terça-feira, 24 de maio de 2011

Nem só de STF se faz o Brasil, infelizmente.

No início deste mês, maio, os ministros do Supremo Tribunal Federal votaram unânimes e favoráveis à união civil entre pessoas do mesmo sexo. Levando em conta o fato de o Brasil ser um Estado laico, cujas leis e ações governamentais não podem ser orientadas tomando como pressupostos os dogmas religiosos, os nossos pomposos juízes sustentaram seus argumentos em profundos e técnicos conhecimentos e literatura a respeito do tema debatido. Assim, nosso país avançou na consolidação da liberdade, da pluralidade e da igualdade, estes que são alguns dos pressupostos que sustentam a nossa democracia.

Infelizmente o Judiciário, neste caso o STF, é apenas um “tira-dúvidas” sobre a constitucionalidade de leis e afins. Em outras palavras, ele apenas decide se um determinado texto ou decisão respeita o supremo e principal texto de nosso país, a Constituição Federal, embora alguns pensam ser a Bíblia cristã e a interpretação que uma parcela religiosa faz de seus versículos tal livro. Para a população LGBT avançar em novos direitos, muita coisa precisa passar pelas casas do Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, isto é inerente à nossa democracia e não haveria nada de mal nisto se boa parte, talvez a maior parte, de nossos legisladores não estivesse mais preocupada com as barganhas políticas, como votar favorável ou contra algo em função de apoio e outros interesses políticos. Tambéms se não tivesse conhecimentos tão rasos e tão tacanhos a respeito dos assuntos tratados e, principalmente, não estivesse ligada aos interesses umbicistas, quiçá desconhecidos e espúrios, de vários segmentos religiosos.

Políticos com estes perfis tornam o nosso Congresso Nacional frágil diante de uma massa nada crítica e que repete os sofismos e as palavras de efeito a respeito dos LGBT’s. Esta massa é orientada por líderes religiosos e formadores de opinião conservadores que insistem em dizer que as demandas LGBT’s são uma questão de menor importância em vista da segurança pública, da pobreza, da saúde, da educação, entre outros. Ideias absurdas, pois ignoram que esse público social também sofre com os gargalos destas áreas, afinal de contas ser homossexual não é exclusividade de determinado sexo cromossômico, classe social, escolaridade, credo ou cor.

Além disso, tais líderes ignoram que em nossa sociedade as leis, a publicidade, os nossos símbolos sociais, as rotinas dos programas de saúde e educação formal dão percepção apenas, salvo raras exceções, à orientação heterossexual. Sendo assim, a despeito dessa realidade, repercutem a teoria de uma ditadura homossexual, dando a entender, em suas entrelinhas, que não existe equiparação de direitos e políticas, e sim a sobreposição de um sobre o outro que, enquanto dominante, nunca lhes causaram a mesma indignação em função de suas concepções religiosas, da orientação sexual que possuem e da pseudo-justificativa da representação social que a mesma tem na sociedade.

Isto para não dizer de outros chavões, como os de que o homossexualismo (termo que, além de errado, demonstra a pouca profundidade do conhecimento que estes reacionários possuem a respeito do tema) se trata de uma escolha, rompe com a ordem natural das coisas e é nocivo à família e à sociedade. Pergunto, portanto, qual família? A proposta pelos cristãos como único modelo válido e que nunca se provou eficiente? Ora! Quem destrói a família não são e não serão os homossexuais e sim as diferenças sociais, as longas jornadas de trabalho, a nossa inrefletida e inadvertida programação de TV e publicidade, os nossos padrões de consumo e demais referências, cujas vanguardas são tomadas por declarados cidadãos de bem heterossexuais. Ordem natural? Em qual conhecimento está baseado o conceito de ordem natural? No senso comum que tanto usam para tipificar aos outros que não aceitam os determinismos religiosos! Desconstruindo este mito tem Joan Roughgarden no livro Evolução do Gênero e da Sexualidade.

O irônico, que embora essas pessoas desconheçam em profundidade e sejam aversas ao que é reconhecido como homossexual, elas ainda se sentem injustiçadas do título de homofóbicas. Talvez sejam porque também não sabem o que a palavra significa, assim como o termo “senso comum” que disparam contra os outros, sempre que seus versículos bíblicos demonstram a profundidade dos pires.

Resta a nós a crítica e a ação ética, da maneira que encontrarmos e entendermos por bem, para que não precisemos mais recorrer ao STF, pois teremos como certa a aprovação de nossas demandas em um Congresso coerente com as definições de nossa Constituição Federal e com o principal fator nos quais as leis devem tirar o seu bom senso, nos fatos sociais.

Bem, é isto! Peixos, me liga.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Memórias do vigésimo segundo

Resolvi que irei começar um exercício de postar neste blog uma vez por semana. Sinto falta dele e relendo o que eu escrevo concluo que é um desperdício deixar um espaço em que verbalizo sem ser interrompido o que quero falar. Por enquanto não irei me propor ler aos outros blogs, pois este é um exercício que posso começar assim que conseguir cumprir pelo menos esse aqui.

Este é o segundo post que escrevo no dia do meu aniversário, que vai acabar em menos de uma hora. Muitas coisas mudaram nestes dois anos, desde o primeiro post de aniversário, e melhorou para melhor. Muitas coisas não estão como eu queria, é verdade, mas espero que não dure muito mais.

Conforme alguns já sabem hoje estou formado, tenho emprego público, porém não gosto da área em que trabalho. Eu sabia que era ruim a vida de professor, porém não tanto degradante. Talvez nem seja, mas eu definitivamente não gosto. Pretendo mudar de área, a menos que eu consigo no futuro lecionar para adultos, que é um público que está interessado em aprender ao invés de ficar tirando com a cara do professor.

Amigos, hoje fui a pizzaria, na melhor do meu bairro, cuja dona é minha amiga. Conversa vai, conversa vem e vieram muitas lembranças da nossa adolescência. Eu formado com meu emprego público, ela casada, com o próprio negócio e com um lindinho pequerruxo. Estavam outros amigos, que cantaram parabéns para mim. Legal, fiquei com vergonha, mas eu gostei mesmo.

O assunto da felicidade, da sexualidade vem a tona e ela diz que acha que todo mundo que é gay precisa ter coragem de se assumir. Ai que bom! Ela é super de boa, eu conto e ela diz que já desconfiava. Pelo visto que está ficando passado sou eu, frequento bar gay, ouço omegahitz.com e ainda acho que existem pessoas para quem eu não preciso comprar.

Foram poucas pessoas na comemoração do aniversário, tenho arrumado novos amigos, porém ainda assim são novos. Não sei se eles viriam para uma comemoração no meio da semana até minha casa. Com medo não convidei ninguém e continuo sem saber se eles viriam.

Ainda assim tenho muito que comemorar, principalmente quando me olho no espelho, são quase dois meses e quase cinco 5 Kg a menos. Os músculos começam a ficar durinho e eu mais gostosinho. O rosto em no máximo dois meses estará diferente, mais redondo e eu poderei exibir um lindo sorriso. Comemoro isto comprando camiseta de bitch, dessas apertadinhas. Mais na frente eu coloco um transversal na orelha, no meio tempo tomo um Sol e eita Jesus maravilhoso. Vou me sensualizar na noite.

Tudo muito lindo, tudo muito bom, pena o salário e a leitura num acompanhar estas futilidades. Mas enfim, é que temos hoje, porque Paulo Braccini sempre inspira.

Só para constar hoje é o meu dia de me sentir assim:


sábado, 14 de maio de 2011

Saudades daqui

Ando meio sumido da blogosfera, não posto e não leio ninguém. Pretendo mudar isso, mas preciso saber o que será de mim com esta vida nova em que pensar nas crianças para as quais leciono me causa certa depressão. O lado bom da história é que estou lecionando também para adultos e deles eu gosto, dar aula para quem está interessado é muito melhor.

Não me tem sobrado muito tempo para algumas coisas, portanto. Estou trabalhando muito e ainda assim meu salário não serve para tudo que eu quero fazer. Tudo bem que não são importantes um relógio comprado na Vivara, um par de óculos da Chilli Beans e um iPod touch screen de 64 GB. Isso tudo aí é apenas consumismo e o essencial eu não consegui, apenas a agonia de saber que estou trabalhando em uma área que está na UTI e cada governo, e suas promessas esdrúxulas de campanha, e a própria ignorância do povo dão um jeito de colocar mais veneno no soro.

Não ando namorando ninguém, continuo solteiro, tive neste tempo apenas umas aventuras de tuda semana que nunca deram certo, talvez porque eu vou com a mentalidade de que provavelmente não vai dar certo. Minha vida social, por outro lado, anda no acostamento, bem melhor assim, antes andava aos trancos após apagar uma dúzia de metros mais a frente.

Bem, como eu havia esperado, 2011 é um ano de realizações, não tão grandes e não tantas quanto pensei, mas tem aí sua graça e vou gostar de me recordar dele. E tomara que tudo isso seja apenas medo da minha própria ignorância. Um dia eu aprendo e finalmente consigo ficar abaixo dos 73 Kg. Há um mês eu pesava 76 Kg e com custo puxava 15 Kg e hoje nem acho difícil levantar 20 Kg. Algumas coisas estão mudando, só espero virar um objeto de desejo e consumo o quanto antes. Maldita Matrix.

Então é isto, peixos, me liga e deixa os erros de português para lá, já estão pegando o boi por eu estar escrevendo essas poucas palavras.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O motel, O Rei do Gado e o talão de cheques do Itaú

Finalmente os primeiro salário como professor chegou e não foi nada animador. Mas eu vou ser professor? Bem, essa é a pergunta que eu fiz, pela enésima vez, ao olhar para o saldo da minha conta. Mesmo ganhando menos do que eu acho que eu deveria ganhar comecei criar uma série de gastos. Muitos deles poderima ser evitados, afinal de contas, ninguém precisa ir ao motel três dias seguidos. 

Apesar de ter gasto com todas essas idas até lá uns 70 contos, fora meio tanque de gasolina, que assim como preço do álcool, está com o valor pela hora da morte, valeu a pena ter ido lá fazer traquinagens. Na última vez que estivemos lá, na transa da despedida, ele formalizou a vontade de namorarmos. Sinceramente eu fiquei com vontade, mas sabe-se lá porque, ele acha que eu sou um corrimão de escada e por tudo que passamos juntos naquele pouco ele não me pareceu muito fiel. Está bem, que estou com muita vontade de ir em frente, mas também estou com medo de ir em frente e ser humilhado com a infidelidade dele. Ok, a noção é que ao nos bejarmos ele segura um machado e eu uma foice e ambos esperam a primeira pisada de bola do outro para... bem, fazer o que geralmente uma pessoa faz com um machado ou uma foice quando não quer trabalhar.

Tudo bem, vamos deixar rolar, confiança venha com o tempo e talvez eu nunca tenha. Mas tomara ela existir, embora talvez ela nunca venha, ainda mais numa relação que depois das duas primeiras horas terminou em um motel. Será que eu sou tão inteligente e cativante assim ou sou burro mesmo. Bem, já deu para sacar, estou com medo e ao mesmo tempo estou com vontade de ir adiante.

Vamos lá, assinei um plano de TV por assinatura que não é da NET, ninguém mandou ela cobrar o dobro pelo que a concorrência pode oferecer. Próxima semana começa no Viva a reprise de O Rei do Gado, novela cuja primeira exibição foi em 1996 e que me faz pensar que a Globo já não faz mais novelas como antes. Mas vou assistir O Rei do Gado para não só lembrar da história dos personagens, mas também da minha própria história, uma vez que sua exibição foi paralela e mexeu com o imaginário de alguns meses da minha vida.


Eu ouvia e achava lindo.

Quando a novela foi exibida pela primeira vez, viajámos em julho para o sítio do meus avôs maternos em Minas Gerais. Naquela ocasião toda a família da minha mãe estava unida ao redor deles. Lembro de a sala da casa da minha tia, que morava na propriedade vizinha, ficar cheia com gente da cidade, ali da zona rural mesmo, de Goiânia, Uberada, interior de São Paulo, enfim, vendo o MST invadir a propriedade do Bruno Berdinazzi Mezzenga que tratou de matar um boi para alimentar aquele povo todo. E o Carlos Vereza, que é bem de direita, fazer papel de um senador de esquerda. Lembro de brincar com meus primos e seus amigos que eram naturais dali. Brincávamos debaixo de um pé de manga no qual meu avô deixava o carro de boi, que era nosso castelo, casa, carro, caminhão, palco das nossas  duplas sertanejas no estilo Pirilampo e Saracura (nome da dupla sertaneja que Sérgio Reis e Almir Sáter fizeram na novela) e brigarmos com um primo uns dois anos mais velho e que hoje mora nos EUA porque ele queria que não ficássemos brincando ali. Dizíamos que ele se achava o Rei do Gado e num era ninguém.

Bem, lembro que a minha avô materna não entendia o que queria dizer o Gustavo Borges ganhar sua medalha de ouro em Atlanta, assim como lembro dela fazer biscoitos, pão-de-queijo, canjica, arroz doce com o leite que meu avó ordenhava todas manhãs. Lembro dela ensinar a mim e aos meus primos brigar com meu avó para ele "sungá" (erguer) as calças e dela me colocar no colo e contar para mim as histórias sobre Deus ter criado os animaiszinhos (?) e dos lobos (guarás) que iam matar as carinjós dela durante a noite. Como meus avós moravam em um bairro rural onde até hoje a agricultura familiar é predominante, íamos a pé jantar ou almoçar na propriedade de alguma tia ou primos da minha mãe e tios. Lembro que meu avó me carregava na garupa do cavalo, afinal de contas eu era o xodózinho porque é o que morava mais longe e na cidade grande, o que não conhecia essas coisas do campo. Ali, sobre o tal animal eu me sentia meio que um Rei do Gado.

Hoje estava olhando o meu talão de cheques, a conta tem apenas três meses de idade, mas nas folhas está impresso que sou cliente do sistema bancário desde abril de 2002. Na verdade deveria ser mais tempo, desde 1991 se for contar meu tempo enquanto cliente do Banco do Estado de Goiás, que foi comprado pelo Itaú. Quem trabalha com cobranças e análise de crédito deve saber que quanto mais tempo de correntista consta impresso no talão de cheque, maior a facilidade para um cliente ser aprovado. Não é grande coisas para quem adora um cartão de débito ou crédito como eu, mas se hoje tenho um talão de cheques que conta com esse detalhe interessante é graças ao meu avô materno que em 1991 mandou abrir uma poupança para mim e depositou um significativo dinheiro para os padrões da época. 

Estou pensando no talão de cheques e na novela O Rei do Gado porque quando esta foi exibida, foi a última vez que vi minha avó materna viva. No ano seguinte ela se suicidou e após isso a família entrou em atrito, alguns tios hoje não se falam, embora sejam irmãos. E no final do ano passado meu avô materno morreu. Quando morreu pensei que não estava eu perdendo lá grande coisas, nunca pintaram um bom quadro dele para mim, disseram que se não fosse o jeito mulherengo dele toda família teria uma condição social muito melhor do que tem hoje e minha avó provávelmente viveria mais anos. Quando o vi enterrando na cidade de uns tios que tenho no interior de São Paulo, não chorei, senti que não tinha nada de muito importante meu indo embora. Bem, atualmente não choro a morte do meu avô, mas essas lembranças da novela e a data às vezes irrelevante do talão de cheques me faz pensar que acreditar que dizer que meu avô não fez a diferença é de uma grande limitação da minha parte e talvez uma defesa que crio inconscientemente com medo de admitar o luto.

Coisas loucas. Bem, é isso, peixos, me liguem e me twitem. 

Vou ver Glee.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Minha primeira semana de aula, como professor.


Primeiro dia de aula, eu me apresentei como professor regente e pedi para que todos se apresentassem e dissessem o que gostam e não gostam na escola.

No 9º Ano:

Aluna: Professor, você é estranho. (ela se veste de preto, usa maquiagem e acha que Linkin Park é metal)
Eu: Hum, você também é estranha.
Aluna: Todos dizem isso para mim! Já estou acostumada...
Eu: Eu gosto de gente estranha, os meus melhores amigos são estranhos para a sociedade (leia-se gays).
Aluna: Tipo eu?
Eu: Não, eles são legais. (fazendo a Paola Bracho)

No 8º Ano:

Aluna: Professor, você também tem a língua presa?
Eu (magoadinho): Problema bucomaxilofacial mesmo (falei para complicar mesmo).

No 7º Ano:

Aluno (interrompendo a colega falante): Eu tenho uma coisa a dizer.
Eu: Diga!
Aluno (todos prestando atenção): Não gosto do professor de Geografia (eu).
Eu: Eu também não gosto de você e vou ser obrigado a te tolerar um ano. Algo mais?
Aluno: Não (sorriso amarelo).

No 6º Ano:

Pedi para os estudantes escrever uma redação sobre o que é na visão deles a vida e Deus. Eis o que leio:

“Vida para mim não é só viver, tem que aproveitar a vida enquanto você está vivo, porque quando você morrer você não faz as coisas que fosse fazer quando estava vivo.”
Aluno 1

“Deus é a pessoa mais doce e meiga e amável desse mundo. E Deus existe sim.O que eu mais odeio é o Satanais que só deseja o mal.”
Aluna 2

“Deus para mim é real, ele existe porque ele faz muitas coisas boas ruins pra mim.”
Aluna 3 – Vontade de recomendar a ela a leitura de textos sobre a inquisição e acompanhar os casos dos direitos LGBT para que ela fundamente a sua tese.


“Eu acho que eu acho da vida é nascer, crescer, casar, reproduzir, beber, comer e morrer e assim por diante.”
Aluno 4 – Ele esqueceu de falar que temos que descomer e desbeber.



Enquanto monto o data-show no 6º Ano:

Aluna caçoando: Professor, esse menino quer casar com aquele menino!
Eu (querendo ser diplomático): Então respeite a vontade deles.
Sala toda: Uuuuuuuuuuhhhhh!!! Ouviu Mariazinha!
Eu (irritado): Sexto Ano!!! Calado!!!
Coordenadora entra na sala, todos ficam imóveis e ela passa aquele sabão na molecada enquanto eu termino de montar o data-show na santa paz.

Enquanto escrevo um texto na lousa para o 6º.

Aluno: Tí? Tí? Tí? Oh tiiiiiii?
Eu: Me viro estressado para a sala e percebo que o tio sou eu. Own, fofinhos!

Tempo depois...

Outro aluno: Ti!
Eu: Sim! (Já assimilando que eu sou o tio deles)
Outro aluno: Que letra é essa?
Eu: Essa?
Outro aluno: Ééééé.
Alguém da sala: Ele não sabe escrever o Vêêê, fessor!
Eu: Você não consegue escrever o V?
Outro Aluno: Não (envergonhado).
Eu: Do lado do aluno ensinando ele fazer o V, aja paciência. (Eike futuro, hein bruezeal?)


Bem que eu já sabia que eu ia aprender coisas.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Eu assumo, gosto de Jorge e Matheus

De verdade 2011 ainda não começou para mim. Tracei muitos planos para esse ano e de todos eles apenas um eu concretizei até agora, comprar cuecas novas, o que não é grande coisa. Mas levando-se em conta que durante 21 anos da minha vida eu pensei que a Marisa fosse apenas de mulher para mulher, comprar cuecas ali é novidade para mim e uma das descobertas de 2011.

Além da comercialização de artigos masculinos na Marisa, esse ano eu descobri que gosto de Jorge e Matheus. Eu já sabia disso antes, mas vocês que são homoafetivos sabem como é, existe um processo de entendimento, auto-aceitação e posteriormente assumir à sociedade, que é tipicamente incompreensível e hostil para algumas de nossas preferências. Agora que eu assumi que gosto de Jorge e Matheus, em fevereiro eu pretendo ir a um show deles que será aqui em Goiânia. Irei até lá do mesmo modo que um gay se interessa pela parada do orgulho de sensualizar em público.

Um rapaz de 18 ou 19 anos, não me lembro a idade, mas lembro que eu perguntei, me é o responsável por me fazer entender que gosto de Jorge e Matheus. Era a madrugada do segundo dia deste ano, chovia muito e fazia frio, estávamos na rua, eu, ele e os parentes que acompanhavam a Folia de Reis, na qual meu avô toca e “embaixa” versos e cuja tradição de chegar na calada da noite às casas dos devotos dos Santos Reis ainda permanece. Estava conosco o cunhado gostoso e pirocudo, da prima e o qual ela acreditar ser “viado”, uma vez que ele não come as periguetes que querem dar para ele. 

Bem, alguns sabem que o cunhado da prima mexe comigo e eu o desejo toda vez que o vejo. Logo, naquela fria madrugada eu estava carente, sentado em uma eira qualquer ao lado dele, fazendo a linha machinho, mas morto de vontade de chegar mais e me esquentar naqueles perfumados moletons dele. Naquela hora o rapaz de 18 ou 19 anos, que tocava e participava do coro da folia, se aproximou de nós – cunhado da prima, eu, e as outras primas, que são gostosinhas e que estavam com vontade de dar para o rapaz de 18 ou 19 anos – e começou a sensualizar para as minhas primas tocando canções do Jorge e Matheus.

Enquanto eu via aquela boca cor de rosa cantando “Por que será que você não assume que eu sou seu homem? Por que o tempo todo fala no meu nome? Confessa que você não sabe me esquecer!” e aqueles sugestivos dedos tocando aquele violão, notei que aquele rapaz ficava mais bonito e sedutor tocando Jorge e Matheus olhando para mim com aquela cara de “suas primas estão loucas para dar para mim e não sei porque você me olha assim”. Notei também que as músicas do Jorge e Matheus são como as músicas da Ana Carolina, pois combinam com o meu estado de carência, porém usando sanfonas e violas, fazendo a linha cultura de massas que não toca em rádio de segmento adulto e que vocês que acham que não são bregas não ouvem, mesmo que Chico Buarque, Tom Jobim e Oswaldo Montenegro durante a madrugada façam chorar.
Digo mais, se a Drica (que vocês conhecem como Adriana Calcanhotto) regravar uma música do Jorge e Matheus vai todo mundo cantar dizendo que as letras deles são boas.

Bem, é isso, peixos, me liguem e vejam aí a música original Tem Nada a Ver com o Jorge e Matheus:

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Hoje é o novo dia.. de um novo tempo que já começou... [da Grobo]

Eu havia bebido dum tanto, em uma duas horas eu enfiei guela abaixo umas seis latas de Brahma. Pode parecer pouco para quem é piolho de festa e bebe muito, né Mauri?, mas para eu que não bebo muito era bastante, as idas ao banheiro que não me deixam mentir. Eu estava deprimido, uma sensação de vazio, como sempre, liguei a televisão, eram 23:58 no relógio digital comprado em uma loja de variedades baratas vindas da China. Eu olhava para a televisão meio sem entender, até mesmo porque quando quero ser apático eu consigo, embora isso me exija concentração e umas latas de Brahma ajudem. Daí eu vi aquela pirotecnia, a tela dividida em duas mostrando as combinações de Copacabana, Avenida Paulista, Esplanada dos Ministérios, Praia do Forte, Florianópolis e tudo mais.

Saí da sala e fui para a varanda onde todo mundo bebia, falava mal de quem não estava, dava risada, falava alto e ou dançava aquelas músicas que há seis meses não tocam mais no rádio e 10 ninguém se lembra mais delas. Eu gritava Virou! Virou! Virou! e girava com os dedos. Eu estava feliz como se aquilo fosse muito divertido e empolgante. Mas sem hipocrisia, eu estava achando aquilo mara. Minha prima perguntou o que acabou e alguém falou Virou, já passou da meia noite. Pronto, todo mundo começou a se abraçar, fazer simpatia, cantar aquelas músicas globais e eu escrevi dois parágrafos inúteis, que poderiam ser um apenas, para prender a atenção de vocês. ahuahuahauhau

Bem, mas o importante é que esses dois parágrafos narram como 2010 começou para mim, meio tonto, com os sentidos, principalmente a audição, limitados, vontade de urinar, com efusividade etílica para disfarçar a carência afetiva de longa data. Ok! Tomei mais uma lata e comecei a tascar água em mim, no meu estômago, queria tirar todo aquele álcool de dentro de mim e acordar na próxima manhã todo joiado. Não é de ver que deu certo?
Em 2010 eu não arrumei um namoro, transei menos do que em 2009, continuei sem lugares para ir, pessoas com quem conversar. Mesmo assim a presença da Vaca Profana e da Mariana ajudaram muito. Não saí do armário para ninguém até mesmo porque já não me considero mais nele e olho com certo desprezo aqueles que estão no armário, mas que não tem uma condição social tão hostil que justifique a eles permanecerem calados. Em 2010 eu fiz alguns meses de LIBRAS, me interessei por ela e penso em aprofundar meus conhecimentos a respeito dela, bem como conviver com pessoas surdas. Também fiz uma disciplina sobre adolescência e violência na qual falaram sobre bullying e eu, não muito bem à vontade, falei sobre o assunto aqui. O que me rendeu dois contatos novos no MSN, um deles sem notar que eu sou da linha de estojos da Faber Castell.

Mas foi em 2010 em que eu peguei a essência ou notei a graça do Twitter. Dane-se, o que importa? Não arrumei namorado, mas consegui arrumar alguns amigos que também vieram nos estojos da Faber Castell. Lembro da minha amiga que trabalhava numa papelaria dizer que foi vendida para uma multinacional chinesa de marca barata. Mas isso tem uns oito anos, na época eu era heterossexual, na verdade eu achava que era, e nem todas marcas chinesas são baratas, como a AOC, mas Samsung e LG são melhores. De novo eu falando de coisas sem a menor importância e vocês lendo.

Viajei com minha mãe para Minas Gerais, e o melhor, eu dirigi sozinho, sem a supervisão de um adulto, no caso meu pai. Na verdade já tem uns três anos que sai da autoescola, mas é que rodovia eu nunca dirigi por longas distâncias sem meu pai. Então, cheguei lá vivo, sem levar nenhum susto e com a noção de Simples Assim da Oi. Reparei bem aquela paisagem bucólica de cidadezinha do interior de Minas, que se parece com as cidadezinhas do interior de Goiás. Foi nessa hora que eu fiquei um pouco insatisfeito e depois de 700 km de volta, entre MG's, BR's e GO's, com algumas pausas por causa de urubu atropelado na estrada, mangueira do radiador rompida, pedido de balde de água em uma fazenda com cachorros assassinos e das incertezas dos quebra galhos arrumados por um típico mecânico de rodovia, eu respirei aliviado a névoa seca que cobre Goiânia em julho. Pois imagina só, gay e morando no interior como um dia minha mãe pretendeu... ainda bem, que sempre morei em Goiânia, essa cidade que um dia Roberto Carlos, dizem, chamou de fazenda asfaltada, décadas atrás, quando era mesmo. Mas Arsênico, se um dia você seguir os conselhos dos seus amigos que são daí e quiser vir para cá, eu vou achar ótimo.

O carro que utilizamos para ir para MG mostrou que ia consumir de nós uma considerável quantidade de recursos. Aproveitamos a oferta de crédito e compramos nosso primeiro 0 km e incerto do apoio da Dilma à causa LGBT, votamos na mulher para ver se o crédito continua lá. Mas nesse parágrafo quero falar do Silas Malafaia, o homem que tem um segredo, que não sabe que tem um segredo, mas sabe que esse segredo quer se fazer consciente e por isso ele prega em defesa da família, da moral e dos bons costumes. Ele havia falando um quilo de coisas que só um Silas Malafaia poderia falar, um pastor de uma igreja inclusiva escreveu um artigo para uma revista gay contrapondo as concepções do Silas, eu pensei: quero saber como funciona essa tal igreja de gay. Mandei email para o pastor, que me respondeu e me indicou outro pastor de Brasília, enfim, resumindo, freqüento uma igreja inclusiva que começou como grupo de oração, onde todo mundo sabe de mim, que eu sou gay evidentemente, mas que eu não tenho muita crença, aliás, crença alguma,no que eles dizem.

Tá, mas a igreja inclusiva serviu para eu ter novos contatos na agenda telefônica, no MSN, no Orkut e no Facebook, onde o Braccini curte meus devaneios tolos a me torturar. Contatos que viraram companhia para ir a qualquer lugar fazer o que um lugar qualquer pode ter para se fazer. É, a igreja inclusiva me deu amigos e pessoas para pegar no meu pé, sentia falta disso e a coisa começa a fluir. A igreja inclusiva é uma das coisas de 2010 que valeu a pena.

Continuo encalhado e por um momento pensei que me tornaria um desempregado e encalhado. Fiz alguns concursos durante 2010, passei em alguns deles e em um já fui convocado, sou professor agora, atividade que não me causa fascínio. Porém é um emprego público, sem entrevista, psicólogo de RH pedindo para eu falar sobre mim ou fazer dinâmica de grupo. Gente, dinâmica de grupo, faça, mas quando fizerem lembre-se que eles estão olhando o que há de mais podre em você e que nem você mesmo sabe que é podre. Aliás, ninguém merece seleção de emprego.

Parece que 2010 foi divertido, mas não foi. Foi um ano majoritariamente entediante e apático, assim como 2009 cuja única graça dele foi ser o ano que ficará para a história, do Well, como o ano cujo já no começo o Well socializou a condição sexual que mamãe nunca quis a confirmação. Mas esse ano em que estaremos por mais alguns dias se fez ganhar nos dois últimos meses. Na verdade os últimos meses foram apenas a jusante de algo que represei há mais tempo, a primeira delas foi o curso universitário, iniciado em 2007, a segunda um monte de concurso para os quais eu prestei e em um para o qual eu passei. Resultado, eu virei servidor público e para isso eu tive que correr para formar, tão logo agora eu tenho curso superior, pena que não tenho mais direito a cela especial. Não que eu vá cometer um crime, mas nunca se sabe.

Ruim é que a gente fica desejoso de continuar os estudos, perdi o vínculo como a universidade, que é pública e agora para voltar para ela só com editais, projetos ou aquelas provas de medir conhecimento bancário e limitado, o vestibular. Consola saber que alguns cursos de extensão pelo menos serão pagos pelo Estado. É nessa hora que olho os colegas do Ensino Médio, dos quais tenho saudade e ao ver alguns deles acho ótimo o fato d’eu ser gay, 21 anos, formado, com emprego público e com a chance de entrar na academia, emagrecer e ficar mais gostoso do que alguns acham que eu sou, diferente deles, que estão gordos e em alguns casos tem que sustentar o filho que inventaram. Gente, como os heterossexuais se reproduzem.

E assim acaba 2010, pela primeira vez eu atingi a minha franquia de dados e a NET reduziu minha velocidade a metade. Filha da puta. Pela primeira vez, desde que eu me lembro não passarei o Natal e o Revellon deprimido por causa das propagandas de peru, fiestas, chester e outras galinhas transgenicamente e anabolizadas que mostram pessoas felizes com suas famílias felizes, além de brancas e com sobrenomes italianos. Na verdade fico, porque ainda não desisti do menino felpudo lá da igreja inclusiva. Menino que não é felpudo assim, eu estava reparando as fotos dele no Orkut.

Bem, 2011 vem aí, ano para o qual fiz muitos planos e cuja característica será, provavelmente, a de ano em que eu vou aprender muita coisa, pois o que virá aí é muito novo. Tomara eu conseguir. Acho que vou, mas eu queria adrenalina na vida, né? Uma sala cheia de meninos, quanta tensão.

Para a blogosfera faço os seguintes planos. Primeiro dar mais atenção como um dia eu já dei a ela. Lerei mais todos vocês, e comentarei também, pois esta que é a moeda de troca e reconhecimento deste lugar. Portanto o Diego, o meu amigo fofix, que um dia me levou a Parada Gay, terá mais da minha audiência. Diego, leia o blog do Braccini e comente, pois é estranho um blog de gay o qual o Braccini, o Delphos da blogosfera, não leia. É como diria seu Ladir, Paulo Braccini é mara! Diego, você é mara também, por experiência própria, falo como amigo. O segundo voto tem mais a ver comigo e diz respeito a não empurrar mais esse blog com a barriga, como tenho feito nos últimos meses.

Bem, é isso, peixos, me liga quem tiver meu Vivo ou meu TIM. Ou me Twitta, pois Natal na casa da avó combina muito com todo mundo falando e a gente com o celular ligado navegando no wap.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Resposta ao Johannsen

Johannes, já falei nesse blog que eu aceito opiniões diferentes e consigo conviver bem com elas. Você não é a única pessoa que pensa diferente de mim, também não é a única pessoa que critica o meu ponto de vista. Com relação a mim, a sua única exclusividade é a de me deixar irritado, pois o que me incomoda não são as opiniões diferentes, mas a maneira como os seus donos as colocam e isso o que me irrita em você. 

Repare bem no seu último comentário, você diz que eu sou isso, que eu sou aquilo e por isso eu devo fazer aquilo outro. Nele você disse o que você sempre diz nos seus comentários anteriores, só que de maneira mais contundente e invasiva, me rotulou e sem me conhecer. Tudo bem que você não precisa me conhecer para ter certas concepções ao meu respeito, tanto é que eu também tenho a minhas ao seu respeito e que são bem antipáticas para ser sincero. Porém, acho que você me conhece muito pouco para ter algumas delas e nenhuma intimidade possui para delas me falar.

Para mim tudo bem enquanto você criticasse as minhas idéias, que é o que os que discordam de mim, poucos nesse blog, sempre fazem e eu nunca me estresso por isso. Porém você fica pedante quando sobe nesse banquinho professoral da maturidade, do conhecimento e da reflexão que imagina ter. Você tem o direito de pensar o que quiser de mim, porém compreenda que eu não estou interessado e não tenho a obrigação de saber o que você, que praticamente nada de mim conhece, pensa a meu respeito. 

Parece grosseiro, e talvez seja mesmo, mas você não é nada meu, eu não tenho nenhuma obrigação ou vínculo para com você, que não é meu amigo, que não é meu familiar,a terapeuta que pago para me criticar, um superior, subordinado ou igual. Sequer é alguém em quem na fila do banco eu pisei no pé ou buzinei grosseiramente no trânsito, alguém que seja agredido ou constrangido com alguma atitude ou pensamento meu e que seja equivocado. Enfim, não dê tanta importância para mim e a maneira como sou.

Realmente, nesse blog a maioria dos comentários são elogios para mim, a maioria das críticas é feita em situações cotidianas e relacionadas à convivência, que você não tem comigo. Mas voltando aos elogios, eu não acredito que eles sejam tão mentirosos assim e eu não me recuso recebê-los. Não pense que isso seja orgulho, uma vez que o nome disso é auto-estima, elevada talvez não, pois quando estou escrevendo isso aqui para você demonstro toda uma insegurança. Entenda que eu aceito críticas e não me ache arrogante, porque eu reconheço meus erros, minhas limitações – leia a minha descrição aqui no canto do blog – e tento mudá-los a partir do instante que eu tomo consciência delas e concebo uma maneira que eu acho correta.  Acho isso mais bonito do que se achar dono da verdade da ponderação, mas muito difícil e por isso me saio bem errante, mesmo assim continuo.

Bom, e já que você se acha tão crítico, faça um pouco daquilo que você sugere aos outros, mas para você mesmo, pois para mim não existe pessoa honestamente crítica que não faça daquela cuja palavra auto é o prefixo.

Ainda assim de todas as críticas que você fez a mim existe uma com a qual eu concordei, meus textos precisam ser revisados, tenho erros gramaticais e preciso melhorar a clareza da idéia. Contudo saiba que essa constatação eu e outras pessoas tiveram antes de você. Aí sim reconheço o erro na parte em que falo do babaca do Reinaldo Azevedo e de você. Faltou eu especificar que o me irrita e eu não quero saber é a sua opinião ao meu respeito e que o jornalista pelo qual você tem alguma simpatia é o babaca. 

Com relação ao Reinaldo Azevedo, se eu sou infantil por achá-lo um babaca, ele não me parece muito adulto quando chama aos que pensam diferente dele de petralhas, que também não me parece ser um elogio da parte dele. Acho Reinaldo Azevedo um babaca mesmo, se você não acha diz porque aí nos comentários, espaço que você acha que para mim serve apenas para me adular, ou crie um espaço para você repercutir suas opiniões e deixe eu aqui com as minhas mostrando toda minha consciente e pretendida parcialidade.

Bem, é isso, peixos, não me liga.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Trivial de Igreja Inclusiva

No último sábado houve uma palestra sobre DST's na igreja inclusiva. Na verdade a palestra ficou mais concentrada na AIDS, até mesmo porque semana passada foi a semana nacional, mundial, universal, não sei, de combate à AIDS. Engana-se quem pensou que quem foi palestrar foi algum religioso, desses que pensam que a castidade é o melhor caminho. Que deu palestra foi à presidente do fórum estadual de transgêneros, que não por acaso também é uma transgênero. 

Confesso que fui para lá interessado mais em conhecer a palestrante, testar meus preconceitos internos, até mesmo porque na penúltima Copa do Mundo eu ainda acreditava na minha heterossexualidade. A palestra serviu para muita coisas, os conhecimentos sobre a AIDS avançaram mais um pouco e muito aprendi sobre transgêneros, que será tema de uma palestra futura, pois nessa ocasião apenas pincelamos o assunto. Foi ótimo também para perceber que o Estado não é tão omisso assim para a causa LGBT, em Goiás pelo menos existe um lugar com atendimento multidisciplinar para pessoas que passam por alguma crise, seja porque se descobrem soropositivas, porque sofrem bullying na escola ou são expulsas, entram em conflito com a família por serem homossexuais. Porém nada que seja considerado o suficiente, se foi possível ficar otimista por isso, saí de lá muito mais pessimista pelas inúmeros problemas de assistências e que duram no mínimo duas décadas.

Final da palestra algumas fotografias e a palestrante dizendo contente com a existência da igreja em Goiânia, do trabalho sério feito por ela e do interesse dela em recomendar o lugar as pessoas, destruídas, que passam pelo Centro de Referência da Secretaria Estadual de Saúde. Analisei meus preconceitos e tenho ficado satisfeito. Tempos atrás ficaria no mínimo constrangido com a transgênero e é boa a noção de que evolui.

Na verdade queria falar sobre outras coisa, mas o babado é forte. Deixa para a próxima.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Dando seta para a direita

O final de semana foi divertido, viajei para Brasília com algumas pessoas da igreja inclusiva. Fomos para o aniversário da sede da mesma, que fica na capital federal. Corri para não chegar atrasado à casa do presbítero, acabei ficando suado, mas cheguei na hora. Tomamos chá de cadeira de uns 40 minutos esperando as outras companhias chegarem. Bem, subimos para a capital federal, apesar do calor e de mim ser o único solteiro e a fazer a linha vela naquele carro, vela não, tocha. Ficamos perdido quando chegamos por lá, eu não ajudei, pois afinal de contas para mim para quem vem de Goiás o melhor caminho para ir até o Conjunto Nacional é o Eixo Monumental, eu nem sabia da possibilidade do Eixo W Sul.

Brasília estava bonita como sempre, o Plano Piloto pelo menos, por mais que sejamos bairristas. É um lugar lindo. Meio artificial? Mas que tem muitos significados e os muitos símbolos de todo uma nação. Brasília é simplesmente fantástica. Não tanto quanto a hospitalidade das pessoas que nos receberam e o envolvimento que tivemos depois. Lembranças cujas músicas mais aleatórias que enredaram alguns momentos trarão à mente.  

Ruim foi dormir, namorado do amigo ronca e eu usei como estratégia ouvir música no MP4, afinal de contas Nenhum de Nós é melhor do que os "sons da respiração" dele. Pena que a música no MP4 atrapalhava as outras pessoas no ambiente que, crentes de que eu havia dormido, me foram tirar os fones e desligar o aparelho. Conseguiram me acordar e me assustar, mas eu desliguei o aparelho e continuei insone por causa do rapaz. Quem mandou e quem colocou os colchões tão próximos? Toda hora ele jogava os braços em cima de mim e eu empurrava ele para o canto, na direção do amigo, conotando todo constrangido em Cristo, é ele quem você tem que jogar os braços em cima e "respirar" no ouvidinho. Coisa estranha, o sono foi picotado, a cada hora que eu conseguia dormir algum telefone celular tocava, havia oito aparelhos ali, o último foi o meu, às 07:30 da manhã, era um número desconhecido e pelo prefixo, há de ser da Vila Bandeirantes, em Goiânia.

 Eu incentivando a cultura popular brasiliense.

Almoçamos na Antena de TV, depois de um rápido tour pela cidade, de olhar alguns gatos. Ah! Esses não tinham muito por lá, só os de um grupo de natação de Goiás cujos lindos adolescentes, graças ao bendito calor, tiravam as camisas e mostravam os seus jovens corpos morenos e malhados. Nota mental: se inscrever em um curso de natação. Voltamos para Goiânia e eu fui na fé de que a noite, lá na igreja inclusiva obtivesse uma resposta por parte do rapaz felpudo. Não deu em nada, a única coisa que tirei é que parece que as pessoas estão contando com uma conversão da minha parte e eu estou começando a me sentir pressionado. 

Não é bom, me tornei ateu em um processo e mesmo que se eu quisesse acreditar, o que não sinto nenhum pouco motivo para tal, eu levaria provavelmente um tempo para isso, um processo. Bem, se isso continuar incomodando, irei falar. Se for necessário que eu tenha alguma crença assim para que eu esteja presente ali, naquele ambiente com aquelas pessoas, o jeito será sair de lá, por mais dolorido que possa ser, talvez. 

Bem, mas o menino felpudo, levou um amigo para apresentar a Igreja. O amigo tem queda por outra pessoa, inventei pretexto e me convidei para ir com eles ao Banana Shopping (pseudo-shopping mas francamente gay). Eles foram para lá para comer e não comeram. Me senti indesejado ali, indesejado no sentido de que os dois queriam ficar sozinhos e não queriam conversar comigo. O menino felpudo a principio iria embora sozinho e eu ofereci uma carona até o ponto, ele voltou atrás e decidiu acompanhar o amigo mais um pouco. 

Esperava que ele fosse falar no assunto, mas para isso precisaríamos ficar sozinhos e sozinho comigo era tudo que, pelo que deu para entender, ele não queria que ficássemos. E se sentir indesejado em algum momento é péssimo, é algo que não relaaaaaxa a gente, pelo contrário. Dirigi pelas ruas de Goiânia sentindo uma nostalgia em relação as largas avenidas de Brasília e ansioso, andando em velocidades maiores do que a conta toda vez que lembrava do fiasco no shopping.

Bem, daí que não vou correr atrás. Daquele mato não saí coelho e esperava que a constatação não fosse tão constrangedora assim. É frustrante, dizer que eu não tenho vontade de insistir mais um pouco é mentira. Tenho sim, porém é tudo uma incerteza e mostro meu valor as pessoas mostrando que não vou largar tudo por causa das incógnitas de outras, pois assim eu me dou valor e posso agarrar outra oportunidade que surgir. Se ele quiser depois, o que acho que não tem grandes chances de acontecer, ótimo, eu me entrego, se até lá não tiver nada sério com ninguém. Agora na estrada dei seta para direita e estou deixando o caminho livre para os outros.

Triste e chato. Queria utilizar o blog para criticar algumas coisas, tipo o artigo sobre a PL 122/06 publicado por aquele babaca do Reinaldo Azevedo, que alguém provavelmente irá comentar aqui defendendo-o e me criticando como se eu tivesse perguntado a opinião, ou o do Marcos Vianna na O Provocador, publicado no R7, dizendo que bullying é normal e faz bem para saúde. Mas deixa para lá.... depois que resolver essa vida pessoal talvez eu vá dar meus pitacos sobre política, comportamento, sociedade e tudo mais.

Bem, é isso, peixos, me liga.