quinta-feira, 12 de março de 2009

Você é o meu balão


Quando criança, eu ia a muitas festas infantis. Nelas brincava-se muito, comia-se muito brigadeiros, salgados, sempre rolava o "Com quem será" depois de cantar parabéns. Enfim, eram divertidas as festas e eu gostava muito do final, quando os festeiros pegavam os balões que adornavam e distribuiam as crianças. As festas eram geralmente a noite e eu chegava em casa em um horário que eu costumava estar dormir, então chegava muito cansado e deixava para curtir meus balões no outro dia.

Os balões para mim sempre foram mais do que objetos feitos de um elástico latex com perfume peculiar. Foram para mim a continuidade da diversão em casa, recolhido comigo mesmo na minha infância solitária, sem irmãos e com a presença de amigos talvez menor do que em comparação a média. E dos balões posso dizer que eles não foram apenas balões no meu universo infantil. Nunca atribuí a eles nomes, mas atribuí a eles personalidades, nada mais reflexo da minha própria.

Me encatava nos balões o colorido, pareciam sempre estar sorrindo, a leveza, a flutuação. No fim acabava eu criando um certo laço afetivo com eles e com eles eu tive um pouco da sensação de se perder algo querido, seja repentinamente - estouro - com a falta de cuidado de uma criança, seja ao longo dos dias em que eles iam murchando, perdendo a leveza e as cores vivas e brilhantes passando para umas densas e opacas.

Mas então, eu só sei que apesar de tudo que não seja interessante, ainda assim muito eu gosto de balões e que você é o meu balão.