quarta-feira, 26 de maio de 2010

Minha mãe e minhas gorduras

Eu no meu quarto sem camisa, minha mãe entra, se senta a cama, me olha de cima até embaixo e diz:

- Êhhh, mas você está gordo!

Pronta e rispidamente eu respondo:

- Não precisa falar, eu já sei que eu estou gordo.

- Porque você me trata mal se eu te trato bem? [/nem pensei na música de Pedro Luís e a Parede] Que mal tem eu dizer que você está gordo?

- Mal? Na verdade que importância tem eu saber que você me acha gordo. Eu sei que eu estou gordo e não gosto nenhum pouco disso. Você falar que eu estou gordo não vai ajudar em nada para resolver meu problema.

Então começa as lamúrias da minha, ela diz que eu sou ríspido, grosso com ela, que meu primo não trata minha tia assim, que a fulana só anda abraçada à mãe dela, que coisa e tal e tal e coisa, que é assim assado e zaz. Ela ficou magoada, a voz embargada.

Tudo bem que eu tenho engordado, isso tem me deprimido, abaixado mais minha autoestima e feito me sentir um Shrek, que o que a minha mãe tem a me dizer ofende de certa maneira e não tem compromisso algum em me ajudar, que ela é adepta de um dramalhão mexicano, mas o que ela disse não deixa de ser verdadeiro. Eu sou muito ríspido com ela. Porém não sei porque respondo de forma tão raivosa as perguntas idiotas que ela me faz, a destrato com regularidade, a minha crítica com relação a ela é mais acirrada, enfim.

Ela se sente desprezada, apesar que eu não a desprezo e de forma alguma ela mereça meu jeito grosseirão. Pior que é só com ela que eu sou assim. Mas eu a amo muito mesmo e deveria dizer isso a ela e não escrever aqui. Mas eu a amo, sinto falta dela e me arrepio quando penso saber que um dia ela não vai voltar. Contudo meu amor é uma discreta rosa branca com espinhos [/lembrei do texto do Lobo Cinzento].

Não que eu tenha menos amor para com a minha mãe - e acho errado medir amor ou pelo menos medir esse amor fazer escala e tudo mais. A questão é que não aprendi a lidar com a minha mãe, com como ela entende o que é o amor é manifestado e não tenho me esforçado para tal.

Me falta mais policiamente e reflexão. Tempo é necessário? Talvez, mas enquanto isso tenho destratado minha mãe e ela se ferido comigo. O meu tempo vai acabando, deveria eu aproveitar enquanto, ainda talvez, tenho o amor dela e assim não a magoasse mais e nem me deixasse também chateado.

Estou zangado comigo e nem ao luxo de me chamar de filho da puta agora eu posso, pois na verdade sou mesmo é um filho de chocadeira, gordo com meus parcos 167cm que mal estão servindo em uma calça 42, que a toda vez que me sento tem aquela barriga se projetando a frente, perdendo eu a elegância e a atraência sexual.

P.S.: Acho que eu fui o único leitor da postagem do Braccini sobre a gordura e não achei a menor graça.