sábado, 6 de junho de 2009

Era uma vez...



Antes de começar essa historinha quero mandar beijos e abraços às pessoas novas que visitaram ou passam a visitar a partir de um momento meu blog, pelos comentários, pelos elogios. Essas pessoas são principalmente da comunidade do Armário, que muito tem contribuído comigo, para o meu processo de auto aceitação e até mesmo auto afirmação da minha sexualidade, e da blogsfera. Não é ético citar nomes, mas com licença, cito o Juninho e o Gato de Cheshire para mandar a eles abraços e beijos mais especiais e tornar claro minha admiração pelas suas belezas, sarcasmo, inteligência e no caso do Juninho o apreço pelas conversas via MSN.

Mas senta que lá vem história...

Existe uma cidadezinha onde mora um velhinho que por todos é muito querido. No entanto esse velhinho é diferente dos outros velhinhos moradores da cidade. O velhinho não fica na praça olhando o movimento e nem oferece doces para as crianças, também não conta como eram as coisas antes de chegar à cidade, que dizem ser ele o fundador. Também ninguém o vê e nem sabe ao certo onde é a casa dele. Mas mesmo assim as pessoas sabem que ele mora na cidade e ama muito o velhinho.

Para as pessoas conhecerem melhor o velhinho foram escritos alguns livros que foram unidos em um único volume. Esses livros contam algumas coisas que aconteceram antes da cidade existir, das pessoas lá morarem e como o velhinho é bom para a cidade e seus moradores. Porém esses livros foram escritos por pessoas que também moraram na cidade, mas muito depois dela ser construída e que também não conheceram o velhinho vivendo em tempos que já se dizia que o velhinho é muito bom. Mas os moradores não se preocupam com isso, pois para elas esses livros são muito verdadeiros, conforme os próprios livros dizem.

Por ser o velhinho alguém tão querido e admirado, se parecer com ele virou o desejo de muita gente. Para se parecer com o velhinho, muitas pessoas da cidade passaram a fazer várias coisas, mesmo que não fosse à coisa mais fácil, mais óbvia, mais simples e que no final fosse melhor para todos. Algumas pessoas se mancaram disso e por isso deixaram de fazer essas coisas, mesmo que nos livros seja dito que tem que ser feito. Mas ficou tudo bem mesmo assim, pois as pessoas passaram a entender que era necessário saber interpretar os livros.

Na cidade existem alguns moradores que gostam de usar roupas coloridas, de várias cores ao mesmo tempo, só que a maioria das pessoas usa roupas de uma cor só porque gosta e ou porque nos livros dizem que o velhinho não gosta de roupas coloridas. Por causa disso as pessoas monocromáticas não gostam das pessoas coloridas e as pessoas coloridas dizem que não é assim e mesmo assim usam roupas coloridas. Só que as pessoas monocromáticas não aceitam e dão como motivos os livros, mesmo que as pessoas coloridas digam que é necessário interpretar os livros. Porém a maioria das pessoas monocromáticas não está nem aí, mesmo que no passado em outros casos diferentes elas tenham parado de usar os livros ao pé da letra.

Como o velhinho é muito querido pelas pessoas da cidade, alguns moradores acharam melhor convencer as pessoas de outras cidades a amar o velhinho. Para isso elas passaram a visitar outras cidades e a convencerem os moradores de que os velhinhos em que elas acreditavam não existiam, que o velhinho delas era mau e que elas deveriam amar só um único e verdadeiro velhinho, o da cidade delas. Algumas pessoas de outros lugares acreditavam no mesmo velhinho, só que as pessoas daquela cidade achavam que elas acreditavam de forma errada.

Para as pessoas saírem da cidade e convencer outras pessoas a amarem o velhinho, ou mesmo para dizerem como amar o velhinho, essas pessoas fizeram vários centros de amação ao velhinho pela cidade que passaram a ser sustentado com o dinheiro que muitas pessoas ganhavam com muita dificuldade. Só que as pessoas nunca deixavam de dar dinheiro para sustentar os centros de amação ao velhinho, porque o dinheiro não é mais importante do que o amor, principalmente se for o do velhinho.

Algumas pessoas fazem trocas, mediadas pelos centros de amação geridos por pessoas que amavam e sabiam amar melhor o velhinho de acordo com essas próprias pessoas, para que o velhinho as ajudassem naquilo que elas possuíam dificuldade em conseguir. Muitas vezes essas pessoas conseguem o que tanto desejam. Para isso elas contam com a ajuda de outras pessoas ou as coisas simplesmente acontecem. Mas independente disso, elas agradecem ao velhinho por tudo que há de bom.

Enfim, mas na cidade, e em várias outras cidades em que acreditam no velhinho ou em algum outro velhinho ou velhinha, algumas pessoas começaram a ficar imaginando e tentar saber quem é o velhinho, onde ele mora, porque ele nunca aparece, como é que ele ajuda as pessoas apesar de parecer que outras pessoas que ajudam, a saber como é que pode os livros estarem certos. Claro, essas pessoas não são bem vistas e quem ama o velhinho passou a evitá-las, pois para quem ama o velhinho, os perguntadores são pessoas más e mentirosas.


O velhinho chama Deus, a cidade chama religião, as pessoas que amam são os crentes e eu sou ateu.