Por causa do lançamento do livro da Vaca Profana, ela veio até minha casa ontem deixar convites para a solenidade na qual vão estar outros escritores também lançando seus livros, a imprensa local, os políticos, os “formadores de opinião”, os garçons, os seguranças engravatados e as moças arianas super maquiadas da periferia. Conversávamos e navegávamos pelo orkut olhando as pessoas e contando causos sobre elas no melhor estilo recordar é viver.
Tinha ali o ex da Vaca Profana, que dizia amá-la muito, que não gostava de viado, que era emo por modinha e que o tio da Vaca, que é super divosa, chamou para fazer tudão. Tudão… palavra legal. O Di, o meu amigo casamenteiro cujo gaydar eu confio, viu a nosso pedido o perfil do ex da Vaca e deu o veredicto, que nos convenceu, o rapaz é do babadón. Sempre desconfiamos do garoto e ficamos num misto de eu já sabia, riso, de ele te enganou Vaca e tudo mais.
Bem, olhando ali o orkut do Di, olha só que eu vejo entre nossos amigos em comum, nada mais do que meu colega de estágio. Não que a pessoa seja delicada, efeminada, e tudo mais. Mas sabe quando você olha para alguém e vê que ela tem um semblante, uma aura, de colorido também? E o caso desse colega de estágio, que por sua vez tira sarro dos professores do instituto aparentemente gays, de toda figura colorida que vê, é evangélico e lógico, contra o “homossexualismo”.
O que achei estranho é o colega de estágio estar no orkut do Di, cujo fator que nos tornou amigos foi a nossa sexualidade. Mais estranho o colega ter outras pessoas do meu orkut, que são gays, adicionadas. Então pergunto ao Di de onde ele conhecia fulano. O Di respondeu que na Uol, mas que não fala muito com ele. E eu pergunto, e ele é gay, como se Uol já não fosse quase que uma redundância. Ele responde que sim, e para ficar bem respondido eu devolvo com outra pergunta, ele é ativo ou passivo. O Di responde que não sabe, mas que vai confirmar da próxima vez.
Bem, o Gato de Cheshire tem razão, um boi preto conhece o outro. Assim é melhor não subestimar mais toda sofisticação tecnológica do meu gaydar. É engraçado, na verdade não é engraçado e sim irritante, esses meninos enrústidos. Uma coisa é estar no armário, o que acho legítimo porque também já estive e sei bem os motivos que levam alguém a ter essa discrição. Mas já é de me deixar putaiado o cara ser e ainda fica repercutindo preconceitos contra os iguais como se não fosse um.
Lamentável mesmo é que o colega de estágio não seja gatinho. Se fosse da próxima vez que ele viesse aqui discutir o projeto de intervenção, eu iria parar do nada, olharia nos olhos dele bem profundamente e diria: “Eu sei de tudo. Tire a purpurina do potinho bee. Agora chega aqui e me beija, porque eu tenho camisinha”. Mas ele não é bonito porque ele é… feio.
Eita final de semana divertidoso.