quarta-feira, 28 de julho de 2010

Tédio do começo da noite

A Prefeitura de Goiânia vai fazer concurso para contratar novos professores. Ainda não saiu o edital, se houver vagas para minha área de formação irei fazer, mesmo que eu esteja agora frustrado com relação à licenciatura. Pretendo prestar o concurso só para desencargo de consciência, para que no futuro eu não me cobre por não ter tentado, seja passar no concurso, seja lecionar.

Não faço questão alguma de esconder isso, me frustrei com a minha escolha universitária, aliás, com a mais típica das atuações profissionais que a minha graduação permite, a licenciatura. Insatisfeito, me inscrevi no ENEM, vou ver se faço outra graduação, preferencialmente na Federal. Qual graduação ainda não sei bem qual. Gosto da área ambiental, coisa que um bacharelado na minha graduação me permite fazer, pena ter a concorrência de outras áreas. Gosto de TI, para ser mais exato, Telecomunicações, mas o campus do IF onde tem o curso fica um tanto quanto distante.

Bem, ainda não fiz muitas expectativas a respeito do outro curso. Vou escolher a próxima graduação com mais calma, já que não quero me arrepender depois e mesmo assim eu ainda possa me arrepender. Resta saber que se uma vez escolhida a graduação eu poderei cursá-la, seja porque eu não colo grau, e assim encerro meu vínculo com a universidade, no final do ano, seja porque, quem sabe, o meu perfil sócio-econômico, bem como "intelectual", aja vista que já vou ter uma graduação, pode não me habilitar para uma bolsa do Pró-Uni. Pagar um curso é o que eu não vou fazer.

Enquanto isso o segundo semestre letivo do Ensino Básico brasileiro já está começando em Goiás. A Secretária Estadual da Educação dispensou todos os professores comissionados e não contratou os concursados. Não conheço todos os capítulos e não sei no que vai dar essa novela, a não ser que a Educação e o futuro dos nossos alunos, como sempre, irão para o pau. E eu quero mais é que demorem a chamar os aprovados, assim ganho tempo para concluir minha licenciatura e ver, que de repente, eu consiga ser um bom professor.

Ultimamente eu não tenho me esquentado com muita coisa mesmo nem com a Educação. Teria virado um medíocre se eu já não fosse. Mas aliás, falando em não me preocupar, estou numa fase meio individualista, de achar que cada um é, em partes, culpado, ou responsável como eu preferir, de si mesmo. Exemplo, hoje minha mãe se irritou, ao ponto de bradar louca em Cristo, porque eu estava carregando músicas no celular e não ia fazer umas coisas na cidade e que ela havia pedido antes. Ela perguntava se eu não tinha dó dela e eu respondi que não, afinal de contas, quem mandou ela ser impositiva e querer que as coisas sejam só da maneira dela? Ir naquela hora, mais cedo ou mais tarde ia dar no mesmo. Na hora de sair ela me mandou ir com Deus. Aff, eu respondi "Tenha dó!" Ela sabe que eu não acredito, diz que vai quebrar o celular e grita ao ponto de me deixar irritado ao ponto de querer que ela enfarte e me dê sossego. Claro que eu não quero que a minha mãe enfarte, é que a emoção me tira a razão e na hora a gente só pensa, não deseja e não externaliza, respira fundo o ar seco até o nariz doer.

Contudo, no fundo penso em sair de casa, fazer às coisas ao meu tempo, da minha maneira. Não gosto de nada me pressionando. Problema que para sair de casa a gente precisa de dinheiro, coisa que eu não tenho e sou um vagabundo sustentado pela mãe feroz. Além do mais tenho uma constância de solidão, sinto falta de alguém, só vejo meu círculo social reduzindo e ficar distante dos meus pais, da minha mãe ainda por cima, me faria voltar rapidamente para casa outra vez, suplicando a presença deles, ou morrer deprimido e eu morro de medo ter depressão, eu sou angustiado, mas me controlo bem.

Tudo bem, como eu havia dito, se apertar eu voltaria para casa, não tenho vergonha de dar o braço a torcer mesmo. Ok, nem sempre eu dou o braço a torcer, mas melhorei bastante e me acho melhor do que muita gente com relação a isso. Sem contar que me sinto um tanto quanto nobre.

Bem, é isso. Ah, hoje eu passava pelo Mercado Central e numa loja de coisas típicas do cerrado havia um rapaz atendendo. Não sei porque, senti que ele gostava da mesma fruta que eu além de ser bem pegalvezinho. Olhei para ele meio sorridente e ele olhou para mim, me parece que sorriu de leve e olhou fundo nos meus olhos. Bem, continuei andando, pensando "mas será que é mesmo?" e se eu não deveria ter feito outra coisa além de simplesmente ir embora.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ainda bem que eu moro em Goiânia

No passado meus pais cogitaram se mudar para Minas Gerais. Apenas cogitaram e não fizeram esforço algum para que isso se realizasse. Bom, mas que minha mãe pensou no assunto a sério, isso ela pensou. Mas conforme podem ver, isso não aconteceu, continuo morando em Goiânia, como sempre morei, e seria difícil não respirar aliviado e bairrista o ar seco como fiz ontem quando vi pela primeira em nove dias os edifícios envolvidos em névoa seca de Goiânia.

A cidade natal da minha mãe em Minas Gerais para ser mais exato, é um lugar que já teve mais graça e a que vai sobrando vai se acabando aos poucos, idas após idas. Não consigo olhar para lá com grande entusiasmo e se minha vida é sem graça e precisa ser modificada, lá seria mais difícil se é que ela estaria no mesmo nível que está agora.

Não sou uma pessoa resolvida em certos aspectos, nos últimos anos melhorei boa parte deles e agora eles precisam de uma sintonia fina como imagino que serão as coisas por todo sempre, faz parte da vivência de qualquer um. Mas se eu morasse na cidade natal da minha mãe, eu não estaria tão bem resolvido quanto sou agora e pensando na média do que acontece por lá, certamente eu não poderia imaginar chegar onde posso chegar.

A cidadezinha é pacata, é linda, tem pessoas hospitaleiras, educadas e atenciosas, o sotaque é semelhante ao goiano, só que é mais doce. Existem muitos rapazes bonitos na cidade e muitos são de Uberlândia, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia para visitar amigos e familiares. Mas me parece utópico pensar que sobraria algum deles para mim ali naquele lugar e que eu fosse ter a consciência de que poderia pensar de forma clara e desinibida, como atualmente, que eu gosto de garotos.

Minha expectativas em relação a uma eventual vida em cidade pequena, como no passado foi cogitado, tem uma grande parcela de preconceitos e limitação de conhecimento. Mas não vejo porque pensar que eu esteja errado ou não tenha motivos respirar aliviado esse ar seco e metropolitano da minha "vida homossexual" em Goiânia.

Mas tudo bem. Deixa, vou ficar aqui em Goiânia mesmo até onde eu sei e deixar o interior só para as férias, feriados e outros prazos curtos. Agora vou ao banco, esperar os carros pararem antes da faixa de pedestres - em vão em muita das vezes, e não tomar um sorvete porque voltei mais rechunchudo nessa viagem.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um pouco de auto crítica obssessiva destrutiva.

Me vejo como alguém medíocre e acho mediocridade algo... medíocre. Penso que se eu lesse mais um pouco eu evoluiria bastante. No entanto não leio o quanto e o que eu acho que deveria ler, no caso livros. Não leio não é por preguiça, ou é? Será preguiça se falta de iniciativa for preguiça. Nesse tempo tenho me contentado somente com os livros pedidos ou sugeridos pelo curso universitário. Creio que meu problema em não ler o quanto eu deveria ler seja também a falta de costume, nunca pensei "hoje vou ao cinema e saindo de lá vou passar em uma livraria". Para ser bem sincero quando eu chego em uma livraria nem sei bem o que fazer, suponho que seja igual uma vídeo-locadora, eu entro, vou olhando os livros, divididos por sessão, e compro. Na verdade eu nem sei bem ao certo quais são os temas que me agradam. Sei que gosto de História, Sociologia, Economia, Política, Geografia (oh) e tenho boas lembranças da literatura regional do Ensino Médio.

Eu devo ler mais, mas por onde começarei não sei bem ao certo, acho que por enquanto os sobre urbanismo, cidades, movimentos sociais e disputa de poder, afinal de contas a monografia que era para eu começar com ela o ano passado vem aí. Tenho a expectativa e não sei até que ponto isso é uma fantasia, mas penso que a partir do dia em que eu ler mais poderei vir aqui e falar melhor sobre a união cívil na Argentina.

Bem é isso. Quando vocês lerem isso eu estarei em Minas Gerais, sem internet, sem telefone celular e wap, já que ficarei na zona rural. Então o Blogger irá postar esse texto automáticamente enquanto me admiro com os talvegues das serras do Alto Paranaíba, olho os ipês amarelos que, não sei porque motivo, floresce um mês antes em relação ao meu estado. Aproveitarei bastante a viagem, apesar da minha da constante sessão de solidão e desperdício, talvez se eu me esforçar mais arrume amigos quando voltar dessa viagem. Mas mesmo assim a gente que mora aqui vai me alegrar um pouco e assim é bom que me sentirei dentro da música do Pato Fu que coloco abaixo.

Espero chegar são e salvo em casa, já que dirigirei sozinho quase 700 Km, sendo 500 em pista simples sem a supervisão de um adulto, com os comentários da minha dramática e leiga matriarca. Kkkk Brincadeira, mas que eu tenho medo de sofrer um acidente, ah isso eu tenho.

Bem, vejam o vídeo:




Simplicidade
Pato Fu
Composição: John

Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia

Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso

Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria

Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia

terça-feira, 13 de julho de 2010

Minha experiência na Igreja Inclusiva

Eu fiquei curioso quando ouvi dizer pela primeira vez em igrejas inclusivas. Um dia eu estava navegando na página de uma revista gay e encontrei um artigo de um pastor homossexual pertencente a uma dessas igrejas. Escrevi um e-mail a esse pastor perguntando sobre alguma igreja inclusiva em Goiânia e desde já me identificando como ateu. O pastor respondeu orando a Deus em agradecimento pela minha mensagem, mas respeitando a minha crença ou falta dela, e indicou-me a outro pastor, porém de Brasília, que pudesse me dar informações melhores. Entrei em contato com o pastor de Brasília sem dizer que sou ateu e ele me falou sobre um grupo de homossexuais que estava começando aqui na minha cidade. Entrei em contato com o líder e fiquei aguardando pelas reuniões que não aconteceram.

Esperar esse tempo todo para mim não foi um problema, a curiosidade em conhecer uma igreja inclusiva nunca foi uma demanda de primeira importância e sim algo que eu pudesse esperar. Durante esse tempo conheci virtualmente algumas pessoas e fui convidado para participar de um grupo distinto do indicado pelo pastor de Brasília. Foi o culto desse grupo distinto a minha primeira experiência com protestantes homossexuais que acreditam que Deus não os rejeitam por serem e viverem o que de peculiar essa sexualidade tem.

No culto em que fui conheci pessoas novas como é de se esperar e fui bem tratado. No entanto tive alguns constrangimentos, um deles é o fato de mim não ter falado em hora alguma, previamente de preferência, que sou ateu e que estava ali naquele lugar para conhecê-los, saber em que se orientam e o que têm como objetivo, não sendo meu interesse, até onde sei, me tornar crente. O segundo é o minha falta de costume com cultos protestantes e só fui notar isso quando estava lá. Sempre me senti muito a vontade em missas católicas, mesmo depois de "assumir" o meu ceticismo.

Com relação ao que pude notar, não sei até que ponto estou certo e fica suspeito eu fazer juízos a respeito do que aqueles homossexuais acreditam. Se eu não estiver enganado, e acho que não mesmo, para eles Deus pode abençoar as uniões homossexuais e por isso a igreja deles casam religiosamente pessoas de mesmo sexo. Além do casamento, eles participam daquela denominação pois acreditam em Deus e vê na congregação, ou melhor, na reunião de pessoas em nome dele, uma forma de cumprir com as obrigações para com ele e de se sentirem felizes. Entre as outras coisas em que acreditam um para mim se saí extremamente equivocada, a utilização da Bíblia como parâmetro moral.

Tudo bem que é a fé deles, mas penso que, mesmo se eu fosse crente, eu não tomaria a Bíblia como parâmetro moral, seja pela idéia que tenho a respeito da moral e da sua relativa serventia - o que não depende de fé, seja porque a Bíblia tem inúmeras passagens cujas interpretações literais hoje são absurdas, mas no passado mais que aceitáveis, triviais. Bem, o que quero dizer com isso é que acho a Bíblia algo nada confiável para estabelecer o que é certo ou errado sendo nesse caso mais cauteloso ignorá-la para tal função. Sendo assim acho insensato rever naquele livro somente a interpretação dominante a respeito dos trechos que acusam aos homossexuais por serem homossexuais e permanecer com a mesma visão moralista a respeito do sexo, do corpo, do prazer, do amor, entre vários outros - não que a homossexualidade esteja intrínseca ao o que eles acham moralmente errado.

Bem, é mais ou menos isso por enquanto, não sei se irei dar sequência ao meu conhecimento, se der quero ir como ateu a quem interessar saber. Além do mais, se o grupo me aceitar lá como um ouvinte apenas espero cultivar por lá amizades. Quando católico, participava do grupo de jovens e uma moça adventistas que era muito querida por nós participava conosco. Tudo bem, católicos, adventistas, testemunhas de Jeová e protestantes têm coisas em comum, acreditam em Deus e no mesmo aliás, diferente de ateu que com relação a fé não compartilha nada em comum com eles. Mas deixa o tempo dar um jeito e eu saber como serão minhas vontades.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Era sobre religião, mas falei mais sobre a avó

Quis escrever esse post na segunda feira. Mas naquele dia uma notícia nada agradável chegou. Minha avó não vai bem, foi trazida para a capital, está mal do coração. Até agora os medicos não dizem muito bem o que está havendo e nem o que pretendem fazer. A falta de informações objetivas tanto quanto a situação dela tem causado na família, ou em boa parte dela, uma grande angústia.

Minha avó é daquelas avós matriarcas. É a que toma partida dos filhos, netos e bisnetos. Juntamente com meu avó não gosta de ver ninguém da família brigado e a satisfação deles é o natal, o ano novo e datas afins com a casa de cheia dos filhos, netos e bisnetos. Gente que somada daria talvez uma centena de pessoas, aquela família bem ao tipo das propagandas da Sadia ou da Kodak.

Tenho passado bem esses dias, eu não consigo manifestar preocupação e nem sei se mostrar resolve alguma coisa. Mas sempre vem a qualquer momento o fato da condição de saúde da minha avó e isso faz as coisas ficarem meio amarga, azedas e ou frias.

Tudo que eu não quero agora é lidar pela primeira vez com a perda de uma pessoa próxima. Eu não vejo a morte tanto assim como fim de carreira, mas é importante ter em mente que penso assim só porque nunca lidei efetivamente com a morte. Mas sou bem otimista, estou confiante, acho que todo essa deja vu é apenas um sinal para minha avó rever um pouco dos hábitos dela.

Bem, mas mudando de assunto, domingo teve aqui em minha cidade um culto de um grupo inclusivo. Eu fui para matar a curiosidade. A dinâmica é a mesma dos cultos tradicionais e as crenças também, a diferença é que a homossexualidade é lidada como algo normal e lógico, os presentes são declaradamente homossexuais.

Durante o culto me identifiquei como ex-católico, até aí nenhuma mentira. Porém menti pois não falei que se quiser acreditar no que eles acreditam ali não dá para mim dado às minhas concepções atuais a respeito da existência de Deus e das religiões. Me senti constrangido também, mas não orei em momento algum, fiquei em silêncio, como aquele que hora em silêncio?

Poderia eu dito a verdade, que sou ateu e que estou ali mais para conhecer as pessoas, para ter experiências, conhecer as ideias deles e não para declarar fé em algo que mesmo que eu quiser, não vai dar para acreditar, pelo menos não por agora como eu disse. Achei meio ingênuo e ou intransigente a Bíblia ser utilizada inclusive como fonte de norma moral, pois é a mesma Bíblia que trata a homossexualidade como amoralidade e define o que é moral ou imoral na sexualidade, entre outras coisas, enfim, uma outra discussão.

Bem, foi isso.

 

P.S.: Estou aparentemente meio ausente da blogosfera pois tenho utilizado o Google Reader para lê-los e acho que comentários, embora agradáveis de serem recebidos, são um trabalho a mais para a preguiça exagerada do Well ou sua falta do que dizer. Mas estou acompanhando e gosto de todos vocês.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Well, o problema social

Odeio quando as coisas fodem.

Desde muito cedo eu quis trabalhar, eu achava um máximo ter o próprio dinheiro para comprar as próprias roupas . Me escrevi num programa do Governo Estadual que emprega menores de idade a partir dos 16 anos em órgãos do Estado para fazer burocracias do tipo atender telefone, atender o público, buscar café, digitar coisas, levar processo para lá, trazer processo para cá, inventar prazo para as pessoas chatas que ligassem, falar mal da vida dos outros enquanto trabalha, pagar de hetero e dar em cima das outras meninas do programa de emprego, buscar café para os aspones e pagar conta na lotérica para a funcionária folgada. Tudo bem, eu fazia coisas que excediam minha responsabilidade, emitir empenho e ordem de pagamento por exemplo, mas eu gostava daquilo.

Passei no vestibular para estudar na Universidade Federal de Goiás saindo do Ensino Médio e caindo no superior com sendo uma promessa de nova geração de professores que garantirão o futuro do país ao educar as crianças. O curso de Geografia foi legal, mudou muita coisa na cabeça do Well, pena que a faculdade ao invés de aumentar os laços sociais do Well acabou diminuindo-os. Bem, ninguém mandou o Well ficar ateu e deixar de ir a Igreja, ao grupo de jovens, aos retiros e deixar de saber das festinhas na casa de alguém lá da paróquia.

Como entrei na Universidade com 17 anos só fui mandado embora do meu emprego lá no dia do meu aniversário, porque maiores de idade não podem participar do projeto. Mesmo assim foi legal, pois além de experimentar a possibilidade ser socioeconomicamente ativo, experimentei a possibilidade de também ser um estudante universitário nesse mesmo tempo. No entanto, o ex governador do Estado, que chamou de tempo novo a política velha a qual deu sequência, quebrou os cofres do estado e lá vai por água abaixo o tão prometido estágio concedido pelo chefe ali naquele órgão.

Agora o Well é um universitário, aprendendo que existe outra forma de entender e explicar o mundo diferentes das utilizadas pelo Datena, pelos missionários bitolados da Renovação Carismática Católica, e das dos tiozinhos do boteco que tem opinião para tudo, até sobre o que não sabem. Pena que o Well é um desempregado, e lá vai ele se candidatando a bolsas de estágio da Universidade, mas essencialmente procurar emprego na iniciativa privada.

A iniciativa privada nunca agradou o Well, que sempre teve um viés materialista histórico-dialético. O Well cansou de entregar curriculos, de falar sobre ele mesmo, de dizer coisas que ele mais odeia nele mesmo, de coisas que ele mais gosta nele mesmo, de fazer dinâmica de grupo, de se mostrar com iniciativa, diplomacia, polidez e por aí vai, porque as empresas sempre prometeram lhe ligar e nunca ligaram.

E lá  vai o Well fazer concurso público, levar pau – e no mal sentido – em todos eles. O Well é um menino sem vida social, sem consumo, interessante de acordo com o olho de quem vê, desempregado que não passa em concursos públicos, não arruma emprego na iniciativa privada e por aí vai. Qualquer um ficaria chateado, desmotivado, mas enfim senhoras e senhores, o Well e sua história de cortar o coração não acaba assim. O Well acredita no tempo como solucionador de tudo, pois tudo é uma fase, até a sensação de relativo vagabundo e fracassado mediocre dele.

Vem o penultimo semestre da faculdade do Well, o Well continua sem vida social e se sentindo o mesmo de sempre, porém surgem novos concursos públicos. Em um o Well é um fiasco, justo no que melhor paga e fica quase na 2000ª colocação. No outro, que paga a metade, mas se trabalha menos e exige menos de escolaridade, o Well, apesar de acertar 72 pontos dos 90, fica lá 338° posição, algo não bom. Mas não é por aí Wellzinho, ainda tem aquele concurso, aquele lá! Qual?

Se o Well faz licenciatura, o Well pretende trabalhar como??? Isso! Professor! E lá vai o Well prestar concurso para ser professor da Secretaria Estadual da Educação de seu lindo estado de duplas sertanejas, tomates, soja, cana e por aí vai. Resultado, o Well passa nas primeiras colocações! Ihaa! Porém, é como diria Murphy, se tem algo que está dando certo, é porque algo vai dar errado. O problema é que o concurso é para contratação imediata e só daqueles que são professores formados, porém o Well precisa de mais seis meses na Universidade para se tornar um deles!

Qualquer um ficaria chateado, desmotivado, mas por Deus senhores e senhores, o Well não é diferente de ninguém, o Well é normal. O Well continua o desempregado de sempre com medo de encarar outra vez aquelas psicólogas maquiadas de RH, sem vida social, se sentindo um inútil. Comovente não?

terça-feira, 22 de junho de 2010

É que fracasso me subiu à cabeça.

Em Goiânia está deflagrado um movimento de greve dos professores municipais. Os professores estão pedindo plano de carreira para os agentes educacionais, isto é, os funcionários responsáveis pela limpeza, pela merende, pelas rotinas administrativa da escola e também estão pedindo para que o a prefeitura pague o piso nacional para professores, que é atualmente é R$1312,85.

Bem, a Prefeitura naturalmente não vai pagar e olha que o prefeito é do PT e professor licenciada da Faculdade de Medicina da UFG. A alegação é a clássica, o Município não tem dinheiro para isso, apesar da ampla propaganda patrocinada pela Prefeitura na Televisão e no Rádio.

Semana passado os professores se aglomeraram em frente a Secretaria Municipal de Educação e a Guarda Municipal expulsaram os professores com cacetes e spray de pimenta. O que me deixa irritado nisso não é tanto a truculência do Estado ou a hipocrisia política e sim a visão da população.

Não sei se a imprensão minha, mas tanto quanto dizer que uma ditadura gay, censura a imprensa está surgindo, parece que chamar qualquer aglomeração agora também é terrorismo e está todo mundo dizendo que os professores são terroristas e principalmente egoístas, estão pensando só no bem deles, que se estão insatisfeitos que vá empacotar compras no supermercado.

Li isso em algumas comunidades do Orkut.com e novamente outro soco na barriga me veio e aquela pergunta de sempre: “Mas você vai ser professor?”

Quem dera se os professores pensassem só neles, esse que é o problema, todo mundo acha e até mesmo alguns professores que o Magistério rima com Sacerdócio e não é. Professores também tem necessidades, também são bombardeados pelo consumismo, também precisam atender com dignadidade as boas condições de vida e material.

O que me estarrece é a opinião alienada das pessoas que atribuem o fracasso da Educação somente aos professores, quando ele é atribuído a todos entes. A superciliadade das ideias são tantas que usam terminologias da moda como terroristas para causarem efeito e sequer vão em cima do Estado exigir, como os professores, que embora existam muitos desmotivos sim, estão em busca de alguma melhoria.

Pior é o Prefeito no Twitter imaginar que o problema da Educação seja resolvido apenas com verba, verba e mais verba. Lisongeado ele diz que a Prefeitura gasta 26% do orçamento com Educação. Enquanto gestor público deveria ele pensar que Educação também é uma questão de planejamento e acompanhamento.

Depois esbulgalham os olhos porque eu passo em um concurso público e me sinto derrotado mesmo assim. Eu que me prepare, porque na rede Estadual de ensino, salários, condições de trabalho, interesses em resolver as questões por parte dos professores e ingerência política, principalmente com a volta eminente de Marconi Perillo, vão ser bem piores.

sábado, 19 de junho de 2010

Mas você vai ser professor? II

No estágio supervisionado meu colega, que é um enrústido homofóbico, e eu precisavamos lecionar algumas aulas e por em prática um projeto de intervenção planejado por nós mesmos. Tudo daria certo, porém a realidade é mais difícil do que imaginávamos, logo nossas ideias lindas não deram certo.

Os estudantes foram muito indisciplinadas e cada aula era um soco no estômago. Os estudantes têm culpa? Têm sim, mas os estagiários também, porque é função dos aprendizes de professores domarem “aqueles animais”. Além  disso, nos os estagiários, precisávamos contar também com o professor da Escola. Porém o professor efetivo saiu porque aposentou e no lugar entrou um substituto que estava professor, isso quer dizer, ele estava quebrando galho para ganhar um trocado. Resultado, ele ligou o foda-se para a turma e para nós, os estagiáros, que por sua vez, no meu caso pelo menos, também ligou o foda-se e detonou ele no relatório final de estágio, até mesmo porque ele, o professor substituto, é ex aluno do orientador.

Vinganças a parte, lá na Escola, enquanto aplicávamos nossas regências deu para perceber que a Educação está fudida (oh novidade!) não só pelos salários de fome dos professores, mas também porque os estudantes não são nenhum pouco interessados na formação deles e os professores limitados ou não interessados em resolver tal coisa.

As regências estavam um fiasco, a cada aula meu colega e eu íamos sendo massacrados pelos diabos (calma, eu num acredito que as crianças sejam diabos, porque se eu, que acredita na humanidade, acreditar que elas sejam diabos eu deixo de ser ateu). Porém tinhámos que terminar uma quantidade de regência e colocar em prática o nosso projeto de intervenção pedagógica. Todavia, nem tudo são flores (houve alguma flor até aqui?) e o que acontece conosco? Um greve na Rede Municipal de Ensino que se arrasta até hoje!

Tudo bem, danem-se as regências, o que importa é o projeto de invertenção ser colocado em prática. Arrumamos em cima da hora uma escola municipal que à rebelia do movimento de greve, estava funcionando a noite e lá vamos nós! Vem feriado, vem Copa, acervo indisponível, aparelho de DVD que não funciona, PC precisando de formatação, mas nós, eu e meu colega enrústido, nos viramos como pudemos para ajustar o projeto à realidade do Noturno e da Educação de Jovens e Adultos durante o último mês do semestre. É um estresse total, preocupação de tirar noite de sono e render o penúltimo post aqui no blog.

Iria dar tudo certo, se não tivessemos esquecido alguém. Então  quem vem fazer a vez da pedra no meio do caminho dos estagiários? A festa junina! Resultado, no calendário da escola só sobra um diazinho de letivo, no final do mês, ou no popular, fudeu, que aluno, do noturno, estudante do EAJA, vai à escola no último dia do mês fazer um projeto para ser aplicado em quatro dias.

Bem, a história não termina aqui, agora é enfrentar o professor orientador e convencê-lo que nossa prática teve tudo a ver com a realidade escolar, alunos indisciplinados, professores desmotivados sendo um ex orientado dele, um movimento de greve, feriados, Copa, Festa Junina, calendário, noites mal dormidas!

E daí que todo mundo quer passar num concurso público. Tá, todo mundo não, mas muita gente! Se o concurso for na área de formação, perfeito e esse é omeu caso. Todo mundo me parabenizou, minha mãe ganhou a semana e eu como fiquei? Vocês já ouviram Ouro de Tolo? Vejam essa versão, porque eu não gosto das originais com o Raul.

Então, me sinto daquele jeito. A diferença que mais que insatisfeito, passo no concurso e ao invés de me sentir vencido, me sinto derrotado. Porque? Salário de fome, falta de reconhecimento, falta de autonomia da escola, falta de compromisso com a Educação, estudantes indisciplinados, uma secretária de educação puxa saco, e uma infinidade coisas que depois eu falo melhor sobre elas.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Presidenciáveis e seus lápis coloridos (ou não)

Ultimamente uma cobrança maior tem ocorrido em cima de Marina Silva, querem dela um posicionamento a respeito de temas polemicos que esbarram nas concepções religiosas dela e de eleitorados muitos significativos, o religioso, o conservador, o que segue sofismos e frases feitas e de efeitos, o que é um pouco de cada dos anteriores. Eleitorados que certamente boa parte irá com Marina. De certa maneira acho injusto exigir apenas de Marina Silva um posicionamento. Vejo que é necessário cobrar de forma aberta um posicionamento de todos presidenciáveis, desde os mais “incipientes” até a Dilma e o Serra, que são os mais citados.

Bem, Dilma Rousseff é pró cidadania LGBT, que há quem diz que seja vitimismo por parte de nós. Históricamente é o partido dela um dos que tem apresentado projetos e feito políticas nas diferentes esferas do poder e da administração favoráveis a esse grupo da população. No Governo Lula houve avanços, talvez não os suficientes, mas eu não deixo de considerá-los avanços cujo Governo mostrou compromentimento para realizar. Como Dilma Rousseff se apresenta como candidata da continuidade, tenho a noção de que os avanços continuem e até caminhem mais rápido.

José Serra também tem se afirmado favorável as políticas que contemplem a população LGBT, mas ele não me convence. O seu partido, o PSDB, e o histórico aliado, o Democratas, abarca muita gente reacionária, tanto é que boa parte dos defensores da “Família” e contrários a Ditadura Gay, que é como os conservadores chamam as evoluções buscadas pelos LGBT’s, estão nesses partidos. Além disso, esses dois partidos ignoram movimentos sociais, inclusive o LGBT', que embora tenha muitos equívocos, sabem melhor do que os heterossexuais, o que precisamos.

Marina Silva como eu disse no primeiro parágrafo, é a mais cobrada. Acho que por estar em um partido com um viés progressista e ao mesmo tempo ser de uma religião cujos fundamentos rejeitam os homossexuais enxergando inclusive como inimigos. Bem, declaradamente eles não dizem isso é claro, mas bem quisto pela  Assembleia de Deus, por Silas Malafaia e que não somos.

Existem outros candidatos, não tão fortes como José Maria Eymael, ex seminarista se não me falha a memória, católico daqueles integralistas, estilo TFP e com ele definitivamente não dá para contar. Existe também Plínio Arruda, José Maria do PSTU, candidatos que até onde sei não são conservadores. Não conheço e talvez até sejam favoráveis aos LGBT’s, mas certeza não tenho. Devem estar mais preocupado em falar do inferno do fogo capitalista, mas nem só de ultramaterialismo histórico dialético vive os LGBT’s.

Existem outros cadidatos, que sequer sei o nome. Tenho preguiça de pesquisar sobre eles, nesses tempos que internet deixa a informação tão acessível. Quando o período eleitoral avançar falo ou não melhor sobre eles.

 

P.S.: Seguro morreu de velho, então caso apareça um desavisado por aqui dizendo que eu não sou imparcial, já deixo o aviso, eu tenho candidato sim, chama Dilma Rousseff, e não gosto nada do José Serra.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Só quem é vivo tem isso

É uma noite de domingo e estou deitado na cama. Aos poucos me dou conta de que a insônia também está ali, respirando o ar frio. Ela vem sem convite, dá medo e raiva. Tudo que quero é dormir. Mas a insônia está aqui, fazendo coro com um monte de coisas que não sei ao certo o que são.

Minha garganta dói, está apertada e não tenho a menor vontade de chorar. Talvez se eu quiser chorar eu chore e a garganta pare de doer. Lá vou eu tentar chorar e quem sabe assim me sentir melhor, os olhos vão se enchendo de lágrimas, as respiração fica mais profunda e então me pergunto, mas afinal de contas, porque quero chorar?

Não tenho resposta, passou-se muito tempo desde a hora que desliguei a TV e decidi que iria dormir. O quarto está escuro e só a luz vermelha do stand by da TV está ligada. Fluorescendo no escuro os botões do interruptor da lâmpada e o controle da TV na cômoda. O silêncio permite ouvir com clareza os cloques do relógio de parede da cozinha, os cães ladrando longe, o ronco do ônibus no outro bairro e portão sendo fechado.

Um sinfonia sutil, mas irritante. Os olhos estão ardendo e oba!, talvez eu durma. Mas eu não durmo, os pensamentos estão claros e penso no tempo que não para para nada e ninguém. Ele passou e eu fiquei ou fui. E no passar do tempo foram tantas coisas que fiz, que perdi, que conheci e que me arrependi.

E o tempo serve para pensar nas pessoas, quantas conheci, quantas me lembro delas e será que elas se lembram de mim? Elas foram e eu devo ter ido para elas, mas sensação é a de que eu fiquei enquanto elas se foram e o tempo passou, eu perdi o controle ou não aproveitei, não fiz o que eu poderia ser feito.

Eu deveria ter feito algo? Fazer algo para quem? Porque razão? Deixar irem de nossas vidas e se acomodar com relação a isso não é normal? Fazer essas perguntas é um jeito de me sentir menos mediocre, mas no fundo, me sinto do mesmo jeito.

Sentir mediocre é algo mediocre e parece, como diz a música, que se sente assim porque o fracasso subiu a cabeça. Mas o tempo, é parece que ele que dá medo, o prazo vai acabando, não realizei o que queria ter feito e procurei justificativas. Assuma alguma vez a incompetência enquanto digita esse parágrafo e olha para o teto pensando, “que máximo, sei digitar sem olhar para a tela do PC”.

Bem, mas lá na cama, do quarto, deitado a insônia continua. Pensamos nos demadas não atendidas e criadas pelo consumismo e de repente não se fica tão deprimido. Mas o tempo continua passando, o tempo passa, e quando se dá conta que ele passou é que se toma noção que não está tudo bem. Estaria tudo bem se estivesse dormindo.

Eu quero dormir, mas os pensamentos borbulham, a garganta continua com aquele nó, os pés estão formingando, suando e gelados. Mas é na barriga que se sente mais frio, mas um frio que vem de dentro, saí do umbigo sobe por debaixo da pele do torax e chega até atrás das orelhas. O que sei é que essa é a mesma sensação de que eu sinto quanto tenho medo.

Medo por que? Eu sei porque, mas nego tanto que nem sei porque razão tenho medo. Mas o medo existe, o motivo existe, está ali, latente, gritando “resolve-me” e eu insistentemente tento resolvê-lo, resolvê-lo e não consigo. Me deito com o problema lá, para ser resolvido, me esperando, o tempo passando e nesse caso acabando e eu estou ali, na cama, parado. Parado enquanto tenho que resolver meus problemas.

Reclamar disso não tem motivo. Justificar, eu faço isso o tempo todo, inclusive agora. Dizer que está cansado facilita? Não, não resolve. Deitar também não, a cabeça está cansada e a insônia está aí, para não me deixar dormir. E nada disso vai resolver meu problema.

Hoje estou cansado para travar uma disputa com a insônia, ficar ali por horas, pensando que é tudo uma insônia provocada por um monte de coisas que tenho que resolver e não quero falar, não quero pensar nisso agora. Me levanto, bebo água e venho para cá um pouco.