sábado, 28 de novembro de 2009

Eu sou homem com H e com H sou muito homem

Mais uma aleatoriedade sobre o meu cotidiano, um deprezo à religião e um aísougay para alguém.

É comum haver discussões durante as minhas aulas, os professores gostam de incitar o debate e debatemos. Dessa vez a aula era de um disciplina cujo tema orbita ao redor da Educação. O que fica entendido é que os professores não devem transmitir prenconceitos, exemplos são citados ao tratar de temas relacionados aos gêneros, à sexualidade, à homossexualidade para ser mais exato, à influência africana na constituição da identidade brasileira e que agora é obrigatório ser ensinado na escola.

Sobre gênero e homossexualidade a professora cita e a turma cantarola junto com ela “nunca vi rastro de cobra, nem couro de lobisomem, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, porque eu sou é homem, porque eu sou é homem, menina eu sou é homem, menina eu sou é homem e como sou. Eu sou homem com H e com H eu sou muito homem, se alguém duvidar pode perguntar (?) pelo meu nome (?)”.

São jogados então vários temas que vão inflamando ainda mais a chama e o calor do debate. Minhas colocações são concisas e para quem puder ouvir, são sarcasmos e acides disparadas contras os argumentos religiosos dados para manter a convicção em algo que eu e muitos acreditam equivocados, pricipalmente os relativos a homossexualidade e o dilema para definir se é preconceito a objeção das religiões a essa condição.

Vou me incomodando com as premissas tomadas por alguns para justificarem o que para mim é sim preconceito das religiões e tentar explicar a homossexualidade. Tem a hora que a professora comenta rapidinho para mim:

- Ainda bem que você está ajudando a segurar o debate na polidez.

Meu estomâgo fica gelado, como algumas vezes ficou e como eu pensava que não ficaria mais e cochicho em seu ouvido:

- Complicado é para mim que sou homossexual e com eles não concordo, mas não posso me assumir para quebrar os paradigmas deles.

Imediatamente apreensiva ela volta ao meu ouvido e diz:

- Não faça isso agora, depois te explico porque.

O porquê dela para mim é um mistério, não consegui ficar sozinho com ela depois da aula. Enfim, me assumir ali para todos não era o que eu ia fazer. Independente disso, arrepios tive por todo o resto da aula, achava absurdo a justificativa dada pelos colegas religiosos para falar que as religiões africanas são complicadas de serem tratada, comparando-as a esse tal de Diabo, uma das melhores invenções para tirar das pessoas da responsabilidades que elas tem sobre as coisas ou para assumir o que é fato.

Agora fiquei esbabacado quando o colega religioso estressou comigo e com a turma ao dizer que para falar da Bíblia tem que conhecer de Teologia. Engraçado, justo eles, os luteranos que tanto pregam a livre interpretação daquele livro. Mais engraçado é que para dizer que se acredita nela não precisar de conhecer Teologia. E pelo que ele fala, teologia? Isso é ciência? Isso tem método? Tudo bem, estou sendo positivista aqui, assim também como materialista, mas teologia tem objeto de estudo? E é mais ciência do que a que estudamos naquela Universidade? Como assim tem ciência que é mais ciência que a outra?

Lógico, todo mundo caiu matando em cima do sujeito que o equivoco foi ter apelado e começar a falar aos berros e cortando a todos. Mas outra vez eu digo, religião é o câncer da humanidade alastrado nos sujeitos que deverão, mas não serão professores laicos, mesmo que não estejam em escolas confissionais, um erro cultural da nossa sociedade.

Mas não foi tudo perdido, ali deu para ver um galera realmente crítica, que incorporou aquilo que a Universidade potencializou em todos nós. Uma galera que questionou os próprios valores, a forma de perceber e pensar o mundo ao redor e abriu mão desses preceitos que vieram definidos como certo antes de todos nós nascermos e que até então nem tínhamos perguntado se é isso mesmo.