No estágio supervisionado meu colega, que é um enrústido homofóbico, e eu precisavamos lecionar algumas aulas e por em prática um projeto de intervenção planejado por nós mesmos. Tudo daria certo, porém a realidade é mais difícil do que imaginávamos, logo nossas ideias lindas não deram certo.
Os estudantes foram muito indisciplinadas e cada aula era um soco no estômago. Os estudantes têm culpa? Têm sim, mas os estagiários também, porque é função dos aprendizes de professores domarem “aqueles animais”. Além disso, nos os estagiários, precisávamos contar também com o professor da Escola. Porém o professor efetivo saiu porque aposentou e no lugar entrou um substituto que estava professor, isso quer dizer, ele estava quebrando galho para ganhar um trocado. Resultado, ele ligou o foda-se para a turma e para nós, os estagiáros, que por sua vez, no meu caso pelo menos, também ligou o foda-se e detonou ele no relatório final de estágio, até mesmo porque ele, o professor substituto, é ex aluno do orientador.
Vinganças a parte, lá na Escola, enquanto aplicávamos nossas regências deu para perceber que a Educação está fudida (oh novidade!) não só pelos salários de fome dos professores, mas também porque os estudantes não são nenhum pouco interessados na formação deles e os professores limitados ou não interessados em resolver tal coisa.
As regências estavam um fiasco, a cada aula meu colega e eu íamos sendo massacrados pelos diabos (calma, eu num acredito que as crianças sejam diabos, porque se eu, que acredita na humanidade, acreditar que elas sejam diabos eu deixo de ser ateu). Porém tinhámos que terminar uma quantidade de regência e colocar em prática o nosso projeto de intervenção pedagógica. Todavia, nem tudo são flores (houve alguma flor até aqui?) e o que acontece conosco? Um greve na Rede Municipal de Ensino que se arrasta até hoje!
Tudo bem, danem-se as regências, o que importa é o projeto de invertenção ser colocado em prática. Arrumamos em cima da hora uma escola municipal que à rebelia do movimento de greve, estava funcionando a noite e lá vamos nós! Vem feriado, vem Copa, acervo indisponível, aparelho de DVD que não funciona, PC precisando de formatação, mas nós, eu e meu colega enrústido, nos viramos como pudemos para ajustar o projeto à realidade do Noturno e da Educação de Jovens e Adultos durante o último mês do semestre. É um estresse total, preocupação de tirar noite de sono e render o penúltimo post aqui no blog.
Iria dar tudo certo, se não tivessemos esquecido alguém. Então quem vem fazer a vez da pedra no meio do caminho dos estagiários? A festa junina! Resultado, no calendário da escola só sobra um diazinho de letivo, no final do mês, ou no popular, fudeu, que aluno, do noturno, estudante do EAJA, vai à escola no último dia do mês fazer um projeto para ser aplicado em quatro dias.
Bem, a história não termina aqui, agora é enfrentar o professor orientador e convencê-lo que nossa prática teve tudo a ver com a realidade escolar, alunos indisciplinados, professores desmotivados sendo um ex orientado dele, um movimento de greve, feriados, Copa, Festa Junina, calendário, noites mal dormidas!
E daí que todo mundo quer passar num concurso público. Tá, todo mundo não, mas muita gente! Se o concurso for na área de formação, perfeito e esse é omeu caso. Todo mundo me parabenizou, minha mãe ganhou a semana e eu como fiquei? Vocês já ouviram Ouro de Tolo? Vejam essa versão, porque eu não gosto das originais com o Raul.
Então, me sinto daquele jeito. A diferença que mais que insatisfeito, passo no concurso e ao invés de me sentir vencido, me sinto derrotado. Porque? Salário de fome, falta de reconhecimento, falta de autonomia da escola, falta de compromisso com a Educação, estudantes indisciplinados, uma secretária de educação puxa saco, e uma infinidade coisas que depois eu falo melhor sobre elas.