Uma reflexão sobre a convivência e o amor baseando em fatos.
Quando se mudaram para cá eram um simpático e sereno casal de bons velhos. Retirantes e embora os anos de Planalto Central ainda conservavam o sotaque arrastado do interior do Ceará. A fé protestante se entrelaçava com a humildade, a pouca ciência e achavam tudo biblíco e abençoado, as crianças gritando pela rua, o céu cinza avisando que vai chover. No fundo duas almas leves.
Hoje a velhinha ainda continua com o seu jeito sereno e simpático, mas embora more com a filha caçula e os outros filhos, netos e bisnetos venham visitá-la aos finais de semana, é notável sua solidão e sua carência. Ela não gosta de falar do passado mais como antes, porque quando fala lembra de quem a acompanhou na maior parte da sua vida. Suspira, os olhos transbordam e solidarizo com ela.
Juntos construíram conseguiram só ao final de suas vidas construir uma casa descente e confortável para viverem. De frente a essa casa, quando saio da minha a vejo sentada que ascena e depois continua a olhar para o infinito. Dá a sensação de que para onde olha é onde está ou por onde se chega ao seu velhinho.
Especulo comigo mesmo o que faz alguém como ela sentir tanta saudade dele. Por que embora esses quatro anos da morte dele, ela ainda está a chorar e ainda lamenta? O que tem no céu e porque olhamos para ele quando desejamos ou sentimos saudade? Será que o céu representa visualmente a distância que ela sente? É saudade ou é amor o que torce a garganta e escorre lágrimas? Ou será que a saudade só existe porque existe primeiro o amor?
Se é amor o que ela sente é então o mais nobres do sentimentos. Sei que isso é brega, mas é sincero, desejo ter alguém para que eu possa, mesmo que isso seja dolorido e mesmo que eu queira ser tão racional e acomedido, ter alguém para chorar assim na mais avançada das idades que eu conseguir viver, caso o meu suspiro venha depois.
Na Universidade existem muitos rapazes bonitos e que são estudantes. Existem uns poucos funcionários públicos jovens e bonitos. Mas funcionários são bem menos do que estudantes.
Mas o meu curso não é bem o lugar em que estão matriculados os rapazes mais bonitos. Eles estão em outros cursos, acredito que nos mais elitizados – entenda os mais concorridos. Apesar disso existem por ali colegas que me são bonitos.
Bom, ultimamente desisti de reparar os outros alunos, assim como todos homens, tentando saber se eles são homossexuais e então pensar se possível. Mas agora eu me dou por vencido, não consigo indentificar quem é colorido ali a menos que alguém me fale ou seja a criatura cheia de trejeitos efeminados.
Assim sendo me vejo numa situação de conflito entre a curiosidade e a insegurança. Tenho medo de me confundir com as expectativas que tenho e acabar me expondo no final, ficando de tal maneira constrangido e constrangendo outras pessoas. Também tenho curiosidade para saber se as minhas expectativas são verdadeiras já que se realmente forem será algo de muito bom grado.
Bem, vamos contar a história pelo começo. No ano seguinte ao que eu entrei na Universidade, novas vagas para o meu curso foram abertas e outra turma foi formada. Com a nova turma veio um novo colega que a partir do segundo semestre cursou algumas disciplinas comigo e participou de eventos também.
Apesar que eu tenho um bom relacionamento com toda a minha turma, acabei me inserido em uma panelinha no começo do curso ainda. Esse novo colega se inseriu na nossa panelinha quando cursou algumas disciplinas conosco e algumas vezes pegou carona com a gente depois da aula.
Principalmente nas caronas notei que ele tinha uma preferência em conversar comigo, princiaplmente para me ouvir. E até hoje nos corredores da faculdade, quando nos encontramos comprimento ele de um jeito tímido e que pode ser talvez confundido com indiferença.
E indiferença é o que me parece ele não ter para comigo, me comprimenta com largo sorriso e sempre citando o meu nome, que eu não gosto.
Que ele seja atencioso só comigo pode ser só impressão minha, pode ser que ele seja antencioso com todos. Mas pode ser que ele seja atencioso só comigo, que é o que mais me parece mesmo que eu não confie em minhas expectativas.
Se ele for antecioso realmente faço uma indagação, por que ele é antecioso comigo? Não é uma inteligência que eu possa ter que o atraía, ou atraí, para conversar comigo, pois não falávamos de assuntos cults, vamos colocar assim.
No meu gaydar eu não confio, mas ele me faz pensar uma coisa. O colega em questão tem suas amizades masculinas, não tem trejeitos efeminados, mas tem alguma coisa que me faz pensar que ele talvez não vá ser heterossexual, que ele pode ser homossexual, ou bi, só que discreto, o que eu acho adorável.
Então eu penso que ele seja homossexual, ou bi, e tem um gaydar competente que me detectou. Me detectando isso deve repercutir nele uma afinidade que deve ficar só na afinidade mesmo ou talvez numa amizade ou até algo mais.
Se isso mesmo eu não sei, sou sonso para perceber essas coisas e sou tímido. Fico constrangido, eu sou daqueles que díficilmente toma iniciativa, porém com uma vantagem, não me martirizo caso o que eu queira, pense ser o melhor, não aconteça.
Pois bem, daí que eu não sei até quando vou aguentar essa curiosidade retida pela insegurança. Pois tenho medo de correr atrás, ir me aproximando, começar a acreditar, a acreditar e chegar na hora cair do cavalo. Cair do cavalo é o cara falar que não é homossexual e acabe expondo minha condição, o que não é bom para eu que prezo uma descrição.
Ao mesmo tempo também penso que tudo pode ser expectativa, pois se o coleguinha for mesmo colorido e estiver interessado também ele poderia ter tomado iniciativa, partindo do pressuposto que ele se interessa por mim a mais tempo do que eu venho desconfiando desse interesse. Pode ser também que ele não tenha iniciativa e seja um medroso como eu.
Enfim, eu queria sintetizar o que eu penso a respeito dessa sinuca de bico e aqui estou. Vamos ver se eu vou colocar outro NÃO na minha coleção, nesse caso o das respostas que NÃO procurei.
Essa fotografia foi feita com a câmera do meu antigo Samsung X660 com resolução de 1,3Mpx. Na época só a Vaca Profana, entre as pessoas mais importantes da minha vida, sabia da minha homossexualidade. Foi nessa época também que comecei a ler Psicologia da Educação e estudar a história e a compartimentação espacial do meu estado. As melhores disciplinas que fiz no 4º semestre.
Essa foto foi tirada ano passado mais ou menos nessa época. Lembro da ambiente mais agradável que é o Bosque dos Buritis, no Centro de Goiânia, devido à sombra e ao silêncio das árvores e o principal, a úmidade provocada pelo chafariz da fotografia.
Na verdade o que menos quero com essa postagem é falar dessa imagem. Quero mesmo é testar o Windows Live Writer e ver se ele se sai como uma ferramenta funcional e prática para postar no blog. Se você estiver lendo essa postagem é porque deu certo.
Enfim, de volta a Universidade. Lugar abençoado, moradia do conhecimento e da ciência. Reduto de crítica e reflexão e o melhor de tudo, a internet atinge 1Gbps.
Apesar dos exageros, a Universidade é um santo remédio para apatia. Melhorei bastante, emboré continue apático. As discussões, as novas idéias e os compromissos, bem como as pessoas acabam sugando alguma atenção por parte da gente.
Me Incomoda saber que percebem minha apatia e vão eles perguntar “Que cara é essa?”, “Está entediado?”. Bem melhor sem sombras de dúvidas do que me perguntaram esse final de semana no interior “Comeu bosta foi?”.
Universidade é uma coisa que reacende a gente. Faria nutrir esperanças se já não fosse a descrença, meu modo de me defender das quebras de expectativas.
O rapaz cheira bem, é bonito, tem dentes lindos, é comunicativo e se tudo der certo vai pegar carona conosco nesse dia da semana. O que desperta ainda mais as fantasias são os pêlos e o semblante que lembra o falecido.
Para quem não sabe ou não se lembra, Falecido foi um sujeito peludinho, simples, tímido e o principal, lindo que encontrei lá na Universidade. Não é que ele seja falecido, mas prefiro tratá-lo assim e enterrar junto sentimentos que ainda nutro.
E daí que embora esteja muito vivo, ainda bem, o Falecido não vai ressuscitar e o novo gatinho com duplos brincos na orelha provavelmente é heterossexual e mesmo que não for, eu não vou ter coragem de descobrir e se descobrir ele não está nem aí para mim.
P.S.: Meu vizinho ouvia essa música enquanto eu digitei boa parte desse texto. Não é nada inspirar, mas a minha arrogância pseudointelectual torna essa música aqui um artefado imbuído de humor.
Esse foi o período de férias mais sem graça que tenho na memória. Não fiz nada de diferente a não ser ficar resfriado, desregular o meu relógio biológico, ficar até altas horas no Skype (o que foi digno) e estudar até o segundo final de semana de Julho. Desenvolvi uma apatia a muita coisa.
Diante da apatia mudei o nome desse blog. Doravante eu denonimo-o Em Parafuso Horizontal. Em dois anos e meio de blog nada de muito radical mudou na minha vida. Acho tudo sem graça e o que sobra com pouca graça.
Apesar disso estou satisfeito com o desenvolvimento do meu blog. Novos seguidores, maior número de visitas, maior número de postagem e qualidade questionável. Vale a pena investir nesse recanto porque gosto de vocês.
Ouvi a entrevista do Dr Cohen ao Gato de Cheshire. Adorei, mas não respondi porque estou apático. Interessante é como nós imaginamos errado as vozes das pessoas. Tomara se um dia eu encontrar o Dr Cohen eu não descubra que eu imaginei ele errado. Apesar de Dr Cohen ser psicólogo de RH ele parece humano.
Comecei a investir mais no Twitter depois que até a Kia Motors se tornou minha seguidora. Através do Twitter é possível ter várias fofocas de artistas que na minha entrevista respondi ao Gato de Cheshire, na minha entrevista no Yag, não ser algo blogável. Mas mudei de idéia.
Através do Twitter estou "seguindo" várias celebridades. Fernanda Souza assiste Discovery ao invés de Caminho das Índias, novela que Ana Maria Braga assiste e pergunta se existe alguém tão mal assim. Assim como eu não sei, não vejo novela.
Líamos e comentávamos sobre a notícia de que o Conselho Federal de Psicologia puniu Rozângela Alves Justino, uma senhora que embora uma Universidade tenha dado a ela o título de psicóloga, o CFP pode cassá-lo. Mas o CFP não cassou, deixou Justino continuar a ser chamada de psicóloga e, por assim ser, ser procurada como tal pelas pessoas.
Talvez não seja ético da minha parte pensar que o correto seja tirar o título de psicóloga das mãos de Justino porque não sei o que contém o processo aberto contra ela e muito menos sou psicólogo, de psicologia conheço algo pouco além do senso comum. No entanto me agradaria mais se uma ação mais radical fosse empreendida pelo CFP, uma cassação.
Até agora, eu que sou mero expectador e leigo, fico sem resposta para algumas perguntas. Quais são as teorias que Justino levou em conta para dizer que precisam de tratamento os homossexuais que não querem mais ser o que são? Por assim ser, qual teoria Justino utilizou para elaborar um tratamento para os homossexuais? Essas teorias não foram refutadas por outros profissionais cientificamente? Se Justino não se baseou totalmente em teoria alguma, que método científico ela usou para chegar aos diagnósticos e tratamentos?
Mas penso que nenhuma dessas perguntas sejam necessárias, deveria eu perguntar se Rozângela Alves Justino utilizou algum método científico verdadeiramente e não, pelo que apresenta a mídia, apenas os preceitos morais e religiosos dela.
Fica claro também que para muitos dos que apoiam a mulher do Rio de Janeiro processada pelo CFP, pouco importa o método científico. Para quem apoia aquela senhora o que importa são as crenças - para mim superstições, e a moral - tão relativa conforme a cultura, sociedade e tempo - que foram utilizadas por ela para elaborar diagnósticos e tratamentos.
Porém não é necessário a mim ser psicólogo para saber que a Psicologia é ciência e, por assim ser, os profissionais da área são cientistas por lidarem com ela. Assim, quem apoia a manutenção de Justino como psicóloga deve levar em conta isso. Então não me preocupo nesse caso com a opinião do grande público que, pelo que indica, julga na maioria absoluta das vezes com senso comum (moral e superstição). Me preocupo nessa hora com a opinião de quem está no Conselho Federal de Psicologia. Tomara eles terem agido então levando em conta o que a Ciência exige, pois não vejo coerência em deixar continuar psicólogo quem usa de senso comum.
Lembrando que senso comum tem em qualquer lugar e se dependesse nesse caso de senso comum não precisariamos de psicólogo, sou arrogante ao dizer que eu me bastaria.
Ao mesmo tempo me sinto violentado, pois sei que não sofro de nenhuma doença, desvio ou outra categoria cujo significado não domino por não ser psicólogo, que me faz ser homossexual. E me sinto um tanto quanto derrotado sabendo que pode ter sido sorte minha ter parado no consultório de uma profissional que me auxiliou no meu processo de autoconhecimento e autoaceitação, mostrando a mim que os problemas em ser homossexual não pertencem a quem é em muitos casos. Mostrando que as vezes os problemas pertencem a quem não é e não consegue lidar com isso, talvez porque também é um homossexual.
Me sinto irritado também por causa desses sujeitos que se fantasiaram de heterossexuais, não para a sociedade, mas para eles próprios e foram para a porta do CFP protestar contra a ação do órgão. Evidentemente acabamos desenvolvendo uma afeição pelo profissional que nos acompanha e certamente fica mais difícil questionar algo que ele diz, pois pressupomos que o que aquela pessoa nos diz é sempre verdadeiro. Mas essas vítimas de Justino são responsáveis pelo próprio fracasso também.
Como homossexual não me entra na cabeça que alguém consiga dar mais credibilidade a um laudo técnico - que embora não deva ter, não é garantido que não tenha nenhuma manipulação como a dogmática e moral que parece ter acontecido no caso de Justino - do que a própia consciência. Comparo um laudo que me diz doente por ser homossexual a um laudo que tenta me convencer que não existo, que o quê penso, sinto, vivencio não existe, que eu nunca existi.
Outra coisa que é incomoda são os comentários que refletem e repercutem o que parte da opinião pública embebida e perdida no senso comum está a pensar da situação. Confundem, conforme li em comentários de reportagem, a censura que sofreu Rozângela Alves Justino com falta de democracia e não com um órgão em nome de centenas de profissionais querendo organizar e dar credibilidade a profissão que possuem. Assim também como não acham antidemocrático alguém que deve ser imparcial impor, de forma sútil, aos outros suas crenças e valores.
Incomoda também o ingênuo e raso pensamento, acreditando que o homossexual infeliz com sua CONDIÇÃO tem o direito de se curar (sic) e procurar Justino para tal. Em uma comunidade compararam um homossexual nessa condição a um obeso que procura um endocrinologista. Obesidade é um estado e de fato é um mal, a homossexualidade é um condição, que acredito inerente ao indivíduo desde o nascimento, e não é uma doença. A homossexualidade é apenas uma, às vezes a infeliz, condição que a ignorância e o fundamentalismo fariseu das pessoas as impedem de aceitar.
Então tolerar que uma pessoa use a autoridade que uma profissão confere para enganar pessoas é comparável a quem mata outra pessoa, culposo ou dolosamente, quando a "vítima" queria suicidar.
Também não entendo porque a homossexualidade incomoda tanto aos heterossexuais, se é que são realmente heterossexuais. Que critério utilizam os cristão para relativizar o que a sua Bíblia diz sobre questões como incesto, escravidão, guerras, sacrifícios e não a homossexualidade, ou homossexualismo como preferem, palavras que sequer existem na Bíblia greco-romana?
E dá medo também quando olho para o peso que a religião ainda tem em nossa sociedade e o desejo dela para se infiltrar, novamente, em um Estado, que prentende e deve ser laíco. Há quem veja isso como importante, mas se não determos pessoas como a bancada evangélica no Congresso e as atitudes como a greve de fome de padres e bispos contra o aborto, abriremos precedentes para quê, com o discurso que se utilizar e da forma que se utilizar, tenhamos no futuro uma democracia de mentira como a do Irã.
Religião e Estado não devem se misturar, ainda mais em um país em que as pessoas não leem, em que as pessoas acreditam que Política, assim como Religião e Futebol, não deve ser discutida, em um país cuja Educação é conteúdista e não qualitativa, em um país que conforme o discurso as pessoas mudam facilmente de opinião.
Dá medo quando vejo mensagem de apoio de evangélicos, católicos querendo inclusive articularem contra a ação do Conselho Federal de Psicologia. Dá medo, pois eles acreditam que um órgão oficial e regulamentador, a exemplo de todo Estado e de toda sociedade, deve atender aos preceitos morais e dogmáticos de sua facção religiosa, a cristã, por essa ser a dominante. Dá medo porque não se deram conta que não são a totalidade e que não é porque são maioria ou acreditam em algo, os demais indivíduos e as instituições devam se sujeitar aos preceitos deles.
Em Goiânia Inverno é a palavra que precede o Inferno. Embora o inverno só acabe oficialmente e em muitas cidades no Brasil lá no 22º dia de setembro, com o equinócio de primavera, em Goiânia o Inverno acaba sempre em julho. A partir de agosto começa uma quinta estação, o Inferno.
O inferno como o próprio nome diz, é um inferno, é insuportável. Por enquanto calor está fazendo só durante o dia, assim como no inverno. As noites ainda estão fresca e eu, ciente do que virá pela frente, sinto mais saudades dos 12°C que fizeram há três noites.
Na prática o inferno pega tudo que tem de ruim no inverno, só que torna tudo muito pior. O ar é mais seco como nunca, o céu é mais poluído como nunca e as altas temperatura são constantes. Em breve não conseguirei dormir mais com duas colchas, nem com uma. Um simples lençol me provocará super aquecimento.
Enquanto isso, eu como pobre pobre que sou irei me virar como puder com ventiladores e tentativas de banhos frios, que são ilusões aja vista a quentura que a água desce da caixa d'água. O bom nisso é que nessa época bebo mais suco do que nunca, assim como uso filtro solar.
Nessa época não se fará mais 33° porém com baixo índice UV, fará 38° durante a tarde à sombra e a pele queimará. Fator 40 é a melhor escolha, mas vou terminar o frasco com fator 30.
Provavelmente chova nesse período, uma duas vezes, mas serão fortes temporais que derrubarão sobre os carros e a fiação as cinquentenárias mugulbas de raízes pobres, mas de boa sombra. Mas assim como os estragos, a horas sem energia e por assim ser sem internet, e os problemas causados no tráfego viário, a refrescância e a umidade da chuva serão temporárias. Depois disso fará mais calor do que antes.
Quanto ao meu coração, graças a minha situação de acomodado e vegetal, ele ficará na mesma. Minhas lamentações ranzinza de filha virgem do fazendeiro também. Embora seja insano me comparar a uma Santinha da novela Paraíso por exemplo, porque eu não transo com ninguém.
E citanto indiretamente Marcelo Nova em sua Isso é Só o Fim, esse calor insuportavel não abrandará o frio da minha alma.
P.S.: O autor desse blog está passando por uma crise epistemológica - sonha e pede um pônei Well. Não sabe o que escrever e para que escrever, no mesmo instante que se dá por satisfeito se sente ridículo e forçado.
Porém aproveitou o período e as suas impressões sobre o clima da sua cidade para inserir um novo contador de visita, que parti do zero agora. Diferente do anterior, esse novo contador conta efetivamente a quantidade de visitas ocorridas num período de tempo.
O anterior contava como visita inclusive as minhas intervenções no blog, ou seja, daquela 1810 visitas da contagem anterior, boa parte era falsa.
Eu adoro animações e não tinha assistido ainda Wall-e, animação gerada pela Pixar, uma divisão da Disney. Aproveitei os temporários e em vias de acabarem super poderes da minha conexão de internet e baixei por torrent o dito filme.
Assistindo o filme fiz muitas assimilações para comigo e meus hábitos de consumo. Apesar de que eu procuro reduzir ao máximo reduzir as embalagens, os produtos descartáveis e por aí vai. Porém fiz assimilações com o meu estado de espírito também, principalmente as emoções.
Na Terra está Wall-e, o velho e simpático robozinho, a empilhar o lixo. E logo vou me identificando com ele, o jeito árido da paisagem, o tédio da rotina, o passageiro entretenimento das quinquilharias e a solidão do robô constituem o meu retrato emocional.
Em casa Wall-e assiste seus vídeos, não os pornôs como eu, mas aqueles românticos em que as pessoas estão apaixonadas e de mão dadas. Comigo a diferença é que fico ouvindo essa Ana Carolina aí. Me chamou a atenção quando Wall-e vê o casal na velha TV de mãos dadas e não tem ninguém para dar a mão.
Finalmente chega Eva vinda do espaço. Tá, não precisa que ninguém venha do espaço. Pode vir de outro lugar, sei lá, do ônibus, da entrevista de estágio que segunda feira – odeio entrevistas, sei lá.
No começo um estranhamento entre Wall-e e Eva. Estranhamento semelhante ao que eu tenho com algumas pessoas antes de dizer, “caraca como ele é bonito”.
Daí o que o Wall-e vivencia o que eu nunca vivi, com exceção da parte de ficar o tempo todo olhando para o outro admirando a beleza e mentalizando os desejos por ela, não os sexuais que irremediavelmente eu acabo imaginando muitas vezes.
E lá vai o filme falando dos hábitos de consumo, do consumismo, do não faça nada – outro ponto com que me identifiquei, e a história flui até que o Wall-e e Eva vivem felizes para sempre. Fim.
Não tem fim essa minha vida monótona, sem nada para fazer, cheia de adiamentos, omissões e não faça nada. Estou vegetando e a minha mãe não sabe o quanto isso é bom para ela que não aceita minha sexualidade. Ela acha que eu sou simplesmente gay. Ela se esqueceu ou não se deu conta que não comer meninas é só uma pequena parte, rola muito mais do que isso e que não viver o resto da vida dentro desse quarto ou indo pendularmente aquela universidade ou a um emprego que suponho um dia ter.
Enfim, eu gosto de animações e as acho cults, contrariando as verdades feitas dos pseudointelectuais que acham Cult só os filmes europeus ou os dos EUA que não possuem final feliz. Gosto das animações por causa do jeito sutil de tratar os temas. Tão sutil que às vezes penso que até exagero minhas interpretações.
Quem já assistiu o primeiro filme de Madagascar? É só eu ou alguém conseguiu estabelecer alguma conexão entre a homossexualidade e o Leão que não conseguia controlar seu desejo por comer carne, tanto é que às vezes enxergava o seu melhor amigo, uma Zebra masculina kkk, como um grande bife?
Animações são divertidas e inteligentes, gosto da crítica feita aos contos de fadas e suas idealizações apresentada por Shrek, da empatia de Irmão Urso, do convívio com as diferenças da Era do Gelo e por aí vai.
Então, assistam Wall-e quem não assistiu, apesar que não acredito que vocês vão se sentir carentes como eu me senti assistindo-o e após o fim baixar sua trilha sonora.
Acordo e é quase meio dia. Não gosto desse horário para acordar, dá uma sensação de vadiagem e é como se tivesse pouco dia para viver. No entanto o que viver durante o dia eu não sei. Mas enfim, acordo quase meio dia.
Ouço os carros correndo no bairro vizinho, vento soprando nos bambuzais das chácaras e a gritaria dos pirralhos que acordaram primeiro que eu para empinar suas raias, como são chamadas as pipas por aqui, na rua.
II – Primeira Caminhada
Lá pelas quase 15:00hs saio de casa e vou ao Centro. Nessa época do ano incidência de raios UV’s é mais baixa, portanto 30° na cidade quente durante os dias de inverno parecem até com agradáveis 26°. Os moleques, de férias estão correndo pela rua, me olham e eu com a cara apática não me importo com eles que já estão novamente preocupados com suas bicicletas, raias e bolas.
No mp4 ouço Ana Carolina e o vento continua soprando seco meu rosto e meus olhos ardentes. Não sei por que ouço suas baladas românticas, é para ficar frustrado com aquelas músicas que falam desses finais de relação que nunca tive, pois nunca comecei efetivamente uma.
Lá na metade do caminho não são apenas meus olhos que sentem e reclamam incomodando esses menos de 20% de umidade relativa, meu nariz também responde ao clima provocando uma desconcentrante dor na nuca.
E do alto do bairro dá para ver o Norte, de onde vêm as nuvens de chuva da Amazônia que em outra época do ano estariam chegando nessa mesma hora obesas e negras trazendo consigo um vento com cheiro de terra molhada, seiva e o melhor, úmido. Quando chove a cidade é mais bonita, as flores daquela praça e a grama também ficam mais bonitas com água da chuva e não com a da irrigação.
Sinto saudade, pois nessa época o céu é azul anil profundo. Parece que não tem mais fim e é bonito de se ver. Precisa de cuidado, já tropecei muito e levei muita buzinada olhando para cima ao invés de olhar por onde ando. Eu gosto do verão apesar dos finais de manhãs e das tardes quentes, porém noites frescas e úmidas.
Continua tocando Ana Carolina quando desço do céu, quando não olho mais o céu azul, só que desbotado pela névoa. E lá estou chegando à Lotérica com sua fila, do outro lado do córrego já é possível ver os prédios dos bairros mais centralizados.
III – Notando outros
No fim da fila lá está um de vermelho. Fico constrangido, ele está muito bem vestido e eu em funcionais, simples e livres All Stars pretos, jeans e camiseta e nada além disso. Ele olha, eu disfarço e me arrependo porque o rosto dele é muito bonito.
Xingo-me e penso em ficar mais saidinho, corresponder aos olhares e buscar respostas para as expectativas. Aceito isso como verdade, mas não vou fazer isso agora. Deixo isso para outra hora e que seja melhor. Mas é sempre outra hora e que jeito melhor eu não sei. É só desculpa para mim mesmo.
E a fila vai andando e estou eu analisando com inexplicado constrangimento o rapaz a minha frente. E tento olhar para o rosto dele e ele olha na minha direção e eu disfarço como quem quer saber as dezenas sorteados por Senor Abravanel na sua própria loteria.
O cheiro dele é agradável. Entra pelo nariz e desce para o tórax, causa pequenos tremores. É como se preenchesse um vazio de alma que faz com que eu sinta uma alegria, uma satisfação por não sei o que. Continuo na fila... ai como ele é bonito!
Enfim, cada um em seu caixa pagando seu boleto, ele sai primeiro que eu e quando saio não sei para onde ele foi. Deixa, vou para estação onde reparo o assistente de embarque.
Ele não é lindo, mas faz bem meu estilo. Noto que ele está entediado e sinto dó dele. Deixa também. Quando começo a me irritar com a luz do sol incidindo diretamente nos meus olhos o ônibus chega. Que bom, nem meu nariz e nem meus olhos ardem mais.
Motor ruidoso, nem dá para ouvir a Ana Carolina direito enquanto lá fora, parado no semáforo um playboy num Celta rebaixado. Ele é mais lindo que o rapaz da Lotérica. Daí que pressinto que com um playboy eu não me daria tão bem. Sei lá, acho que temos anseios e linguagens diferentes.
E na hora eu penso em quem? Em você Mystica!!! Fico com raiva do meu gaydar, o cara do Celta é hetero para mim, o da Lotérica também. Só que meu gaydar não funciona não é menina?
IV – Paisagem da Cidade
E vou olhando a paisagem da cidade, não tinha me dado conta que os Ipês já estão florindo tingindo a cidade com rosa, roxo e amarelo. Imagino como vai ficar agosto. Vai ser lindo. Pena esse espetáculo da natureza durar apenas algumas semanas. As ruas da cidade que ficam lindas, aqueles flocos amarelos, rosas, roxos e raramente brancos na altura dos postes e embaixo tapetes coloridos, às vezes em cima dos carros.
Vou plantar um ipê amarelo na porta da minha casa. Vou sim e em cinco anos vai ficar tão lindo. Em cinco anos eu vou morar aqui com meus pais ainda? Acho que não, não quero. Mas vai que moro e quando vier aqui aos domingos quero tirar foto do meu ipê amarelo.
No Centro olho para o Oeste, para onde o Sol está indo. Tenho vontade de segui-lo. Só que seguir o Sol é impossível. Vou em um lugar e a outro, compro isso, pago aquilo, compro sorvete e me sento. Lugar barulhento, não precisa de tantos carros, não precisa de tanto som, não precisa de tanto panfleto.
Nos prédios desbotados alguma arte patrocinada pelo Estado nas grandes e antes vazias fachadas. Quando não, banners enormes mandando as pessoas consumirem, cerveja redonda, falar 20X mais, presentear o pai com perfume do boticário. Acima deles um helicóptero carregando alguém que não tem tempo para o caos daqui de baixo.
A tia de saião e perna cabeluda por detrás do albão lendo com microfone e uma caixa de som anêmica em vista dos motores urbanos está pregando para quem não está ouvindo nada do que ela diz. Três viaturas da polícia estacionadas na calçada do banco que me acusou de uma dívida que nem eles sabiam.
Continuo tomando meu sorvete e me dou conta que desde que cheguei naquele bairro barulhento eu estou com a mania de olhar para as mãos dos homens procurando por alianças. Acho tudo isso um tédio e me levanto, com minhas sacolas ouvindo incomodamente o tilintar das moedas no bolso.
V – Segunda Caminhada
Vou descendo pelas ruas e vou me lembrando de outras memórias, do ensino médio, do que já falei e já fiz em tal lugar com que pessoas em outras oportunidades. Sei que no local que estou tem mais gente do babado do que posso imaginar e muita gente passa a ser suspeita até prove o contrário.
Então percebo e paro rindo ao notar que como que em piloto automático estou indo para o parque lá embaixo, onde ao lado acontece a parada gay daqui. Nesse ano vou à parada, se eu tiver companhia. Viro na próxima esquina, atravesso e na outra quadra, lá na metade dela, eu arrogante aperto a botoeira e faço o sinal fechar para que eu e outros atravessem a faixa para pedestres em segurança.
E olho para as pessoas e me lembro de London, London do Caetano Veloso, só que na voz da Gal Costa. Então penso, “é bom estar vivo e eu concordo”.
Estacionado na grande calçada um possante utilitário esportivo off-road, um Hyundai VeraCruz. Que lindo é ele, adoro carros assim. Quando deixo de olhar feito bobo para o carro e olho para onde ando, gritando comigo está um ciclista vindo em rota de colisão. Deu para perceber que ele era bonitinho e para desviar da bicicleta.
Fiquei puto com aquilo, uma calçada daquela largura ele tinha que vir justo na minha direção e tão rente aos carros como eu? Mas comecei a achar engraçado. Se tivéssemos trombado – putz quem fala trombado?- seria o culpado pelo acidente o capitalismo e o seu consumismo? Pois ao olhar para o carro, que está agora pelo menos longe, das minhas condições, esqueci da vida real e das coisas mais imediatas, como o meu caminho.
Achei engraçado também, pois vai que o ciclista fosse gay. Vai que ali conversando acabássemos confiando um no outro e ficássemos juntos. E acho engraçado porque tudo isso que eu mentalizo é muito novelístico, muito livresco, muito intencional.
VI – Recomendações
Na assistência, onde quase de frente um ipê flori frondosamente, descubro que a Kodak não enviou minha máquina nessa remessa. Mesmo assim amo essa marca, os produtos são de boa qualidade e ainda quando estragamos o produto por descuido ela conserta o mesmo. Comprem produtos Kodak, são bons e não estragam por si só, se estragarem, mesmo que por sua culpa, é provável que a Kodak cubra o conserto, mesmo que ela deixe o seu produto por mais de 30 dias no assistência. Aff cu.
VII – Notando o que eu não quero
Vou finalmente embora para casa. Estou perto da Rodoviária, que é também um shopping super freqüentado por pessoas desse nosso meio, e olho a quantidade de destinos e origens, saindo e chegando a cidade. De repente, entre as gueirobas, palmeiras do cerrado, plantadas no canteiro central da avenida uma velhinha, manca, humilde, semblante sofrido vendendo panos de prato brancos e ornamentados com pinturas e bordados. Eram bonitos e ninguém comprava.
O que era de cortar o coração não era a solidão da velhinha ali naquele semáforo, tentando vender para pessoas isoladas em outros mundos, na verdade bolhas utilizadas como potentes e confortáveis carros. Cortava o coração o seu jeito manco e melancólico de sair da avenida e voltar para o começo do cruzamento, onde esperava o instante em que o trânsito parava para tentar vender seus panos de prato novamente.
Eu senti raiva, da velhinha. Sentia raiva porque ela me deixava deprimido, o que eu estava tentando não ser. Sentia raiva porque ela me fazia sentir responsável. Ela não está no semáforo porque quer ou porque um dia quis. Ela não é a culpada pelo fracasso dela. Culpados são muita gente e uma engrenagem suja tem culpa. E senti raiva dela porque enxergá-la me fazia pensar nisso tudo e saber que eu estou numa situação acomodado.
Pensei, ah que tosco. Outro pensamento messiânico meu. Piaget disse que isso era lá na adolescência e que raiva, ainda estou na adolescência com 20 anos. Senti raiva de mim, da minha comoção e por aí vai. Finalmente chega o circular para me levar para longe dali.
VIII – Finalmente embora
Lá dentro uma pessoa do babado, pena efeminada e demasiadamente feia para os meus critérios de beleza. Achei fofinhas o casal de lésbicas. Após entrarmos no terminal tive a confirmação, as sapas e o gay lá moram no meu bairro. Eita Jardim que está ficando colorido e não é pelas flores ou pelo nome, sim pelas pessoas.
Escrevi nesse embalo e em duas horas, tentando ser espontâneo e não ser autocensurante, seis páginas a respeito de mais um dia em que fiz coisas para mim comuns e nada interessantes. Mas isso me faz concluir o seguinte, o óbvio é complexo. Mas deixa a filosofia de banco de rodoviária para lá, pois já escrevi muito por hoje e não sei se alguém vai ler isso. Mas vai sim e tomara, porque eu quero isso.
Maldita gripe.Começou na terça-feira quando disse a minha mãe que ia ver a Vaca Profana na casa da avó dela, quando na verdade eu iria a um lugar com dois amiguinhos. Com a minha mãe é assim, temos que mentir se não quisermos brigar ou deixá-la falando sozinha. Na terça-feira foi um mal estar, na sexta até piscar os olhos me doía.
Nada que um prontossocorro não resolva. Insuportável foram aquelas enfermeiras e o enfermeiro, que por sinal era gatinho, lá na classificação de risco fazendo aquelas típicas perguntas para as quais eu dizia não. Porra! Eu não estava com gripe porcina. Depois para piorar eles ainda soltam a que o ministro disse, o H1N1 já está circulando sem controle no Brasil e todo mundo é suspeito até provem o contrário.
Eu não estou com influenza A, foi o que deu para notar pelo fato da médica não falar qual o diagnóstico para o meu caso, apenas que minha garganta estava cheia de pus, deu para notar pelo gosto horrível na minha língua.
E lá vai o voltaren na bunda, doeu um pouco, e ainda doí. Que eu lembro doía mais. Ficaria tudo bem se fosse só o voltarem. Porém teve a parte da dipirona na veia do braço esquerdo. Confesso que foi desagradável ver aquele "cacete de agulha" se mexendo dentro do meu braço e eu perdendo os sentidos enquanto dizia mentalmente no pouco de consciência que me sobrava:
Não dá vexame! Não dá vexame! Não dá vexame porra! Contorna! Contorna!
Parece que na hora apareceu um:
"Sua consciência.exe parou de responder e será reiniciada. Deseja avisar sua mãe sobre isso?"
Não avisar - Avisar
Eu contornei ao dizer"Moça, estou um pouco tonto, posso continuar sentado aqui?" e a enfermeira responde angelicalmente "Claro, a dipirona faz isso mesmo, eu mesmo não aguento." E então fico lá respirando, sinto uma gotinha de suor descer pelo meu rosto já aparelho no espelho. Sabe aquela carência homoafetiva? Ela veio tão avassaladora quando lembrei do policial da guarda municipal que estava lá fora. Um leve nó na garganta.
Talvez seja carência homoafetiva também, só sei que hoje estava olhando pela enésima vez o vídeo da edição brasileira sobre a homofobia baseado no Foda-se da Lilly Allen e comecei a reparar as pessoas que aparecem no vídeo. Quanta gente bonita. Mas esse rapazinho da foto aí é muito gatinho.
Adorei essa cara dele de sou nerd, mas não sou virgem e sou sarcástico. Ele é muito gatinho, só que com eu pressinto um monocromático evoluído (não homofóbico e sem preconceitos) apenas.