No primeiro semestre desse ano a Secretaria da Educação de Goiás fez concurso público para contratar professores. A concorrência foi baixa, só quem está desesperado, ama a Educação ou tem um espírito de porco pode aceitar trabalhar por 40 horas e ganhar R$1314,52 + descontos (viu a ironia? "mais descontos"), que é um salário de fome para quem tem curso superior e trabalha como um professor.
A baixa concorrência ajudou a frustrar o meu projeto, o de não passar nas colocações primárias e ser convocado antes da hora, o que quer dizer, sem ter concluído a graduação. A prova, cujo nível foi muito elevado, poderia me ajudar nisso, mas o ponto de corte também foi elevado e preferi não subestimar o exame.
O concurso foi homologado e eu passei em 37° lugar - convocação imediata. A Secretaria da Fazenda - que é quem contribuí com a burocratização estatal e permite a da Educação contratar - me enviou uma carta me parabenizando pelo feito - gente falsa é outra coisa - e assim foi publicada a 2ª chamada na qual constou meu nome lá no Diário Oficial.
Bem, liguei hoje em um monte de órgãos do estado e no ping pong descobri que meu nome consta na 22ª colocação, ou seja sou mais inteligente do que queria nesse caso e ando não prestando muito bem atenção nas informações importantes para mim apesar d'eu pensar que estou fazendo o contrário. Agora preciso de uma cópia do Diário Oficial para pedir prorrogação de 30 dias para ver se consigo formar.
Ou seja, Lei da Atração vai entrar em operação. Vou ter que terminar as atividades do Estágio IV antes da hora, a monografia vou ter correr com ela e ver se quem sabe eu consigo defendê-la no começinho de novembro, o que é impossível eu acho, ver se uma professora pode me passar outras atividades para conseguir nota, se consigo cancelar outra disciplina na qual está o menino felpudo, e o melhor, ver se, quem sabe, a Universidade aceita tudo isso e deixa eu fazer uma colação de grau especial, tudo para o comecinho de novembro, é claro.
Talvez tudo isso não dê certo. Penso que seria uma boa contratar um advogado, um de confiança, desses mercenários e espertalhões que dão golpes fazendo interpretação da lei e que encontre nela brecha ou sei lá o quê que me deixe trabalhar como professor.
Vai valer a pena? Fiquei quatro anos praticamente sem trabalhar e preciso trabalhar outra vez. No entanto é bem certo, se dependesse de mim eu não seria e não vou ser professor por muito tempo.
Me dei ao luxo de passar em outro concurso público, da Secretaria da Saúde. Nele trabalha-se menos, ganha a mesma coisa e só exigem Ensino Fundamental. Sou capaz de abrir mão de ser professor para ser um medíocre funcionário da burocracia estatal. Porém com tempo para fazer outro curso superior e estudar para um concurso decente, coisa que nem o concurso de auxiliar administrativo e nem o de professor são. Nesse último por causa do salário, das condições de trabalho e do reconhecimento. Além disso eu não tenho a menor perspectiva com relação a isso mudar pelos próximos quatro anos.
Em Goiás estão escolhendo entre um candidato que despreza funcionário público, ainda mais se for professor, e outro que conseguiu o apoio dos funcionário públicos e dos professores, mais alienados no caso, dando esmolas a eles. Para quem não ganhava muita coisa qualquer esmola vira grande coisa. Dos males os menores porra nenhuma, nenhum dos candidatos no quais a política goiana se polarizou tem moral para falar em Educação e ao meu ver eles são mal intencionados o tempo todo em relação a ela.
Tem uma terceira via aqui, mas terceira evangélica e do PP? Tenha dó, né? Isso está mais para um canteiro central todo arborizado e gramado, o que não é vantagem quando se precisa de pista de autorrolamento.
Bom, é isso, peixos, me liga. E me twita também.