Sim! Existe uma comunidade no orkut com esse nome cujo título e descrição me inspiram a fazer dessa pergunta, Mas você vai ser professor?, uma constante.
Pode ser uma verdade feita, mas já são quase três anos dentro da Universidade e eu refletindo sobre isso, mesmo assim ainda tenho comigo, Professor é a mais importante classe da sociedade. Lendo vários autores, estudando vários casos de vários países chego a essa conclusão.
Mas não é a importância que o Professor tem que me faz pensar que no final do ano que vem serei um. Quando olho os editais dos concursos e vejo as cargas horárias intensas e os salários de fome eu penso realmente se eu vou ser professor.
Fui até a escola em que estudei todo ensino fundamental, vi vários professores daquele tempo. Era inevitável o “mas você vai ser professor?” que me faziam. Hora com um entusiasmo, outra hora com um certo desdém, do tipo eu colocava tanta fé em você e me vem dizer isso.
Enfim, sempre fui bem quisto pelos professores, mas não será a minha graduação o motivo de mudar esse status entre eles. Assim espero. Mas ali em contato com a escola, com os professores sou bombardeado por várias memórias.
Das memórias tenho boas e más. E o que me levou a voltar àquela escola foram as boas, mas das más eu não esqueço. E falar das memórias ruins não me traz conforto, é meio que um tabu para mim e talvez um dos poucos, se não o único gargalo, que a minha sexualidade ainda tem.
Na escola foram várias as vezes em que cassoaram de mim, quando não me agrediam. Isso fazia com que eu me sentisse a pior das pessoas e chegasse a desejar nunca mais voltar para aquele lugar. Algumas vezes pedi a minha mãe me tirar de lá. Ela fica ofendida também quando dizia o que acontecia, mas mandava eu virar homem.
Quando minha mãe mandava eu virar homem eu ficava pior ainda, pois me sentia abandonado e ainda achava que a culpa era minha. Enfim, existiam momentos que pensar na escola era simplesmente ativar em mim sofrimento, um desejo de não ir.
E de uma coisa eu posso dizer, eu tive de tudo para não me autoaceitar e ser infeliz. Resolver o nó da minha sexualidade me conferiu uma qualidade de vida, uma leveza de espiríto, uma serenidade no sono que as pessoas que mais se gabam de gostar e ou amar a mim não ajudaram em nada.
E então eu penso, mas você vai ser professor? quando penso que vou trabalhar onde estudei sabendo que as crianças que romanticamente a sociedade atribuí uma ingenuidade, uma imacula, que na verdade não existe, fazem julgamentos e atitudes daquilo que em nós adultos se entende como maldade.
Mas não vou me preocupar em responder definitivamente essa pergunta. Vou ser professor, enquanto tiver ânimo, vontade, enquanto não aparecer nada melhor. Mas fiquem tranquilos, não vou quebrar galhos quando tiver atuando profissionalmente, vou fazer o que seja ético sem pensar que eu tenha a messiânica obrigação de quebrar os paradigmas das crianças.