sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Minha primeira semana de aula, como professor.


Primeiro dia de aula, eu me apresentei como professor regente e pedi para que todos se apresentassem e dissessem o que gostam e não gostam na escola.

No 9º Ano:

Aluna: Professor, você é estranho. (ela se veste de preto, usa maquiagem e acha que Linkin Park é metal)
Eu: Hum, você também é estranha.
Aluna: Todos dizem isso para mim! Já estou acostumada...
Eu: Eu gosto de gente estranha, os meus melhores amigos são estranhos para a sociedade (leia-se gays).
Aluna: Tipo eu?
Eu: Não, eles são legais. (fazendo a Paola Bracho)

No 8º Ano:

Aluna: Professor, você também tem a língua presa?
Eu (magoadinho): Problema bucomaxilofacial mesmo (falei para complicar mesmo).

No 7º Ano:

Aluno (interrompendo a colega falante): Eu tenho uma coisa a dizer.
Eu: Diga!
Aluno (todos prestando atenção): Não gosto do professor de Geografia (eu).
Eu: Eu também não gosto de você e vou ser obrigado a te tolerar um ano. Algo mais?
Aluno: Não (sorriso amarelo).

No 6º Ano:

Pedi para os estudantes escrever uma redação sobre o que é na visão deles a vida e Deus. Eis o que leio:

“Vida para mim não é só viver, tem que aproveitar a vida enquanto você está vivo, porque quando você morrer você não faz as coisas que fosse fazer quando estava vivo.”
Aluno 1

“Deus é a pessoa mais doce e meiga e amável desse mundo. E Deus existe sim.O que eu mais odeio é o Satanais que só deseja o mal.”
Aluna 2

“Deus para mim é real, ele existe porque ele faz muitas coisas boas ruins pra mim.”
Aluna 3 – Vontade de recomendar a ela a leitura de textos sobre a inquisição e acompanhar os casos dos direitos LGBT para que ela fundamente a sua tese.


“Eu acho que eu acho da vida é nascer, crescer, casar, reproduzir, beber, comer e morrer e assim por diante.”
Aluno 4 – Ele esqueceu de falar que temos que descomer e desbeber.



Enquanto monto o data-show no 6º Ano:

Aluna caçoando: Professor, esse menino quer casar com aquele menino!
Eu (querendo ser diplomático): Então respeite a vontade deles.
Sala toda: Uuuuuuuuuuhhhhh!!! Ouviu Mariazinha!
Eu (irritado): Sexto Ano!!! Calado!!!
Coordenadora entra na sala, todos ficam imóveis e ela passa aquele sabão na molecada enquanto eu termino de montar o data-show na santa paz.

Enquanto escrevo um texto na lousa para o 6º.

Aluno: Tí? Tí? Tí? Oh tiiiiiii?
Eu: Me viro estressado para a sala e percebo que o tio sou eu. Own, fofinhos!

Tempo depois...

Outro aluno: Ti!
Eu: Sim! (Já assimilando que eu sou o tio deles)
Outro aluno: Que letra é essa?
Eu: Essa?
Outro aluno: Ééééé.
Alguém da sala: Ele não sabe escrever o Vêêê, fessor!
Eu: Você não consegue escrever o V?
Outro Aluno: Não (envergonhado).
Eu: Do lado do aluno ensinando ele fazer o V, aja paciência. (Eike futuro, hein bruezeal?)


Bem que eu já sabia que eu ia aprender coisas.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Eu assumo, gosto de Jorge e Matheus

De verdade 2011 ainda não começou para mim. Tracei muitos planos para esse ano e de todos eles apenas um eu concretizei até agora, comprar cuecas novas, o que não é grande coisa. Mas levando-se em conta que durante 21 anos da minha vida eu pensei que a Marisa fosse apenas de mulher para mulher, comprar cuecas ali é novidade para mim e uma das descobertas de 2011.

Além da comercialização de artigos masculinos na Marisa, esse ano eu descobri que gosto de Jorge e Matheus. Eu já sabia disso antes, mas vocês que são homoafetivos sabem como é, existe um processo de entendimento, auto-aceitação e posteriormente assumir à sociedade, que é tipicamente incompreensível e hostil para algumas de nossas preferências. Agora que eu assumi que gosto de Jorge e Matheus, em fevereiro eu pretendo ir a um show deles que será aqui em Goiânia. Irei até lá do mesmo modo que um gay se interessa pela parada do orgulho de sensualizar em público.

Um rapaz de 18 ou 19 anos, não me lembro a idade, mas lembro que eu perguntei, me é o responsável por me fazer entender que gosto de Jorge e Matheus. Era a madrugada do segundo dia deste ano, chovia muito e fazia frio, estávamos na rua, eu, ele e os parentes que acompanhavam a Folia de Reis, na qual meu avô toca e “embaixa” versos e cuja tradição de chegar na calada da noite às casas dos devotos dos Santos Reis ainda permanece. Estava conosco o cunhado gostoso e pirocudo, da prima e o qual ela acreditar ser “viado”, uma vez que ele não come as periguetes que querem dar para ele. 

Bem, alguns sabem que o cunhado da prima mexe comigo e eu o desejo toda vez que o vejo. Logo, naquela fria madrugada eu estava carente, sentado em uma eira qualquer ao lado dele, fazendo a linha machinho, mas morto de vontade de chegar mais e me esquentar naqueles perfumados moletons dele. Naquela hora o rapaz de 18 ou 19 anos, que tocava e participava do coro da folia, se aproximou de nós – cunhado da prima, eu, e as outras primas, que são gostosinhas e que estavam com vontade de dar para o rapaz de 18 ou 19 anos – e começou a sensualizar para as minhas primas tocando canções do Jorge e Matheus.

Enquanto eu via aquela boca cor de rosa cantando “Por que será que você não assume que eu sou seu homem? Por que o tempo todo fala no meu nome? Confessa que você não sabe me esquecer!” e aqueles sugestivos dedos tocando aquele violão, notei que aquele rapaz ficava mais bonito e sedutor tocando Jorge e Matheus olhando para mim com aquela cara de “suas primas estão loucas para dar para mim e não sei porque você me olha assim”. Notei também que as músicas do Jorge e Matheus são como as músicas da Ana Carolina, pois combinam com o meu estado de carência, porém usando sanfonas e violas, fazendo a linha cultura de massas que não toca em rádio de segmento adulto e que vocês que acham que não são bregas não ouvem, mesmo que Chico Buarque, Tom Jobim e Oswaldo Montenegro durante a madrugada façam chorar.
Digo mais, se a Drica (que vocês conhecem como Adriana Calcanhotto) regravar uma música do Jorge e Matheus vai todo mundo cantar dizendo que as letras deles são boas.

Bem, é isso, peixos, me liguem e vejam aí a música original Tem Nada a Ver com o Jorge e Matheus: