sábado, 25 de julho de 2009

Wall-e e não subestime os infantis

Eu adoro animações e não tinha assistido ainda Wall-e, animação gerada pela Pixar, uma divisão da Disney. Aproveitei os temporários e em vias de acabarem super poderes da minha conexão de internet e baixei por torrent o dito filme.

Assistindo o filme fiz muitas assimilações para comigo e meus hábitos de consumo. Apesar de que eu procuro reduzir ao máximo reduzir as embalagens, os produtos descartáveis e por aí vai. Porém fiz assimilações com o meu estado de espírito também, principalmente as emoções.



Na Terra está Wall-e, o velho e simpático robozinho, a empilhar o lixo. E logo vou me identificando com ele, o jeito árido da paisagem, o tédio da rotina, o passageiro entretenimento das quinquilharias e a solidão do robô constituem o meu retrato emocional.

Em casa Wall-e assiste seus vídeos, não os pornôs como eu, mas aqueles românticos em que as pessoas estão apaixonadas e de mão dadas. Comigo a diferença é que fico ouvindo essa Ana Carolina aí. Me chamou a atenção quando Wall-e vê o casal na velha TV de mãos dadas e não tem ninguém para dar a mão.

Finalmente chega Eva vinda do espaço. Tá, não precisa que ninguém venha do espaço. Pode vir de outro lugar, sei lá, do ônibus, da entrevista de estágio que segunda feira – odeio entrevistas, sei lá.

No começo um estranhamento entre Wall-e e Eva. Estranhamento semelhante ao que eu tenho com algumas pessoas antes de dizer, “caraca como ele é bonito”.

Daí o que o Wall-e vivencia o que eu nunca vivi, com exceção da parte de ficar o tempo todo olhando para o outro admirando a beleza e mentalizando os desejos por ela, não os sexuais que irremediavelmente eu acabo imaginando muitas vezes.

E lá vai o filme falando dos hábitos de consumo, do consumismo, do não faça nada – outro ponto com que me identifiquei, e a história flui até que o Wall-e e Eva vivem felizes para sempre. Fim.

Não tem fim essa minha vida monótona, sem nada para fazer, cheia de adiamentos, omissões e não faça nada. Estou vegetando e a minha mãe não sabe o quanto isso é bom para ela que não aceita minha sexualidade. Ela acha que eu sou simplesmente gay. Ela se esqueceu ou não se deu conta que não comer meninas é só uma pequena parte, rola muito mais do que isso e que não viver o resto da vida dentro desse quarto ou indo pendularmente aquela universidade ou a um emprego que suponho um dia ter.




Enfim, eu gosto de animações e as acho cults, contrariando as verdades feitas dos pseudointelectuais que acham Cult só os filmes europeus ou os dos EUA que não possuem final feliz. Gosto das animações por causa do jeito sutil de tratar os temas. Tão sutil que às vezes penso que até exagero minhas interpretações.

Quem já assistiu o primeiro filme de Madagascar? É só eu ou alguém conseguiu estabelecer alguma conexão entre a homossexualidade e o Leão que não conseguia controlar seu desejo por comer carne, tanto é que às vezes enxergava o seu melhor amigo, uma Zebra masculina kkk, como um grande bife?

Animações são divertidas e inteligentes, gosto da crítica feita aos contos de fadas e suas idealizações apresentada por Shrek, da empatia de Irmão Urso, do convívio com as diferenças da Era do Gelo e por aí vai.

Então, assistam Wall-e quem não assistiu, apesar que não acredito que vocês vão se sentir carentes como eu me senti assistindo-o e após o fim baixar sua trilha sonora.