quarta-feira, 27 de março de 2013

Imigrantes, não!


A próxima pérola de Brasília é a criação de uma agência para facilitar a vinda de imigrantes para o país. O Governo Federal quer trabalhadores qualificados em um país que tem uma legião de gente que é sub-alfabetizada porque educação nunca foi levada a séria por aqui. Nunca teve escola que prestasse e como número sempre foi mais importante para os proselitismos eleitorais, temos números feitos para maquiar as pessoas sub-intelectualizadas a despeito dos anos nominais de estudos. Além disso, o Brasil quer dar justamente os melhores empregos, os com as melhores rendas para as pessoas que não são daqui e que nos países delas há uma década tratava a gente feito cães vira-latas. Sem contar que temos uma legião de gente miserável e que nunca pisou em uma escola técnica ou em uma universidade porque nunca teve oportunidade, pois todas as maneiras de se chegar lá fazem do caminho excludente.
Mas ainda tem gente querendo isso, principalmente os empresários que cujo conceito de desenvolvimento nacional perpassam apenas os lucros imediatos de suas corporações. E assim vamos achar bonito, nossa ânsia de ser país rico, apesar de sermos pobre e feio, quer é isso, um monte de gringo para ver se a gente fica bonito. Ora, dona Dilma Rousseff, se a senhora quer mais mestres e doutores aumente as vagas nas universidades federais para os referidos programas de extensão. Tem muito auxiliar de serviços gerais precisando e que pode virar dotô nesse país. Só não esqueça a senhora e sua equipe de governo, bem como aquela outra a corja que fica nos estados, os governadores, que um país para se escolarizar precisa de professores e nisso seus proselitismos tem trabalhado muito bem para que tenhamos um apagão docente nas próximas décadas!

sábado, 23 de março de 2013

A falsa crítica de Rachel Sheherazade

Mentira, Rachel Sheherazade! Essas pessoas que você disse que não sabem o que é democracia não estão perseguindo o deputado Marco Feliciano. Pelo contrário! É o deputado Marco Feliciano que as perseguem! Os movimentos sociais criticam o deputado por seus posicionamentos preconceituosos e suas ações intolerantes e inflexíveis a respeito dos grupos aos quais a comissão que ele quer presidir foi criada para proteger!

Ninguém está questionando o fato do deputado ser pastor, muito embora tenha sido ele quem tenha buscado votos usando como argumento as suas convicções pessoais, assim também como é ele quem usado o tão falado Estado laico para criar regras e restrições para outras pessoas tendo como base a fé que é dele e de seus eleitores. Soma-se se a isso o fato que democracia no caso do Brasil não representa tão somente a vontade da maioria, significa igualdade e garantia de direitos para que todos possam exercê-la, coisa que Marco Feliciano quer impedir que exista quando pretende perpretar preconceitos e tratamentos de segunda classe para os grupos com os quais ele não se identifica. 

Por fim, o fato de Marco Feliciano ser um deputado não dá a ele salvo conduto para que ele faça o que bem entender. Ele deve dar satisfações à sociedade e está tem o direito de se indignar, não reconhecê-lo e exigir a sua saída, como é o caso. Nenhum político é dono do cargo que ocupa e faz o que bem entende, se não fosse assim não teríamos tirado Fernando Collor de lá, ou a jornalista acha que ele devia continuar? Assim também como as liberdades de pensamento e religiosa dele não são maiores que os direitos de igualdade, dignidade, pluralidade, fraternidade e respeito, que o deputado não enxerga nos outros. Nenhum direito em nosso país é maior do que outro, pois todos eles são iguais para que todos possam existir de maneira plena sem ser engolido por outro.

Quem precisa de uma lição de democracia é a senhora, com sua visão míope e superficial a respeito da mesma. Além disso, precisa aprender mais sobre ética no jornalismo, coisa que um leigo como eu sabe apenas que você não tem, uma vez que não considerou todos os aspectos antes de emitir sua opinião e sair em defesa do indefensável, o referido deputado Marco Feliciano.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Quando um aluno me matou


Hoje recebi a notícia de que uma aluna da Educação de Jovens e Adultos morreu. A notícia me deixou despontado de verdade. Tenho simpatia pela EJA não só pelo fato de os alunos serem adultos, de pouco ser necessário chamar a atenção a respeito da disciplina deles, porque no geral eles se interessam pelo o que eu tenho a dizer, não tenho que tentar explicar para eles qual é a importância daquilo, mas também pelas suas trajetórias de vida. Muito estão lá às custas de relevantes sacrifícios pessoais, encaram a volta à escola como uma oportunidade de se tornarem pessoas melhores do que eles são, potencializar novos sonhos, ser o que um dia nunca foram e ou que muito cedo foi lhes tirado a oportunidade. Muitos chegam a minha aula pensando que concluído o 4º Semestre terão concluído a sua formação acadêmica, porém esforçamos para mostrar a muitos que aquilo é só o começo se eles quiserem mais.
Por isso me comovo, me apego e torço por pessoas que se parecem com meus pais, pela idade e pela vivencia, por pessoas que aos mais de 50 anos vida carregam a família nas costas, suporta violência familiar, doenças e destrato da saúde pública, ônibus lotado, faz uma rotina tripla, estuda e ainda por cima consegue notas e desempenho exemplares. Porém, saber que a pessoa morreu, mesmo que de maneira não muito dolorosa - "ela dormiu e não acordou mais" - é frustrante. Investimos neles os recursos públicos, mas também nossos anseios de professor e pessoa humana. Tudo o que a gente mais quer então é que alunos assim se deem bem, recebem uma recompensa da vida por seus esforços, ganhem da vida a outra face da moeda, a de que eles podem ir além do que já são e serem felizes. Mas vem a morte, com toda sua intransigência e frustram suas vidas e a gente também, por que não?
 Dona Cleide Moura, a senhora me ensinou muito mais coisas sobre a vida do que eu te ensinei sobre Geografia. Parabéns por ter lutado como uma guerreira! Lembrarei da senhora, seu semblante, sua feição humilde mas esforçada por toda minha vida.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Um ode(ie) ao funk e ao arrocha


Hoje no último horário coloquei algumas músicas brasileiras sobre a mulher. Não não, não coloquei o Ensino Fundamental para ouvir Caetano Veloso, até eu que tenho que dar aula em três turnos hoje morreria de sono. Peguei músicas nacionais, das mais recentes a no máximo dos anos 80, do rock, falando sobre as mulheres e promovendo suas personalidades. Rolou J Quest, Rita Lee, Charlie Brown, Capital Inicial, Skank, Pitty, O Rappa, Engenheiros, enfim. Os alunos a todo momento apareciam com seus pen drives, que a julgar pelo gosto musical deles deveriam estar infestados de vírus, e pediam que eu colocasse Mc Catra, funk, arrocha, Gustavo Lima, e afins. Eu respondia com um irônico mas cordial não a todos. Em outros eu dava tapinhas nas costas e mandava ir prestar atenção na música.

Bom, nenhum deles gostaram disso e reclamaram não estar gostando, pelo menos muitos deles manifestaram isso e ninguém em contrário. Ana Carolina e eu continuamos com o rock. Ao final quando tocou o sinal todos foram embora e os alunos passavam por mim reclamando:
- Nossa professor, como suas músicas são ruins.
E eu prontamente respondia:
- Sério? - de um jeito que só quem me conhece pessoalmente sabe como eu falo.

Não, não se trata dessa narrativa uma crônica sobre conflito de gerações. Aliás, acho isso bem cafona, repetitivo e por assim dizer, superficial. Até mesmo porque eu deleito em meus 23 anos e sendo assim penso inexistir um conflito de gerações de verdade. A juventude, a qual faço parte, é sempre vista como idiota, alienada e inútil pelas gerações mais velhas. Mas quero apenas citar um exemplo de como a inteligência é outra dessas coisas que o exercício é que faz, de que como quando nos acomodamos com algo que nos parece o melhor e mais fácil é difícil de mudar.

Não sou contra que as pessoas ouçam arrocha e funk, embora Mc Catra e afins são intragáveis para o meu auto determinado refinado QI e bom gosto musical. Fora também porque penso que música também serve para recreação e é assim que vejo essas "canções" (só eu sei o conflito que desenvolvo agora comigo mesmo para se referir assim a aqueles sons ouvidos pelos meus alunos). Porém a inexistência de reflexão que eles, os alunos e a massa da qual fazem parte, tem sobre a qualidade dessa música e a intransigência para se abrir e a pelo menos conhecer outras possibilidades acho de uma burrice tremenda.

Com relação a ação perante aos meus alunos de agora em diante? Vou insistir sempre que tiver a oportunidade com meu gosto musical "ruim" aos seus ouvidos atrofiados. Sei que a muitos não vão mudar e sequer são obrigados a mudar. Pelo menos não poderão falar que alguém, algum dia, escancarou-lhes uma oportunidade de ouvir uma música diferente e melhor das quais eles tanto "apreciam".

Rausto!

quarta-feira, 6 de março de 2013

Democracia de mentira


Hoje houve um fervoroso protesto na Câmara dos Deputados. Os movimentos negro e homossexual se coloram diametralmente opostos à eleição do dep. Marcos Feliciano à presidência da Comissão de Direitos Humanos. Os deputados não conseguiram votar, expulsaram os manifestantes e farão a eleição amanhã,  sem no entanto a participação popular. 

Contradição 1: Marcos Feliciano é racista e homofóbico, faz parte da bancada evangélica, que segue os mesmos princípios, além de ignorar diversidade religiosa e para ganhar apoio mútuo se aliar à bancada ruralista, historicamente envolvida com abusos de direitos humanos como assassinatos de campesinos e trabalho escravo. 

Contradição 2: diz a postergada Constituição da República que a Câmara dos Deputados é a casa do povo, logo todas as pessoas tem direito de se manifestarem e se fazerem ouvir. No entanto as pessoas serão impedidas de irem à votação na Câmara e demonstrarem a sua opinião. 

Contradição 3: nossa democracia tem como principio a liberdade, logo o respeito às individualidades, e o nosso Estado é republicano, isto é, pertence às pessoas. No entanto as pessoas não são ouvidas pelos deputados e são impedidas de falarem quando suas opiniões confrontam os interesses politiqueiros deles.

Fatos centrais: O que existe é um grupo de pessoas se perpetuando no poder e impondo seus interesses pessoais através da democracia, que não existe para todos os cidadãos. Sempre que alguém exigir o que é seu, quem tem mais poder do que outros vai querer furtar os direitos dos outros para não perder seus privilégios. Caso do pastor Marcos Feliciano e seus colegas deputados que barram a participação popular na eleição da CDH.