domingo, 22 de agosto de 2010

Respondendo às perguntas

A semana começou e foi passando, o que é normal até provarem o contrário. Quarta-feira à noite foi dia da aula de estágio e a primeira e única vez na semana em que veria o colega presbiteriano. Ele chegou atrasado, cumprimentou a todos nós com o olhar. Os orientadores se entreteram com uma discussão sobre as atividades e o colega me aponta um papel no chão. Pego o papel e começo a abrí-lo, ele diz que não e pede que eu leve o papel até ele. Entrego e ele me pede para esperar. Já deduzi o que ele iria perguntar, abre o papel e no verso escreve:

"Que parada é essa de amigo colorido?"

Eu eu respondo, "Ah, você sabe!". Ele me olha com cara de dúvida e eu emendo "É isso mesmo, o que isso significa para você?" e ele me cortando pergunta, "Você é?" e eu digo que sim. Ele responde falando que já sabia e eu de certa maneira penso que a minha intenção realmente foi essa.

Ao final da aula vamos embora, claro, e indo para o estacionamento andamos na frente dos outros amigos para que ele me faça perguntas do tipo, você já experimentou, há quanto tempo saiu do armário, seus pais sabem, como foi e tudo mais. Respondia de forma sucinta e finalmente vem ele tocar no assunto da religião, diz que o ato homossexual para ele é uma aberração, mas não condena os homossexuais e tudo mais, o que para ele é erro de grande parte do crentes.

Bem, o que ele falou sobre religião não assustou nenhum pouco, sem querer justificar respondi a ele que existem controvérsias em relação as interpretações bíblicas e que novas denominações tem surgido levando em conta isso. O colega disse algo que para mim é bem verdade, esses ministérios estão errados. Bem, para ele o erro está no fato delas existirem para acolher os homossexuais, para mim está nela usarem como premissa todas escrituras que condenam aos homossexuais.

Legal nisso tudo é que é notar meu preconceito para com aqueles que não sabem, ou tem certezas, sobre minha sexualidade. Também é legal notar como em quatro anos eu evoluí, pois quando entrei para Universidade eu sequer imaginei que em tão pouco tempo as pessoas mais próximas de mim saberiam e hoje sabem. Sem contar que nunca imaginei que tão rápido falar sobre minha sexualidade a alguém fosse uma questão desse alguém perguntar. O que dirá do meu preconceito ao esperar uma reação hostil do colega só por ele ser religioso.