Gosto da maior parte das coisas que escrevo nesse blog. As coisas que eu gosto mais são as que eu dou minhas idéias falando a partir das minhas experiências. As postagens que eu fico de frente a mim mesmo pensando sobre mim, sobre o que comigo aconteceu, o que eu desejo e como resultado eu organizo e estabeleço uma idéia que publico aqui.
E as coisas que não gosto são as postagens como esta que você está lendo agora, as postagens que satisfazem apenas ao meu desejo de escrever algo que será lido por alguém que se disponha. As postagens que quem lê e nem o autor sabe aonde quer chegar, ou melhor, o autor sabe, ele quer escrever algo e publicar já que ele tem essa possibilidade. Será a maldita inclusão digital? Ignoro.
Pois é, estou com vontade de escrever agora e estou escrevendo então. Mas para onde posso levar esse meu discurso até agora metalingüístico? Sei lá, talvez possa dizer que meu Word 2007 não tem corretor ortográfico atualizado e ignora o meu desejo de não acentuar os ditongos abertos e de não colocar trema em lugar algum.
Será mais justo quem sabe eu escrever algo sobre minha sexualidade, sobre minhas experiências, sobre o que eu penso do Amor e dos poemas que criam para o Amor, o que seria uma inspiração vinda do blog do meu amigo, o que eu chamo de melhor amigo com uma enorme devoção, pois quem vem aqui tem esse desejo.
Falando no melhor amigo, hoje fui a casa dele. Passou um bom tempo desde que me abri sobre minha sexualidade para ele e eu fosse a sua casa e conversássemos com mais tranqüilidade sobre nossas banalidades. Saí deprimido da situação, mesmo que ele tenha me tratado super bem e com naturalidade. Falamos de sexualidade, da minha inclusive, sem dar nome aos bois na presença da mãe dele fazendo com que meus dizeres sobre o colega de mestrado dela, homossexual, fossem uma sugestão da minha sexualidade. Por ser apenas uma discreta sugestão ela não deve ter percebido o que eu quis dizer ali.
Mas deprimido?
Está bem, confesso que eu gosto do que dizem do meu blog, que gosto quando dizem que eu escrevo bem, embora eu seja cético a respeito disso. E por gostar de quando falam do meu blog e de como escrevo fiquei frustrado, não no sentido dramático da palavra, por tudo o que ouvi do meu amigo sobre essa página foi que ele lera somente “naquele dia” que eu mandei o link para ele. Mas não foi isso o que me deprimiu.
Daqui menos de um mês completo meu 20º outono de vida, agora me expressei de forma similar ao estereótipo de homossexual, e olhando para o irmãozinho do meu amigo, que não deve ter nem 10% da minha idade, me senti velho. Não que eu seja velho, mas o que sinto em mim é que são quase 20 anos e o que eu consigo dizer sobre esses anos é o que eu queria ter feito ou estar fazendo e não fiz ou faço. Em outras palavras, eu não aproveito bem a minha vida. Fica mais assustador saber que a cada suspiro meu, a cada inspiração e expiração, o oxigênio vai oxidando minhas células e DNA, reforçando a minha certeza de que um dia, hoje ou daqui muito tempo, a única vida que tenho certeza que viverei acabará.
Tenho medo da morte? Não, tenho medo de não aproveitar a vida como eu acho que posso e deveria antes que a morte chegue, por isso não quero morrer tão cedo. Como diz a propaganda da Visa, que reposto aqui, as pessoas vivem colecionando Não sendo a vida é agora e eu não estou alheio a mensagem da propaganda. Então, o que me deprime é não aproveitar as chances que eu sei que tenho colecionando nãos.
Voltando a um discurso metalingüístico, eu posso me tranqüilizar agora porque aos 20 anos a vida está começando, quando se pressupõe que para um cidadão goiano do sexo masculino a expectativa de vida é de 72 anos, e terei muito para viver e aprender. Assim como não sei o que fazer da vida agora, minutos atrás, com um humor bem diferente desse meu otimista de agora, não sabia o que fazer dessa postagem, que agora penso ser uma das melhores que fiz.