quarta-feira, 8 de abril de 2009

Escrevendo Cartas e dobrando Tsurus


Gostei desse Rufus WainWright - e ele é homo também.

Eu gosto de escrever e receber cartas, apesar de que elas custam árvores, ou nem tanto se o papel for reciclado. As cartas são mais elegantes e simpáticas do que e-mails, torpedos SMS. Pena serem mais lentas. Nos filmes acho muito bonto ver as pessoas escrevendo ou lendo cartas, mais bonito ainda se as cartas forem redigidas a mão ou lidas mentalmente imaginando a voz de quem escreve. 

Apesar de gostar de cartas, escrevi pouco, nunca tive muitas pessoas para escrever e elas nunca deram muita moral, pelo menos o tanto que eu achava que devessem dar, para as minhas cartas. Uma vez assistia a Tv Cultura, bons tempos que passava X Tudo onde a Fernanda Souza entrevistava algumas crianças que correspondiam com crianças de vários estados. Sempre quis conversar com alguém via cartas. Propus na escola a mesma idéia que vi na TV, as professores gostaram, mas o projeto nunca chegou as vias de fato.

Existe a internet que me proporcionou algumas cartas, seja para mandar, seja para receber. Sim, cartas! Cartas na internet movida a horas no MSN, emails, recados via Orkut e por aí vai. 

Houve uma vez que a quantidade de cartas recebidas dos meus amigos, homens, incomodou o machismo e o patriarcalismo... da minha mãe. Nesse dia recebi uma carta do Mário, quem eu chamo de amigo mesmo sem conhecer pessoalmente. 

Minha mãe me disse que não queria que eu escrevesse e nem recebesse cartas de homens, que isso pegava mal, que eu deveria escrever para mulheres. Eu estava de saco cheio de mentir, omitir, já que para eu não poder falar a verdade já é uma opressão a minha liberdade de ser. Resultado, minha mãe se frustrou com a notícia que eu dei a ela. Teria se frustrado menos se preocupasse menos com os outros, se não ficasse querendo regular, mas deixa. 

Mesmo assim as cartas não perdem o encanto. Tudo tem valor para mim e de tudo gosto. O selo utilizado, o carimbo da agência de correio em que foi postado, a folha de caderno, os erros rabiscados pela caneta, o estilo narrativo do escritor. Gosto também das coisas inusitadas que podemos mandar. Eu sei! Cartões postais não são inusitados, mas são interessantes também, mais ainda quando nem em envelopes são colocados, apenas a foto de um lado, do outro as palavras do remetente, o meu endereço, o selo e o carimbo dos Correios.

Falando em coisas inusitadas... uma vez mandei um linda flor de ipê de agosto para Mário. O Mário me mandou em outra vez um folder publicitário de um shopping da sua cidade. O que eu faço com um folder de shopping que nem conheço? Dobrei até virar um pássaro Tsuru, fotografei, exibi alguns dias pelo MSN e nada falei a ele e nem a ninguém. Ele gostou da surpresa e da quebra de expectativa.

Pássaros Tsurus! Dizem que eram pássaros que acompanhavam os eremitas em suas meditações nos altos das montanhas. Por sua vez, os eremitas acreditavam que os Tsurus viviam até 1.000 anos. Os japoneses se presenteiam com Tsurus desejando paz, sabedoria e longevidade. A lenda diz também que quem fizer 1.000 pássaros terá um desejo realizado.


Enviei um Tsuru para o Funny e depois de algum tempo ele me escreve e me manda um Tsuru também, verde – minha cor predileta. O Funny até então não sabia fazer Tsurus e fiquei feliz por ele ter aprendido e depois dobrado um para mim. Então, a carta dele, simples, mas fez aquela lagrimazinha. Fiquei feliz e com vontade de chorar mesmo assim, eu que sou tão razão. Não que eu seja ponderado.

Bom, é isso.