O Brasil já foi mais católico, hoje não é mais tanto assim. A quantidade de pessoas protestantes cresce, e muito por aqui, e algumas cidades do interior são praticamente protestantes, uma contraposição às décadas anteriores em que eram católicas. O fenômeno tem vários fatores para explicar, entre eles a liberdade de culto que está garantida na Constituição e a queda da hegemonia do catolicismo.
Com um novo grupo emergindo na sociedade, é algo esperado que ele também conquiste poder político, econômico, moral e por aí vai. Algo que acho legítimo, pois se pregam tanto estarmos numa democracia, é de se esperar que todos tenham o seu espaço, contanto que isso não afete o espaço alheio. Bem, é aí que está o problema.
Os protestantes, como historicamente os cristãos se mostraram ser, não são muito respeitadores do espaço alheio. Quem quiser ver isso no decorrer da História, basta se lembrar das Cruzadas, da Inquisição, do catequização de índios e outro povos nas Américas, o que custou um rico patrimônio cultural, sem contar as vidas humanas. Atualmente, as demonstrações de desrespeito ao espaço alheio por parte dos protestantes são escancaradas e não vê os que são e ou os que se deixam levar pelo discurso deles, tudo em nome de Cristo e do que eles acreditam ser a salvação e estarem obrigados a levar a todos.
Embora eu acredito que seja possível haver espaço para todos numa democracia, é estarrecedora a forma como a atuação política dos protestantes, dos católicos em menor parte, se dá, principalmente com temas que eles acreditam ser controversos. Esses temas são muitos como a eutanásia, o aborto e até mesmo os direitos civis para os LGBT’s, no que vou outra vez me concentrar.
Em nome do que acreditam ser sagrado para todos, os prostestantes têm se articulado na política, elegem principalmente legisladores, com financiamento de campanha e argumentos que o Ministério Público e a Justiça Eleitoral vem questionando a um bom tempo. A grande questão é o que os referidos legisladores já são significativos em muitas casas como as do Congresso Nacional. Sendo assim, eles são capazes de obstruir votações ou simplesmente vetar projetos como o PLC 122, que apelidaram de lei da mordaça gay, mesmo que esses vetos signifique a omissão do Estado para com os crimes como assassinatos, torturas, humilhações e afins, de pessoas não heterossexuais, sem contar a ausência de liberdades. Mas os protestantes pouco se importam com isso.
Para a fé cristã tudo que de errado está, ou que para eles parece errado, tem uma justificativa, a falta Deus e da salvação em Cristo, desde a quebra da economia mundial, os terremotos do Haiti até as tempestades de São Paulo e os homossexuais, que acreditam ser curados, o que subentende que para eles somos doentes, com a fé no Deus deles de benigtude e existência inquestionável, apesar de improvável.
Embora estejam vetando constantemente o que podem ser conquistas LGBT’s, os protestantes se denominam defensores não só da fé em Cristo, mas também da democracia e não se veem como homofóbicos ou desrespeitadores. Como acreditam ser defensores da democracia, acreditam que esta está ameaçada pelo gayzismo, tema da postagem anterior. A demonstração mais controversa a respeito da existência do tal gayzismo foi o quê li em um blog semana passada.
Pelo o que deu para entender, Júlio Severo é protestante, manteve aqui no Blogger.com uma página na qual fez manifestações, na opinião dele e dos protestantes, pró vida e pró família. Bem, não foi isso o que grupos LGBT’s entenderam, nem mesmo o Ministério Público Federal que acatou denuncia por homofobia contra Júlio Severo, o que redundou posteriormente na sua convocação para depor na Justiça, onde teria a possibilidade de se defender. Contudo, Júlio Severo tomou como atitude sair do Brasil ao invés de depor e agora, pelo que sei, consta como foragido.
E isso é no mínimo contraditório às trajetórias dos cristãos que tanto acreditam serem mártires e que foram perseguidos, que foram presos, que foram torturados, inclusive mortos. Porém, Júlio Severo recorreu ao cinismo ao invés de, como manda a sua Bíblia, não negar a concepção que faz de Cristo. Ao invés disso fugiu do país que diz tanto amar e fugiu de defender, apenas isso, o ponto de vista. Agora, sabe se lá de onde, dedica-se a escrever disparates e inclusive a ridicularizar as Instituições brasileiras como o Ministério Público e o Judiciário.
É asquerosa a forma como os protestantes, e não vou dizer fundamentalistas até mesmo porque, pelo que sei, a maioria das religiões protestantes se denominam fundamentalistas; se vitimizam, dissimulam e distorcem os fatos. Negam a nós, os homossexuais e afins, os direitos civis, sequer o apoio do Estado para investigar, combater e punir os crimes cometidos contra nós que tenham como origem a nossa sexualidade. Constantemente ignoram a Ciência e mesmo a falta de consenso em suas concepções a respeito da sexualidade humana para nos tipificar, às vezes com pseudo ciência com a de Rosângela Justino, como doentes. Constantemente estão nos satanizando e nos acusando por crimes, como a pedofilia, em que, não me recordo a fonte, 75% dos casos denunciados são cometidos por heterossexuais e que nos quaisconstamente colocam panos quentes, pastores.
Bem, algo tem que ser feito e uma coisa é certa, não é ficar acomodado porque pensamos ser bonito apontar o dedo para os grupos LGBT’s carregados de efeminados. O quê necessariamente tem que ser feito é onde está minha sinceridade, eu ainda não sei. Bem, é ano de eleição e seja a hora de eleger candidatos com os quais nos identificamos sexualmente, mesmo que isso envolva as preferências partidárias. Mas confesso que vai ser difícil eu votar em um tucano, porque é justamente no PSDB, assim como no DEM, PHS, PP, PR, entre outros partidos, que mora a bancada protestante e os seus empecilhos.
Em virtude do Governo Lula ter sido na opinião de muitos o governo em que os temas inerentes aos LGBT’s ganhou políticas de Estado e em virtude desse blog manifestar minhas opiniões, já deixo bem claro minha preferência por um candidato do PT, creio que Dilma Rousseff, na certeza que esse dará sequência as políticas tomadas nesse governo.