quinta-feira, 26 de junho de 2008

O medo...

Hoje fiquei o dia todo na internet, não fiz nada de produtivo. Sou uma ameba. A noite fui a universidade fazer prova. Enquanto eu falava da compartimentação do relevo meu melhor amigo veio até minha casa e usou meu computador. Se ele tiver notado, existe vestígios no Mozilla Firefox de que alguém naquele computador visita sites comprometedores.

Ele é muito educado, mantém descrição a respeito das coisas. Mas suas colocações me confunde, não sei se ele é tolerante ou homofóbico. A dúvida não é confortável e jamais será. Ele não deixou recado para mim em lugar algum e ainda não conversamos. Vou deixar as coisas rolarem. Acho que ele não vai jogar fora uma amizade com mais década e meia fora.

terça-feira, 17 de junho de 2008

"Penso Logo Existo"



Um amigo do MSN, homossexual naturalmente, me presenteou com um livro. Depois d’eu falar os motivos que me impediam de comprar o livro, ele citando a proximidade em que ainda estávamos, ou estamos, do meu aniversário, a amizade e a possibilidade que ele possui, fui por ele presenteado o O Terceiro Travesseiro. Fico eternamente agradecido com o presente.


Posso dizer que o livro, a mim, não é impactante, digo, não vai dar uma reviravolta na minha vida. Talvez vá, mas será por minha literatura ainda limitada e este livro ser o primeiro a tratar com um foco mais forte, aliás, com o foco principal, o tema da homossexualidade, bissexualidade, enfim.


Na história, embora o autor afirme ser real, às vezes foi irreal e forçada por alguns detalhes que acho muito incomuns numa "incomunidade", assim também como o livro se saiu previsível. Mas de modo geral posso falar que o livro é bom, de leitura agradável e prende a atenção.


Ao concluir a leitura pensei o seguinte, existem coisas que sabemos que existem, que quando não são fato, como a morte, são muito prováveis de acontecer, como a homossexualidade, e nós, na nossa ingenuidade voluntária, preferimos ignorar.


A morte me assusta, mas não deveria. Assusta-me porque estou pensando mais profundamente nela como algo adiável, mas a todos inevitável. Por mais que fujamos dela, e devemos afinal queremos viver, por mais que a ignoremos, por mais que afastemos, um dia ela vai chegar.


Nesse dia nos daremos conta de o quanto nos somos humanos, não pela sensibilidade e solidariedade que deveríamos ter, mas sim pela nossa incapacidade de controlar a natureza. Da natureza, a morte é a coisa pontual mais poderosa, mais forte que faz de nós pequenos e frágeis. E como se não bastasse tanto poder, ela é irreversível, não volta atrás, o que faz de nós ainda menores e frágeis. A natureza é poderosa, só a humanidade que não se conscientizou disso e acha que o mundo foi feito para o seu deleite.


O que vem depois da morte é algo que assusta também. Não sabemos o que acontecerá depois dela. Eu, que não tenho crença em algo espiritual, acredito que com a minha consciência nada acontecerá, ela simplesmente deixará de existir. A consciência é o que nos faz diferentes de todos os outros seres vivos no que tange a mente, sabemos que nós existimos. Daí, Descartes formulou sua frase, "Penso Logo Existo".


Mas voltando ao que nos espera depois da morte, ser aquela minha expectativa sobre a morte, não me resta outra coisa a não ser aproveitar os meus insignificantes anos de vida diante dos bilhões de anos que tem esse Universo.


A música é do Anderson Richards, vocalista da banda goiana Mr. Gyn, chama Sonhando e essa versão é a do DVD Acústico da cantora, também goiana, Valéria Costa. Ele fez a música para o pai dele que morreu. Acho a letra bonita e profunda e a melodia melancólica.

domingo, 15 de junho de 2008

Do Esquecer

Fato é que eu não esqueci é está díficil para esquecer. Acho que não esqueci. Os sentimentos quando não estão bem vivos estão latentes. Que saber? Eu gosto de você. Alimento minhas esperanças de que você volte e que eu possa falar com você. Que eu possa dizer o que eu penso, que eu estou puto, irritado com o que você fez comigo.


Tudo bem, eu entendo você e seus medos, mas você poderia ter feito de modo diferente. Você só pensou em você quando me deixou esperando até que eu desistisse e fosse lhe procurar. Procurando-te você me ignorou, eu supliquei para você dizer a mim o que não me convenceu. Tudo bem, você não quiz mais, mas poderia ter falado. Não custa nada falar, não me julgue pelos outros, eu não sou assim.


Mas se você voltar, eu vou lhe dizer o que eu sinto e o que eu desejo. Que eu tento mas não consigo e insisto em não te esquecer. Eu quero você para mim. Só me arrependo de não ter feito você saber o quanto quero você e já desde o início. Maldita timidez.


Mas digo que eu ainda gosto de você. Quero você, só vai depender de você. Enquanto isso, errante vou deixar meu coração ser manobrado por outros. Aliás, por causa de você eu tenho medo de apostar nos outros, ou de apostar para te esquecer, não esquecer e magoar outros. Não posso deixar eu acima dos outros, eu sou tão igual quanto os outros. Não quero para ninguém o que eu não quero para mim.


Talvez o grande idiota seja eu. Sim, poderia te esquecer, endurecer o semblante para o que me lembrar de você, quando lembrar de você. No entanto não consigo, é complicado, é dificil, a dificuldade me faz acomodar e prefirir nutrir esperanças, desejos, imaginar situações e acreditar que pode ser apenas um delírio da minha dor de cotovelo. Eu posso procurar e possivelmente te esquerer, mas será que eu quero? Não sei.


Mas não faço errado em pensar e refletir sobre o que eu penso. Estou confuso, a agústia toma conta de mim, existem horas que eu nem lúcido sou.

sábado, 7 de junho de 2008

Destrancando o armário...


Num primeiro de abril minha melhor amiga veio passar à tarde comigo, período do dia que sempre passo sozinho em casa. Essa rotina é quebrada pelo menos uma vez na semana, mas isso não vem ao caso. Quando minha amiga sentou na cadeira do computador e começou a ler as informações que rede mundial dos computadores mandava naquele dia, com caráter mentiroso eu soltei meio que sem pensar, "eu sou gay amiga". Fiz aquilo tendo em vista não só sair do armário para mais alguém além da terapeuta e dos meus amigos do MSN, que são na grande maioria de outros estados, mas também para vê como seria sentir uma experiência, que tinha metade de chance de dar certo, metade de chance de dar errado, com uma pessoa importante para mim.

Quando terminei de falar, ela se virou pra mim, e disse "é?", não não, ela disse "éééé???" com aquela cara de 'eu suspeitei desde o principio mas não sabia que ia ser assim'. rs. Nisso senti um medo da reação dela que estava só começando, me veio um pessimismo, um pânico e um arrependimento. Pensei rapidamente numa resposta, "amiga, primeiro de abril". Ela caiu na risada juntamente comigo se virou para o pc novamente e disse "ah tá!". Foi como se eu tirasse o mundo das minhas costas, mas outros sentimentos, ingratidão e covardia me vieram. Eu deveria ter coragem de contar para ela, manter a informação se é que eu confio tanto nela. Mas tudo bem. Que salada de sentimentos né?

Contei isso na sessão, que aconteceu naquela semana ainda, a terapeuta e continuei me sentindo, apesar de tudo, um covarde e ingrato. Mas no domingo, quando me vi num tédio infernal de domingo, não havia ninguém interessante logado no meu contato gay do MSN, entrei no meu contato hetero. Minha amiga estava lá, e comecei a puxar assunto, papo vai, papo vem, confesso que não muito fluído e interessante, mas quando nos encontrávamos num momento de partilhamento de depressões comecei a jogar uns verdes dissimulando. Comecei aquela história que um dia faria uma revelação a quem eu acho importante, que merece saber e que vai entender. Mas essa história era não só importante para mim como difícil de ser contada, eu precisava do meu tempo. A amiga me fez crer que ela correspondia a todas as exigências que eu faria para contar uma história que eu já pensei tão bem, no sentido de muito avaliar, e finalmente eu contei. Aliás, deixei que ela deduzisse o que eu iria contar e confirmasse depois caso fosse aquilo, "é sobre a sua sexualidade, amigo?", "sim, é sobre ela, eu sou homossexual?".

Sim, eram emoticons, mas pessoalmente seriam beijos, abraços e apertos de mão acompanhados daquelas palavras escritas a mim, só que com uma diferença, olhos no olhos. Disse a verdadeira versão de uns casos que eu contei nesses tempos de vivência a ela, expliquei que login era aquele no MSN, apresentei os mais queridos dos meus contatos gays, o orkut fake, quem naquela vez era o meu afeto. Boas e ruins lembranças eu tenho dele, mas valeu a pena pelas boas lembranças. Uma coisa notei naquela longa conversa de msn, nas visitas seguintes a minha casa, nos passeios lado a lado pela rua; os músculos do meu rosto doíam, mas é porque eu tinha um sorriso freqüente que certamente ajudou-me a ter sonos mais profundos. Ter aberto o meu armário para ela foi uma das melhores coisas que me aconteceu.

Nas semanas seguintes, quando os dias frios de outono foram chegando, algumas pessoas que não me conheciam começaram saber da minha condição sexual em função dela. Não que ela tenha saído espalhando, simplesmente eu delimitei a quem ela poderia a contar, pessoas que não conheço, o namorado dela, os amigos de MSN que certamente nunca me verão na rua ou em qualquer lugar a não ser na própria internet. Pessoas que eu sei que não se preocupam com a minha condição sexual e das quais eu não faço muitas expectativas, não que seja eu um antipático, anti-social ou elas más.

Porém, pessoas mais próximas de mim começam saber da minha condição sexual, a prima da amiga, um amigo dos tempos de ensino médio e depois outro. Confesso que com exceção da prima da amiga, para quem contei foi numa mesa de pizzaria onde tudo para nos saía debochativo e engraçado conseqüentemente, revelar minha condição a esses amigos foi algo que de tão tranqüilo, não sei se foi natural, pois acho que até esse dia chegar irá demorar muitos dias, foi sem graça. Não houve muito medo, não houve muita expectativa, não houve emoções de modo geral.

Disso tudo o que eu tiro é que às vezes somos preconceituosos, sem termos consciência, com as pessoas. Subestimamo-las e os preceitos delas. De modo geral contínuo pensando que a nossa sexualidade deve ser revelada a quem acharmos necessário, que saberá entender, que merecerá saber. As vantagens de contar algumas pessoas é que embora elas não sejam como agente, elas certamente irá nos apoiar eventualmente, diminuir a nossa solidão e nosso medo e acabam sendo menos pessoas para mentirmos quando não der para omitir.

É isso! Rausto! kkkkkk

PS.: Eu sei que a música não tem nada haver com a postagem, mas eu gosto da música, da cantora e o blog é meu e eu faço dele o que eu quiser. kkk