segunda-feira, 29 de março de 2010

Sobre a pedagogia do blogayro indeciso

Incomoda não saber o que fazer da vida. Eu comecei o ano com tantos planos e agora… bem, agora eu paro e pergunto, o que eu faço? Eu começo a fazer algo e se não dá resultado durante o percurso fico inseguro, me pergunto se vai dar certo, se está dando certo. Ruim é ficar com essa indecisão a noite, na hora de dormir, aí é que não se dorme mesmo.

Não basta ficar inseguro, tenho que ficar também paralisado, pois se aquilo não vai dar certo, tenho que saber o que fazer, o problema é que não sei. Para a maior parte das coisas da minha vida eu não sei o que fazer e por causa disso, não durmo direito.

Eu estou tentando me envolver com as pessoas, para ter uma vida social mais ativa e mais, digamos, entusiasmada, com meus pares em condição sexual. Não estou bem sucedido, aliás vou muito mal, obrigado. Putz, e entrar na Uol é tão fácil para arrumar sexo. Mas sexo nem quero, apesar da libido a flor da pele. A próxima encochada no ônibus eu não sei se me seguro…

Agora que descobri que  tenho gaydar, que ele funciona e sua eficiência é uma questão de prática, afinal de contas eu raspei muito o carro depois que peguei a carteira, tenho observado melhor ao meu redor. Mas sei lá, quero saber se o fortão da Libras é. Ele num tem muito jeito de ser. Pior é sonhar com ele dando aquele sorriso daquele dia. Ele nem é tão bonito assim. Mas…

A Libras é legal, quero pegar fluência nela, mas o que eu pegar na Universidade vai ser um tanto quanto pouco. Carga horária pequena, vou ter que assistir muito Show da Fé ou NBR, o canal do Governo Federal, para aumentar o vocabulário. Preciso encontrar surdos e dizem que tem muitos surdos gays. Legal, manda beijo para eles. Num sei se faço Letras Libras, se faço bacharelado, sei lá. Preciso estender meu vínculo com a Universidade, para poder agarrar os projetos que se tem em vista, projetos que potencializam mestrado.

Caraca, conversando com o professor da escola do estágio, dá para aposentar numa boa ganhando R$7000,00 no município de Goiânia. Só ganha mal professor que não quer estudar. Plano de carreiras tem contemplando aos profissionais que incorporam a formação continuada. Putz, acho que vou ser professor mesmo. Mas escola tem seus baixos e tem umas coisas por lá que despertam em mim um messias enrústido, mais do que enrústido, revoltado, perdido, desesperado e estressado.

O “capeta” de capeta não tem muito, está mais para vítima, ou melhor, pecador. Ele sabe copiar coisas do quadro, mas não sabe ler. É mal, nem para analfabeto funcional ele serve. O capeta que não cala boca precisa de ajuda e quem vai ajudar ele? Eu, que escrevo coisas aterrorizantes com erros de acentuação, concordância? O que eu faço? Minha vontade é ensinar só América Latina para o capeta, usando o conhecimento prévio sobre que ele e nem os colegas não possuem.

O que faço com o diabo. Ele nem é tão diabo, ele gosta de mim, acha a mim mais divertido, ele prefere a mim do que o professor. Se eu peço para ele não jogar papel nos colegas ele obedece. Que fofo! Mas o capeta, o encrenqueiro, não sabe ler. Ele está no oitavo ano do Ensino Fundamental da mesma escola que eu estudei por todo minha vida e não sabe ler. Meu negócio é Geografia kacete.

Ai que bom que eu tenho solidariedade, que bom que me martirizo porque o menino mais destestado pelos professores não sabe ler e eu sei, mal, mas sei.Ridículo é eu ficar achando que vou ganhar um prêmio Nobel da paz por ensiná-lo a ler. Aliás, brega é eu pensar que vou ensiná-lo escrevê-lo se nem como fazer isso eu sei.

Vou dormir, amanhã é dia de preparar o Sorriso de Monalisa, que no caso sou eu e o meu. Cirurgia bucomaxilofacial, dá até medo desse nome. Acho que depois da cirurgia bucomaxilofacial (me sentindo Betina Botox) eu vou ficar bonito. As vezes me acho bonito, mas como diz um blogayro pop aí, depende do ângulo. Ughhh.

sábado, 27 de março de 2010

Sobre o Poder

Eu pensei que eu me importava com alguém que provavelmente não lerá mais esse texto, e nem os próximos, inúteis e clichês como os anteriores, que eu escrever. Na verdade esse texto é uma preocupação comigo mesmo, é a manifestação da minha frustração e a forma como eu entendo tudo o que pude observar.

O que tiro de tudo o que vi é que a vida é sempre uma disputa de poder onde o medo e a ignorância e as ações que eles levam a nós fazermos, nada mais é do que o poder entrando em prática. Isso explica tudo, do surgimento ao desparecimento tão rápido aqui na web, até a auto segregação em relação a muitos, como eu, que a web levou a conhecer.

Se não estiver enganado (saber que Paulo Braccini, filosofo, vai ler isso aqui me deixa inseguro) Hegel disse, mais ou menos, que o poder do opressor reside na consciência do oprimido. E não que tenha alguém que seja uma pobre coitada por isso, mas existe uma oprimida conferindo aos opressores, sem entender quem sabe, o poder.

De qualquer maneira não posso julgar mal. Esse poder do opressor, na verdade dos opressores, está bem manifesto, inclusive de forma sutil. Vai desde a religião que alguém frequenta, das instituições sociais, dos humorísticos programas toscos e suas formas caricatas de representar a homossexualidade, até à mentalidade dos familiares, aos comentários desde já preconceituosos dos amigos e pessoas mais quistas, aos tão falados formadores de opinião.

Bem, existem os opressores, e têm entre eles aqueles que se tornam opressores sem saber que são opressores, simplesmente porque eles também têm medo e ignorância. Os familiares, amigos e afins, são exemplos disso.

E lá o Foucault, o Raffestin, diriam que tudo é uma disputa de poder e é mesmo. Esse blog aqui, o do Paulo, do Gato, do Wans, das moças do Nem Froid Explica, todos blogs relacionados aqui ao lado participam de várias disputas de poder, exceto um porque não existe mais e tomara seu dono não colocar uma corda no pescoço para também não existir mais, materialmente como preferir.

A maioria desses blogs aqui são sobre sexualidade, a sexualidade de seus escritores, e estão disputando para ver quem ganha, se a heteronormatividade ou a livre escolha das pessoas de serem o que elas sentem que são. Mesmo que seus donos não façam como eu algumas vezes faço, uma crítica contra alguém, contra alguma instituição ou algum comportamento. Quando eles estão falando de suas rotinas, de seus gostos enfins, estão disputando o poder.

Entendido que todos que gostamos, que lemos, que acreditamos, que simplesmente existem, agem e pensam, estão fazendo inúmeras disputas de poder, resta dizer que o que vi alguém fazendo é nada mais que uma disputa de poder onde eu creio que ela, que pensei estar ganhando tanto, perdeu, mas não só ela, eu também e muitos também.

Sinto derrotado porque nos assemelhamos, se alguém vence algo relativo a aquilo que nos assemelha, a vitória é indiretamente nossa, porque a demanda também é nossa. Consolidar alguém uma demanda igual a minha, é também consolidar a minha.

E tudo o que falou, nada do que foi dito é para mim estranho. Preferia eu que não fosse assim e torço para que ninguém enlouqueça, nem se mate, eu é que não vou. Mas acho que vai dar certo, dizem e eu acredito que o mundo não é mais como era antigamente. Uma hora as pessoas começam a rever a tudo, inclusive o conceito das mais banais das palavras que usam para pensar. Também resta torcer para que sejas feliz e se eu pudesse dar um conselho é o de pensar nos outros também, porque uma hora alguém vai pensar em si próprio, o que deveria ter feito desde o começo, e acabar prejudicando quem seja, quem sabe, inocente.

Bem que eu poderia colocar aqui uma música do Cartola, mas seria piegas e seria uma liçãozinha de moral que estaria fazendo ao autodenominar-me dono da verdade, o que não é minha intenção. Mas assistim A Vila, aquilo lá que mostra o poder.

P.S.: Acho que esse é pelo menos um dos melhores textos que já escrevi aqui, mesmo que confuso.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sobre nada

Aquela foi a terceira vez no dia de hoje que eu repetia aquele trajeto. Andava rápido com passos firmes, as pernas sentiam alguma dor. Havia tomado banho, as gotas da água clorada escorria do cabelo liso ondulado pelo rosto misturando-se ao suor.

Apesar que tenha havido três dias consecutivos de chuva, ainda assim a temperatura estava um tanto quanto elevada, não tanto quanto como a do meu corpo. Suava, o céu estava nublado e dele caiam as gotas de uma chuva fina e insistente, mas que não molharia nada até chegar onde queria chegar em poucos minutos.

O céu era cinza, mas com manchas amareladas em degradê. A oeste, por detrás dos edifícios dos bairros centrais da cidade o Sol se punha e deixava para trás as cores vivas de uma gema de ovo. Ao extremo norte via-se uma clareira e nela um azul celestial profundo rajado com nuvens cirrus.

Descia do céu um ar úmido e fresco, já é outono, e mesmo assim úmido ainda bem e infelizmente não por muito tempo. Junto a brisa, misturado vinham os odores do biodiesiel dos ônibus fretados, do etanal dos carros flex, do salão de beleza do outro lado da avenida, da padaria, da farmácia.

Passei finalmente pela fronte da academia e lá os corpos se esculpiam para se enquadrar num misto de estética e líbido, correndo de um lugar, até lugar algum, sem sair do lugar. Na sargeda o defunto rato vai sendo carreado ladeira abaixo pela enxurrada. O corpo e a enxurrada brilham refletindo as luzes brancas dos faróies de xenon dos carros dos playboys e o amarelo queimado das lampadas de vapor de sódio. Mas na verdade, a enxurrada era vermelha, não pelo sangue do rato, mas pelo avermelhado solo ácido e ferroso do Planalto Central.

Chegando até a esquina, naquela em que o homem estranho me viu, me abordou quadras antes me chamando de bonitinho e convidando a mim para ir a sua casa, quando eu tinha 11 anos. Naquela esquina o bueiro estava entupido em a cadaveríca ratazana rodopiando na água.

Contava as moedas, subia a rampa da estação, embarcava, esperava o ônibus. Lá dentro todos calados, todos sérios, todos olhando para o mesmo rumo, a frente do ônibus onde nada de interessante existe. Naquela hora já havia pensado em escrever isso. Já estava bem escuro e o céu não estava tão amarelado, mas certamente mais que preto claro, estava preto escuro.

No terminal eu desço e agora tem lindos fiscais arianos cuidando do embarque. A todo momento, desde a saída lá de casa até aqui é a trilha sonora do Fabuloso Mundo de Amelie Poulain que ouço em fones de ouvido Phillips suficientemente potentes para abafar os ruídosos motores MWM dos uniformes ônibus VW 17-210 encarroçados pela CAIO Induscar.

Na outra área de embarque, pequenos ensaios de civilização ocorrem quando nós, os animalescos usuários, entramos em fila. Logo aquele veículo fica lotado, um par de macios e abundantes, apesar que a bunda é mais em baixo, apertam a mim por trás. Dessa fez quem faz cara feia sou eu e não a sua dona.

Bem, se você não entendeu esse texto, volte novamente ao título, leia-o lentamente e em seguida leia esse texto pausadamente. Se mesmo assim você não entendê-lo, repita o processo, já que esse agrupados de simbolos gráficos e culturais tem aqui uma mensagem sútil.

Se você entendeu esse texto, bem… não vou falar a conclusão, pois fará perder a graça para os que não entenderam e querem entender.

Prometo escrever algo descente da próxima vez.

Se ficou com raiva, nunca mais chame aos textos do Well de profundos.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Sobre a Dança do Quaquito

Ruth Lemos e o sanduíche-íche-íche, Fala Sônia www.youtube.com.br, o Rei dos elogios, a dança do quadrado, a Stefhanny e o seus clips super luxuoso, a Ximbica. Bem, venho aqui apenas tentar dar um furo. Eis abaixo a dança do Quaquito.

Prestem atenção na letra.

Peixos, me twitta @BorbaGabriel

domingo, 21 de março de 2010

Sobre a Igreja

Para os católicos a culpa dos casos de pedofilia na Igreja é dos homossexuais. Pois a Igreja é Santa e perfeita e não tem culpa pelos casos denunciados a todo momento.  Essa é a indignada justificativa dada pelos fieis nos comentários às críticas feitas pela imprensa à conduta tomada pela Igreja Católica Apostólica Romana com relação aos seus sacerdotes pedofilos.

Nessas jusitificativas tem muitas coisas implicitas e repugnantes. O que mais é irritante é saber, que se o inferno existir, todos nós vamos para inferno, mas os crentes que se arrogaram de verem perfeitos, tão perfeitos que são incapazes de reconhecer e assumir aos próprios erros, pensam que não vão.

Não bastando cometer esses equívocos, a Igreja e seus fieis se arroga de fazer seus manifestos moralistas convocando a todos para unirem-se contra os homossexuais, tão perigosos quanto a devastação da Amazônia cujos seus dogmas nada de prático tem feito para evitar. Exemplo disso são os históricos templos católicos construídos com madeira de origens para lá de questionável.

O mais irônico é que embora os pedofilos “sejam antes de tudo homossexuais interessados em desmoranar com a Igreja, a vida e a família”, conceito que os crentes sem definição alguma tratam de se dizerem pró a todo momento, a  Igreja tenha como prática abafar em atos corporativistas as ações dos pedofilos que usam as suas batinas.

Nisso tudo o que fica bem implícito não é só as incoerências, hipocrisias e mentiras da Igreja, mas também o desdém que ela tem para com a inteligência alheia. Infelizmente tem muita gente que ainda está acreditando nesses argumentos fuleiros e sabe-se lá porque.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sobre a libras

Falar para eu mesmo que sou gay foi complicado porque gay não significava apenas quem gostasse de pessoas do mesmo sexo. Embora fosse repetido e eu tentasse acreditar, ainda tinha comigo a imagem de que gay é mais do que é isso, aliás, é menos do que os outros, que gay é inferior.

E sabido, pelos padrões sociais que são empurrados, que temos que ser perfeitos, dentro daquilo que é colocado pelas instituições, pela publicidade, que diga-se de passagem é uma coisa que faz mal e está serviço dele, e pelo consumo como perfeito. Na construção do impõe como pessoas perfeitas, coisa que tento alcançar as vezes sem me dar conta, não entra o homossexual, apesar que tenham aí um discurso dissonante, mas ainda sim mínimo querendo mudar isso.

Pronto, agora assumi para mim que sou gay, mas acabei admitindo para mim também que sou inferior no fundo também. Na verdade não assumi que sou gay, admiti que sou bissexual, porque é menos pior, apesar que de mulher mesmo nunca tivesse eu gostado e nunca fui bissexual, também decidi que não faria amizades com pessoas do “meio”, não deixaria ninguém saber disso e por aí vai. Conforme vou incorporando que não é inferior, vou evoluíndo, conto para terapeuta, que já sabia é claro, para amigos, pais, e alguns lugares públicos pouco me importa saber se os outros vão entender isso, que eu sou homossexual mesmo, na maior parte do tempo passivo.

Fazer Libras foi também uma realização pessoal na qual serviu também para eu fazer todas essas reflexões que coloco nesse texto. Não que eu não soubesse disso tudo que estou escrevendo aqui, é que eu não tinha sistematizado para mim mesmo do modo claro que até eu entendesse, o que faz com que eu conclua que o processo de auto-observação e auto-entendimento é delongado e contínuo.

Aos poucos fui me conhecendo e aos poucos fui perdendo o medo que tive de mim, porque passei aos poucos a me entender. Com surdos, com cegos, com pessoas com deficiência mental, cadeirantes e tudo mais é a mesma coisa, apesar que penso que auto-aceitação, pelo menos para aqueles com deficiência nativa, não tenha sido o caso.

Mas no fundo quando pensamos nessas pessoas, mesmo que queiramos ser inclusivos, somos preconceituosos, porque temos medo de magoá-las e não entendê-las como é o meu caso. Mas ainda bem que posso me dar ao luxo de ser racional usando dessas emoções que me vêm agora, revolta, vergonha, orgulho, satisfação, medo, inconformismo, porque assim posso me dar conta do quão limitado eu é que sou e como se aprende a cada a instante.

Não não não! As melhores lições não são essas que estão escritas em longas dissertações, teses, artigos, livros, palestras e tudo mais. As melhores lições são essas que se assemelham à Libras, as que de tão simples que são acabam se tornando complicadas serem percebidas, aprendidas como os seus sinais e gramática, que se assemelham à essa reflexão que fiz e que certamente não estava na ementa da disciplina.

Aliás, porque estou escrevendo isso? Pouco importa. Estou atrasado para o lançamento do livro da Vaca Profana.

domingo, 14 de março de 2010

Sobre o Gaydar

Por causa do lançamento do livro da Vaca Profana, ela veio até minha casa ontem deixar convites para a solenidade na qual vão estar outros escritores também lançando seus livros, a imprensa local, os políticos, os “formadores de opinião”, os garçons, os seguranças engravatados e as moças arianas super maquiadas da periferia. Conversávamos e navegávamos pelo orkut olhando as pessoas e contando causos sobre elas no melhor estilo recordar é viver.

Tinha ali o ex da Vaca Profana, que dizia amá-la muito, que não gostava de viado, que era emo por modinha e que o tio da Vaca, que é super divosa, chamou para fazer tudão. Tudão… palavra legal. O Di, o meu amigo casamenteiro cujo gaydar eu confio, viu a nosso pedido o perfil do ex da Vaca e deu o veredicto, que nos convenceu, o rapaz é do babadón. Sempre desconfiamos do garoto e ficamos num misto de eu já sabia, riso, de ele te enganou Vaca e tudo mais.

Bem, olhando ali o orkut do Di, olha só que eu vejo entre nossos amigos em comum, nada mais do que meu colega de estágio. Não que a pessoa seja delicada, efeminada, e tudo mais. Mas sabe quando você olha para alguém e vê que ela tem um semblante, uma aura, de colorido também? E o caso desse colega de estágio, que por sua vez tira sarro dos professores do instituto aparentemente gays, de toda figura colorida que vê, é evangélico e lógico, contra o “homossexualismo”.

O que achei estranho é o colega de estágio estar no orkut do Di, cujo fator que nos tornou amigos foi a nossa sexualidade. Mais estranho o colega ter outras pessoas do meu orkut, que são gays, adicionadas. Então pergunto ao Di de onde ele conhecia fulano. O Di respondeu que na Uol, mas que não fala muito com ele. E eu pergunto, e ele é gay, como se Uol já não fosse quase que uma redundância. Ele responde que sim, e para ficar bem respondido eu devolvo com outra pergunta, ele é ativo ou passivo. O Di responde que não sabe, mas que vai confirmar da próxima vez.

Bem, o Gato de Cheshire tem razão, um boi preto conhece o outro. Assim é melhor não subestimar mais toda sofisticação tecnológica do meu gaydar. É engraçado, na verdade não é engraçado e sim irritante, esses meninos enrústidos. Uma coisa é estar no armário, o que acho legítimo porque também já estive e sei bem os motivos que levam alguém a ter essa discrição. Mas já é de me deixar putaiado o cara ser e ainda fica repercutindo preconceitos contra os iguais como se não fosse um.

Lamentável mesmo é que o colega de estágio não seja gatinho. Se fosse da próxima vez que ele viesse aqui discutir o projeto de intervenção, eu iria parar do nada, olharia nos olhos dele bem profundamente e diria: “Eu sei de tudo. Tire a purpurina do potinho bee. Agora chega aqui e me beija, porque eu tenho camisinha”. Mas ele não é bonito porque ele é… feio.

Eita final de semana divertidoso.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Sobre o ateu

Falando mal do Silas Malafaia, um blogueiro que passou por aqui, me indicou uma reportagem falando sobre o dito cujo em uma revista. A matéria foi publicada na revista eletrônica A Capa e a autoria era de Márcio Retamero, denominado pastor protestante de uma igreja inclusiva.

Embora ateu, me interesso por conhecer esse tipo de denominação e vi no pastor uma oportunidade para conhecer e até de mudar meu conceito a respeito das religiões. Escrevi ao referido pastor inclusivo, me identificando como ateu e pedindo indicação de igreja inclusiva em Goiânia. Ele me indicou a uma pastor de Brasília que me indicou a um rapaz daqui de Goiânia.

Nem para o pastor de Brasília e nem para o rapaz de Goiânia eu me identifiquei como ateu e hoje conversei em conferência com eles e com outros rapazes, também homossexuais. Eles são carinhosos, inteligentes, bonitos e atenciosos, mas o principal, partem do pressuposto de que eu sou crente.

Sobre minha fé, apenas falei que não tenho igreja e que tive formação católica. Estou bem convicto de que eu sou ateu, apesar que não vejo em ser ateu uma permanência, e imaginando o que eu possa encontrar numa igreja inclusiva continuarei ateu.

Me incomoda é a não ciência deles a respeito do meu tipo de fé, o medo de como eles possam receber isso e que isso possa me excluir. Quero conhecer a vivência religiosa deles e inclusive me socializar com eles se isso for interessante. Contudo não acho ético nem para mim e nem para eles fingir que acredito nas coisas do mesmo jeito que eles.

Bem, acho que não vou fazer do meu ateu um segredo trancado a sete chaves como já foi minha sexualidade. Se eu perder algo com isso, que seja agora no começo.

terça-feira, 9 de março de 2010

Sobre um trauma da infância ou a Educação da Autonomia

Ontem me lembrei de um trauma da infância. Na pré alfabetização a professora levou até nós folhas de papel A4 nas quais estavam desenhadas espigas de milho. Deveriamos pintar as folhas da espigas desenhadas de verde, eu quis pintá-las de bege porque na chácara do meu avó eu vi uma espiga de milho com folhas beges, na verdade secas. A professora gritou comigo, ela era muito brava, e disse que eu era louco porque não existia espiga de milho bege. Todos meus colegas riram de mim e eu fiquei com vergonha.

Ok, eu pintei então as folhas da espiga de milho de verde claro com contornos em verde escuro. Enquanto fazia isso, a professora passou por todas carteiras deixando pedaços de papel amarelo que deveriamos cortar com os dedos pedacinhos, embolá-los e colá-los nos pontinhos da espiga de milho. Tudo bem, eu fiz assim e ela disse que o meu estava ficando bonito. Nossa, finalmente o louco recebeu um reforço positivo!

Então a professora saiu e foi buscar fica crepe, aquela fita adesiva que se parece com papel e pode ser cortada no dedo, porque ela ia colar nossas espigas no mural da escola. Eu tinha um caixa de giz de cera e queria usá-los, então peguei o giz de cera vermelho sangue e contornei ao redor da espiga de milho um coração que ficou bem torto. Na volta a professora foi pegando os extratos do suprassumos das criatividade dos aluno, sem luz era o que ela pensava que nós éramos. Quando ela foi pegar o meu, ela fez aquela cara feia de novo, apareceram um monte de rugas na testa dela, ela gritou e fui molhado pelo cuspi venonoso dela dizendo que não ia colar a minha espiga no mural porque ela ficou feia.

Guardei o meu desenho, doravante feio e que não merecia ser colado no mural da escola. Cheguei em casa e coloquei o desenho num canto escondido qualquer porque aquilo era uma coisa vergonhosa. Um dia qualquer minha mãe foi arrumar meu quarto e quando chego da escola…

!!!!!!!!

…lá estava a minha espiga de milho das folhas verdes contornada com um coração torto com giz de cera vermelho e quera era feia para ser colada no mural da escola pregada na porta do guardarroupas. A exposição daquela espiga na porta do meu quarto me envergonhava.

Perguntei a minha mãe porque ela havia feito aquilo e ela disse que achava tudo que o filhinho lindo dela fazia lindinho demais. Como assim lindinho? Minha mãe não entende nada de beleza. Aquilo era feio, minha mãe e nem a vizinha, as minhas tias, as minhas primas grandes que iam até o meu quarto e dizia que tava bonito, não entendiam de beleza. Eu morria de vergonha daquilo porque a professora que me ensinava as coisas certas disse que estava feio.

Quando a professora falou que a minha espiga estava feia, achei ela uma vaca, feia, velha e gorda que deveria morrer no trilho do trem e queria ver se ela falasse aquilo para mim se eu fosse um cavaleiro do zoodíaco ou o Machine Man. Bem, hoje, após ter entendido que aquela professora era tradicional, feito minhas críticas a esse modelo e ter lido Vigostsky, Piaget, Paulo Freire e outros caras legais que sabiam como é que se faz, não penso mais na professora como uma vaca, feia, velha e gorda que deveria morrer no trilho do trem e queria ver se ela falasse aquilo para mim se eu fosse um cavaleiro do zoodíaco ou o Machine Man.

Penso nela apenas como uma feia, velha, gorda e tradicional.

Peixos, me twitta @BorbaGabriel.

sábado, 6 de março de 2010

Sobre o Paulo Braccini

Ultimamente tenho pensado, acho que Paulo Braccini é Deus, com a diferença do amigo blogayro existir. Penso assim, porque em todos os blogs que eu vou, tirando os pornográficos e os políticos, lá está o Paulo Braccini demonstrando sua onipresença. Com relação aos blogs políticos, talvez seja porque o tema não seja algo de Deus, então Paulo não comenta por lá.

Paulo Braccini não é só onipresente, ele é também amado, bem quisto como um bom deus que se preze. E de tão devotado, é altamente respeitado com a vantagem dele não mandar quem não goste para os quintos dos infernos.

Para mim, o que mais dá ao Paulo Braccini as graças típicas de um Deus é esse sentimento de dívida eterna que tenho para com ele. Bem, confesso que raramente sou eu quem vai aos outros blogs ler e comentar primeiro, assim também como eu sou dificilmente o primeiro a tomar a iniciativa de adicionar alguém no orkut ou puxar conversa pelo MSN. E tenho perdido muito por causa disso.

Bem, eu tenho minhas dívidas para com Paulo Braccini sim, apesar que talvez ele venha comentar aqui dizendo que não, que não tem importância, o que é isso, que não faz diferença e tudo mais. É lógico que Braccini dirá essas coisas todas, já que ele é um gentleman. Mas isso não muda muito sentimento de dívida.

Sabe, é que como eu tenho dito, Paulo Braccini é um gentleman. Dá atenção a todos os blogayros, no meu caso é sempre o primeiro praticamente a comentar e sempre está comentando meus textos. Além do mais, para quem tem um blog não muito pop, como esse, o homem, nesse caso o Homem porque Paulo Braccini é Deus, presta um grande serviço, publicando e referenciado um texto daqui.

Tudo bem, a menos que não falhe minha memória, foi eu quem visitou primeiro, assim como comentou o blog do outro, mas foi Paulo Braccini quem passou a religiosamente dar as caras por aqui colocando para os anais desse blog o seu nome chique. Paulo Braccini é meio que pronunciado assim na minha boca, Bratxisne.

Antes eu até tinha desculpa para não visitar o blog do Paulo Braccini, pois ele que usa computadores chicosos, potentosos, rapidosos, não percebia que ficava inviável para o meu computador, que como diria o Gato Cheshire, do milhão. Agora ele limpou o visual do Enfim, é o que tem para hoje.

E enfim, é o que tem para hoje tem uma essencia inspiradora para desenvolver diálogos familiares. Naquele bate taquara da família, gerar uma polêmica e olhar para todos com aquela cara de cachorro que desdenhou da salsicha e dizer, enfim, é o que tem para hoje.

De modo geral Paulo é pop, um gentleman, onipresente, amável e mara, é porque adoro chamar o que acho bom de mara e mara é mara. Talvez, talvez não, certamente eu estou fazendo esse texto para tentar pagar um pouco da minha dívida de não comentar tanto o blog do Paulo, que além de bem quisto, filosofo, historiador, tudo o que me atraiu, blogayro, casado há 35 anos, modelo e atriz, é certamente um ídAlow meu.

Enfim, é o que tem para hoje.

Peixos.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sobre o meu catolicismo

Minha mãe é assim, católica. Para mim ela não é tão católica. Aliás, ela é católica, daquele jeito podre de ser católica. Ele me batizou, por um tempo eu agradeci por isso. Arrumou meus avós maternos para serem meus padrinhos e para eu, que achava que padrinhos tinham algum grau de parentesco, foi o fim. Eu fiquei putaiado. Avós padrinhos é redundância, ora essa. Sem contar que o que vinha a minha mente quinquenal era o fato de um presente a menos no Natal, no dia das crianças, no aniversário.

Ela me mandou fazer catequese e consequentemente, primeira comunhão. Foram três anos chatos, eu vendo um monte de moleque fazendo primeira comunhão e no meu dia de vestir aquela tunica branca… aff, que coisa mais sem graça e que tunica mais quente, apesar de branca.

Lembro do padre, um cara duns 30 e tantos anos, meio careca e meio gordo. Ele brincava com os catequisandos, jogava aqueles tecidos que vão por cima da batina e ficávamos parecendo freiras. Fiquei sabendo que ele não é mais padre e casou. É, o monsenhor não orou e não vigiou, casou porque a carne é fraca ou simplesmente porque é humano mesmo.

No dia da primeira catequese, digo comunhão, lembro que o padre usava verde. Achava um absurdo e uma falta de consideração ele usar verde só porque era tempo comum. Mas não era, era a nossa primeira eucaristia, ele deveria usar vermelho. Afinal de contas, aquilo lá era uma festa, da qual os três centos de salgados que minha mãe comprou não vimos. Muito menos as garrafas de guaraná Antartica. Mas as de Xuá, Big Boy e Micos, que tinha gosto de sabão, estavam lá.

Nesse dia o padre falou algo que achei bonitinho e que acho que carregarei por toda vida. Ele disse que a hóstia maior não era para o padre comer e sim para dividir e dividir é algo bonitinho, que devemos fazer. É, eu acho que precisamos dividir mais as coisas, mas não vou dar esmola a ninguém no semáforo e vou fazer cara feia mesmo viu minha senhora!

Outro evento chato da minha vida foi a crisma. Tentei me crismar na CEB, Comunidade Eclesial de Base, da qual regionalmente faziamos parte. Não deu certo, foi um, depois outro, depois mais outros, e todos meus parcos coleguinhos de crisma subiram para a paróquia mesmo para fazer a tal da Crisma.

Não não, eu estou pulando uma parte. Antes da crisma e depois da primeira eucarístia, tinha uma outra coisa que minha mãe me obrigava a ir. Na tal Juventude Missionária, juventude não sei onde, tava mais para pré adolescência intrigária, porque missionário era o que não éramos também. Ficavamos lá só tirando com a cara do outro, criando intriga.

Na Juventude Missionária ficávamos cantando cabeça ombro joelho e pé da Xuxa, quando o espírito de Deus se move em mim eu rezo como rei Davi de não sei quem, e ainda se vier noites traiçoeiras do padre Zezinho. Era legal também. Brincávamos de telefone sem fio, comiamos quitutes caseiros que as catequistas traziam das casas delas, liamos coisas chatas da Bíblia e aqueles textos mela calcinha que mandam por email, aqueles de auto ajuda e lições de vida. Era legal, apesar de perca total de tempo.

Mas voltando a crisma, eu batia muita punheta quando tinha 15, 16 anos. Tipo, às oito horas da manhã tinha que estar na Igreja para aguentar a professera (?), a doutrinadora falando baleiês. Mas eu acordava às 07:30 e só não ficava irritado por ter que acordar cedo no domingo para ir a igreja, porque acordava de pau duro. O que eu fazia? Tocava uma ali na cama, me limpava com o tapete, e como os jatos eram quentinhos. Entrava para o banho para tirar o futum da porra, saia de casa às 8:01 para chegar lá na Igreja às 08:14 pingando de suor, logo não adiantava tomar banho. Eram só sete quadras, mas as quadra de Goiânia só não são piores que as de Brasília em largura, porque comprimento são piores.

Era bom apesar do sono e do calor, primeiro porque eu gozava, segundo porque eu tinha que pular aquela parte chata de ficar em pé, esperando todo mundo fazer um pedido, um agradecimento e para o final rezar aquele pai nosso, ave maria, vinde anjo do senhor e enchei o coração dos vossos fieis, já que chegava 14 minutos atrasado. Paia é que na hora de ir embora, dali 46 minutos, iam começar tudo de novo.

Lá na crisma eu aprendia umas coisas interessantes e muito verdadeiras (sic), do tipo, é através do caminho das pedras que se chega a redenção ou porta larga vai para o inferno e a estreita para o céu. Que sorte os esfomeados do Nordeste têm eu pensei, eles vão todos para o céu, porque além de morrer cedo, viviam nessa vida difícil que infelizmente não podíamos fazer nada.

Uma coisa também era falada na crisma e eu lembrava dela toda vez antes de ir para as reuniões, que dentro do meu corpo mora um pombinho, digo, que o meu corpo é morada do Espírito Santo. Por causa disso eu não podia bater punheta, porque meu corpo não me pertencia, era da pombinha lá… e não do pintinho, e a pombinha é contra punhetar a casa dela. Eu pensava nisso na hora da punheta, Deus tava olhando o que eu tava fazendo na ganhola do ES e eu ficava com peso na consciência, mas… gozava.

Ah sim 2004! Primeiro ano do Ensino Médio, chovia bem em novembro, tinha trocado farpas com a minha mãe que me achava, e ainda devo ser, um adolescente “rebelde” e fui para o último retiro espiritual da crisma. Lá rezei muito, abracei muito minhas colegas. Naquela noite eu achei que eu seria digno das graças de Deus e me tornaria heterossexual. Nada feito, passei a noite em claro porque tinha muitos pernilongos. Chegou no final, do retiro, abrimos cartas. Meus pais, meus catequistas, meus padrinhos, que sequer eu bem os conhecia, e nem conheço, havia me mandado cartas. Aí eu chorei, chorei, chorei, chorei e chorei.

E daí que a gente fala assim, ironiza as coisas, mas o importante mesmo quando fazemos isso é que não nos damos conta. As cartas naquele dia serviram para eu ver que a gente ama sem se dar conta. Até que num por de sol de domingo, numa chácara a 50 Km da capital, você percebe que foi tudo rápido, que tudo valeu a pena, que não sabia que as pessoas gostavam tanto de você. Mas o mais louco é saber que nem a gente próprio sabia que gostava tanto dos outros assim, de olhar para a cara do colega e chorar e abraçar e ter medo porque sabe que as coisas estão acabando por ali. É, aquele retiro foi bom, eu curti muito chorar naquele dia. Chorar me fez sentir bem menos pior, bem mais humano.

Uma semana depois eu crismei, acho que bati punheta no dia. Veio a minha madrinha de crisma que eu sequer escolhi para ser minha madrinha, lá de MG. Sabe quando antes das pessoas casarem e ter filhos, elas prometem aos amigos que eles serão padrinhos dos filhos? Foi esse o caso da minha mãe essa madrinha. Bem, também achei minha crisma meia boca. O Arcebispo não estava lá e crisma chique tem bispo, arcebispo para eu que moro em uma capitarrr eu sou mais chique. Mais chique que isso, só se fosse chique de Paris, mas para isso o bispo teria que ser francês.

Enfim, boa noite Brasil.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Sobre esse blog

Quando eu criei esse blog, em 2007, eu tinha 18 anos. Na época eu escrevia bem menos, e acho que pior, do que escrevo hoje. O que queria na blogosfera, e ainda com o título Sempre Avante no Nada Infinito, era falar da minha sexualidade ainda não tão resolvida como pode ser hoje.

Sempre soube que eu era homossexual e lá por volta dos 18 anos, numa viagem para o interior de São Paulo, no marasmo que trazia o banco traseiro do carro em uma rodovia entre Uberlândia e Uberaba, eu resolvi finalmente ser homossexual. Sei lá como, eu tinha mais dúvidas do que certezas.

Os 18 anos foram por assim dizer, o ano da mudança para mim. Agora de um dia para o outro eu sou adulto e em algumas semanas vou fazer o que sempre quis, dirigir. Agora eu me revolto com a obrigação de ter que me alistar ciae se definido fosse, servir ao Exército, o que me faz saber que eu sou dono do meu próprio nariz, mas não do meu único corpo. Além disso, entro na Universidade que é um mundo em que não só o cheiro do ar é diferente, por causa do laboratório de anatomia humana e da grama, mas também a forma de falar, explicar e acreditar no mundo. Agora eu decidi que não vou ser o que eu passei a minha vida toda querendo me tornar, heterossexual, porque eu nunca fui. Agora estou realmente incorporando e entendendo os que foi falado naqueles 18 meses de terapia.

Então criei, depois de uns dois meses, esse blog aqui. Tentei sintetizar tudo aquilo que estava acontecendo comigo. Quis falar de mim mesmo, da minha sexualidade, das minhas consciências ou o que hoje acho simplesmente ingenuidade minha naquela época e o que morro de medo de saber no futuro que o atual também possa ser. Certo era que eu queria acertar e colocar através das palavras o que eu estava sentindo e o que idealizo.

Creio que nunca tive sucesso com isso. Creio que nunca consegui porque o que eu escrevo é muito idealizado. Me perco muito escrevendo, abro muitos parênteses, sou repetitivo e acho que explico muito. Idealizo inclusive a forma como vocês vão ler e receber isso. Ou em outras palavras, me antecipo aos leitores.

Hoje dá mais prazer escrever porque sei que tem mais gente para ler e saber que sou lido. Isso satisfaz o desejo implícito de ser ouvido. Mas gosto do que escrevi no passado, do jeito errante, apesar de que me indago como pude escrever algumas coisas. Também fico contente por saber, que embora eu escreva o mesmo parágrafo inúmeras vezes, que embora eu demore uma hora para escrever coisas de se ler em três minutos, em mais linhas do que o necessário, eu sou idealista e tenho minhas utopias, se é que devo tratar o que pretendo alcançar como utopias.

Mas se bem que esse blog existe é por causa disso mesmo, ser ouvido. E ser ouvido não é só a consciência de saber que alguém vai ler e meia dúzia de gatos pingados, apesar que o Gato de Cheshire aparece pouco por aqui de tempos para cá, vá comentar, créditos ao Paulo Braccini por ser quem mais me prestigia com os seus comentários. Ser ouvido, e logo o que quero aqui, é ser saber que alguém entendeu o que quis dizer, que mesmo que não concorde comigo, o que eu tenho dito vai fazer pelo menos alguma diferença, mesmo que seja para dar mais convicção, a alguém que pense diferente de mim.

Então é por causa disso que escrevo e delongadamente contra a religião, contra Deus, contra o pastor Silas Malafaia, a favor dos direitos civis, a favor da Dilma e do PT e porque acho que homossexual não deve votar em partido de quem é contra PLC 122. E por isso que as vezes escrevo aqui, eu acho que nem eu entendi realmente o que eu falei. Sabe, é que eu sou ruim com ensaio. Da preguiça escrever o mesmo texto duas vezes.

Bem, vou continuar escrevendo aqui por causa de tudo isso que eu acredito, pelos mesmos motivos de quando escrevi no passado, embora agora tenha mais coisa diferente e eu saiba muito de quando comecei isso aqui. Algumas vezes escrevo com esses títulos parecidos, apenas parecidos, com texto de filosofia porque acho bonito se parecer Cult e filosofia é Cult.

É, não é cair em parafuso e nem crescimento em espiral. Em parafuso horizontal significa para mim, ir para algum lugar, que pelo visto nem eu sei o que é e onde fica.

P.S.: Agora sim eu fui metablogueiro.