quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Eu assumo, gosto de Jorge e Matheus

De verdade 2011 ainda não começou para mim. Tracei muitos planos para esse ano e de todos eles apenas um eu concretizei até agora, comprar cuecas novas, o que não é grande coisa. Mas levando-se em conta que durante 21 anos da minha vida eu pensei que a Marisa fosse apenas de mulher para mulher, comprar cuecas ali é novidade para mim e uma das descobertas de 2011.

Além da comercialização de artigos masculinos na Marisa, esse ano eu descobri que gosto de Jorge e Matheus. Eu já sabia disso antes, mas vocês que são homoafetivos sabem como é, existe um processo de entendimento, auto-aceitação e posteriormente assumir à sociedade, que é tipicamente incompreensível e hostil para algumas de nossas preferências. Agora que eu assumi que gosto de Jorge e Matheus, em fevereiro eu pretendo ir a um show deles que será aqui em Goiânia. Irei até lá do mesmo modo que um gay se interessa pela parada do orgulho de sensualizar em público.

Um rapaz de 18 ou 19 anos, não me lembro a idade, mas lembro que eu perguntei, me é o responsável por me fazer entender que gosto de Jorge e Matheus. Era a madrugada do segundo dia deste ano, chovia muito e fazia frio, estávamos na rua, eu, ele e os parentes que acompanhavam a Folia de Reis, na qual meu avô toca e “embaixa” versos e cuja tradição de chegar na calada da noite às casas dos devotos dos Santos Reis ainda permanece. Estava conosco o cunhado gostoso e pirocudo, da prima e o qual ela acreditar ser “viado”, uma vez que ele não come as periguetes que querem dar para ele. 

Bem, alguns sabem que o cunhado da prima mexe comigo e eu o desejo toda vez que o vejo. Logo, naquela fria madrugada eu estava carente, sentado em uma eira qualquer ao lado dele, fazendo a linha machinho, mas morto de vontade de chegar mais e me esquentar naqueles perfumados moletons dele. Naquela hora o rapaz de 18 ou 19 anos, que tocava e participava do coro da folia, se aproximou de nós – cunhado da prima, eu, e as outras primas, que são gostosinhas e que estavam com vontade de dar para o rapaz de 18 ou 19 anos – e começou a sensualizar para as minhas primas tocando canções do Jorge e Matheus.

Enquanto eu via aquela boca cor de rosa cantando “Por que será que você não assume que eu sou seu homem? Por que o tempo todo fala no meu nome? Confessa que você não sabe me esquecer!” e aqueles sugestivos dedos tocando aquele violão, notei que aquele rapaz ficava mais bonito e sedutor tocando Jorge e Matheus olhando para mim com aquela cara de “suas primas estão loucas para dar para mim e não sei porque você me olha assim”. Notei também que as músicas do Jorge e Matheus são como as músicas da Ana Carolina, pois combinam com o meu estado de carência, porém usando sanfonas e violas, fazendo a linha cultura de massas que não toca em rádio de segmento adulto e que vocês que acham que não são bregas não ouvem, mesmo que Chico Buarque, Tom Jobim e Oswaldo Montenegro durante a madrugada façam chorar.
Digo mais, se a Drica (que vocês conhecem como Adriana Calcanhotto) regravar uma música do Jorge e Matheus vai todo mundo cantar dizendo que as letras deles são boas.

Bem, é isso, peixos, me liguem e vejam aí a música original Tem Nada a Ver com o Jorge e Matheus: