sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sobre as Forças Armadas

Causou polêmica as declarações proferidos pelo novo ministro – nome pomposo que só o Brasil usa para chamar os juízes das instâncias maiores – do Superior Tribunal Militar, Raymundo Nonato de Cerqueira Filho. E vai dar mais fôlego as polêmicas o endosso dado ao Cerqueira Filho vindo do presidente do clube Militar, o general da reserva Gilberto Figueiredo, e que foi publicado no G1.

O que Cerqueira disse aos nossos senadores foi que homossexuais não são bem vindos nas Forças Armadas porque os soldados não obedecem aos homossexuais. Figueiredo, por sua vez, endossou dizendo que as Forças Armadas não se preocupam com a sexualidade dos membros quando isso é algo externo, mas que os internos não respeitam aos homossexuais assumidos e eles não devem então ir para as Forças Armadas.

E daí que isso apenas repercute mais um dos vários defeitos das Forças Armadas, o mal de Gabriela (eu nasci assim, eu sou assim, eu vou ser assim, eu sou Gabriela). Isso quer dizer que para Exército, Aeronáutica e Marinha o preconceito existe e está tudo bem, porque não tem nada ser feito.

Porém não é assim que as coisas funcionam. A Sociedade Brasileira, que acha que as Forças Armadas é algo bonito e nobre, é racista, patriarcalista, machista, homofóbica, entre outras coisas. Contudo, essas características são construções sociais resultantes da ignorância e dominação cultural, mas que com políticas, entre elas as educacionais, podem ser revertidas.

Logo, não deve se tolerar que as Forças Armadas continuem com um discurso retrógrado e comodista, pois elas pertencem a um Estado que existe para servir às demandas de uma Sociedade em transformação em prol do que é mais justo a todos. Além do mais, a ideia que fazem das Forças Armadas precisa ser revista.

Primeiro, porque durante 21 anos as FA’s perseguiram pessoas nos Brasil, tirou-lhes direitos políticos, as prendeu, torturou e matou usurpando o poder e acirrando ainda mais as desigualdade sociais, e mesmo assim não foram punidas.

Segundo, por causa do incentivo que elas fazem ao alistamento militar obrigatório, que nada mais é do que o Estado tirando do invíduo, nesse caso o masculino, a propriedade sobre o próprio corpo para defender questões nada nobres, as guerras, que podem ser entendidas como resultados das disputas de egos de chefes de Estado insano e a ética capitalista das grandes corporações.

Terceiro, por causa da forma que elas tem defendido ao país como se outros Estados estivessem interessados em tirar do Brasil a Amazônia, quando a diplomacia, além de ser mais barata e elegante, será provávelmente a forma nobre com que vão tirar, se é que vão tirar ou se já não tiraram, a Amazônia pelo bem da humanidade, rica de algum país. Sem contar que as FA’s mal auxiliam na vigilância das fronteiras, deixando a critério das polícias estaduais e da Federal, que tem coisa mais importante para fazer dentro do Brasil, e até da Receita Federal, a segurança das mesmas.

Enfim, eu não gosto das Forças Armadas.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Um pouco sobre religião e política

O Brasil já foi mais católico, hoje não é mais tanto assim. A quantidade de pessoas protestantes cresce, e muito por aqui, e algumas cidades do interior são praticamente protestantes, uma contraposição às décadas anteriores em que eram católicas. O fenômeno tem vários fatores para explicar, entre eles a liberdade de culto que está garantida na Constituição e a queda da hegemonia do catolicismo.

Com um novo grupo emergindo na sociedade, é algo esperado que ele também conquiste poder político, econômico, moral e por aí vai. Algo que acho legítimo, pois se pregam tanto estarmos numa democracia, é de se esperar que todos tenham o seu espaço, contanto que isso não afete o espaço alheio. Bem, é aí que está o problema.

Os protestantes, como historicamente os cristãos se mostraram ser, não são muito respeitadores do espaço alheio. Quem quiser ver isso no decorrer da História, basta se lembrar das Cruzadas, da Inquisição, do catequização de índios e outro povos nas Américas, o que custou um rico patrimônio cultural, sem contar as vidas humanas. Atualmente, as demonstrações de desrespeito ao espaço alheio por parte dos protestantes são escancaradas e não vê os que são e ou os que se deixam levar pelo discurso deles, tudo em nome de Cristo e do que eles acreditam ser a salvação e estarem obrigados a levar a todos.

Embora eu acredito que seja possível haver espaço para todos numa democracia, é estarrecedora a forma como a atuação política dos protestantes, dos católicos em menor parte, se dá, principalmente com temas que eles acreditam ser controversos. Esses temas são muitos como a eutanásia, o aborto e até mesmo os direitos civis para os LGBT’s, no que vou outra vez me concentrar.

Em nome do que acreditam ser sagrado para todos, os prostestantes têm se articulado na política, elegem principalmente legisladores, com financiamento de campanha e argumentos que o Ministério Público e a Justiça Eleitoral vem questionando a um bom tempo. A grande questão é o que os referidos legisladores já são significativos em muitas casas como as do Congresso Nacional. Sendo assim, eles são capazes de obstruir votações ou simplesmente vetar projetos como o PLC 122, que apelidaram de lei da mordaça gay, mesmo que esses vetos signifique a omissão do Estado para com os crimes como assassinatos, torturas, humilhações e afins, de pessoas não heterossexuais, sem contar a ausência de liberdades. Mas os protestantes pouco se importam com isso.

Para a fé cristã tudo que de errado está, ou que para eles parece errado, tem uma justificativa, a falta Deus e da salvação em Cristo, desde a quebra da economia mundial, os terremotos do Haiti até as tempestades de São Paulo e os homossexuais, que acreditam ser curados, o que subentende que para eles somos doentes, com a fé no Deus deles de benigtude e existência inquestionável, apesar de improvável.

Embora estejam vetando constantemente o que podem ser conquistas LGBT’s, os protestantes se denominam defensores não só da fé em Cristo, mas também da democracia e não se veem como homofóbicos ou desrespeitadores. Como acreditam ser defensores da democracia, acreditam que esta está ameaçada pelo gayzismo, tema da postagem anterior. A demonstração mais controversa a respeito da existência do tal gayzismo foi o quê li em um blog semana passada.

Pelo o que deu para entender, Júlio Severo é protestante, manteve aqui no Blogger.com uma página na qual fez manifestações, na opinião dele e dos protestantes, pró vida e pró família. Bem, não foi isso o que grupos LGBT’s entenderam, nem mesmo o Ministério Público Federal que acatou denuncia por homofobia contra Júlio Severo, o que redundou posteriormente na sua convocação para depor na Justiça, onde teria a possibilidade de se defender. Contudo, Júlio Severo tomou como atitude sair do Brasil ao invés de depor e agora, pelo que sei, consta como foragido.

E isso é no mínimo contraditório às trajetórias dos cristãos que tanto acreditam serem mártires e que foram perseguidos, que foram presos, que foram torturados, inclusive mortos. Porém, Júlio Severo recorreu ao cinismo ao invés de, como manda a sua Bíblia, não negar a concepção que faz de Cristo. Ao invés disso fugiu do país que diz tanto amar e fugiu de defender, apenas isso, o ponto de vista. Agora, sabe se lá de onde, dedica-se a escrever disparates e inclusive a ridicularizar as Instituições brasileiras como o Ministério Público e o Judiciário.

É asquerosa a forma como os protestantes, e não vou dizer fundamentalistas até mesmo porque, pelo que sei, a maioria das religiões protestantes se denominam fundamentalistas; se vitimizam, dissimulam e distorcem os fatos. Negam a nós, os homossexuais e afins, os direitos civis, sequer o apoio do Estado para investigar, combater e punir os crimes cometidos contra nós que tenham como origem a nossa sexualidade. Constantemente ignoram a Ciência e mesmo a falta de consenso em suas concepções a respeito da sexualidade humana para nos tipificar, às vezes com pseudo ciência com a de Rosângela Justino, como doentes. Constantemente estão nos satanizando e nos acusando por crimes, como a pedofilia, em que, não me recordo a fonte, 75% dos casos denunciados são cometidos por heterossexuais e que nos quaisconstamente colocam panos quentes, pastores.

Bem, algo tem que ser feito e uma coisa é certa, não é ficar acomodado porque pensamos ser bonito apontar o dedo para os grupos LGBT’s carregados de efeminados. O quê necessariamente tem que ser feito é onde está minha sinceridade, eu ainda não sei. Bem, é ano de eleição e seja a hora de eleger candidatos com os quais nos identificamos sexualmente, mesmo que isso envolva as preferências partidárias. Mas confesso que vai ser difícil eu votar em um tucano, porque é justamente no PSDB, assim como no DEM, PHS, PP, PR, entre outros partidos, que mora a bancada protestante e os seus empecilhos.

Em virtude do Governo Lula ter sido na opinião de muitos o governo em que os temas inerentes aos LGBT’s ganhou políticas de Estado e em virtude desse blog manifestar minhas opiniões, já deixo bem claro minha preferência por um candidato do PT, creio que Dilma Rousseff, na certeza que esse dará sequência as políticas tomadas nesse governo.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Gayzismo, a nova ditadura.

Parece existir uma moda entre as pessoas e a grande imprensa para fazer comparações e tentar convencer aos outros que as ocasiões, muitas delas meras especulações, estão nos empurrando para uma ditadura. Conforme o grupo, a explicação para qual ditadura vai se instalar é diferente, assim como os indicadores dela.

Os exemplos são vários, mas vou me concentrar no gayzismo, que é o termo que pessoas têm empregado para se referir a uma ditadura gay que acreditam estar se instalando no Brasil. Os argumentos, que podem ser encontrados facilmente ao digitar o termo gayzismo em um site busca, são aberrantes, são rasos, míopes, relativos e acima de tudo ridículos.

O que dizem é que com o advento do tal gayzismo, os heterossexuais serão discriminados enquanto que os homossexuais serão apoiados, algo inconcebível para os opositores, cujo porquê é explicado com muitos versículos desprovidos de contextualização histórica do Antigo Testamento da Bíblia dos cristãos.

Dizem também que a Família será extinta, na verdade o conceito de família eles fazem e que já está obsoleto para descrever toda sociedade, e com isso teremos a falência da humanidade, que há muito tempo não é cristã, muito menos segue seu modelo de família patriarcal monogâmica nuclear.

Também insistem na teoria de que no mundo o que se tem não é homossexualidade, primeiro porque desconhece o termo, segundo porque é homossexualismo, uma doença, que na opinião, embora censurada pelo CRF, da psicóloga denominada cristã, Rosângela Justino, deve ser curada e combatida, com vistas evitar que se tenha no Brasil um regime de castas provocado por gente pervertida e abusada sexualmente.

Para provar (sic) essa tal de ditadura gay, comparam o que os movimentos pró cidadania LGBT fazem no Brasil ao que aconteceu na Alemanha no segundo quartel do século XX e assim dizer que os homossexuais compartilham de ideais nazistas, embora fossem naquele período um grupo perseguido.

Outro ponto chave é o de que leis como a PLC 122 são um leis anti democráticas, assim sendo um outro indício dessa ditadura gay que dizem se aproximar, pois no fim querem acabar com a liberdade religiosa e com a liberdade de pensamento e que os heterossexuais serão cerceados na sua liberdade individual, a de ser heterossexuais, como se alguém quisesse que não os fossem.

Não vou rechaçar o que dizem em linhas gerais os teóricos do golpe gayzista. Acredito que os que venham nesse blog sejam inteligentes o suficiente para saber que são disparates proferidos por pessoas que vêem a sua posição de opressores e sócio-culturalmente beneficiada ameaçada pela ampliação que não visa nada senão equiparar direitos e tirar justificativas contrárias a essa equiparação.

O que sei é que enquanto os movimentos sociais se articulam em prol de democracia, que não consiste é claro em apenas votar, direito de ir e vir ou de expressão, mas também na equivalência que as pessoas tem para a sociedade, o Estado, aos serviços públicos e itens de sobrevivência com qualidade de vida, existe também gente em nome da fé fanática e doentia, imbuídas em pouco conhecimento de causa, se articulando contra usando de prerrogativas toscas e insensatas, acusando aos outros pelos crimes contra a democracia que cometem. Mas não é esse o pior, o pior é que tem gente se conformando assim como tem gente acreditando que eles estão certos.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Numa horas dessas de quem é a culpa?

O que é fato é que eu tenho escrevido bem menos nesse blog. Menos do que eu quero e muito mais do que me sinto inspirado. É, escrever para mim é algo que depende de inspiração, coisa que não tenho agora, para sair algo bom. Como não tenho inspiração, espero disso uma postagem ao nível de todo esse blog aqui, medíocre.

Aliás, estava lendo outros blogs, gays, por aí e estava olhando o talento dos outros autores para escrever. Claro, nisso comparo ao que eu escrevo para chegar a conclusão de que meu blog é medíocre, se medíocre não for elogio. Está certo que são mais comuns os blogs postando fotos desses moleques arianos com seus pintos circundados, coisa que não me atraí muito, mas meu blog é medíocre.

Certamente lê-lo seja para alguns dos que por aqui aparecem apenas uma retribuição da minha carinha em seus blogs, naquela caixinha dos seguidores, apenas uma retribuição daamizade e nada mais, porque sendo o que eu escrevo medíocre, não deve causar entusiasmo algum acordar numa manhã qualquer e pensar, hoje é dia de ver o que o Well postou.

Estou falando mal do meu blog, mas o que eu quero na verdade é falar mal de mim, só que minha vaidade arrogante e travestida de modéstia não me deixa. Aliás, não é a minha vaidade, sou eu que sou um sujeito vaidoso nesses critérios citados aí em cima. Não é o meu blog medíocre, eu que sou medíocre ou até menos, porque pode ser que o blog seja menos que medíocre.

Mas porque eu sou medíocre, eu já sei bem porque e escrevo de teimoso, porque sei que nada adianta quando a solução para as coisas é minha responsabilidade. Sabe, sou medíocre porque eu sou muito parado, sou muito lento, não coleciono coisas para contar. Ah e que se dane tudo.

Meu corpo transpira sem parar com tanto calor. Eu odeio o El Niño que nesse novo 2010 levou embora a minha chuva, que já chegou em Setembro. Com tanto calor eu não durmo, hoje já é a terceira noite em claro, sem dormir, sem acordar na hora de sempre, porque sinto calor e porque fico ansioso esperando nem sei o quê.

Tenho inveja de quem tem chuva, de quem consegue dormir e de quem consegue escrever coisas interessantes. Mas de quem é a culpa do El Niño, de quem é a culpa por eu não dormir e de quem é a culpa por eu não escrever como eu entendo como bom.

Bem, é isso, termino essa postagem saindo do mesmo lugar de que partir, de lugar nenhum e pouco me importo com o "tá, mas e daí?". Talvez eu entre na Uol ou reative um meu perfil no manhunt.com para encontrar alguns consumidores de sexo, sem compromisso.

Quem sabe quando eu tiver lá por volta

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Aqui começa 2010

Hoje é dia 08 de janeiro, data que certamente vou carregar por toda vida, pois ela adquire para mim um significado relevante. Ano passado, nesse mesmo dia, aproximadamente às quatro horas da tarde minha mãe chegava do trabalho, conferia a caixa de correio e depois vinha até o meu quarto para dizer essencialmente que não era para eu receber cartas de homens. O que havia chegado para mim naquela quinta-feira era uma carta do Mário, não a primeira dele para mim, muito menos a primeira oriunda de um homem.

Quando ouvi o imperativo da minha mãe logo me desconcentrei do filme que assistia aqui no PC, De Porta em Porta cujo enredo não me agradou, era bem neoliberal e meritocrático. Comecei a pensar por quanto tempo iria brigar com minha mãe, iria mentir a respeito da realidade para os meus pais para viver como o que eu realmente sou. Pensei no e se eu falasse agora. Me veio medo, veio receio, veio a adrenalina e veio uma insegura decisão que uma vez tomada eu não iria voltar atrás.

Minha mãe estava sentada na minha cama esperando algo, não sei bem o quê, talvez tivesse pressentido que eu iria falar algo muito sério a
ela. Então agressivamente eu disse a ela que continuaria recebendo cartas de quem eu quisesse, inclusive de homens, pouco me importava com isso, afinal, sou gay se é isso o que ela não quer que eu seja. Bem, daí desenrolou uma situação enfadonha, inclusive para lembrar e que no mesmo dia tratei de postar aqui. Leia o texto aqui.


Naquele dia um misto de sentimentos me vinha a todo o momento. Era alívio da verdade revelada misturado a nova pressão que se instaurava, a de ficar continuamente justificando o que para mim por si só já estava justificado, a de se controlar sendo polido e racional quando o que eu recebia do mundo era apenas emocional, ao orgulho da coragem obtida por conseguir o que muitos não haviam conseguido e talvez demorem conseguir.

Sol + Chuva = Arcoíris + Eu + Câmera = Blog.

Postei aqui acreditando que o meu texto tinha também um caráter de utilidade pública e em um tópico já criado, falando entre inúmeras coisas, o meu aviso aos meus iguais de que o conhecimento dos outros a respeito da minha condição havia mudado na comunidade do armário. Foram congratulações, elogios e muitas perguntas.

Sabe, de certa forma me orgulho e fico feliz por isso e por mais que no meu caso tenha sido através dos caminhos das pedras que cheguei a redenção, desejo isso a todos os outros esse relativo sucesso que obtive.

Pois bem, um ano se passou e os benefícios vivenciados por esse assumir para os pais – e sem saber para os avós, leia aqui - foram poucos. Sendo meritocrático, a culpa foi minha. Na terapia, refletindo a respeito de mim mesmo durante o ano de 2009, cheguei à conclusão de que o meu ano de apatia teve como culpado eu mesmo. Faltou realizações por ter faltado de mim os objetivos e sem querer ser sofista, o Universo, tanto faz aqui com letra maiúscula ou minúscula, não se abala sozinho para conseguir o que desejamos.

Bem, 2010 começa diferente. No blog a diferença essencial é a primeira postagem ser intencionalmente no dia do mês em que foi publicada a segunda de 2009. Claro, essa postagem aqui tem um caráter muito mais reflexivo do que o emocional que teve a outra e quiçá tenha um caráter simbologista.

Sobre 2010 defini algumas coisas. A primeira é que não vou me considerar mais no armário e nem assumido, sequer vou me preocupar com um rótulo, que é feito para potes de geléia e não para eu que me vejo como complexo, multifacetado, singular e humano, com o que mais nobre ou podre isso tenha. Uma forma que encontrei para dar fim a essa designação de armariado foi o fim da minha participação na comunidade Estou no Armário e daí?, assim como o do meu perfil Well Bernard no Orkut.

Saí da comunidade, pois a um certo tempo não me identificava mais com ela que surgiu num momento da minha vida caracterizado por uma recente autoaceitação, porém cheia da solidão e cercado por um horizonte incógnito e amendrontador. Lá tive meus erros, os quais não seriam repetidos se fossem hoje sem dúvidas. Não os lamento porque isso nada adianta e adiantar alguma coisa não é meu desejo.

Também houve meus atritos, minhas divergências, me chamaram de coisas ruins. Mas quem disse que também não tenho coisas ruins para dizer a respeito dos que me ofendem? Mas foi bom, infinitamente bom, imensurávelmente bom. Pois a ENAED desencadeou coisas que certamente não se desencadeariam sozinhas em mim.

Sei que terei muitas saudades das conversas nos botecos, as cantadas dadas e recebidas, das trocas de experiências, a paciência para ouvir os relatos, para dar e ouvir conselhos inseguros, errantes, mas sinceros. Das provas de amizades não imaginadas, principalmente a dada pelos amigos de São Paulo. Embora tenha sido bom, a ENAED nunca será o que preciso para mim, pois essas demandas já foram superadas. Também não terá o encanto da naturalidade com que as coisas decorreram. A hora de sair e de deixar a comunidade para os outros e suas trajetórias e projetos de vida chegou e eu a fiz.

Assim penso que seja melhor sair, pois faz muito tempo que eu não me identificava mais com a ENAED e assim não tinha mais eu algum entusiasmo para lê-la, dela participar. Sentia-me nela alguém alheio e distante. De tal maneira, discretamente a deixei apagando, por não ver sentido em manter a existência, de Well Bernard. Saí da comunidade para dar ponto um final em um importante capítulo do texto que pode ser a minha vida.

Voltando ao que eu dizia, 2010 é um ano de planos, entre os outros planos está tentar realizar uma vaga em algum projeto de mestrado na universidade e em proporção menor, aumentar a convivência com pessoas do meu universo sexual na minha cidade e quem sabe atender e ser atendido pela demanda afetiva de alguém.

E aqui termino a primeira postagem do ano 2010, no dia do aniversário da minha “assumição”.

sábado, 28 de novembro de 2009

Eu sou homem com H e com H sou muito homem

Mais uma aleatoriedade sobre o meu cotidiano, um deprezo à religião e um aísougay para alguém.

É comum haver discussões durante as minhas aulas, os professores gostam de incitar o debate e debatemos. Dessa vez a aula era de um disciplina cujo tema orbita ao redor da Educação. O que fica entendido é que os professores não devem transmitir prenconceitos, exemplos são citados ao tratar de temas relacionados aos gêneros, à sexualidade, à homossexualidade para ser mais exato, à influência africana na constituição da identidade brasileira e que agora é obrigatório ser ensinado na escola.

Sobre gênero e homossexualidade a professora cita e a turma cantarola junto com ela “nunca vi rastro de cobra, nem couro de lobisomem, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, porque eu sou é homem, porque eu sou é homem, menina eu sou é homem, menina eu sou é homem e como sou. Eu sou homem com H e com H eu sou muito homem, se alguém duvidar pode perguntar (?) pelo meu nome (?)”.

São jogados então vários temas que vão inflamando ainda mais a chama e o calor do debate. Minhas colocações são concisas e para quem puder ouvir, são sarcasmos e acides disparadas contras os argumentos religiosos dados para manter a convicção em algo que eu e muitos acreditam equivocados, pricipalmente os relativos a homossexualidade e o dilema para definir se é preconceito a objeção das religiões a essa condição.

Vou me incomodando com as premissas tomadas por alguns para justificarem o que para mim é sim preconceito das religiões e tentar explicar a homossexualidade. Tem a hora que a professora comenta rapidinho para mim:

- Ainda bem que você está ajudando a segurar o debate na polidez.

Meu estomâgo fica gelado, como algumas vezes ficou e como eu pensava que não ficaria mais e cochicho em seu ouvido:

- Complicado é para mim que sou homossexual e com eles não concordo, mas não posso me assumir para quebrar os paradigmas deles.

Imediatamente apreensiva ela volta ao meu ouvido e diz:

- Não faça isso agora, depois te explico porque.

O porquê dela para mim é um mistério, não consegui ficar sozinho com ela depois da aula. Enfim, me assumir ali para todos não era o que eu ia fazer. Independente disso, arrepios tive por todo o resto da aula, achava absurdo a justificativa dada pelos colegas religiosos para falar que as religiões africanas são complicadas de serem tratada, comparando-as a esse tal de Diabo, uma das melhores invenções para tirar das pessoas da responsabilidades que elas tem sobre as coisas ou para assumir o que é fato.

Agora fiquei esbabacado quando o colega religioso estressou comigo e com a turma ao dizer que para falar da Bíblia tem que conhecer de Teologia. Engraçado, justo eles, os luteranos que tanto pregam a livre interpretação daquele livro. Mais engraçado é que para dizer que se acredita nela não precisar de conhecer Teologia. E pelo que ele fala, teologia? Isso é ciência? Isso tem método? Tudo bem, estou sendo positivista aqui, assim também como materialista, mas teologia tem objeto de estudo? E é mais ciência do que a que estudamos naquela Universidade? Como assim tem ciência que é mais ciência que a outra?

Lógico, todo mundo caiu matando em cima do sujeito que o equivoco foi ter apelado e começar a falar aos berros e cortando a todos. Mas outra vez eu digo, religião é o câncer da humanidade alastrado nos sujeitos que deverão, mas não serão professores laicos, mesmo que não estejam em escolas confissionais, um erro cultural da nossa sociedade.

Mas não foi tudo perdido, ali deu para ver um galera realmente crítica, que incorporou aquilo que a Universidade potencializou em todos nós. Uma galera que questionou os próprios valores, a forma de perceber e pensar o mundo ao redor e abriu mão desses preceitos que vieram definidos como certo antes de todos nós nascermos e que até então nem tínhamos perguntado se é isso mesmo.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Não me pergunte que eu não sei

Eu leio, ouço, assisto muitas notícias sobre as mesmas e muitas coisas. Porém ainda assim me sinto desinformado, no fundo penso que eu não sei nada, que não entendo nada do que acontece. Não é humildade da minha parte dizer isso, é que acho que tudo que leio, ouço, assisto é pouco objetivo e quando não é tendencioso para algo que não gosto, acho ideológico, dogmático demais.

O presidente do Irã, que tem aquele nome estranho do qual não vou arriscar escrever aqui, veio ao Brasil e muita gente não gostou. Dizem que ele diz, porque eu nunca vi uma declaração completa dele e muito menos entendo a língua que ele fala, que ele enforca homossexuais, oprime mulheres, persegue minorias religiosas e nega o holocausto – que tem hora que eu não questiono se existiu, mas pergunto até quando os judeus são os coitadinhos tal as ações do Estado israelense deles com relação a Palestina.

Dizem também que ele é um ditador, tem um programa terrorista e que quer fazer armas nucleares. Se ele tem um bomba atômica, eu não sei, mas eu que sou cosmopolita e contrário as guerras me contradigo, para mim o Brasil também deve ter bomba atômica. Os EUA têm, ISRAEL tem, a China, a Índia tem, um monte de países. Mas não sei porque eles e nem nós, que precisamos pela diplomacia e é disso que eu gosto, não podemos ter se eles têm.

Image

Do fundo do meu coração eu tenho medo do presidente do Irã, tenho raiva também, me parece que ele faz no Irã o que os evangélicos querem fazer no Brasil e conseguem às vezes. Também me imagino dando cabeçadas no nariz dele, o presidente do Irã, ao ponto de quebrá-lo. Já me imaginei torcendo o pulso dele e dando joelhadas na mandíbula dele usando aquelas técnicas de Krav Magá.

Isso dá certo? Não, não sei. Mas que dá uma sensação de satisfação pessoa e elevação da autoestima dá, mesmo que seja só uma fantasia da minha mente fértil e entediada com os jornais.

Mas sabe, eu sou contra o Presidente do Irã, mas não me peça um argumento para tal profundo e bem elaborado, eu não tenho nada, a não ser a passionalidade do meu instinto de sobrevivência, conservação e solidariedade para os meus iguais em opressão e sexualidade.

Quer saber, para eu que nada sei, não fui a televisão falar nada, que acho que as faxinas “humanas” do presidente daquele Irã vão me afetar aqui no Brasil, que não escrevi e-mail para o meu deputado e acho que nossos jornalistas competente não conseguem, pelos seus variados, se não os mesmos motivos, informar, a passionalidade deve estar de bom tamanho para aflorar algum desprezo.

No entanto, vamos confessar também né minha gente! Nós adoramos frases de impactos, dizer que admiramos alguém falando altos elogios e pouco argumento. Criticar então nem se fala. Como eleva o ego dizer “eu desprezo fulano” ou dizer que tem uma opinião para tudo, igual Caetano Veloso.

Mas eu gosto disso, me faz sentir além de humano um tanto quanto vivo também!

Enfim, é melhor ouvir a Nova Brasil pela web e desligar a CBN no rádio.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Frustrado não dá para escrever

É isso, é frustração o que tenho sentido em todas essas semanas, inclusive na última e tão otimista postagem. Sim, ela realmente foi otimisma, mas o otimismo apenas superou momentaneamente um outro regime, um outro estado psicológico (me perdoem os psicólogos, um eu sei que lê isso aqui, se estado psicológico quer dizer outra coisa).

Na verdade no decorrer das últimas semanas eu me frustrei e então as coisas foram aumentando, as cobranças para cima de mim também. E eu refém do pensamento confuso, da incapacidade de constatar a situação naquele momento nada fiz, a não ser se deixar ser constrangido.

Bom, e os constrangimentos continuaram, inclusive quando tentei estender uma flor querendo reduzir a importância do que aconteceu a apenas mais um detalhe do passado, do que poderia ter acontecido e não aconteceu. Não deu certo e lá estou tentando me defender do que eu ainda não entendi o que é.

Isso me lembrou muitos conflitos que vivi nessas minhas exatas duas décadas de vida, entre eles o da sexualidade, na qual criei infantaria para atacar o quê precisaria de uma marinha. Exemplo idiota pegando o militarismo, coisa que eu não gosto, como embasamento.

E as coisas foram passando, chega um momento que eu não dou conta mais de aguentar tudo calado e sem querer fazer um desabafo conto a alguém como é que recebo e vivencio tudo aquilo. É sempre bom uma terceira visão, a de quem está de fora mas que a tudo vê, e que pode dar opinião tendo como base o quê não entendo.

Bom, ajudou muito para desencargo de consciência. Outra vez descubro que não necessariamente a culpa de toda infelicidade é minha. A minha resposta a tudo isso, bem, continuei minha política de me manter calado, mas do fundo do coração não é isso o que eu quero.

Continuo me sentindo acuado, sem direito de respostas e constrangido. Quero falar também agora que já entendo como vivencio essa coisa que tomou uma proporção maior do que imaginei e eu quis.

Bem, eu não vou mais chorar – e como tenho raiva de mim por ter chorado, ainda que em silêncio entre um sono, ou melhor, entre um sonho e outro – e continuarei calado, mesmo que eu tenha a necessidade de dar a dimensão de como foram as coisas para mim a outrem, enquanto não houver contexto ou se vier perguntar para mim.

O que lamento é que não sinto mais estimulado para conversar, não tenho mais aquele empenho e as falas daquele que me diz para mim se tornaram sempre enfadonhas, idiotas, inobjetivas e talvez inconvenientes. É como se eu tivesse perdido algo e dor de cotovelo eu tenho por ficar tirando conclusões do tipo “nem está se importa comigo” ou “não sou nada de novo”.

Eu sempre digo que o tempo é o senhor da razão e que a tudo resolve e continuo rogando por isso. Quero que ele, que na verdade sou eu com meu processo de amadurecimento, dê um jeito para que as coisas se tornem como eram antes. Tá bom, eu estou querendo demais, quero apenas que a frieza se acabe e as coisas não sejam cordiais apenas por diplomacia.

Sobre o perdão que já escrevi nesse blog, bem agora eu não consigo dar, mas darei em breve, assim que o tempo achar por melhor. Se é que tem alguém que pensa que me ofendeu e tanto faz para ela se ofendeu ou não para querer meu perdão.

Bom, por hoje é isso, um desabafo delongado, ainda que parcial, sobre uma coisa que me faz sentir desnudado, embora não seja tudo o que eu queira dizer, para alguém aí para qual considero mais certa a possibilidade de a isso não ler. Ainda bem se for realmente isso!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A sorrir Eu pretendo levar a vida Pois chorando Eu vi a mocidade perdida.

Mas os últimos dias não foram de todo mal apesar da peculiar baixa emoção das minhas horas. Meu pai desempregado e eu prometo a mim mesmo que não vou fazer da vida e das coisas um inferno para dizer que eu estou vivenciando um.

A noite em claro, apesar que não estivesse eu sentia calor e não dormi. Assim levantei-me e propondo sair antes do combinado cedo do dia para a casa dos avós no interior, desperto os senhores meus pais de seus sonos.

O Sol só foi aparecer quase chegando por lá, veio amarelo como a gema de um ovo de galinha caipira e teve o cheiro desagradável da vinhaça dos canaviais. Aliás, até de madrugada é possível sentir o odor da vinhaça trazido pelo vento fresco de sudeste, mesmo que a casa dos meus avós esteja no grande centro da cidade de 30.000 habitantes.

Imagem 016

Chegando a casa da avó uma ‘manada’ de cães estão a cachorrar em seu portão e se assustam com o carro que chega por ali. Um desses vira latas mais baixotinho no desespero se atropela socando-se debaixo do carro. Ali no banco de trás meu rosto é apreensivo e eu estou desesperado, os grunidos do cão são altos e eles despertam uma compaixão que me faz sentir humano, porém sem ser iluminista.

O mundo saiu de minhas costas quando o carro dá marcha a ré e o cão, de inteligência canina, saí correndo rumo a praça de logo ali aparentando estar apenas assustado e não muito machucado. Ótimo para mim que não dormi na última noite, mas que anseio um sono leve.

Mal chegamos e vamos para outra cidade para colecionar mais uma experiência para a série “Parentes distantes e do sítio que eu não conhecia”. Alguém percebe o rolo de papel higiênico em minhas mãos após uma crise de espirros provocados pelo resfriado. Então insistem para que eu tome remédio, o que eu odeio.

- Você está com febre?

- Não. (apático)

- Você está com dor no corpo?

- Não. (mais apático)

- Na garganta?

- Não.

- Com febre?

Respiro fundo e digo – Não.

- Com o quê? (Aí me dou conta que o jovem balconista da drogaria é bonito).

- Com coriza e espirros. (Mas cuida você bem de mim e nem se preocupe com esses senhores, meus pais e avós, eles sabem de mim e é só o que eu penso)

- Você toma um desses a cada oito horas, pode tomar um agora, vou pegar um copo d’água para você.

Ele volta com um copo e eu com cara de obrigado volte sempre digo que bebi o comprimido a seco.

E teve comida com gosto de roça, o morro agudo de fato era agudo e o celular não pegava. Ótimo, não ia ligar para ninguém e como esses primos distantes são feios. Eu durmo no banco de trás ouvindo a trilha sonora da novela, porque dormi na casa dos outros, que são meus parentes e nem sabia, é estranho. E o sono é bom, saí aquele suorzinho gostoso da testa e eu fico tão melancolico. A vida é boa sim.

Na hora de volta para casa dos avós eu levo o carro porque meu pai está um pouco etílico e com lei seca dirigir com pomba na cabeça não pode. A estrada é foi recém recapiada, as retas são retas além de longas. Em 5ª marcha na casa dos 3000 rpm vão se 100, 110, 120 e a minha avó no banco de trás começa a me reprender. Gente mais velha não gosta de emoções.

Tudo bem, isso não foi muito divertido, aliás, não é. Isso no caso é tudo, ficar a noite em claro, viajar de madrugada, atropelar cães, alto medicar, tratar com desdém o balconista que é bonito, achar os parentes feios e extrapolar por enquanto em 20% a limite de velocidade.

Fiquei entediado o tempo todo depois disso é verdade, ouvi música, não tive saco para ler, liguei para o Mário no Infinity. Isso foi bom, as peripecias dele na web com minha senha do MSN e do Twitter também. Também foi bom que ele leu os comentários deixados por vocês aqui no blog para mim. O “amigo” da cidade do interior não leu em tempo meu recado em off e fico sem alguém igual a mim para conversar ali. Prometo não deixar para última hora e salvar todos telefones em todos chips.Imagem 010

Em Goiânia é quarta feira, o céu está nublado, não vai chover, pelo menos não fede vinhaça. Embora quase 15:00 horas no Horário Brasileiro de Verão as onzeoras estão floridas e um pé de quê não sei também tiro foto delas.

Mas sabe, prometi que não ia pensar negativo e ia deixar o tempo agir. Ele agiu e os tempos de vacas magras duraram apenas duas semanas. Nunca estive com a autoestima tão elevada por ser brasileiro. Entramos por último no crise, saímos primeiro dela e como se não bastasse ela dura duas semanas na minha versão doméstica.

E viva o aumento do crédito, dos prazos e do financiamento da casa própria. Viva o Reuni também, que embora destrua a Universidade Federal de qualidade, tem obra para se tocar e empregar meu digno pai. Nhá, voltei a ser bonito também.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Escrevendo outra vez

Olá pessoas, aqui estou eu escrevendo algo para vocês lerem. E daí que o quê eu escrevo seja mais do mesmo, que seja enfadonho se pelo visto vocês não acham isso  não é? Até mesmo porque enquanto eu acho isso chato vocês estão aqui lendo e comentando.

Mas vou confessar… mesmo que eu ache o que meus colegas blogueiros escrevem mais interessante e melhor redigido eu escrevo porque eu gosto de escrever. Não sei qual o nome da região do cerebro e nem da substância que ele libera, mas ver o cursor do mouse se movimentando da esquerda para direita a cada segundo e ouvir esse tec tec tic tac tec do teclado faz com que eu sinta recompensando.

Enfim, escrever me dá prazer e acho de agradável estética ver as letras formarem palavras, as palavras sentenças e as sentenças parágrafos. Aliás, outra coisa que eu acho bonito é ver os parágrafos separados entre si pelo enter. E quando mais eu digito assim, mais com vontade de escrever eu sinto e me empolgo e acho lindo e fico satisfeito e não presto atenção. Por isso relevem como sempre os erros de concordância e gramática certo?

Mas não estou aqui para falar sobre os meus orgasmos editoriais (nem sei se essa palavra se aplica para o meu caso e deixa porque é licença poética e eu posso então). Estou aqui para falar que não aconteceu nada, absolutamente nada de interessante durante essa semana. Ninguém me cantou no MSN, ninguém me adicionou no MSN, eu não fui lugar que não fosse Universidade algum.

Ah sim! A Universidade foi um porre, assisti uma palestra por dia, em todas eu fiquei entediado, em todas eu olhava as panturrilhas peludas dos meus colegas, em todas  eu olhava mais para os meninos bonitos que passavam pela minha frente e olhava para os seus dedos, procurando algum anel de compromisso, casamento ou simplesmente para especular o tamanho de seus membros através deles.

Mas teve coisas interessantes? Acho que andar do ponto de ônibus até o centro de eventos debaixo daquela chuvinha fina foi legal. As gotas geladas geram um desconforto mas é bom, é bom porque a pele funciona, é bom porque está chuvando e eu prefiro chuva ao invés de Sol. Chuva é umidade para minhas vias aéreas, meus olhos, é água nos rios, nas hidrelétricas, no medidor de água, garantia de safra. E também acho que eu fico bonitinho, fofinho, quando me fico um pouco molhadinho de chuva. Sei lá, talvez alguém fique com dó de mim e queira me secar e ver o que eu vou fazer logo mais a noite.

Na verdade não teve nada de interessante, aliás, as coisas estão mais tensas. Minha mãe briga comigo porque eu não guardo minhas roupas na hora que ela quer e sim na que eu quero e eu falo alto mandando ela parar de gritar porque vizinho não tem que ouvir.

E ela grita, desnecessariamente grita, por coisa desnecessária e eu digo para falar baixo e ela gritando para vizinho ouvir que sou “um um um um” vendo que o um dela não saí, mas sabendo o que ela quer dizer eu pergunto berrando e dessa vez querendo que vizinho escute “Um quer que eu grite para eles ouvir? [com muita vontade de falar viado que dá e recebe cu]” e ela responde um preguiçoso engolindo seco.

Enfim, minha mãe é complicada. Ela é orgulhosa, ela acha a homossexualidade uma aberração e apesar de dizer que não tem preconceito, ela se sente muito superior a quem é. Ela se arrepia, amarga só de pensar que o filho dela é uma palavra que ela não gosta, gay! E gosto de ver na sua cara medo por temer que eu diga aos outros que o filho dela que se acha muito boa é um viado.

Essa não é a solução dos problemas existentes na relação com minha mãe, que penso ser muito reguladora, vaidosa ao ponto de ser pouco prática, muito menos crítica, apenas desnecessariamente liturgica. Mas é isso que eu sinto, irritação para com esse comportamente da minha mãe e sentimento de recompensa quando eu ameaço a dizer a ela o que ela quer dizer a mim.

Esses são meus podres… podem vaiá-los… mas isso sou eu.