sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Escrevendo outra vez

Olá pessoas, aqui estou eu escrevendo algo para vocês lerem. E daí que o quê eu escrevo seja mais do mesmo, que seja enfadonho se pelo visto vocês não acham isso  não é? Até mesmo porque enquanto eu acho isso chato vocês estão aqui lendo e comentando.

Mas vou confessar… mesmo que eu ache o que meus colegas blogueiros escrevem mais interessante e melhor redigido eu escrevo porque eu gosto de escrever. Não sei qual o nome da região do cerebro e nem da substância que ele libera, mas ver o cursor do mouse se movimentando da esquerda para direita a cada segundo e ouvir esse tec tec tic tac tec do teclado faz com que eu sinta recompensando.

Enfim, escrever me dá prazer e acho de agradável estética ver as letras formarem palavras, as palavras sentenças e as sentenças parágrafos. Aliás, outra coisa que eu acho bonito é ver os parágrafos separados entre si pelo enter. E quando mais eu digito assim, mais com vontade de escrever eu sinto e me empolgo e acho lindo e fico satisfeito e não presto atenção. Por isso relevem como sempre os erros de concordância e gramática certo?

Mas não estou aqui para falar sobre os meus orgasmos editoriais (nem sei se essa palavra se aplica para o meu caso e deixa porque é licença poética e eu posso então). Estou aqui para falar que não aconteceu nada, absolutamente nada de interessante durante essa semana. Ninguém me cantou no MSN, ninguém me adicionou no MSN, eu não fui lugar que não fosse Universidade algum.

Ah sim! A Universidade foi um porre, assisti uma palestra por dia, em todas eu fiquei entediado, em todas eu olhava as panturrilhas peludas dos meus colegas, em todas  eu olhava mais para os meninos bonitos que passavam pela minha frente e olhava para os seus dedos, procurando algum anel de compromisso, casamento ou simplesmente para especular o tamanho de seus membros através deles.

Mas teve coisas interessantes? Acho que andar do ponto de ônibus até o centro de eventos debaixo daquela chuvinha fina foi legal. As gotas geladas geram um desconforto mas é bom, é bom porque a pele funciona, é bom porque está chuvando e eu prefiro chuva ao invés de Sol. Chuva é umidade para minhas vias aéreas, meus olhos, é água nos rios, nas hidrelétricas, no medidor de água, garantia de safra. E também acho que eu fico bonitinho, fofinho, quando me fico um pouco molhadinho de chuva. Sei lá, talvez alguém fique com dó de mim e queira me secar e ver o que eu vou fazer logo mais a noite.

Na verdade não teve nada de interessante, aliás, as coisas estão mais tensas. Minha mãe briga comigo porque eu não guardo minhas roupas na hora que ela quer e sim na que eu quero e eu falo alto mandando ela parar de gritar porque vizinho não tem que ouvir.

E ela grita, desnecessariamente grita, por coisa desnecessária e eu digo para falar baixo e ela gritando para vizinho ouvir que sou “um um um um” vendo que o um dela não saí, mas sabendo o que ela quer dizer eu pergunto berrando e dessa vez querendo que vizinho escute “Um quer que eu grite para eles ouvir? [com muita vontade de falar viado que dá e recebe cu]” e ela responde um preguiçoso engolindo seco.

Enfim, minha mãe é complicada. Ela é orgulhosa, ela acha a homossexualidade uma aberração e apesar de dizer que não tem preconceito, ela se sente muito superior a quem é. Ela se arrepia, amarga só de pensar que o filho dela é uma palavra que ela não gosta, gay! E gosto de ver na sua cara medo por temer que eu diga aos outros que o filho dela que se acha muito boa é um viado.

Essa não é a solução dos problemas existentes na relação com minha mãe, que penso ser muito reguladora, vaidosa ao ponto de ser pouco prática, muito menos crítica, apenas desnecessariamente liturgica. Mas é isso que eu sinto, irritação para com esse comportamente da minha mãe e sentimento de recompensa quando eu ameaço a dizer a ela o que ela quer dizer a mim.

Esses são meus podres… podem vaiá-los… mas isso sou eu.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O não vai dar certo voltou

Por muito tempo as perspectivas no horizonte simplesmente foram capazes de conferir a mim sofrimento ou muita alegria. Anos de terapia e aprendo não dar mais tanta importância para as expectativas, pelo contrário, se apegar ao máximo ao que é possível e não tratar o incerto como fato.

Não sabendo dosar a balança, comecei a ficar cético quanto a um monte de coisas. A vida se tornou um tédio, sem graça, simplesmete ficou quadrada e eu passei a ir para, ou acreditar nas coisas, como se o fato delas não darem certo era o mais esperado e a realização delas um acaso, que nesse caso viria para o bem.

A vida é um aprendizado e uma evolução constante e decidi viver as boas expectativas por antecedência. Uma delas foi o fato dos meus pais pagarem uma cirurgia nada tão sério, porém que custa 15 a 20 mil reais, uma cirurgia na mandibula necessária a minha qualidade de vida.

O preço elevado fez com que esperassemos por muito tempo a cirurgia na rede pública, onde as disputas de ego e política são sempre maiores do que as demandas dos pacientes e por isso a cirurgia não saiu, ou não saí. Meus pais decidem pagar por ela e isso me deu alegria. Comecei a viver a cirurgia antes mesmo dela acontecer, quando o dinheiro, mesmo que não seja o principal, ainda assim é preponderante para que ela aconteça.

O dia é um verdadeiro tédio, um calvário na Universidade. Os discursos são enfadonhos e meus olhos embaçam em sono quando tento fixar o olhar nos slides. Uma diversão, aliás, uma distração é olhar os rapazes em volta, principalmente suas pernas peludas, ou lembrar dos descamisados colegas estudantes das Artes Cênicas em suas apresentações nesses dias do evento.

De volta para casa, até que enfim, olho para a Região Leste e trovões e raios estão a bradar e clarear por lá. Aqui um asfalto ligeiramente molhado e um chuvisco de nada.

Finalmente estou no ônibus que vai me conduzir ao ponto da minha casa. Lá dentro olho os corpos masculinos procurando pelo que não tive e sequer é dessa cidade. A chuva vem e vem grossa, parece que quer levar embora tudo que num quero daquele dia. O tédio, as frustrações, a carência, o cansaço e quisesse anunciar alguma coisa, que poderia ser boa ou ruim.

Desço do bólido semovente para massas, doravante denominado ônibus, inundo meus pés com a água da sargeta, me escondo debaixo da marquiz e olho o véu laranja das lâmpadas de mercúrio. Meu pai chega para me buscar e quase em casa pergunto como foi na firma. Foi que agora meu pai está desempregado, o que significa entre uma série de coisas péssimas, uma mais péssima ainda, a possibilidade, pelo menos para quando planejamos, da minha cirurgia não se concretizar.

Chego em casa estressado já pelo simples fato de imaginar a minha mãe poder escolher a hora d’eu jantar para ser mais um calvário dela, aliás, uma coisa que me irrita profundamente na minha mãe é o seu gosto por sofrer, por viver o que não é positivo da pior forma, o seu processo eterno de se vitimizar, de se achar sofrida. É como se ela não vivenciasse algo negativo se ela não chorasse, esperneasse, berrasse e enchesse mais do que o necessário a minha paciência com essa lamúria.

Janto em paz e nada mais falo com meus pais. Me tranco nesse quarto e escrevo isso para vocês. Celebro ter uma verdadeira inspiração para à vocês escrever agora.

domingo, 25 de outubro de 2009

Metablogável

Fiquei com muita vontade de escrever e aqui estou, fazendo mais uma postagem no blog e quebrando um jejum superior a uma semana. Ao mesmo tempo que fico feliz por escrever qualquer coisa aqui, fico também chateado. Isso porque eu penso que quantidade, que é o que fiz muito nesse blog durante esse ano, não traz qualidade.

Não é que eu tenha em algum dia ficado realmente satisfeito e confiante no que eu tenha escrito, aliás, continuo achando que meu blog é sempre mais um do mesmo, contudo penso que escrever menos fará com que eu atinja a qualidade.

Tudo bem, eu confio quando as pessoas dizem que eu escrevo bem, e até me envaideço com isso, aliás, sempre me envaideço com um elogio por mais cético que eu seja a ele. Porém eu penso que esse blog é uma coisa medíocre. Eu já falei que acho ele mais do mesmo? Já né? Então, é isso o que eu sinto sempre que escrevo nele.

Também devo confessar que fiquei esses dias todos sem escrever por falta de criatividade, não que seja criativo, mas tem hora que por mais que tentemos reinventar a roda eu me convenço que realmente não dá.

Bem, e assim eu consegui ficar esses dias todos sem postar nada no blog. Não satisfeito com isso eu fui deixando também de ler e comentar os blogs dos textos que eu me interesso.

E o que dizer de mim? Que seja eu quem sabe, não vou ser tão auto-crítico assim, um idiota se martirizando pelo que não faz diferença como se o importante fosse apenas ser diferente. Também que eu acho que escrevendo

Olha, agora eu estou com uma baita preguiça de continuar isso aqui e vou postar assim mesmo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sobre o perdão

Quando lia a Bíblia, ia as missas, participava de encontros, retiros, pregações, fazia preparação para crismar lembro muito do que se dizia nesses lugares todos sobre o perdão. Lembro de como ele está contido nos escritos religiosos e como os cristãos acreditam nele como algo preponderante para alcançar a vida eterna, a santidade.

Hoje não sou mais cristão, aliás, me defino nesse momento como ateu, mas sobre o perdão eu concordo. Contudo não acho perdoar algo cristão, mas sim algo humano, uma prova de nós como seres racionais, inteligentes, diferentes e capazes de encontrar novas saídas para os conflitos.

Nos meados da minha adolescência aconteceu um conflito familiar. Esse conflito coincidiu com a época em que eu estive mais religioso, o conflito teve a mim como um dos epicentros. Saí dele muito ofendido, magoado e enraivecido.

Dizer que tinha raiva não resolvia o problema, mas me fazia sentir melhor quando a autoestima estava em baixa e pedir ou dar perdão, não importa quem estivesse culpado ali, era o que eu jamais pensaria em fazer, até mesmo porque eu estava muito orgulhoso.

Mesmo assim eu continuava hipócrita. Dentro da Igreja continuava rezando, cantando e pedindo perdão a Deus, algo que nos preceitos cristãos eu só teria o direito de pedir se eu desse também. Bom, mas eu achava que o perdão de Deus era maior até do que meu orgulho e minha hipocrisia e tudo bem se eu não pedisse perdão, Deus não me deixaria ir para o inferno, o maior medo da minha vida naquela época.

Minha mãe, matriarca que é, defendeu seu filho. A minha relação e da minha mãe para com um tio meu resumiu-se a diplomacia e até deixamos de participar de reuniões em família por causa da presença dele.

Com o passar do tempo minha mãe continuou muito resistente com relação ao meu tio. Eu não. Eu achei tudo que aconteceu na adolescência uma coisa menor, irrelevante, mas não ia tratar das situações como se nada tivesse acontecido. Nas reuniões em família eu continuava diplomático, mas sem abertura, aliás, fingindo quem não o via, escutava, simplesmente, que ele estivesse ali.

Devo confessar que foi um grande excercício de Paola Bracho ser tão dissimulado e cínico, fingir que absolutamente nada estava acontecendo. Mas fingir tudo isso foi um pé no saco e cansativo.

Então chega o último feriado prolongado, na casa da tia no interior, os filhos dos meus avós todos reunidos juntamente com eles a sós dentro da cozinha, onde estava minha mãe, enquanto netos e bisnetos do lado de fora ficavam curiosos.

Interessante é que eu fui o único deles, netos e bisnetos, que teve a honra de participar, mas quando meu avô começou a falar sobre perdoar 70x7 como Cristo falou e ali ao meu lado estava o tio, saquei a charada.

Bom, daí que achei aquele momento muito peru Sadia na noite de natal. Minhas tias choraram, minha avó chorava, os primos bicões choravam. Eu, que rapidamente mesmo sem saber o porquê me solidarizo com as lágrimas de riso ou choro, pelo contrário, dava altas gargalhadas porque achei tudo comicamente… fofo.

Se Deus existe, eu agradeci. Falei que da minha parte estava tudo bem, posaram os tios, tias e o tio, jutamente comigo, pais e meus avós numa foto estilo momento Kodak Ultra.

Confesso que tive vergonha de dizer no começo, há pouquissimos anos, que da minha parte estava tudo bem e que tive receio de não ser reciproco. Mas por em prática o perdão, não importando quem devesse ser perdoado por quem, foi o ápice do feliz feriado que tive.

Enfim, mas acho que o maior perdoado foi eu e o maior perdoador também, pois dessa forma deu para ficar melhor comigo mesmo e pensar que não estou devendo nada a ninguém. Entre essas dívidas está a de provar a mim mesmo que de fato dou perdão e me apego cada vez menos a essas vaidades, a de se achar muito bom para pedir perdão ou não dar perdão.

P.S.: Bom é que mesmo que eu volte a ser Cristão eu vou poder rezar o Pai Nosso em paz.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Feliz na escola

Agora estou fazendo estágio de verdade e já comecei acompanhando duas turmas. Elas não são muito disciplinadas, pelo contrário, mas eu estou feliz. É o professor o responsável por colocar os estudantes em envolvimento com o conteúdo e eu não tive essa formação na Universidade, mesmo assim estou feliz.

Bom, em uma das turmas as estudantes ficam me fotografando, cochichando sobre mim e quando eu olho elas dão risadinhas e ficam tímidas. Não sei, acho que elas me acha bonito, além de não saberem que eu desconfio.

Na escola encontro com meu passado sempre, o formigueiro da quarta série continua lá e a sala da quarta série virou laboratório de informática. A sala da oitava série agora tem o sétimo ano.

Emoções me despertam é quando encontro com os professores, as tias da merenda, as tias da limpeza e o guarda da portaria, que não estava lá quando eu era estudante, mas sim porque ele é um moreninho muito bonitinho com aquele cabelo milico e de farda.

Alguns professores não sabiam ainda que eu estou ali fazendo estágio e qual não é as suas caras de surpresa e de “mas você vai ser professor?”. É tudo tão lindo, nessas horas dá um medo desse senhor controlador e sabichão, mas muito simpático, o Tempo.

Engraçado tecer comentários sobre o salário de professor em Goiânia usando o estacionamento da escola como estudo de caso. “Olha, não tem nenhum BMW ou Mercedes-Benz, mas os mais velhos aí são ano 2005 e ninguém anda a pé”.

Ah! Está ótimo, e vai ficar melhor com as semanas, até mesmo em janeiro.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Sobre Mercedes Sosa

A primeira vez que ouvi Mercedes Sosa foi na RBC FM 90,1 de Goiânia, rádio de seguimento adulto. Tocava Duerme Negrito, achei a música diferente e bonita.

Algum tempo depois a Som Livre divulgava propaganda sobre uma compilação dos maiores sucessos da cantora para a série Perfil. Gostei muitas das músicas, mas eu ainda possuia grandes incógnitas a respeito de Mercedes Sosa.

Finalmente a inclusão digital chega a minha casa. Com computador e internet posso pesquisar material fonográfico, bem como comunidades e a biografia de Mercedes Sosa.

Sobre a cantora não possuo grandes conhecimentos a não ser alguns poucos e não sou tão ouvinte quanto de grandes outras vozes da música, só que brasileira. Porém fico chateado com a notícia de sua morte e confesso que me sinto ainda mais desperdiçado sabendo que eu não tive a oportunidade de ir a algum espetáculo dela, oportunidades que amigos tiveram e foram.

A música em questão é Como La Cigarra, que da metáfora é possível pensar sobre perseverença, sobre os leões que precisamos matar diariamente, sobre o sufocamento da Liberdade, que é o que acontece com os homossexuais no Brasil.

sábado, 3 de outubro de 2009

Do melhor amigo II

Hoje no começo da tarde voltava a pé para casa, vinha de uma reunião de estágio. De repente um motoqueiro para ao meu lado, o que serviu para me assustar já que uma vez um deles me deixou no mínimo constrangido.

Mas ainda bem, era o meu melhor, talvez, amigo perguntando se eu estava afim de terminar a caminhada até a minha casa ou se preferia subir na garupa e chegar até ela de moto. Eu escolhi a carona, mesmo que eu não estivesse de capacete.

Bom, a carona foi boa, mas não tão bom quanto poder conversar um pouco com ele, mesmo que breve. Acontece que isso serviu para dar ao resto do meu dia um clima de melancolia.

Gosto muito desse amigo, como amigo, e houve um tempo de nossas vidas que passamos muito do nosso tempo junto, fazendo uma infinidade de coisas, principalmente as mais caseiras como jogar baralho, xadrez e assistir a filmes, nenhum pornô que fique bem claro.

Esse foi, eu acho, o período de nossas vidas em que nossas relações foram as mais estreitas. Hoje ficou diferente, as coisas não são mais como eram antes. Vou pouco a casa dele, nos falamos pouco, nos vemos pouco também.

Uma coisa que mudou muito o meu semblante e garantiu por dias um sono mais leve, foi ter dito a ele que sou gay e ter da parte dele uma reação que se não foi a melhor, foi no mínimo muito boa. Ter dito a ele que sou gay parece não ter provocado nele nenhuma mudança, ele continua agindo naturalmente comigo, é sempre solicito, hospitaleiro e lembra de mim para favores que ele retribuí havendo a possibilidade.

O que parece ter mudado foi a minha segurança quanto ao amigo. Existe em mim uma insegurança quando na presença dele de haver alguma atitude minha, por mais que seja natural, que acabe provocando algum mal entendido, no sentido dele se sentir assediado.

Ele é muito inteligente, crítico, sabe que nossas convicções em muitos casos, como as sociais, são construídas, são relativas e por isso não expressam bem a realidade ou simplesmente não expressam. Mas não sei, tenho medo mesmo assim.

Uma coisa eu já percebi, ultimamente tenho adotado uma conduta mais reservada com relação a ele, embora eu queira me aproximar. Na verdade é medo meu.

Bom, aproveitei a melancolia para dormir no final da tarde, acordei mais melacólico ainda sentindo falta, saudade, de não sei quem. Um vazio que não é só por causa desse amigo, mas por causa de todos.  Isso pouco muda no decorrer do tempo, pois tenho cada vez menos lugares para ir com os amigos.

Não posso negar também que sinto falta do que nunca tive, alguém para contatos mais afetivos e íntimos. Sinto falta disso, mas não é apenas disso, é um mix de tudo mesmo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Pensamentos ao assistir Show da Fé

Rádio, televisão, telefone celular, internet wirelles, todos esses serviços  e um série de outros são transmitidos por meios de ondas eletromagnéticas em frequências distintas. Isso todo mundo sabe. O que pouca gente sabe é que para utilizar essas frequências é necessária autorização do Estado, no nosso caso a União através da Anatel, que representa o interesse público.

 

A Anatel, apesar das críticas que se faz, regula e distribuí bem as concessões públicas levando em conta os aspectos de ordem técnica. Quanto aos outros aspectos, como os de ordem social, não é critério dela e sim do Congresso Nacional avaliar na hora de autorizar alguns serviços como rádio e televisão.

Sabemos o Congresso que temos não é? Os deputados e senadores que deixamos nos representar quando não são donos, representam os interesses de emissoras de rádio e televisão, companhias telefônicas, igrejas e afins. Bom, isso não explica tudo, mas explica muito do que vemos e ouvimos na televisão e no rádio.

Como o que se leva em conta na distribuição de outorgas rigorosamente no Brasil são os aspectos técnicos, falta principalmente na nossa televisão aberta e de interesse público os interesses públicos que nossas leis definem bem. Por isso tantos programas com apelo erótico, inclusive entre as crianças, apelo à violência, ao sensacionalismo as custas de humilhações de pessoas e da agressão gratuíta entre elas.

A publicidade dá até medo, propagandas da cervajaria subjulgando a figura da mulher, atrelando o consumo de medicamentos algum glamour, gerando demandas por objetos de consumo cuja falta deprimem as pessoas. Mas a publicidade não dá tanto medo quanto o nosso “soberano” jornalismo monopolizado por cinco grupos nacionais, fora os regionais, caracterizado muitas vezes por abordagens tendenciosas, irresponsáveis e que ainda reclamam não existir liberdade de imprensa no Brasil.

Os problemas e as ausências de interesses públicos na televisão, e as vezes no rádio, não se resume a isso, pois também engloba o fator religioso, que no caso do rádio é ainda maior. Os programas e as emissoras religiosas, com a justificativa de liberdade religiosa, diariamente leva aos rádios e às televisões brasileiras promessas de curas, inclusive a AIDS e a homossexualidade como assisti certa vez no Show da Fé. Também não se pode ignorar as atribuições demôniacas e esteriotipantes que fazem às outras confissões, principalmente as de matriz africana.

Por fim, entre muitas coisas, os nossos programas religiosos aproveitando da ignorância, do desespero das pessoas e  principalmente das concessões públicas, leva a inúmeras pessoas expectativas baseadas em promessas de realização inexplicável ou pouco plausível, além de ilusórias e que criam preconceitos e intolerâncias contra alguns tipos, seja religioso, seja sexual, enfim.

A qualidade da programação de nossa televisão é tosca, é brega e de mal gosto. Essa qualidade em grande parte não tem compromisso com a promoção da cultura, regionalismos, fixação de nossas identidades, soberania, cidadania, informação, imparcialidade, causas sociais, com os preceitos constitucionais e os vigentes em outras leis.

Não justifica a distribuição de concessões públicas, levando em conta apenas os critérios técnicos, os interesses particulares e os de alguns grupos econômicos e políticos. Não justifica em nome da liberdade religiosa tolerar promessas irresponsáveis, discursos estigmatizantes e que ofendem outros grupos.

O Estado é um servidor, existe para prover os interesses da sociedade, não é uma máquina que deve ser dominada por ideias mercadológicos e políticos. Sendo assim cabe ao Estado considerar esses interesses, os sociais, na distribuição de concessões públicas e a nós, enquanto cidadãos, fiscalizar isso, pois para isso pretendemos um Estado que seja democrático e aberto ao diálogo.

Eu sou lindo? Absoluto?

Fiz uma Rev- no texto para tentar torná-lo menos confuso.

Eu fui a parada gay e todo mundo já sabe. Prometi a mim mesmo que iria a parada gay desse ano e iria ver o que é o evento com meus próprios olhos, questionando meus próprios valores para fazer um julgamente mais próximo do justo. Acho que consegui, apesar que fui porque meu amigo D insistiu.

Indo lá para a parada eu conheci os amigos do D, um deles é o P, que como vocês devem se lembrar ficou comigo, mas eu não continuei com ele porque não rolou muita afinidade da minha parte. Tudo bem!

Lá na parada estava também o R, amigo do D, o meu amigo, que notei ser mais reservado, menos falante e que tive a impressão que me olhava como se não tivesse ido para minha cara. Pensei também que o R fosse irmão da amiga simpatizante do D, o meu amigo, e além disso, heterossexual.

Dias depois, no domingo passado para ser mais exato, descubro que o R se chama R e que ele não é heterossexual, é sabão em pó mesmo, muito menos irmão da amiga do D. Descobri porque o R me adicionou deixando um scrap mínimo no orkut, mas que acabei aceitando pelo D, o amigo, e o P, o ex ficante, constar como nossos amigos em comum.

Lá no MSN, que também aceitei, ele me conta que é homossexual mesmo, que não é irmão da amiga do D, me perguntou o que eu achei da parada e então, finalmente, enfim, contudo, todavia, ele chega a um ponto, me pergunta se eu ficaria com ele.

Lembro que na hora eu pensei, “porra, ainda bem que é no MSN essa conversa, tenho tempo para pensar muito bem nas respostas”. Porém sem mentalizar muito respondo que não porque eu fiquei naquele dia e nos que se sucederam com o P, o ex ficante é claro. Então cerrrrto mano! Contornei e ele se deu por satisfeito.

Porém com essa pergunta eu comecei a tomar ideia do porque ele, o R, me adicionou no orkut e pediu para que o adicionasse no MSN, mas o principal, comecei a sacar porque ele me olhava fixamente e eu achava que ele não estava indo com a minha cara lá na parada.

A conversa fluí para outros assuntos, falo da minha graduação e o R não diz a clássica mas você vai ser professor? e ganha créditos comigo. Explico então da faculdade, do curso e ele volta o rumo da conversa para relação e pergunta se eu, que tinha dito que não estou com ninguém, aceitaria ficar com ele.

Lembro que na hora eu pensei, “o quê? Onde você quer chegar companheiro?”. Me levantei, olhei-me no espelho do guarda-roupas, testei ângulos e pensei, “feio eu não estou... (pausa)... hoje”. Contei a Vaca Profana em outra janela no MSN o que estava acontecendo, ao S, um amigo que conheci em São Paulo, também. Por fim perguntei a eles, “eu sou bonito por acaso?”.

Bem, o S disse com muitas exclamações que sim. A Vaca Profana disse que melhoramos, ela e eu, muito do Ensino Médio para cá. Enfim, se eu fosse hetero eu dava uns catos na Vaca, mas eu? Bonito?

Contei ao Gato de Cheshire um pouco da conversa com o R e rolou uma confusão danada. Tive que escrever um tratado cartesiano para explicar que nariz de tomada não é porco, eu sei que não é assim, para no fim ele, o Gato, dizer algo na linha de, agora entendi.

Contudo, o R estava lá me esperando e eu dei uma resposta ao se eu ficaria com ele agora que eu estou livre. Eu disse que não, porque eu não poderia retribuir os sentimentos. Simplesmente retribuir, pelo que vi na parada e no orkut, não ia acontecer já que ele não me atraí.

Daí que eu penso que talvez eu não esteja tão mal quanto penso que estou. Pois para mim o R só me adicionou no orkut, pediu para que eu o adicionasse no MSN, mas o principal, ficou durante o tempo que o vi na parada me encarado porque eu despertei algo nele.


Eu sou Well

No meu CrossGol eu vou sair

Vou buzinar os taxistas

Pois eu odeio essa classe, demaiiiiiiiiiissssssss!