terça-feira, 8 de junho de 2010

Eu quero uma casa da década de 1940

Sexta-feira eu fui ao Centro da cidade procurar alguns serviços que não estavam funcionando. Na minha opinião, ponto facultativo é um contra-senso tanto quanto meio salário mínimo e desligar o Windows através do botão Iniciar, que nesse caso contorno fechando todos programas para em seguida apertar o botão Power.

Caminhava triste, o céu não estava nem azul nem nublado, o Sol estava fraco e entrei por uma rua bem bucólica do Centro. Não sabia que no Centro ainda existia ruas assim, tão simpáticas. O que me chamou a atenção foi uma casa da década de 1940.

Achei tal casa muito simpática. Estava desocupada, precisava de uma reforma, no jardim, no quintal, no telhado e na pintura e sabe se lá o que. Mas nada muito sério, o reboco aparentava estar bom.

Gostei da casa porque acho estilo Art Decó muito simpático, muito bonito, muito elegante. Dizem que o estilo parece a França, aliás, é um estilo que foi importado da França e chegou a Goiás com a modernidade da estrada de ferro. Enfim, acho um máximo casa de alpendre e esquadrias de madeira. Sem contar aquela mangueira ao fundo do quintal, coisa bem goianiense.

Estava pensando, apartamento que nada, quando tiver dinheiro para comprar minha casa própria vou ver se consigo descolar uma casa da década de 1930 a 1950 no máximo lá no Centro de Goiânia.

Tudo bem que o Centro anda abandonado pelo poder público e auto regulação do mercado prova-se ineficiente para torná-lo melhor. O lugar é feio, sujo, desorganizando e barulhento nas principais avenidas. Revitalização só tem ficado nas campanhas políticas. Mas tirando isso o Centro não é de todo ruim.

Primeiro porque está geometricamente no centro da cidade, ou seja, o Setor Central leva esse nome por sua localização literal. Segundo, é uma parte histórica da cidade, foi onde a capital começou. Terceiro, tem toda infraestrutura possível, presença de todos prestadores de serviço praticamente. Quarto, o Centro é o destino de muitas pessoas e nada melhor do que morar onde as pessoas querem ir.

Assim se foge dos engarrafamentos, dos ônibus lotados, aproveita melhor os serviços de entrega, compra tudo que precisa para viver bem, imagina o tempo em que as pessoas ouviam o tio Vargas falando através da Rádio Nacional lá no Rio de Janeiro para os brasileiros marcharem para o Oeste, para Goiânia mais necessariamente.

Tomara os paulistas não ficarem com raiva de mim e nem de Goiânia por ela ser um projeto que entre os entusiastas da construção está o Vargas. Presidente que na opinião de muita foi um populista. Aliás, tanto quanto dizer que vivemos uma ditadura gay, chamar os políticos de populista quando não concordamos com ele também é moda.

Daqui umas duas semanas passo na porta e fotografo a casa da década de 1940. Verá que ela precisa de uma reforma, mas que ainda sim ela conserva a essência de uma casa da época. A vizinhança também era simpática, padarias, supermercados, daqueles que parece que os funcionários conhecem os moradores.

Seria ótimo eu viver ali, criar um par de cães bacets, cuidar dos jardins aos sábados pela manhã, lavar o carro, que vai ser pouco usado. Só vai faltar alguém para fazer essas coisas comigo. Pena eu não saber quem. Mas já imaginei eu e meu amor sem rosto comendo na copa da casa. Sim, porque aquela casa é do tempo das copas e não salas de jantar.

Enfim, estou muito viado essas semanas. Talvez eu compense isso plantando alguns cactus, que para mim são muito machos, ao lado do girassóis.