Quando eu criei esse blog, em 2007, eu tinha 18 anos. Na época eu escrevia bem menos, e acho que pior, do que escrevo hoje. O que queria na blogosfera, e ainda com o título Sempre Avante no Nada Infinito, era falar da minha sexualidade ainda não tão resolvida como pode ser hoje.
Sempre soube que eu era homossexual e lá por volta dos 18 anos, numa viagem para o interior de São Paulo, no marasmo que trazia o banco traseiro do carro em uma rodovia entre Uberlândia e Uberaba, eu resolvi finalmente ser homossexual. Sei lá como, eu tinha mais dúvidas do que certezas.
Os 18 anos foram por assim dizer, o ano da mudança para mim. Agora de um dia para o outro eu sou adulto e em algumas semanas vou fazer o que sempre quis, dirigir. Agora eu me revolto com a obrigação de ter que me alistar ciae se definido fosse, servir ao Exército, o que me faz saber que eu sou dono do meu próprio nariz, mas não do meu único corpo. Além disso, entro na Universidade que é um mundo em que não só o cheiro do ar é diferente, por causa do laboratório de anatomia humana e da grama, mas também a forma de falar, explicar e acreditar no mundo. Agora eu decidi que não vou ser o que eu passei a minha vida toda querendo me tornar, heterossexual, porque eu nunca fui. Agora estou realmente incorporando e entendendo os que foi falado naqueles 18 meses de terapia.
Então criei, depois de uns dois meses, esse blog aqui. Tentei sintetizar tudo aquilo que estava acontecendo comigo. Quis falar de mim mesmo, da minha sexualidade, das minhas consciências ou o que hoje acho simplesmente ingenuidade minha naquela época e o que morro de medo de saber no futuro que o atual também possa ser. Certo era que eu queria acertar e colocar através das palavras o que eu estava sentindo e o que idealizo.
Creio que nunca tive sucesso com isso. Creio que nunca consegui porque o que eu escrevo é muito idealizado. Me perco muito escrevendo, abro muitos parênteses, sou repetitivo e acho que explico muito. Idealizo inclusive a forma como vocês vão ler e receber isso. Ou em outras palavras, me antecipo aos leitores.
Hoje dá mais prazer escrever porque sei que tem mais gente para ler e saber que sou lido. Isso satisfaz o desejo implícito de ser ouvido. Mas gosto do que escrevi no passado, do jeito errante, apesar de que me indago como pude escrever algumas coisas. Também fico contente por saber, que embora eu escreva o mesmo parágrafo inúmeras vezes, que embora eu demore uma hora para escrever coisas de se ler em três minutos, em mais linhas do que o necessário, eu sou idealista e tenho minhas utopias, se é que devo tratar o que pretendo alcançar como utopias.
Mas se bem que esse blog existe é por causa disso mesmo, ser ouvido. E ser ouvido não é só a consciência de saber que alguém vai ler e meia dúzia de gatos pingados, apesar que o Gato de Cheshire aparece pouco por aqui de tempos para cá, vá comentar, créditos ao Paulo Braccini por ser quem mais me prestigia com os seus comentários. Ser ouvido, e logo o que quero aqui, é ser saber que alguém entendeu o que quis dizer, que mesmo que não concorde comigo, o que eu tenho dito vai fazer pelo menos alguma diferença, mesmo que seja para dar mais convicção, a alguém que pense diferente de mim.
Então é por causa disso que escrevo e delongadamente contra a religião, contra Deus, contra o pastor Silas Malafaia, a favor dos direitos civis, a favor da Dilma e do PT e porque acho que homossexual não deve votar em partido de quem é contra PLC 122. E por isso que as vezes escrevo aqui, eu acho que nem eu entendi realmente o que eu falei. Sabe, é que eu sou ruim com ensaio. Da preguiça escrever o mesmo texto duas vezes.
Bem, vou continuar escrevendo aqui por causa de tudo isso que eu acredito, pelos mesmos motivos de quando escrevi no passado, embora agora tenha mais coisa diferente e eu saiba muito de quando comecei isso aqui. Algumas vezes escrevo com esses títulos parecidos, apenas parecidos, com texto de filosofia porque acho bonito se parecer Cult e filosofia é Cult.
É, não é cair em parafuso e nem crescimento em espiral. Em parafuso horizontal significa para mim, ir para algum lugar, que pelo visto nem eu sei o que é e onde fica.
P.S.: Agora sim eu fui metablogueiro.