quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sobre Marina Silva

Eu gosto de Marina Silva e apesar de minha preferência por Dilma Rousseff, gostei dela ter saído como pré candidata à Presidência da República. Admiro muitas coisas nela, a biografia, sendo ela uma das poucas pessoas públicas “que subiram na vida” e que não me causa medo. Admiro sua formação universitária, História, e sua atuação, durante alguns anos, profissional, professora do Ensino Básico.

Tenho a noção de que no governo ela fez menos do que quis fazere o que ela quis fazer foi o ponderado. Talvez por isso achei tão importante seu anceio por se tornar presidente, aja vista que penso no meio ambiente como algo importante para o “futuro do país” tanto quanto o crescimento da economia e a distribuição de renda que o Governo Lula tanto diz fazer, mas sem dar a devida proporção as causas ambientais. É como diz o ditado: quem não dá assistência, abre concorrência.

Mas dependendo do que Marina Silva disser, mesmo que ela não se eleja e mesmo que eu goste de Dilma Rousseff, talvez ele diga coisas que eu julgue fazer com ela mereça o voto meu. Contudo, Marina Silva me causava um receio até o dia de hoje porque eu não sabia qual seu posicionamento a respeito dos homossexuais. Ela tweetou e fui ao seu site ler o que a senadora pensa politicamente a respeito dos LGBT’s.

Fiquei feliz e não me surpreendi. O que li no site oficial de Marina foi algo que eu esperava, mas não tinha a confirmação. Marina Silva, apesar de evangélica e da mesma igreja do reacionário Silas Malafaia, Assembléia de Deus, é favorável aos direitos das pessoas LGBT’s. Reconhece que os movimentos sociais, que tem muita gente contra porque não querem as mudanças que eles propõem, são importantes e fazem parte de sua biografia. Reconhece que não existe democracia cerceando às minorias o acesso à liberdade e à igualdade.

Marina Silva é sim uma pessoa diplomática, mas não é diplomática meramento por questão política e por ser orientada por um marqueteiro, mas sim porque acredita no poder da cordialidade para instituir o respeito e a cultura de paz entre as pessoas. Isso é visível a todo momento em suas falas, inclusive quando saiu do PT e teve tudo para ele criticar, mas preferiu elogiá-lo.

Enfim, durmo feliz por finalmente saber o posicionamento de Marina Silva a respeito de minhas demandas e por esse posicionamento ser exatamente o que eu quero de nossos políticos.

domingo, 4 de abril de 2010

Sobre a política SIM

Leio blogs e em alguns vejo seus autores se posicionando contrários à dimensão política que é dada à nossa sexualidade. Respeito as opiniões, só não me convenço delas, porque não acredito que a homossexualidade em meio a nossa conjuntura não envolva questões políticas. Também não acredito que seja viável aos homossexuais viver e manifestarem de forma plena suas sexualidades sem utilizar de política.

Talvez falte em nós, pessoas vivendo em sociedade, empatia e assim entendermos que não é porque algo não nos é útil, ou aparemente inútil, é que elas vão ser desnecessárias. Por causa disso aceitamos justificarem que é mais importante cuidar das crianças morrendo graças ao tráfico de drogas do que dos homossexuais mortos a quase dois dias no Brasil, como se um atrapalhasse a resolução do outro.

Não que eu vá adotar uma criança, até mesmo porque do fundo do meu coração não gosto muito de criança, mas não vejo como errado casais homossexuais requisitarem esse direito. E pode ser que muitos homossexuais não se interessem por isso, mas eu pretendo me casar com alguém no melhor estilo que seja infinito enquanto dure e ter com tal homem os mesmos direitos que um casal heterossexual tem, sem para isso precisar acionar Ministério Público, ir aos sensacionalistas jornalecos regionais do horário do almoço, mover processo na Justiça, aguardar julgamento do STF sobre constitucionalidade da causa, enfim.

Por causa dessa empatia, é que me recuso veementemente as propostas umbicistas dadas por alguns blogueiros homossexuais para se viver a sexualidade. Um dia li um em que o autor se gabava da posição social e ignorava o que a sociedade dizia a respeito dele. Além do mais, num discurso que para mim no fundo era derrotista, apesar do tom de vitória, tal autor falava que preconceito sempre existiu e sempre existirá, subentendo para mim pelo menos, que nada tem para ser feito.

O equívoco de tal autor para mim foi imaginar que os que as pessoas falam pelas costas vão ficar só nas palavras e ainda por cima, pelas costas. As palavras vão repercutir ações, se não para tal autor, para outro homossexual, inclusive para os que não são supostamente perfeitos como ele, até mesmo porque, a perfeição não é uma obrigação a ninguém e as pessoas não são perfeitas. Eu não sou, o autor que lia também não - embora ele aparentemente pensasse o contrário, quem lê esse texto não é e se o inferno existisse, iria todo mundo para lá.

Boa parte dos homossexuais não são providos de capacidades morais, intelectuais, emocionais, financeiras e porque não físicas – pois a violência já foi inventada; para viverem enquanto homossexuais. Pessoas são desprezadas, jogadas para fora de casa, têm emprego recusado, são apontadas e acusadas na rua, no melhor estilo Geysi Arruda, e ainda tem gente colocando fé que a solução é elas se virarem, num discurso meritocrático, colocando a culpa no indivíduo, quando essa culpa pertence ao folclórico SISTEMA (huahuahuahuahuahua eu vou pegar você) social de construção de valores e normatizações.

Articulações políticas não é choramingo. Questiono até se essa visão de articulações políticas – como as que reclamam por RR Malafaias, Silas Macedos, Edir Soares usarem concessões públicas de televisão para disseminar preconceitos, seja contra sexualidade, seja contra outras denominações religiosas – não tem a ver com, não só a falta de cultura política dos brasileiros que muitos afirmam não termos, com o período, que não vivi ainda bem, da Ditadura Militar em que os posicionamentos políticos diferentes do status quo eram calados com violência e ideologia.

Articulações políticas para mim não é só empunhar bandeiras e reconheço muito aqueles que a elas empunham. Articulações políticas são possiveis de diversas maneiras, dos comentários sutis que desconstroem preconceitos numa fila de banco, até mesmo as minhas ações futuras enquanto docente e utópico formador humano, aos votos que todos aqui maiores de 16 anos têm direito, enfim. Não existem sexualidade apolítica e tratá-la como tal para mim é alienção, termo que para mim é uma baita duma ofensa.

Posso estar sendo esse jovem utópico na visão, principalmente dos mais experientes. Mas não me conformo com a situação em que vivo e creio que todos nós, homossexuais, devemos fazer algo, a maneira de cada, para mudar isso e não tapar o Sol com a peneira.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Sobre a pedagogia do blogayro indeciso

Incomoda não saber o que fazer da vida. Eu comecei o ano com tantos planos e agora… bem, agora eu paro e pergunto, o que eu faço? Eu começo a fazer algo e se não dá resultado durante o percurso fico inseguro, me pergunto se vai dar certo, se está dando certo. Ruim é ficar com essa indecisão a noite, na hora de dormir, aí é que não se dorme mesmo.

Não basta ficar inseguro, tenho que ficar também paralisado, pois se aquilo não vai dar certo, tenho que saber o que fazer, o problema é que não sei. Para a maior parte das coisas da minha vida eu não sei o que fazer e por causa disso, não durmo direito.

Eu estou tentando me envolver com as pessoas, para ter uma vida social mais ativa e mais, digamos, entusiasmada, com meus pares em condição sexual. Não estou bem sucedido, aliás vou muito mal, obrigado. Putz, e entrar na Uol é tão fácil para arrumar sexo. Mas sexo nem quero, apesar da libido a flor da pele. A próxima encochada no ônibus eu não sei se me seguro…

Agora que descobri que  tenho gaydar, que ele funciona e sua eficiência é uma questão de prática, afinal de contas eu raspei muito o carro depois que peguei a carteira, tenho observado melhor ao meu redor. Mas sei lá, quero saber se o fortão da Libras é. Ele num tem muito jeito de ser. Pior é sonhar com ele dando aquele sorriso daquele dia. Ele nem é tão bonito assim. Mas…

A Libras é legal, quero pegar fluência nela, mas o que eu pegar na Universidade vai ser um tanto quanto pouco. Carga horária pequena, vou ter que assistir muito Show da Fé ou NBR, o canal do Governo Federal, para aumentar o vocabulário. Preciso encontrar surdos e dizem que tem muitos surdos gays. Legal, manda beijo para eles. Num sei se faço Letras Libras, se faço bacharelado, sei lá. Preciso estender meu vínculo com a Universidade, para poder agarrar os projetos que se tem em vista, projetos que potencializam mestrado.

Caraca, conversando com o professor da escola do estágio, dá para aposentar numa boa ganhando R$7000,00 no município de Goiânia. Só ganha mal professor que não quer estudar. Plano de carreiras tem contemplando aos profissionais que incorporam a formação continuada. Putz, acho que vou ser professor mesmo. Mas escola tem seus baixos e tem umas coisas por lá que despertam em mim um messias enrústido, mais do que enrústido, revoltado, perdido, desesperado e estressado.

O “capeta” de capeta não tem muito, está mais para vítima, ou melhor, pecador. Ele sabe copiar coisas do quadro, mas não sabe ler. É mal, nem para analfabeto funcional ele serve. O capeta que não cala boca precisa de ajuda e quem vai ajudar ele? Eu, que escrevo coisas aterrorizantes com erros de acentuação, concordância? O que eu faço? Minha vontade é ensinar só América Latina para o capeta, usando o conhecimento prévio sobre que ele e nem os colegas não possuem.

O que faço com o diabo. Ele nem é tão diabo, ele gosta de mim, acha a mim mais divertido, ele prefere a mim do que o professor. Se eu peço para ele não jogar papel nos colegas ele obedece. Que fofo! Mas o capeta, o encrenqueiro, não sabe ler. Ele está no oitavo ano do Ensino Fundamental da mesma escola que eu estudei por todo minha vida e não sabe ler. Meu negócio é Geografia kacete.

Ai que bom que eu tenho solidariedade, que bom que me martirizo porque o menino mais destestado pelos professores não sabe ler e eu sei, mal, mas sei.Ridículo é eu ficar achando que vou ganhar um prêmio Nobel da paz por ensiná-lo a ler. Aliás, brega é eu pensar que vou ensiná-lo escrevê-lo se nem como fazer isso eu sei.

Vou dormir, amanhã é dia de preparar o Sorriso de Monalisa, que no caso sou eu e o meu. Cirurgia bucomaxilofacial, dá até medo desse nome. Acho que depois da cirurgia bucomaxilofacial (me sentindo Betina Botox) eu vou ficar bonito. As vezes me acho bonito, mas como diz um blogayro pop aí, depende do ângulo. Ughhh.

sábado, 27 de março de 2010

Sobre o Poder

Eu pensei que eu me importava com alguém que provavelmente não lerá mais esse texto, e nem os próximos, inúteis e clichês como os anteriores, que eu escrever. Na verdade esse texto é uma preocupação comigo mesmo, é a manifestação da minha frustração e a forma como eu entendo tudo o que pude observar.

O que tiro de tudo o que vi é que a vida é sempre uma disputa de poder onde o medo e a ignorância e as ações que eles levam a nós fazermos, nada mais é do que o poder entrando em prática. Isso explica tudo, do surgimento ao desparecimento tão rápido aqui na web, até a auto segregação em relação a muitos, como eu, que a web levou a conhecer.

Se não estiver enganado (saber que Paulo Braccini, filosofo, vai ler isso aqui me deixa inseguro) Hegel disse, mais ou menos, que o poder do opressor reside na consciência do oprimido. E não que tenha alguém que seja uma pobre coitada por isso, mas existe uma oprimida conferindo aos opressores, sem entender quem sabe, o poder.

De qualquer maneira não posso julgar mal. Esse poder do opressor, na verdade dos opressores, está bem manifesto, inclusive de forma sutil. Vai desde a religião que alguém frequenta, das instituições sociais, dos humorísticos programas toscos e suas formas caricatas de representar a homossexualidade, até à mentalidade dos familiares, aos comentários desde já preconceituosos dos amigos e pessoas mais quistas, aos tão falados formadores de opinião.

Bem, existem os opressores, e têm entre eles aqueles que se tornam opressores sem saber que são opressores, simplesmente porque eles também têm medo e ignorância. Os familiares, amigos e afins, são exemplos disso.

E lá o Foucault, o Raffestin, diriam que tudo é uma disputa de poder e é mesmo. Esse blog aqui, o do Paulo, do Gato, do Wans, das moças do Nem Froid Explica, todos blogs relacionados aqui ao lado participam de várias disputas de poder, exceto um porque não existe mais e tomara seu dono não colocar uma corda no pescoço para também não existir mais, materialmente como preferir.

A maioria desses blogs aqui são sobre sexualidade, a sexualidade de seus escritores, e estão disputando para ver quem ganha, se a heteronormatividade ou a livre escolha das pessoas de serem o que elas sentem que são. Mesmo que seus donos não façam como eu algumas vezes faço, uma crítica contra alguém, contra alguma instituição ou algum comportamento. Quando eles estão falando de suas rotinas, de seus gostos enfins, estão disputando o poder.

Entendido que todos que gostamos, que lemos, que acreditamos, que simplesmente existem, agem e pensam, estão fazendo inúmeras disputas de poder, resta dizer que o que vi alguém fazendo é nada mais que uma disputa de poder onde eu creio que ela, que pensei estar ganhando tanto, perdeu, mas não só ela, eu também e muitos também.

Sinto derrotado porque nos assemelhamos, se alguém vence algo relativo a aquilo que nos assemelha, a vitória é indiretamente nossa, porque a demanda também é nossa. Consolidar alguém uma demanda igual a minha, é também consolidar a minha.

E tudo o que falou, nada do que foi dito é para mim estranho. Preferia eu que não fosse assim e torço para que ninguém enlouqueça, nem se mate, eu é que não vou. Mas acho que vai dar certo, dizem e eu acredito que o mundo não é mais como era antigamente. Uma hora as pessoas começam a rever a tudo, inclusive o conceito das mais banais das palavras que usam para pensar. Também resta torcer para que sejas feliz e se eu pudesse dar um conselho é o de pensar nos outros também, porque uma hora alguém vai pensar em si próprio, o que deveria ter feito desde o começo, e acabar prejudicando quem seja, quem sabe, inocente.

Bem que eu poderia colocar aqui uma música do Cartola, mas seria piegas e seria uma liçãozinha de moral que estaria fazendo ao autodenominar-me dono da verdade, o que não é minha intenção. Mas assistim A Vila, aquilo lá que mostra o poder.

P.S.: Acho que esse é pelo menos um dos melhores textos que já escrevi aqui, mesmo que confuso.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sobre nada

Aquela foi a terceira vez no dia de hoje que eu repetia aquele trajeto. Andava rápido com passos firmes, as pernas sentiam alguma dor. Havia tomado banho, as gotas da água clorada escorria do cabelo liso ondulado pelo rosto misturando-se ao suor.

Apesar que tenha havido três dias consecutivos de chuva, ainda assim a temperatura estava um tanto quanto elevada, não tanto quanto como a do meu corpo. Suava, o céu estava nublado e dele caiam as gotas de uma chuva fina e insistente, mas que não molharia nada até chegar onde queria chegar em poucos minutos.

O céu era cinza, mas com manchas amareladas em degradê. A oeste, por detrás dos edifícios dos bairros centrais da cidade o Sol se punha e deixava para trás as cores vivas de uma gema de ovo. Ao extremo norte via-se uma clareira e nela um azul celestial profundo rajado com nuvens cirrus.

Descia do céu um ar úmido e fresco, já é outono, e mesmo assim úmido ainda bem e infelizmente não por muito tempo. Junto a brisa, misturado vinham os odores do biodiesiel dos ônibus fretados, do etanal dos carros flex, do salão de beleza do outro lado da avenida, da padaria, da farmácia.

Passei finalmente pela fronte da academia e lá os corpos se esculpiam para se enquadrar num misto de estética e líbido, correndo de um lugar, até lugar algum, sem sair do lugar. Na sargeda o defunto rato vai sendo carreado ladeira abaixo pela enxurrada. O corpo e a enxurrada brilham refletindo as luzes brancas dos faróies de xenon dos carros dos playboys e o amarelo queimado das lampadas de vapor de sódio. Mas na verdade, a enxurrada era vermelha, não pelo sangue do rato, mas pelo avermelhado solo ácido e ferroso do Planalto Central.

Chegando até a esquina, naquela em que o homem estranho me viu, me abordou quadras antes me chamando de bonitinho e convidando a mim para ir a sua casa, quando eu tinha 11 anos. Naquela esquina o bueiro estava entupido em a cadaveríca ratazana rodopiando na água.

Contava as moedas, subia a rampa da estação, embarcava, esperava o ônibus. Lá dentro todos calados, todos sérios, todos olhando para o mesmo rumo, a frente do ônibus onde nada de interessante existe. Naquela hora já havia pensado em escrever isso. Já estava bem escuro e o céu não estava tão amarelado, mas certamente mais que preto claro, estava preto escuro.

No terminal eu desço e agora tem lindos fiscais arianos cuidando do embarque. A todo momento, desde a saída lá de casa até aqui é a trilha sonora do Fabuloso Mundo de Amelie Poulain que ouço em fones de ouvido Phillips suficientemente potentes para abafar os ruídosos motores MWM dos uniformes ônibus VW 17-210 encarroçados pela CAIO Induscar.

Na outra área de embarque, pequenos ensaios de civilização ocorrem quando nós, os animalescos usuários, entramos em fila. Logo aquele veículo fica lotado, um par de macios e abundantes, apesar que a bunda é mais em baixo, apertam a mim por trás. Dessa fez quem faz cara feia sou eu e não a sua dona.

Bem, se você não entendeu esse texto, volte novamente ao título, leia-o lentamente e em seguida leia esse texto pausadamente. Se mesmo assim você não entendê-lo, repita o processo, já que esse agrupados de simbolos gráficos e culturais tem aqui uma mensagem sútil.

Se você entendeu esse texto, bem… não vou falar a conclusão, pois fará perder a graça para os que não entenderam e querem entender.

Prometo escrever algo descente da próxima vez.

Se ficou com raiva, nunca mais chame aos textos do Well de profundos.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Sobre a Dança do Quaquito

Ruth Lemos e o sanduíche-íche-íche, Fala Sônia www.youtube.com.br, o Rei dos elogios, a dança do quadrado, a Stefhanny e o seus clips super luxuoso, a Ximbica. Bem, venho aqui apenas tentar dar um furo. Eis abaixo a dança do Quaquito.

Prestem atenção na letra.

Peixos, me twitta @BorbaGabriel

domingo, 21 de março de 2010

Sobre a Igreja

Para os católicos a culpa dos casos de pedofilia na Igreja é dos homossexuais. Pois a Igreja é Santa e perfeita e não tem culpa pelos casos denunciados a todo momento.  Essa é a indignada justificativa dada pelos fieis nos comentários às críticas feitas pela imprensa à conduta tomada pela Igreja Católica Apostólica Romana com relação aos seus sacerdotes pedofilos.

Nessas jusitificativas tem muitas coisas implicitas e repugnantes. O que mais é irritante é saber, que se o inferno existir, todos nós vamos para inferno, mas os crentes que se arrogaram de verem perfeitos, tão perfeitos que são incapazes de reconhecer e assumir aos próprios erros, pensam que não vão.

Não bastando cometer esses equívocos, a Igreja e seus fieis se arroga de fazer seus manifestos moralistas convocando a todos para unirem-se contra os homossexuais, tão perigosos quanto a devastação da Amazônia cujos seus dogmas nada de prático tem feito para evitar. Exemplo disso são os históricos templos católicos construídos com madeira de origens para lá de questionável.

O mais irônico é que embora os pedofilos “sejam antes de tudo homossexuais interessados em desmoranar com a Igreja, a vida e a família”, conceito que os crentes sem definição alguma tratam de se dizerem pró a todo momento, a  Igreja tenha como prática abafar em atos corporativistas as ações dos pedofilos que usam as suas batinas.

Nisso tudo o que fica bem implícito não é só as incoerências, hipocrisias e mentiras da Igreja, mas também o desdém que ela tem para com a inteligência alheia. Infelizmente tem muita gente que ainda está acreditando nesses argumentos fuleiros e sabe-se lá porque.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sobre a libras

Falar para eu mesmo que sou gay foi complicado porque gay não significava apenas quem gostasse de pessoas do mesmo sexo. Embora fosse repetido e eu tentasse acreditar, ainda tinha comigo a imagem de que gay é mais do que é isso, aliás, é menos do que os outros, que gay é inferior.

E sabido, pelos padrões sociais que são empurrados, que temos que ser perfeitos, dentro daquilo que é colocado pelas instituições, pela publicidade, que diga-se de passagem é uma coisa que faz mal e está serviço dele, e pelo consumo como perfeito. Na construção do impõe como pessoas perfeitas, coisa que tento alcançar as vezes sem me dar conta, não entra o homossexual, apesar que tenham aí um discurso dissonante, mas ainda sim mínimo querendo mudar isso.

Pronto, agora assumi para mim que sou gay, mas acabei admitindo para mim também que sou inferior no fundo também. Na verdade não assumi que sou gay, admiti que sou bissexual, porque é menos pior, apesar que de mulher mesmo nunca tivesse eu gostado e nunca fui bissexual, também decidi que não faria amizades com pessoas do “meio”, não deixaria ninguém saber disso e por aí vai. Conforme vou incorporando que não é inferior, vou evoluíndo, conto para terapeuta, que já sabia é claro, para amigos, pais, e alguns lugares públicos pouco me importa saber se os outros vão entender isso, que eu sou homossexual mesmo, na maior parte do tempo passivo.

Fazer Libras foi também uma realização pessoal na qual serviu também para eu fazer todas essas reflexões que coloco nesse texto. Não que eu não soubesse disso tudo que estou escrevendo aqui, é que eu não tinha sistematizado para mim mesmo do modo claro que até eu entendesse, o que faz com que eu conclua que o processo de auto-observação e auto-entendimento é delongado e contínuo.

Aos poucos fui me conhecendo e aos poucos fui perdendo o medo que tive de mim, porque passei aos poucos a me entender. Com surdos, com cegos, com pessoas com deficiência mental, cadeirantes e tudo mais é a mesma coisa, apesar que penso que auto-aceitação, pelo menos para aqueles com deficiência nativa, não tenha sido o caso.

Mas no fundo quando pensamos nessas pessoas, mesmo que queiramos ser inclusivos, somos preconceituosos, porque temos medo de magoá-las e não entendê-las como é o meu caso. Mas ainda bem que posso me dar ao luxo de ser racional usando dessas emoções que me vêm agora, revolta, vergonha, orgulho, satisfação, medo, inconformismo, porque assim posso me dar conta do quão limitado eu é que sou e como se aprende a cada a instante.

Não não não! As melhores lições não são essas que estão escritas em longas dissertações, teses, artigos, livros, palestras e tudo mais. As melhores lições são essas que se assemelham à Libras, as que de tão simples que são acabam se tornando complicadas serem percebidas, aprendidas como os seus sinais e gramática, que se assemelham à essa reflexão que fiz e que certamente não estava na ementa da disciplina.

Aliás, porque estou escrevendo isso? Pouco importa. Estou atrasado para o lançamento do livro da Vaca Profana.