sábado, 27 de março de 2010

Sobre o Poder

Eu pensei que eu me importava com alguém que provavelmente não lerá mais esse texto, e nem os próximos, inúteis e clichês como os anteriores, que eu escrever. Na verdade esse texto é uma preocupação comigo mesmo, é a manifestação da minha frustração e a forma como eu entendo tudo o que pude observar.

O que tiro de tudo o que vi é que a vida é sempre uma disputa de poder onde o medo e a ignorância e as ações que eles levam a nós fazermos, nada mais é do que o poder entrando em prática. Isso explica tudo, do surgimento ao desparecimento tão rápido aqui na web, até a auto segregação em relação a muitos, como eu, que a web levou a conhecer.

Se não estiver enganado (saber que Paulo Braccini, filosofo, vai ler isso aqui me deixa inseguro) Hegel disse, mais ou menos, que o poder do opressor reside na consciência do oprimido. E não que tenha alguém que seja uma pobre coitada por isso, mas existe uma oprimida conferindo aos opressores, sem entender quem sabe, o poder.

De qualquer maneira não posso julgar mal. Esse poder do opressor, na verdade dos opressores, está bem manifesto, inclusive de forma sutil. Vai desde a religião que alguém frequenta, das instituições sociais, dos humorísticos programas toscos e suas formas caricatas de representar a homossexualidade, até à mentalidade dos familiares, aos comentários desde já preconceituosos dos amigos e pessoas mais quistas, aos tão falados formadores de opinião.

Bem, existem os opressores, e têm entre eles aqueles que se tornam opressores sem saber que são opressores, simplesmente porque eles também têm medo e ignorância. Os familiares, amigos e afins, são exemplos disso.

E lá o Foucault, o Raffestin, diriam que tudo é uma disputa de poder e é mesmo. Esse blog aqui, o do Paulo, do Gato, do Wans, das moças do Nem Froid Explica, todos blogs relacionados aqui ao lado participam de várias disputas de poder, exceto um porque não existe mais e tomara seu dono não colocar uma corda no pescoço para também não existir mais, materialmente como preferir.

A maioria desses blogs aqui são sobre sexualidade, a sexualidade de seus escritores, e estão disputando para ver quem ganha, se a heteronormatividade ou a livre escolha das pessoas de serem o que elas sentem que são. Mesmo que seus donos não façam como eu algumas vezes faço, uma crítica contra alguém, contra alguma instituição ou algum comportamento. Quando eles estão falando de suas rotinas, de seus gostos enfins, estão disputando o poder.

Entendido que todos que gostamos, que lemos, que acreditamos, que simplesmente existem, agem e pensam, estão fazendo inúmeras disputas de poder, resta dizer que o que vi alguém fazendo é nada mais que uma disputa de poder onde eu creio que ela, que pensei estar ganhando tanto, perdeu, mas não só ela, eu também e muitos também.

Sinto derrotado porque nos assemelhamos, se alguém vence algo relativo a aquilo que nos assemelha, a vitória é indiretamente nossa, porque a demanda também é nossa. Consolidar alguém uma demanda igual a minha, é também consolidar a minha.

E tudo o que falou, nada do que foi dito é para mim estranho. Preferia eu que não fosse assim e torço para que ninguém enlouqueça, nem se mate, eu é que não vou. Mas acho que vai dar certo, dizem e eu acredito que o mundo não é mais como era antigamente. Uma hora as pessoas começam a rever a tudo, inclusive o conceito das mais banais das palavras que usam para pensar. Também resta torcer para que sejas feliz e se eu pudesse dar um conselho é o de pensar nos outros também, porque uma hora alguém vai pensar em si próprio, o que deveria ter feito desde o começo, e acabar prejudicando quem seja, quem sabe, inocente.

Bem que eu poderia colocar aqui uma música do Cartola, mas seria piegas e seria uma liçãozinha de moral que estaria fazendo ao autodenominar-me dono da verdade, o que não é minha intenção. Mas assistim A Vila, aquilo lá que mostra o poder.

P.S.: Acho que esse é pelo menos um dos melhores textos que já escrevi aqui, mesmo que confuso.