No passado meus pais cogitaram se mudar para Minas Gerais. Apenas cogitaram e não fizeram esforço algum para que isso se realizasse. Bom, mas que minha mãe pensou no assunto a sério, isso ela pensou. Mas conforme podem ver, isso não aconteceu, continuo morando em Goiânia, como sempre morei, e seria difícil não respirar aliviado e bairrista o ar seco como fiz ontem quando vi pela primeira em nove dias os edifícios envolvidos em névoa seca de Goiânia.
A cidade natal da minha mãe em Minas Gerais para ser mais exato, é um lugar que já teve mais graça e a que vai sobrando vai se acabando aos poucos, idas após idas. Não consigo olhar para lá com grande entusiasmo e se minha vida é sem graça e precisa ser modificada, lá seria mais difícil se é que ela estaria no mesmo nível que está agora.
Não sou uma pessoa resolvida em certos aspectos, nos últimos anos melhorei boa parte deles e agora eles precisam de uma sintonia fina como imagino que serão as coisas por todo sempre, faz parte da vivência de qualquer um. Mas se eu morasse na cidade natal da minha mãe, eu não estaria tão bem resolvido quanto sou agora e pensando na média do que acontece por lá, certamente eu não poderia imaginar chegar onde posso chegar.
A cidadezinha é pacata, é linda, tem pessoas hospitaleiras, educadas e atenciosas, o sotaque é semelhante ao goiano, só que é mais doce. Existem muitos rapazes bonitos na cidade e muitos são de Uberlândia, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia para visitar amigos e familiares. Mas me parece utópico pensar que sobraria algum deles para mim ali naquele lugar e que eu fosse ter a consciência de que poderia pensar de forma clara e desinibida, como atualmente, que eu gosto de garotos.
Minha expectativas em relação a uma eventual vida em cidade pequena, como no passado foi cogitado, tem uma grande parcela de preconceitos e limitação de conhecimento. Mas não vejo porque pensar que eu esteja errado ou não tenha motivos respirar aliviado esse ar seco e metropolitano da minha "vida homossexual" em Goiânia.
Mas tudo bem. Deixa, vou ficar aqui em Goiânia mesmo até onde eu sei e deixar o interior só para as férias, feriados e outros prazos curtos. Agora vou ao banco, esperar os carros pararem antes da faixa de pedestres - em vão em muita das vezes, e não tomar um sorvete porque voltei mais rechunchudo nessa viagem.