quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Final de semana.

Prometo que minhas futuras postagens serão menores. Mas é que eu não resisto e sinto uma grande vontade de escrever. No fundo nem é tanta coisa assim e se você não quiser ler, não leia. KKKK

No meio da semana:

Acessei a conta do MSN antigo. Um velho desconhecido apareceu lá. "Oi gato, nossa você sumiu. Que saudades de você!" Eu não tinha desaparecido, apenas troquei de conta e disse a quem quisesse adicionar a nova conta. Então ele me adicionou na nova conta e disse que queria me ver, disse que eu sou muito bonito, que já se apaixonou por mim umas vezes aí, que quer experimentar minha boca carnuda. Eu hein rosa! Poderíamos marcar realmente um dia. Falei para ele para a gente se ver no final de semana.

Na verdade eu não queria sair com ele, conversava muito pouco com o sujeito, não temos assuntos em comum e ainda por cima, ele é feio. Bajular só não é o suficiente e ele se antecipa muito. Havia até sistematizado como transaríamos se namorássemos. E eu mantendo o cara lá no MSN só porque ouvir tantos elogios, apesar de entediante, faz bem ao meu ego, sempre carente de massagem é claro.

No sábado:

Tudo bem, pensei, estou na seca, o sujeito é feio via internet, mas talvez pessoalmente seja melhor apessoado. Marcamos, ele veio subindo manco, meio rechonchudo e com uma pinta no nariz. Pensa, talvez a conversa fluí. Entramos no carro, falo de música e a conversa não fluí, falo de família e a conversa não fluí, trabalho, amigos, política, festa, séries, filmes, estudo, enfim, nada vai fluindo. Ele pega na minha perna e fico com um certo fogo, olho para o rosto dele, feio de doer coitado.

Num momento vejo que ficar com ele será um tédio, veremos, na verdade só eu verei, que não temos nada em comum e ele está muito afim de mim. Diz que eu sou lindo demais. Exagerado é claro, mas que eu sou mais bonito que ele isso eu sou. É uma boa eu tratá-lo como um objeto sexual? Ele pegou na minha perna outra vez, meu pau ficou duro. Mas ele é tão feio que dá até vergonha dizer que fiquei com ele. Mas meu lado cafageste gritou "Devasta!".

Pensei, que coisa imundo e decadente, eu pegando um cara feio só porque estou na seca e tratando-o na minha mente como eu não queria que me tratassem. Lembrando que nessa hora sequer cogitei postar isso aqui. Pensei, o quê importa o que as pessoas vão pensar do meu caráter. Eu quero sexo e o ogrinho aí me quer foder. Assim como em Queer As Folk um feio será feito feliz e lá vai eu.
Disse a ele para irmos a um motel e ele topou. Fomos, paredes vagabundas, davam para ouvir as pessoas em outros quartos. Na televisão os canais em VHF de Goiânia, em outro canal show de sertanejo universitário e no outro sexo heterossexual. O pinto dele não era grande e isso não foi nenhuma surpresa, eu já sabia desde o momento em que vi os dedos e coloquei na balança na hora de pensar no sexo.

"Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado"

E assim foi, quando gozei olhei para aquela pinta, pinta não, verruga no nariz. Ai que vergonha, ai que arrependimento, eu não precisava disso, aí que cafageste eu sou. Eu me odeio, eu me odeio. Como eu tenho coragem de fazer isso comigo e com ele, que é um ser humano, ou não. Ele me beijou e eu involuntariamente fui frio. Respondi meio que justificando: "Estou cansado! Vou tomar um banho!" Tomei o banho bem mudinho, banho de motel não dá para ficar limpo né?Sabonete pequeno demais. Ele abria a boca e eu com um olhar muy sexy colocava o dedo na boquinha que eu beijei fazendo a linha, fica caladinho que eu te beijo. Mas não beijava.

Enquanto eu me secava silenciosamente e vestia roupa ele me perguntava o que foi que havia acontecido para eu ficar calado. Eu respondi que estava reparando o banheiro do motel para fazer igual na futura casa nova. Sim, curti aquele vidro temperado que dá para ver o box pelo quarto. Fomos embora, eu que paguei o motel. Ótimo. Deixei o ogro na casa do amigo dele e fui para a casa da Vaca Profana na cidade vizinha. Contei a minha história promíscua e desprovida de bom caráter enquanto ela tinha orgasmos risícos (existe essa palavra?).

No domingo:
Ogro: Nossa, sonhei como você a noite toda.
Well pensando: Exatamente por isso que eu não posso ficar com você, afinal se sou bonito assim não preciso me rebaixar.
Ogro: Não vai falar comigo.
Well: Estou escrevendo um artigo, estou ocupado.
Ogro: Quando puder falar me avisa.
Well: Ok.

Eu penso: Não custo nada. Sou um vagabundo de primeira. Esse cara não merece isso. Eu sou uma cobra. Mas dane-se, não vou ficar me odiando por causa disso, apesar que mereço.

No domingo mais tarde:

Well: Oi, como você está?
Amigo: Ih, na fossa, mas nem quero falar disso, vamos à chopada?
Well: Não tenho dinheiro.
Amigo: Custa só 20 reais.
Well: Foi o que eu gastei ontem no motel com um cara feio.
Amigo: Porque saiu com um cara feio?
Well: Estava na seca, o único dinheiro que tenho é para pagar um cara da igreja e hoje.
Amigo: Que Igreja.
Well: Uma igreja para LGBT's.
Amigo: Onde fica? Que horas são os cultos? Eu posso ir?
Well: Passo aí daqui a pouco se quiser ir.
Amigo: Vou tomar banho e passar a chapinha.
Well: Bicha!

O Well toma banho com muito gosto, última vez que tomou banho foi no motel. Desodorante, perfume, roupas, calças, tênis, MSN piscando.

Amigo: Demora?
Well: Se você deixar eu sair, não.
Amigo: Liga quando estiver chegando para eu sair.
Well: Well está offline.

Queijinhos... digo, rotatórias antes, o Well enfia a mão no bolso, tira o celular e joga no banco do passageiro. Reduz o carro para a terceira, faz a rótula, saí, engata a quarta, pega o celular, desbloqueia a tela, aperta o o botão de chamadas, seleciona o fone do amigo e põe para chamar. O Well reduz até parar, o telefone chama, o Well engata a primeira, o telefone chama, o Well arranca, engata a segunda e faz a rótula, o amigo atende, o Well engata a terceira, coloca o telefone no ouvido e diz, estou chegando. O amigo responde e o Well desliga na cara dele. O Well engata a quarta com o motor já esguelando.

O Well para na esquina e o amigo não está na porta. O Well liga e apressa o amigo, o amigo justifica dizendo que está trancando a casa. O Well continua apressando o amigo, o amigo saí no portão. O Well diz que está o vendo e vai matá-lo com um tiro na cabeça. O amigo fica estressado e diz que não tem graça. O Well insiste e diz que vai matá-lo, tira a outra mão do bolso e puxa... a alavanca do farol para o amigo vê-lo. O amigo diz que o viu e o Well desliga. O amigo entra no carro e briga porque aquela foi a segunda vez que o Well desliga o telefone na cara dele.

Well: Fui ao motel ontem, por isso que estou quebrado.
Amigo: Gostou?
Well: Não, o cara era feio demais, nada em comum, só fiquei com ele porque eu estava na seca.
Amigo: Porque não falou comigo, hoje lá na chopada se quisesse eu arrumava sete gatos para você.
Luz do combustível acende no Painel.
Well: Nada, ninguém quer me pegar. Tenho que abastecer o carro.
Amigo: Como não, muita gente quer pegar você.
Well: Até um cara feio.
Amigo: Sim.

O Well para no posto, o frentista não vem. O frentista chega minutos depois.
Frentista: É Etanol?
Well: Sim!
Frentista: Acabou!
Well: Ok, vou no próximo... gato.
Amigo: Você dando em cima do frentista?
Well: Só porque estou perto de você
Amigo: O quê?

Amigo fala dos amores frustrados e eu escuto com desdenho e pessimismo. O Well abastece em outro posto e repara no tamanho dos dedos do frentista e gosta daquilo. Quando volta para o carro:

Amigo: Well, que vídeo é esse no seu celular? [dois caras transando]
Well: Casa da minha avó, estava entediado, pensando no cunhado da prima, como era só 50 centavos o Infiniti Web Pré baixei e bati um bolo vendo isso aí.
Amigo: Ai que nojo. Vou transferir via bluetooth.

Minutos depois:

Well: Essa avenida Goiás já teve mais michês.
Amigo: É verdade:
Well: Entrei no lugar errado.
Amigo: Que lugar? Aeh, você tinha que ter ido por aqui. Dá ré.
Well: Não dá, tem um um ônibus me encoxando agora. Nossa, e ele só vai encostando mais. Eu tenho medo de coisas desse tamanho.
Amigo: Do pau do michê?
Well: Não, de ser encoxado no trânsito por um ônibus.
Amigo: Abriu, você tem que ir por alí.
Well: Não dá, não tem como eu virar e o ônibus está vindo com tudo.
Amigo: Você tem que sair daqui, você está na pista do ônibus.
Well: Eu sei, estou esperando um lugar de entrar.
Amigo: Você tem que sair daqui, você está na pista do ônibus.
Well: Eu sei...
Amigo: Você tem que sair daqui, você está na pista do ônibus.
Well: Eu sei cacete, para de dar escândalo, você está me deixando ansioso já.
Amigo: Agora dá para entrar.
Well: Não dá.

Minutos depois.

Amigo: Você tem que sair daqui, você está na pista do ônibus.
Well: ...

Chegamos atrasados ao culto da igreja inclusiva.
- Hana Maracantava Suya. Julia malascaem! Glória 3x Glória.

Well: IrmÕes, esse é o amigo, amigo esse são os irmÕes. Deus é Mas.

Lemos a bíblia, discutimos a bíblia. Eu não oro, todos oram e cantam. O pastor pergunta se alguém ali que aceitar Jesus que fale para que a Igreja ore por ela. Era para mim, mas eu fiquei quietinho como um bom ateuzinho convicto. Ok, oraram, cantaram e zaz.

No fim do culto.

Well: Eu venho aqui e continuo fornicador. Não vou abrir mão da minha vida de fornicador.
Amigo: Eu também. Vamos à chopada?
Well: Não.
Amigo: Vamos?
Well: Não, eu não tenho dinheiro.
Amigo: Disel?
Well: Não.
Amigo: Atenas?
Well: Não.
Amigo: Metropolis.
Well: Não.
Amigo: Você é muito sem graça. Eu pago para você.
Well: Não. Vamos ao centro pegar um michê.
Amigo: Você que sabe, mas como vamos pagá-lo.
Well: Não vamos pagá-lo.
Amigo: Como?
Well: Vamos só olhar.

No semáforo da Goiás com a Paranaíba.

Well: Não tem um michê nessa Goiás.
Amigo: Lá no Banana Shopping.
Well: Eu vi uma coisa num blog e acho legal.
Amigo: O quê?
Well: Nós chamamos um mendigo e falamos para mostrar o pau e bater uma punheta por 10 reais.
Amigo: Você tem coragem?
Well: Eu tenho vontade, não tenho coragem, estômago e meus princípios éticos [/se é que eu não perdi isso ontem no motel] não permite.
Amigo: Nossa! Mas um mendigo pode dar muito mais do que um punheta por dez reais.

Well olha o amigo com uma carinha safada.

Amigo: Tem algum mendigo bonito pelo menos?
Well: Já vi uns meninos de ruas, desses que saem de casa para se viciar em craque. Um dia dei um real para um só porque era bonito.
Amigo: Sério?
Well: Na verdade não, dei porque tinha um monte por onde eu passei e eu estava com medo que eles me batessem.

Paramos em outro semáforo. Para um Celta ao lado.
Well: Que rapaz lindinho né? Pena estar com uma racha.
Semáforo abre.
Amigo: Você ouviu as músicas que eles estavam ouvindo?
Well: Não.
Amigo: Lily Allen.
Well: A britância gay friendly?
Amigo: Os dois naquele carro era entendidos.
Well: Eu quero o motorista do Celta. Vou reduzir para eles me alcançarem. Ah, viraram na 3. Pode virar na 3?

Virando na Rua 2.

Amigo: Olha que cafuçu bonito ali.
Well: É verdade e ele deve fazer sexo de graça e deve ter local.
Amigo: Ei, ei, ei.
Well: Tá curtindo?
Amigo: Eiiiiiii.
Well: Mentira que ele é?
Amigo: Não, ele nem ouviu, só estou curtindo.

Chegando no Banana Shopping.
Well: Mas gentsfi, eu nem sabia que tinha garotos de programa por aqui.
Amigo: O que mais tem? Vamos à sauna, está aberto olha.
Well: Sauna? [eu nunca fui a uma sauna]
Amigo: Ah, estamos de calça. Nem rola.
Well: Gostei desse cabeça raspada.
Amigo fechando o vidro rapidamente.
Well: O que houve?
Amigo: O namorado do meu amigo é garoto de programa.
Well: O que têm.
Amigo: Descobri agora e ele não me pode ver aqui.
Well: Por quê?
Amigo: Um dos meus aspirantes a namorados é amigo dele.
Well: Um dos...

Na Avenida Universitária.
Well: Nossa que monte de gente colorida.
Amigo: Para, que eu vou ficar aqui.
Well: E vai me deixar voltar sozinho?
Amigo: Não, eu estou curtindo.
Well: E olha que tem gente bonita lá.
Amigo: É.

Enfim, é o que tem para hoje. [Braccini, 2010]

Peixos, me liga.