quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sobre a marcha em Brasília e o medo da mãe

Well: Eu vou a marcha LGBT em Brasília.

Amigo: Seus pais vão deixar?

Well: Sei lá, eu falo que será um protesto em prol das Universidades Federais, contra a construção de usinas nucleares, sei lá.

Amigo: Que mentira, seus pais num pesquisam as coisas?

Well: Não, eles são massa de manobra.

Amigo: Gente, que ingênuos.

Well: Nhá, talvez eles me vejam na Bobo News

Amigo: Então acho que tu num devias ir.

Well: Mas eu fico pensando também, pq mentir, minha mãe tá tão receptiva ultimamente, meu pai num tá nem esquentando a perereca.

Amigo: ufahsuahusaha

Well: Tanto é que quando eu fui aí em Sampa ele disse que por ele tudo bem.

Amigo: Mas Sampa vc ia ver seus amigos e não manifestar-se publicamente.

Well: Mas ia ficar cult, eu vou explicar para minha mãe que vai ser um protesto em Brasília, com a diferença que eu vou, quem sabe, só apanhar da polícia e não vão grampear nosso telefone, invadir nossa casa pelo Exército as três da madrugada e nem levar um de nós para o pau de arara.

Amigo: Pobrinha da sua mams, Well, vc é hijo único, ela pode ficar megatripreocupada.

Well: Eu falo que vou trazer uma camiseta, I S2 BSB para ela.

Amigo: Ah Well, que isso, acha que uma camiseta vai resolver a megatripreocupação dela?

Well: Eu estava vendo uma coisa hoje que eu fiquei putaiado, Brasília é um projeto nacionalista, representa, bem ou mal, o bom ou ruim, nacionalismo brasileiro, e lá hoje (21 de abril de 2010) vai ter desfile dos personagens da Disney.

Amigo: Capitalismo.

Well: Ela tem que aprender a controlar as emoções dela, eu não posso deixar de viver o meu mundo por causa dela.

Amigo: Sim, mas tu deve pensar nela tb uai.

Well: Eu já pensei demais nela quando fiquei esse tempo todo no armário.

Amigo: Aim, que ingrato.

Well: O medo é dela, a limitação é dela, quem é gay sou, quem tem menos direitos sou eu, quem tem menos chances sou eu, quem sofre por ter determinada sexualidade sou eu.

Amigo: Sim, mas vc pode ir na manifestação ai de Gyn uai e esta bem mais perto e seguro.

Well: Num tem manifestação em GYN e GYN é uma capital de estado, os protestos feitos aqui resolvem, quem sabe, as coisas em nível de boi, tomate, soja, muié boa, cerveja e camionete a diesel. A questão é nacional, é em nível de República Democrática Teocrática Cristã das Bananas.

Amigo: Humm, boi, tomate, soja, tb é reclamar a nível nacional tb.

Well: Mas o caso não é referente ao abastecimento desses, e o Ronaldo Caiado, a Kátia Abreu e toda bancada ruralista têm mais poder que eu para resolver seus problemas, que são referentes a esses itens.

Amigo: haushauhsua, absurdo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sobre Como Treinar Seu Dragão

Sim, eu estou ausente da blogosfera. Nem é porque estou muito ocupado ultimamente, é porque eu tenho certa apatia para com o blog e a blogosfera de vez enquando. Mas eu amo todos vocês, inclusive meus leitores que não me tem no MSN, os que me têm no MSN e me excluiu e os que me têm no MSN e não loga mais, também os que me têm no MSN e eu não puxo assunto e os que me deixa no vácuo. Bem, está ótimo.

Sabe aquele dias que você se lamenta por não ser mais um adolescente, por não ter mais tantos amigos quanto antes, de ficar tantos finais de semana em casa sem ninguém ligar e sem coragem de ligar para ninguém, que se lamenta por ser um adulto desempregado por ser, quiçá, um vagabundo sem persistência? E que você se vê sozinho com pais na sala de jantar, na verdade de de TV, ocupados em nascer e morrer a ver cópias piratas dos fimes de Jet Lee, sabendo que está no último ano na Universidade, pensando em como estendê-los já que dela não carregará grandes amizades e nem uma bolsa de iniciação cientifica, um artigo publicado, muito menos uma chance de mestrado ao mesmo tempo que fica se perguntando porque não tem irmãos, onde está todo mundo e se sentindo um grandissíssimo idiota, sabendo que se é humano, ridículo, limitado, que usa muito menos dos dez por cento da cabeça animal.

Exatamente assim que me sentia, afinal de contas, não tenho vida social e nem tenho a paz moral de saber que eu auto me sustento. Me convidaram para ir ao cinema depois de tantas lamúrias. Fiquei receoso e fui com a camiseta preta do Tristania que era para não ficar tão vela assim. Morri de medo de me tornar uma lanterna dos afogados no escurinho do cinema chupando drops de morango, ao lado de um casal de amigos gays enamorados. Tudo bem.

Foi a primeira sessão 3D da minha vida. Me senti tão periférico, não tanto quanto escrever que foi a primeira sessão 3D da minha vida nesse blog, mas mes senti caipira. Tive crises de riso quando pensava que eu seria acertado pelas coisas projetadas na tela, em 3D. Fiquei com vontade de esticar o braço para pegar o galho da árvore, porque ele estava em 3D. Mas passou. Antes, no banheirón tiramos fotinhas, fiquei meio Chico Xavier com aquele ocrão de ver filme 3D. E muito mais antes disso, enquanto ficava plantado eu vi a velha jovem professora de português do Ensino Médio, agora trintagenária, e conversei com ela, falei de cada coisa que Fulano, Siclano e Beltrano estão a fazer em suas respectivas academias.

Mas quatro parágrafos depois, o importante mesmo é o filme. Como treinar seu Dragão. Adoro animações. Acho elas tão fofinhas, as histórias tão apaixonantes. Me identifiquei bastante com o protagonista da história, o Soluço e sua dificuldade de ser aceito numa sociedade viking, cheia de ursões viris, fortes, másculos, valentes e que matam dragões na base do braço.

E se a Vaca Profana ou a Mari estivessem lá comigo, elas haveriam de se indentificar com Astrid, até o final do filme em que ela beija o Soluço na boca. Afinal de contas, Astrid fez bem a linha amiga heterossexual que não pode saber e que no entanto descobre tudo e vira simpatizante.

Mas mais digno é o nome do dragão, aliás, mais do que digno, fidedigno, apesar da semântica diferente. Fúria da Noite, que nome mais bafônico. Coisa de trava. Então pessoas, é isso, assistam Como Treinar o Seu Dragão. Dragões são feios, mas são fofos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sobre Marina Silva

Eu gosto de Marina Silva e apesar de minha preferência por Dilma Rousseff, gostei dela ter saído como pré candidata à Presidência da República. Admiro muitas coisas nela, a biografia, sendo ela uma das poucas pessoas públicas “que subiram na vida” e que não me causa medo. Admiro sua formação universitária, História, e sua atuação, durante alguns anos, profissional, professora do Ensino Básico.

Tenho a noção de que no governo ela fez menos do que quis fazere o que ela quis fazer foi o ponderado. Talvez por isso achei tão importante seu anceio por se tornar presidente, aja vista que penso no meio ambiente como algo importante para o “futuro do país” tanto quanto o crescimento da economia e a distribuição de renda que o Governo Lula tanto diz fazer, mas sem dar a devida proporção as causas ambientais. É como diz o ditado: quem não dá assistência, abre concorrência.

Mas dependendo do que Marina Silva disser, mesmo que ela não se eleja e mesmo que eu goste de Dilma Rousseff, talvez ele diga coisas que eu julgue fazer com ela mereça o voto meu. Contudo, Marina Silva me causava um receio até o dia de hoje porque eu não sabia qual seu posicionamento a respeito dos homossexuais. Ela tweetou e fui ao seu site ler o que a senadora pensa politicamente a respeito dos LGBT’s.

Fiquei feliz e não me surpreendi. O que li no site oficial de Marina foi algo que eu esperava, mas não tinha a confirmação. Marina Silva, apesar de evangélica e da mesma igreja do reacionário Silas Malafaia, Assembléia de Deus, é favorável aos direitos das pessoas LGBT’s. Reconhece que os movimentos sociais, que tem muita gente contra porque não querem as mudanças que eles propõem, são importantes e fazem parte de sua biografia. Reconhece que não existe democracia cerceando às minorias o acesso à liberdade e à igualdade.

Marina Silva é sim uma pessoa diplomática, mas não é diplomática meramento por questão política e por ser orientada por um marqueteiro, mas sim porque acredita no poder da cordialidade para instituir o respeito e a cultura de paz entre as pessoas. Isso é visível a todo momento em suas falas, inclusive quando saiu do PT e teve tudo para ele criticar, mas preferiu elogiá-lo.

Enfim, durmo feliz por finalmente saber o posicionamento de Marina Silva a respeito de minhas demandas e por esse posicionamento ser exatamente o que eu quero de nossos políticos.

domingo, 4 de abril de 2010

Sobre a política SIM

Leio blogs e em alguns vejo seus autores se posicionando contrários à dimensão política que é dada à nossa sexualidade. Respeito as opiniões, só não me convenço delas, porque não acredito que a homossexualidade em meio a nossa conjuntura não envolva questões políticas. Também não acredito que seja viável aos homossexuais viver e manifestarem de forma plena suas sexualidades sem utilizar de política.

Talvez falte em nós, pessoas vivendo em sociedade, empatia e assim entendermos que não é porque algo não nos é útil, ou aparemente inútil, é que elas vão ser desnecessárias. Por causa disso aceitamos justificarem que é mais importante cuidar das crianças morrendo graças ao tráfico de drogas do que dos homossexuais mortos a quase dois dias no Brasil, como se um atrapalhasse a resolução do outro.

Não que eu vá adotar uma criança, até mesmo porque do fundo do meu coração não gosto muito de criança, mas não vejo como errado casais homossexuais requisitarem esse direito. E pode ser que muitos homossexuais não se interessem por isso, mas eu pretendo me casar com alguém no melhor estilo que seja infinito enquanto dure e ter com tal homem os mesmos direitos que um casal heterossexual tem, sem para isso precisar acionar Ministério Público, ir aos sensacionalistas jornalecos regionais do horário do almoço, mover processo na Justiça, aguardar julgamento do STF sobre constitucionalidade da causa, enfim.

Por causa dessa empatia, é que me recuso veementemente as propostas umbicistas dadas por alguns blogueiros homossexuais para se viver a sexualidade. Um dia li um em que o autor se gabava da posição social e ignorava o que a sociedade dizia a respeito dele. Além do mais, num discurso que para mim no fundo era derrotista, apesar do tom de vitória, tal autor falava que preconceito sempre existiu e sempre existirá, subentendo para mim pelo menos, que nada tem para ser feito.

O equívoco de tal autor para mim foi imaginar que os que as pessoas falam pelas costas vão ficar só nas palavras e ainda por cima, pelas costas. As palavras vão repercutir ações, se não para tal autor, para outro homossexual, inclusive para os que não são supostamente perfeitos como ele, até mesmo porque, a perfeição não é uma obrigação a ninguém e as pessoas não são perfeitas. Eu não sou, o autor que lia também não - embora ele aparentemente pensasse o contrário, quem lê esse texto não é e se o inferno existisse, iria todo mundo para lá.

Boa parte dos homossexuais não são providos de capacidades morais, intelectuais, emocionais, financeiras e porque não físicas – pois a violência já foi inventada; para viverem enquanto homossexuais. Pessoas são desprezadas, jogadas para fora de casa, têm emprego recusado, são apontadas e acusadas na rua, no melhor estilo Geysi Arruda, e ainda tem gente colocando fé que a solução é elas se virarem, num discurso meritocrático, colocando a culpa no indivíduo, quando essa culpa pertence ao folclórico SISTEMA (huahuahuahuahuahua eu vou pegar você) social de construção de valores e normatizações.

Articulações políticas não é choramingo. Questiono até se essa visão de articulações políticas – como as que reclamam por RR Malafaias, Silas Macedos, Edir Soares usarem concessões públicas de televisão para disseminar preconceitos, seja contra sexualidade, seja contra outras denominações religiosas – não tem a ver com, não só a falta de cultura política dos brasileiros que muitos afirmam não termos, com o período, que não vivi ainda bem, da Ditadura Militar em que os posicionamentos políticos diferentes do status quo eram calados com violência e ideologia.

Articulações políticas para mim não é só empunhar bandeiras e reconheço muito aqueles que a elas empunham. Articulações políticas são possiveis de diversas maneiras, dos comentários sutis que desconstroem preconceitos numa fila de banco, até mesmo as minhas ações futuras enquanto docente e utópico formador humano, aos votos que todos aqui maiores de 16 anos têm direito, enfim. Não existem sexualidade apolítica e tratá-la como tal para mim é alienção, termo que para mim é uma baita duma ofensa.

Posso estar sendo esse jovem utópico na visão, principalmente dos mais experientes. Mas não me conformo com a situação em que vivo e creio que todos nós, homossexuais, devemos fazer algo, a maneira de cada, para mudar isso e não tapar o Sol com a peneira.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Sobre a pedagogia do blogayro indeciso

Incomoda não saber o que fazer da vida. Eu comecei o ano com tantos planos e agora… bem, agora eu paro e pergunto, o que eu faço? Eu começo a fazer algo e se não dá resultado durante o percurso fico inseguro, me pergunto se vai dar certo, se está dando certo. Ruim é ficar com essa indecisão a noite, na hora de dormir, aí é que não se dorme mesmo.

Não basta ficar inseguro, tenho que ficar também paralisado, pois se aquilo não vai dar certo, tenho que saber o que fazer, o problema é que não sei. Para a maior parte das coisas da minha vida eu não sei o que fazer e por causa disso, não durmo direito.

Eu estou tentando me envolver com as pessoas, para ter uma vida social mais ativa e mais, digamos, entusiasmada, com meus pares em condição sexual. Não estou bem sucedido, aliás vou muito mal, obrigado. Putz, e entrar na Uol é tão fácil para arrumar sexo. Mas sexo nem quero, apesar da libido a flor da pele. A próxima encochada no ônibus eu não sei se me seguro…

Agora que descobri que  tenho gaydar, que ele funciona e sua eficiência é uma questão de prática, afinal de contas eu raspei muito o carro depois que peguei a carteira, tenho observado melhor ao meu redor. Mas sei lá, quero saber se o fortão da Libras é. Ele num tem muito jeito de ser. Pior é sonhar com ele dando aquele sorriso daquele dia. Ele nem é tão bonito assim. Mas…

A Libras é legal, quero pegar fluência nela, mas o que eu pegar na Universidade vai ser um tanto quanto pouco. Carga horária pequena, vou ter que assistir muito Show da Fé ou NBR, o canal do Governo Federal, para aumentar o vocabulário. Preciso encontrar surdos e dizem que tem muitos surdos gays. Legal, manda beijo para eles. Num sei se faço Letras Libras, se faço bacharelado, sei lá. Preciso estender meu vínculo com a Universidade, para poder agarrar os projetos que se tem em vista, projetos que potencializam mestrado.

Caraca, conversando com o professor da escola do estágio, dá para aposentar numa boa ganhando R$7000,00 no município de Goiânia. Só ganha mal professor que não quer estudar. Plano de carreiras tem contemplando aos profissionais que incorporam a formação continuada. Putz, acho que vou ser professor mesmo. Mas escola tem seus baixos e tem umas coisas por lá que despertam em mim um messias enrústido, mais do que enrústido, revoltado, perdido, desesperado e estressado.

O “capeta” de capeta não tem muito, está mais para vítima, ou melhor, pecador. Ele sabe copiar coisas do quadro, mas não sabe ler. É mal, nem para analfabeto funcional ele serve. O capeta que não cala boca precisa de ajuda e quem vai ajudar ele? Eu, que escrevo coisas aterrorizantes com erros de acentuação, concordância? O que eu faço? Minha vontade é ensinar só América Latina para o capeta, usando o conhecimento prévio sobre que ele e nem os colegas não possuem.

O que faço com o diabo. Ele nem é tão diabo, ele gosta de mim, acha a mim mais divertido, ele prefere a mim do que o professor. Se eu peço para ele não jogar papel nos colegas ele obedece. Que fofo! Mas o capeta, o encrenqueiro, não sabe ler. Ele está no oitavo ano do Ensino Fundamental da mesma escola que eu estudei por todo minha vida e não sabe ler. Meu negócio é Geografia kacete.

Ai que bom que eu tenho solidariedade, que bom que me martirizo porque o menino mais destestado pelos professores não sabe ler e eu sei, mal, mas sei.Ridículo é eu ficar achando que vou ganhar um prêmio Nobel da paz por ensiná-lo a ler. Aliás, brega é eu pensar que vou ensiná-lo escrevê-lo se nem como fazer isso eu sei.

Vou dormir, amanhã é dia de preparar o Sorriso de Monalisa, que no caso sou eu e o meu. Cirurgia bucomaxilofacial, dá até medo desse nome. Acho que depois da cirurgia bucomaxilofacial (me sentindo Betina Botox) eu vou ficar bonito. As vezes me acho bonito, mas como diz um blogayro pop aí, depende do ângulo. Ughhh.

sábado, 27 de março de 2010

Sobre o Poder

Eu pensei que eu me importava com alguém que provavelmente não lerá mais esse texto, e nem os próximos, inúteis e clichês como os anteriores, que eu escrever. Na verdade esse texto é uma preocupação comigo mesmo, é a manifestação da minha frustração e a forma como eu entendo tudo o que pude observar.

O que tiro de tudo o que vi é que a vida é sempre uma disputa de poder onde o medo e a ignorância e as ações que eles levam a nós fazermos, nada mais é do que o poder entrando em prática. Isso explica tudo, do surgimento ao desparecimento tão rápido aqui na web, até a auto segregação em relação a muitos, como eu, que a web levou a conhecer.

Se não estiver enganado (saber que Paulo Braccini, filosofo, vai ler isso aqui me deixa inseguro) Hegel disse, mais ou menos, que o poder do opressor reside na consciência do oprimido. E não que tenha alguém que seja uma pobre coitada por isso, mas existe uma oprimida conferindo aos opressores, sem entender quem sabe, o poder.

De qualquer maneira não posso julgar mal. Esse poder do opressor, na verdade dos opressores, está bem manifesto, inclusive de forma sutil. Vai desde a religião que alguém frequenta, das instituições sociais, dos humorísticos programas toscos e suas formas caricatas de representar a homossexualidade, até à mentalidade dos familiares, aos comentários desde já preconceituosos dos amigos e pessoas mais quistas, aos tão falados formadores de opinião.

Bem, existem os opressores, e têm entre eles aqueles que se tornam opressores sem saber que são opressores, simplesmente porque eles também têm medo e ignorância. Os familiares, amigos e afins, são exemplos disso.

E lá o Foucault, o Raffestin, diriam que tudo é uma disputa de poder e é mesmo. Esse blog aqui, o do Paulo, do Gato, do Wans, das moças do Nem Froid Explica, todos blogs relacionados aqui ao lado participam de várias disputas de poder, exceto um porque não existe mais e tomara seu dono não colocar uma corda no pescoço para também não existir mais, materialmente como preferir.

A maioria desses blogs aqui são sobre sexualidade, a sexualidade de seus escritores, e estão disputando para ver quem ganha, se a heteronormatividade ou a livre escolha das pessoas de serem o que elas sentem que são. Mesmo que seus donos não façam como eu algumas vezes faço, uma crítica contra alguém, contra alguma instituição ou algum comportamento. Quando eles estão falando de suas rotinas, de seus gostos enfins, estão disputando o poder.

Entendido que todos que gostamos, que lemos, que acreditamos, que simplesmente existem, agem e pensam, estão fazendo inúmeras disputas de poder, resta dizer que o que vi alguém fazendo é nada mais que uma disputa de poder onde eu creio que ela, que pensei estar ganhando tanto, perdeu, mas não só ela, eu também e muitos também.

Sinto derrotado porque nos assemelhamos, se alguém vence algo relativo a aquilo que nos assemelha, a vitória é indiretamente nossa, porque a demanda também é nossa. Consolidar alguém uma demanda igual a minha, é também consolidar a minha.

E tudo o que falou, nada do que foi dito é para mim estranho. Preferia eu que não fosse assim e torço para que ninguém enlouqueça, nem se mate, eu é que não vou. Mas acho que vai dar certo, dizem e eu acredito que o mundo não é mais como era antigamente. Uma hora as pessoas começam a rever a tudo, inclusive o conceito das mais banais das palavras que usam para pensar. Também resta torcer para que sejas feliz e se eu pudesse dar um conselho é o de pensar nos outros também, porque uma hora alguém vai pensar em si próprio, o que deveria ter feito desde o começo, e acabar prejudicando quem seja, quem sabe, inocente.

Bem que eu poderia colocar aqui uma música do Cartola, mas seria piegas e seria uma liçãozinha de moral que estaria fazendo ao autodenominar-me dono da verdade, o que não é minha intenção. Mas assistim A Vila, aquilo lá que mostra o poder.

P.S.: Acho que esse é pelo menos um dos melhores textos que já escrevi aqui, mesmo que confuso.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sobre nada

Aquela foi a terceira vez no dia de hoje que eu repetia aquele trajeto. Andava rápido com passos firmes, as pernas sentiam alguma dor. Havia tomado banho, as gotas da água clorada escorria do cabelo liso ondulado pelo rosto misturando-se ao suor.

Apesar que tenha havido três dias consecutivos de chuva, ainda assim a temperatura estava um tanto quanto elevada, não tanto quanto como a do meu corpo. Suava, o céu estava nublado e dele caiam as gotas de uma chuva fina e insistente, mas que não molharia nada até chegar onde queria chegar em poucos minutos.

O céu era cinza, mas com manchas amareladas em degradê. A oeste, por detrás dos edifícios dos bairros centrais da cidade o Sol se punha e deixava para trás as cores vivas de uma gema de ovo. Ao extremo norte via-se uma clareira e nela um azul celestial profundo rajado com nuvens cirrus.

Descia do céu um ar úmido e fresco, já é outono, e mesmo assim úmido ainda bem e infelizmente não por muito tempo. Junto a brisa, misturado vinham os odores do biodiesiel dos ônibus fretados, do etanal dos carros flex, do salão de beleza do outro lado da avenida, da padaria, da farmácia.

Passei finalmente pela fronte da academia e lá os corpos se esculpiam para se enquadrar num misto de estética e líbido, correndo de um lugar, até lugar algum, sem sair do lugar. Na sargeda o defunto rato vai sendo carreado ladeira abaixo pela enxurrada. O corpo e a enxurrada brilham refletindo as luzes brancas dos faróies de xenon dos carros dos playboys e o amarelo queimado das lampadas de vapor de sódio. Mas na verdade, a enxurrada era vermelha, não pelo sangue do rato, mas pelo avermelhado solo ácido e ferroso do Planalto Central.

Chegando até a esquina, naquela em que o homem estranho me viu, me abordou quadras antes me chamando de bonitinho e convidando a mim para ir a sua casa, quando eu tinha 11 anos. Naquela esquina o bueiro estava entupido em a cadaveríca ratazana rodopiando na água.

Contava as moedas, subia a rampa da estação, embarcava, esperava o ônibus. Lá dentro todos calados, todos sérios, todos olhando para o mesmo rumo, a frente do ônibus onde nada de interessante existe. Naquela hora já havia pensado em escrever isso. Já estava bem escuro e o céu não estava tão amarelado, mas certamente mais que preto claro, estava preto escuro.

No terminal eu desço e agora tem lindos fiscais arianos cuidando do embarque. A todo momento, desde a saída lá de casa até aqui é a trilha sonora do Fabuloso Mundo de Amelie Poulain que ouço em fones de ouvido Phillips suficientemente potentes para abafar os ruídosos motores MWM dos uniformes ônibus VW 17-210 encarroçados pela CAIO Induscar.

Na outra área de embarque, pequenos ensaios de civilização ocorrem quando nós, os animalescos usuários, entramos em fila. Logo aquele veículo fica lotado, um par de macios e abundantes, apesar que a bunda é mais em baixo, apertam a mim por trás. Dessa fez quem faz cara feia sou eu e não a sua dona.

Bem, se você não entendeu esse texto, volte novamente ao título, leia-o lentamente e em seguida leia esse texto pausadamente. Se mesmo assim você não entendê-lo, repita o processo, já que esse agrupados de simbolos gráficos e culturais tem aqui uma mensagem sútil.

Se você entendeu esse texto, bem… não vou falar a conclusão, pois fará perder a graça para os que não entenderam e querem entender.

Prometo escrever algo descente da próxima vez.

Se ficou com raiva, nunca mais chame aos textos do Well de profundos.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Sobre a Dança do Quaquito

Ruth Lemos e o sanduíche-íche-íche, Fala Sônia www.youtube.com.br, o Rei dos elogios, a dança do quadrado, a Stefhanny e o seus clips super luxuoso, a Ximbica. Bem, venho aqui apenas tentar dar um furo. Eis abaixo a dança do Quaquito.

Prestem atenção na letra.

Peixos, me twitta @BorbaGabriel