domingo, 26 de agosto de 2012

A noite em que quase fui feliz

Quando as férias começaram eu me envolvi com um menino urbano, mas da agronomia. Foi legal, pensei que ficaríamos juntos até o dia de hoje, por exemplo. Mas ele não quis mais nada depois de umas semanas por seus motivos e vou continuar acreditando que eu sou na opinião dele uma boa pessoa. Ok, ele mandou que eu seguisse meu caminho e eu de queixo erguido, ou não, fiquei assim, chateado uns dias, até o final do mês mais menos, para ser exato, só que não.

No final do mês, eu que não viajei para lugar algum e só aproveitei julho para dormir bastante, viajei com meus pais para a casa dos meus avós, no melhor estilo, enfim, é o que tem para hoje. Pensei, ei de tentar me divertir, assistir algumas séries e etc. Não deu muito certo, mas tenho a impressão que nós últimos tempos ir para casa da meus avós não tem sido tão chato, principalmente depois que comprei um notebook, a Vivo implantou cobertura 3G lá e da LG 40 polegadas com USB da minha querida avó.



Ótimo, na verdade eu não gosto muito de ir à Itapuranga, eu fico me sentindo solitário lá e nem dá para eu pensar, vou em algum lugar fazer alguma coisa e me divertir. Bem, fui a loja do O Boticário e comprei meu Malbec  Reserva Especial e pensando bem, acho que é uma das melhores fragrâncias que minha parca experiência com perfumes pode dar conta. Também fui visitar os parentes, as tias, buscar o primo, que é gay e não sabe ou não se aceitou ainda, lá na cidade vizinha, na qual ele mora com a mãe.

Todas as noites o programa era ir com todos, com os primos, inclusive a prima periguete vinda do outro lado do estado, para a festa agropecuária da cidade. Essas festinhas são até legais, gosto daquele povo interiorano com seu sotaque interiorano, se divertindo de maneira interiorana. E os rapazes ali, falando de seu jeito heterossexual, mas interiorano, com aquelas camisetas fabricadas em alguma confecção de Goiânia, mas com aspecto interiorano. E sem contar que lá vendem bugigangas, tocam música da moda e tem parque de diversões sem alvará do Corpo de Bombeiros e com o truque mambembe da monga. E se você tiver com dinheiro, você pode até comprar um Amarok a diesel no Consórcio Nacional Volkswagen.

Aproveitava o momento para twittar, enquanto eu ficava de corpo presente junto aos primos e seus rolos sexuais adolescentes e efêmeros. A música era um tédio, sabe, coisas do tipo, eu quero tchu, eu quero tcha, vai no banheiro para a gente se beijar. Tá, eu gosto de sertanejo mais moderninho, mas tipo, Jorge e Matheus, Victor e Léo e principalmente Paula Fernandes, que tem alguma preocupação com a letra.

Eu com meu chapéu fazendo a linha agroboy

No última noite da festa sei lá porque comprei um chapéu de boiadeiro e, como eu não sei, aceitei entrar em uma boate de 10 reais com meus primos. Porcaria, tinha devassa, funk e uns hits pop de seis meses atrás! Starships ali nem pensar, DJ de festa heterossexual não é lá grande coisa. E só tinha piriguete e os heterossexuais querendo brigar pelas piriguetes, aquela música chata e até mesmo me mexer para não parecer tão antissocial assim era difícil. Povo sem educação também, fiquei de saco cheio.

Fotos no Instagram do chapéu a parte eu fiquei de saco cheio e saí dali. Tava com fome, veio uns primos e uns peguetes das primas comigo até a barraca do pastel. Parado lá um cara, dei uma reparada naquele jeito de se vestir mais metropolitano, West Coast, bermuda, camisa justa, braço branco, meio grosso e veiúdo e olhos verdes. Sim, ele era lindo, (Well suspirando melancólico) mas acompanhado por sua trupe, que me pareceu assim com um aspecto de não heterossexuais. Sabe, eram modernos, ligados em seus gadgets, roupas diferenciadas da média dali.

Minutos depois, enquanto eu aguardava o pastel, ele me olhou, deve ter achado engraçado alguém que vai à uma festa do interior com um Mizuno para corrida. Mas ele deve ter capitado que meninos interioranos não usam bermuda xadrez com camiseta com estampas de fotografias, jaqueta de poliéster e chapéu de boiadeiro.

- Bonito seu chapéu, maluco!

Eu olhei com uma cara de tímido e desconfiado.

- Quer me dar ele não?

Eu tímido e calado.

- Não posso.

Enquanto eu olhava onde estava meus primos que não sabem de minha homossexualidade, ele se calou, pegou seu pastel e foi ficar com a turma dele. Fiquei ali quietinho e pensando, cara doido, pedindo o meu chapéu! Por que ele num compra um chapéu para ele... tipo, eu acabo de ser cantando e eu não percebi? Tipo, e o cara é o mais bonito que eu consegui ver em todos esses dias nessa cidade? Tipo, eu nunca fiquei com um cara daqueles, um cara desses sequer me deu atenção! Sai pelo parque de exposição procurando-o, encontrei ele lá fora, com sua gangue de meninos ricos, com um detalhe, ele estava sem camisa e tirando fotos engraçadas pra publicar no Instagram com seu iPhone. Ele era todo gostoso, a barriga era mesmo um tanque e tinha um aspecto bem safado!

Peguei meu LG Optimus Hub que saiu por R$350,00 na Vivo e comecei a ouvir música para dor de cotovelo. Mentira, comecei a ouvir Offer Nissim e pensar como vou chegar de novo, não deu certo, tive que virar babá das primas periguetes. Ficava mais difícil eu chegar ali e conversar com ele, puxar assunto. E se ele me rejeitasse? E se ele me usasse por uma noite e me jogasse fora? Eu estaria feito, eu queria ele nem que fosse por uma noite. Por que eu não chego junto? E por que ele não olha na minha direção? Ódio eterno da minha prima que acha que ela com seus gostos sui generis conseguirá se aproximar de um cara rico e bonito para mim!

No dia seguinte sai a procurá-lo pela cidade da avó, vai que topássemos de novo? Cidade pequena isso acontece fácil fácil. Mas enfim, não consegui e sempre que lembro disso me sinto um idiota, um tapado, um burro. Sempre fui devagar para perceber que estou sendo sacado, muito menos para tomar iniciativa. Se não são claros, eu não percebo que é comigo! E cá estou eu, lamentando a minha ingenuidade para flertes.