considerado um dos melhores amigos virtuais da pessoa, virei um insensível, grosso, egoísta além de descobrir que tenhos ciúmes dela, a pessoa que de tão inconveniente nunca chamava para conversar e nem dava bola.

Com bem menos enters, letras e palavras, eu rebati tudo dizendo que a reciproca era verdadeira e que você - sim eu sei que você tá lendo essa porra! - é um inconveniente que não tem educação, que fica enchendo os outros com seus problemas. Além disso é frustrado porque eu não sou aquilo que ele idealiza que deve ser um amigo, uma pessoa boa.

A troca de farpas continuou, falei bem pouco, aliás, só um irônico "feche a porta ao sair" quando você me disse que ia sair, após ter dito que sou uma farsa, um pseudo-intelectual, que me acho, ingênuo que acredita nos elogios das pessoas e que X e Y viram isso, por isso que eles nem falam mais comigo.

Ora, Y viu isso em mim e em todo mundo, por isso que sumiu apesar que aparece de vez em quando me falando brigadeiros. Já o X aparece de vez em quando também, mas conversa sempre comigo, do jeito dele é claro, mas me falou o que ele pensa de você, coisa que eu não especifiquei por uma questão de ética e você disse que não te afetava, não te feria. Mentira! A sua negação é uma rejeição ao que você sabe, a sua própria vontade de ser adorado pelas pessoas mas incapaz de lidar com o contrário.

Depois ela me deixou um scrap no orkut fake, disse que o que as pessoas diziam ali para mim era apenas o que elas falariam antes de conhecer a minha outra face. Me deixou um depoimento dizendo que o frustrado sou eu, filho único, que não vai casar e nem dar netos para os meus pais e que vou viver com um macho em cima de mim. Voltou ao MSN, me disse o que havia feito e fez a gritaria mais louca do mundo. Provando aquilo que eu disse antes, que você se comporta como um adolescente embora aproxima-se dos 30.

gay

É claro, eu recusei o depoimento, excluí o scrap, ignorei e deletei o sujeito no perfil fake como no social, por questão de segurança.

Você implorou para que eu te bloqueasse também enquanto eu assistia e agia em silência para que eu provasse que a minha inferioridade em relação a você. Inferior eu? Ou será que você que vem me pedir a fórmula mágica do bem-viver todo dia como se eu a tivesse e não só a humildade de dizer que eu não sei e não tenho.

Minutos depois volta, diz que um tal de Vander pegou a senha dele, mandou emails aos amigos dele ofendendo-os e perguntou se eu acreditava nisso. E eu? Me convencia que a melhor vaia é o silêncio para quem quer louvores.

 

Disso ficou claro que você é um bajulador, invejos, falso, mentiroso, covarde, hipócrita, além de ser o verdadeiro insensível, egoísta, pseudo intelectual e inferior. Veio chamar justo eu que ouço Rolando Boldrin e faço uso da minha variedade de língua regional de caipira enrústido.

Agora eu pergunto e daí? Sou homossexual, mas quem tem que me amar, que são meus pais, me ama. Os seus não te aceita. E quem  disse que eu quero casa? Casar é paranóia sua que gosta de seguir as conviências cristãs ditadas como sendo dos bons costumes. Além disso, você não entendeu que meu negócio é homem? Em cima, por baixo, de lado, sendo homem e bonito e gostoso para mim é realização.

E viu tanto que eu sou inferior, escrevi mais para você em uma postagem do que para minha mãe. Realmente, ciúmes é uma coisa que eu tenho demais por você.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

6º dia pós saída - finalmente a psicológa


Com relação aos meus pais, nada de relevante conversei com eles. Não tocamos no assunto, não que evitamos, é que não precisa tocar nele. Além disso, eu sou reservado quanto a ele. O que conversei com meus pais se limitou a outras coisas banais. Uma coisa é certo, aqui em casa não dialogamos muito principalmente porque eu e meu pai somos reservados.

Minha mãe pergunta de tudo, até o que não tem importância se deixar. Um exemplo, ontem liguei para minha vizinha e falava sobre coisas da Universidade e nada além disso, minha mãe perguntou depois se ela arrumou empregada, como se eu tivesse interesse em ligar para saber disso.

Mas deixe minha mãe para lá, o que foi realmente interessante hoje foi ter ido pela primeira vez esse ano a terapia. Entrando no consultório;

- Então, como você está?

- Fora do armário!!!

Então contei com a riqueza de detalhes e um certo estresses para não esquecer outros que acho relevante o que aconteceu nos últimos dias. Outra coisa também é certa, eu não sou conciso, me perco em parenteses e em "recordar-é-viver's" com perdão do neologismo.

Ganhei muitos reforços positivos por parte da terapeuta que ficou contente com a grande revelação do dia 08 de janeiro de 2009 e com a serenidade, o controle que a minha razão exerceu sobre as emoções, algo imprescindivel com a dramática da minha mãe. Sobre a minha mãe ela disse coisas que eu já sabia mas que é importante ouvir para não esquecer e incorporarmos, tanto é que algumas delas eu não incorporei ainda, mas leva tempo.

Pelo perfil que descrevo sobre a minha mãe, a terapeuta não acha nada imporvável que ela vá chorar por mais algum tempo, talvez um ano, um ano e meio. Nada como tem sido esses últimos dias, mas é possível que ela se sinta frustrada novamente.

Por fim falei do encontro de amanhã com um rapaz daqui de Goiânia que conheci via internet. Nos encontraremos aqui no bairro mesmo e eu tenho vontade disso, até onde eu sei não vamos fazer nada além do que simplesmente nos encontrar. Falei o que penso disso, para mim é interessante conhecer rapazes que tenham semelhanças comigo. Assim eu conheço não só mais do mesmo, mas também as peculiaridades de cada. Sem contar que eu potencializo algo que sinto muita falta nessa Goiânia, amizades e quem sabe uma relação afetiva mais intensa, sim um namoro.

Sobre o rapaz não disse muito sobre ele, aliás, muito pouco. Limitamos mais a dizer da minha mal pré meditação de como sair de casa na noite de amanhã para ir vê lo. Acho que direi que vou a casa de algum conhecido que não vai ligar para mim me perguntando onde estou, sendo que meus pais acreditam que eu estou na casa deles.

Por mais livre que eu sinta, não me conforta dizer para os meus pais, mesmo que eles saibam de mim aonde vou, o que vou fazer e com quem. No entanto da forma que eu ainda fui criado é quase que instintivo dizer para eles isso e a terapeuta foi enfática, os pais não querem saber o que os filhos fazem no íntimo sexual. Não diga nada se eles não perguntarem e nem além do que perguntarem, eles também precisam de um tempo para digerir a situação.

E quer saber, eu concordo. Por fim, fui a uma lan house imprimir um curriculo meu para a Mah levar uma empresa que está fazendo seleções. Eu estava de carro e como contornar a quadra dela é complicado pois no final da rua começa uma chácara, dei uma ré até a esquina que ela e sua irmã olharam a minha maestria em dirigir. Há sete meses eu que não tinha carteiras, elas ainda estão tirando a delas. Boa Sorte meninas!

5º dia pós saída











Nada de novo aconteceu. Parece que finalmente minha mãe está se conformando e deixando o dramalhão mexicano de lado. Agora quinta-feira irei vê um rapaz aqui no meu bairro mesmo. Mas é sem compromisso. Só conhecer mesmo, não sei se conto a verdade ou se dou uma desculpa qualquer. Bem, é isso.

 

Até a próxima, aqui, no mundo de Beckman. [/deu saudade dos programas que eu via na infância]


P.S.: O Marcel_Duchamp deixou um comentário sobre o Word 2007, mas como não consegui dar uma resposta, nem mesmo no Orkut falo aqui mesmo. Melhor do que o Word 2007 é o Windows Live Writer que descobri suas funcionalidades pouco depois. O Writer também tem uma interface intuitiva, só que tem mais recursos, entre ela reconhecer automáticamente como é configuração de layout do blog. O Windows Live Writer pode ser baixado no mesmo pacote que vem o Windows Live Messenger 8.5 e sua maior vantagem é ser compacto, 5MB, o que não é muito comum quando se trata de Microsoft.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

4º dia pós saída

Nada de incomum aconteceu hoje. Meus avós ficaram na casa dos meus tios e foram embora hoje pela manhã para o interior. Só cumpri um compromisso que planejei para hoje, mas quanto ao restante de amanhã não passa.

Minha mãe chegou do serviço e me perguntou quanto tempo faz que temos computador em casa. Eu respondi três anos e ela disse que esse computador só deu tristeza para ela. Engraçado, sempre quando veêm gente aqui em casa ela fala as maravilhas do que é ter internet, computador. Computador, banda larga, tv a cabo, microondas, geladeira duplex, máquina de lavar, tv de 29 polegadas, coisas que antes desse período eram sonhos e com o passar do tempo fomos conquistando. Mas voltando a minha mãe eu entendi o que ela quiz dizer com o que vem ser tristeza.

Meu pai chegou do serviço eu fui tomar banho. Está certo que nem eu e nem minha mãe estavamos muito comunicativo, mas parece que minha mãe escolheu meu pai chegar para ficar calada com uma cara de quem não comeu e não gostou sentada no sofá. Enquanto me vestia no meu quarto ouvia ela dizendo que está sofrendo muito, que ela é fraca, que não aguenta, que ela quer uma pessoa instruída para ajudá-la. Saí do meu quarto e fui até a sala e me sentei no sofá e perguntei se era sobre mim que minha mãe chorava e tive um sim como resposta.

Tanto eu, como meu pai, num tom conciliador ficamos a explicar para minha mãe que tudo isso não é o que queremos, mas a vida não pode parar, que não existe outra coisa a não ser se conforma porque isso não muda. Sobre ela ser fraca eu disse que ela para sempre será se ela se convencer disso e que eu enfrentei isso sozinho primeiro que eles com 12, 13 anos de idade e estou aqui, firme, forte e dormindo muito a noite.

Nisso eu fiquei sabendo de outra coisa, que meus avós vieram para Goiânia justamente por causa de mim. Para amparar meu pai, que aceita e tudo mais, mas principalmente a convencer a minha mãe que as coisas não são como ela desejou um dia. Fiquei sabendo que meus avós sabem de mim e me cativou muito saber que eles esconderam o conhecimento deles no armário. Ou seja, eu nem sabia esse tempo todo, só desconfiei.

Então, minha mãe ainda não digeriu ainda a minha condição. Acho que ela se apegou e continua se apegando demais a isso. Não consigo entender porque uma pessoa se alienia tanto a um detalhe da outra por mais que tenha amor. Mas eu sinto que vou vencer, minha mãe mais cedo ou mais tarde também cede, ela só não muda imediatamente porque sei lá, quer mostrar que está sofrendo. Talvez tenha uma carência, quer que o mundo pare para ela quando faz os dramalhões mexicanos dela e eu e meu pai ficamos como dois interrogadores da KGB, frios.

O Brasil não é um Estado Liberal

Um Estado liberal é aquele que não faz distinção de tratamento com suas leis e políticas entre os indivíduos em função da decisão que cada um toma a respeito do que é seu como o corpo, a vida, os pensamentos, as emoções. Isso não acontece no Brasil.  Aqui existem várias distinções que dão a um grupo mais ou menos direitos e condições sobre o outro, o que promove uma sociedade injusta.

Os exemplos são variados, vão desde a diferença na idade e no tempo de aposentar entre homem e mulher, passando pelo alistamento militar obrigatório para homens - o que já está errado por ser obrigatório em um Estado denominado democrático, aos direitos civis que os heterossexuais possuem e os homossexuais não possuem. Também temos como exemplo a omissão do Estado no combate aos preconceitos e restrições que um grupo sofre mesmo que esse grupo também financie o Estado.

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Está equivocado quem pensa que somos livres no Brasil. Os homossexuais são oprimidos de várias formas e de jeitos não escancarados. Aqui os heterossexuais podem firmar uma união civil, deixar herança para os seus companheiros e os homossexuais não. Essa diferença é injusta seja porque faz distinção, seja por nega direito a um indivíduo por uma característica que não é levada em conta por exemplo na hora de pagar impostos. Outro exemplo, os heterossexuais podem afirmar a sua sexualidade, nada acontece com eles, um homossexual se empreender o mesmo será constrangido.

Então numa visão reducionista vão dizer "Ninguém está perguntando nada sobre o que a pessoa é ou se sabe que não vai ser aceito fica calado".  No entanto o calar é uma censura proveniente dos preconceitos, dos padrões sociais assim como o não ser aceito. Por esses motivos muitas pessoas, mesmo que homossexuais, preferem omitir e até afirmar o contrário a respeito de sua sexualidade.

Então vem outra falácia, quem está no Armário não tem que ficar falando sobre militâncias sociais. Porém, estar no armário é um protesto contra, a suposta, obrigação de quem se reconhecer como não heterossexual sair afirmando para todos que é assim sendo que a sociedade é resistente e muito hóstil a essas condições. Também, estar no armário não significa que o indivíduo é alienado e não é capaz de fazer uma crítica reflexiva a respeito de temas como os que envolvem cidadânia, inclusive a LGBT. Por fim, estar no armário não impede a pessoa de promover mudanças em favor de uma sociedade mais igualitária e justa. Existe as manifestações de vontade anônimas e pontuais que por serem assim passam desapercebidas, no entanto essas manifestações tem grande poder de influência e o que faz diferença para que elas sejam predominante é a quantidade de vezes que surgem.

O que se tem no Brasil é um Estado grande, pesado, lento, burocrático, caro, contraditório e intervicionista. Prega a liberdade, mas obriga os homens a servirem alguma Força Armada. Não deixa o indivíduo escolher o que faz com o corpo, como é o caso das mulheres serem criminalizadas por abortarem. Não deixa o indivíduo escolher o que faz com a vida, como é o caso de alguém que é obrigado a viver em estado vegetativo mesmo que quando consciente ela rejeitasse essa possibilidade.

O que o Estado brasileiro precisa são de mudanças em suas leis e política para que se possa dizer que o Brasil é liberal, democrático. Essas revisões estão acontecendo, mas a passos lentos. Um grande desafio é enfrentar a resistência de direitas conservadores, religiosos que se fundamentam na religião para decidir sobre o bem comum. São classe que por serem beneficiadas com as diferenças existentes insistem em dizer que não existe preconceitos, discriminação ou barreiras e que por desconhecerem realmente a natureza ou por má intenção chamam qualquer atitude que contradiz essa tese de comunista. 

Falam assim pois para eles é interessante que continue a existir essas diferenças e se sentem ameçados com a afirmação, que o que se quer, e não a imposição, das minorias, ou nem tanto como é o caso dos grupos etnicos e feministas. No dia em que essas mudanças acontecerem aí sim seremos liberais.