terça-feira, 29 de setembro de 2009

Mas você vai ser professor?

Sim! Existe uma comunidade no orkut com esse nome cujo título e descrição me inspiram a fazer dessa pergunta, Mas você vai ser professor?, uma constante.

Pode ser uma verdade feita, mas já são quase três anos dentro da Universidade e eu refletindo sobre isso, mesmo assim ainda tenho comigo, Professor é a mais importante classe da sociedade. Lendo vários autores, estudando vários casos de vários países chego a essa conclusão.

Mas não é a importância que o Professor tem que me faz pensar que no final do ano que vem serei um. Quando olho os editais dos concursos e vejo as cargas horárias intensas e os salários de fome eu penso realmente se eu vou ser professor.

Fui até a escola em que estudei todo ensino fundamental, vi vários professores daquele tempo. Era inevitável o “mas você vai ser professor?” que me faziam. Hora com um entusiasmo, outra hora com um certo desdém, do tipo eu colocava tanta fé em você e me vem dizer isso.

Enfim, sempre fui bem quisto pelos professores, mas não será a minha graduação o motivo de mudar esse status entre eles. Assim espero. Mas ali em contato com a escola, com os professores sou bombardeado por várias memórias.

Das memórias tenho boas e más. E o que me levou a voltar àquela escola foram as boas, mas das más eu não esqueço. E falar das memórias ruins não me traz conforto, é meio que um tabu para mim e talvez um dos poucos, se não o único gargalo, que a minha sexualidade ainda tem.

Na escola foram várias as vezes em que cassoaram de mim, quando não me agrediam. Isso fazia com que eu me sentisse a pior das pessoas e chegasse a desejar nunca mais voltar para aquele lugar. Algumas vezes pedi a minha mãe me tirar de lá. Ela fica ofendida também quando dizia o que acontecia, mas mandava eu virar homem.

Quando minha mãe mandava eu virar homem eu ficava pior ainda, pois me sentia abandonado e ainda achava que a culpa era minha. Enfim, existiam momentos que pensar na escola era simplesmente ativar em mim sofrimento, um desejo de não ir.

E de uma coisa eu posso dizer, eu tive de tudo para não me autoaceitar e ser infeliz. Resolver o nó da minha sexualidade me conferiu uma qualidade de vida, uma leveza de espiríto, uma serenidade no sono que as pessoas que mais se gabam de gostar e ou amar a mim não ajudaram em nada.

E então eu penso, mas você vai ser professor? quando penso que vou trabalhar onde estudei sabendo que as crianças que romanticamente a sociedade atribuí uma ingenuidade, uma imacula, que na verdade não existe, fazem julgamentos e atitudes daquilo que em nós adultos se entende como maldade.

Mas não vou me preocupar em responder definitivamente essa pergunta. Vou ser professor, enquanto tiver ânimo, vontade, enquanto não aparecer nada melhor. Mas fiquem tranquilos, não vou quebrar galhos quando tiver atuando profissionalmente, vou fazer o que seja ético sem pensar que eu tenha a messiânica obrigação de quebrar os paradigmas das crianças.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Deus, religião e sexualidade.

Postei numa comunidade aí, achei bom e estou colocando aí.

Ruim de pegar assunto que fale de religião é que as crenças costumam ser deterministas e na hora de julgar a fé alheia comete-se muitos equívocos, pois se utiliza sempre a própria fé como pressuposto. Por isso que tem quem diga que todo ateu no momento de aperto recorre a Deus. Ledo engano.


O dilema entre ser bissexual, ou homossexual que não influência muita coisa nesse julgamento, é se é possível viver bem com a sexualidade e acreditar em Deus.


Indo do pressuposto que Deus é diferente de religião, é possível sim. Porque Deus, ou a determinação que se quiser dar a ele, é uma abstração que varia conforme a cultura, o tempo, a sociedade, a história, o grupo, o interesse, as idéias das pessoas e a subjetividade de cada um. Ou seja, cada um, ou cada grupo, religioso por exemplo, definem Deus conforme suas peculiaridades, porque Deus é uma definição mais variável e flexivel.


Dessa forma é possível acreditar em Deus sem entrar em conflito com a própria sexualidade, desde que a concepção que se faz a respeito de Deus tolere a sexualidade do indivíduo.


Quanto às religiões, o assunto é mais complicado, pois muitas delas, principalmente as grandes confissões como a muçulmana, a judia e as variadas cristãs fazem um definição de Deus como não tolerante a nada que não seja heterossexual.


Portanto, uma pessoa, que antes de ser católica é um bissexual, entra em conflito com o que prega sua religião, já que ela é algo mais normativo e definido em relação a Deus e que não tolera as práticas não heterossexuais.


Sobre a parte da religiãofobia, eu confesso que tenho, pois vejo a religião como uma ameaça as minhas liberdades individuais, além de uma punição ao que foge do meu controle e escolha, a minha sexualidade, e me obriga a viver de uma forma sofrível e injusta com isso tendo como justificativa argumentos relativos, simplistas, determinista, impositivos e, na maior parte das vezes, incompravados.

Exemplo disso é a mobilização que a bancada religiosa faz no Congresso Nacional para impedir leis que punam a homofobia, equiparem os direitos civis, criem condições para adaptação a diversidade de identificação de gênero, cujos argumentos são pautados na bíblia, na defesa da família cristã, como se todos fossem cristãos e como se homossexuais fossem perigo a eles, atribuíndo a nós desvio de caráter, perversão, doença, pedofilia, disturbio, transtornos sem nenhuma propriedade técnica e comprovação cientifica.


Além disso as religiões utilizam concessões públicas de radiofrequência de rádio e televisão para, entre muitos absurdos, veícularem propaganda homofóbicas e visão conturbadas.


Por isso vejo que acreditar em uma religião, católica, evangélica, enfim é dar apoio a um movimento contrário ao próprio indivíduo, porque antes de ser católico ou evangélico, a pessoa é em primeiro caso bi/homossexual tanto quanto é branco, negro, mestiço, isto é, partindo do pressuposto que religião seja uma construção social e a sexualdiade, assim como a cor da pele, algo inerente ao individuo, que é o que acredito ser no meu caso.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Papo Aleatório VIII – Um dia nublado

Bom, não é nada, é só vontade de escrever mesmo. Eu recomendo que você não leia essas baboseiras

Eu estou bem, me sinto mais livre agora. Ele logou, eu falei que da minha parte não dá para rolar. Pedir para ele esperar seria egoísmo da minha parte para o que agora e nem sei quando dá para acontecer. Por enquanto eu prefiro só a amizade.

Ele não fez escândalo, disse que tudo bem, mas acha que estou apaixonado por outro. Quem dera, se eu tivesse apaixonado por outro eu falaria também. Mas não foi mesmo. Feliz eu sei que ele não ficou, nem sei como ele dormiu já que acho que ele botou fé na relação.

Bem, eu recolhido em mim mesmo dormi muito bem essa noite. Acordei às  08:00 horas – sim eu sou um estudante universitário que não procura emprego porque tem medo de entrevistas, dinâmicas de grupo, não aguenta as desculpas esfarrapadas que dão quando não querem contratar, psicólogos de RH e ninguém sabe – e noitei que o céu estava nublado.

Fui até a janela, me senti livre quando pensei que não tinha que mentir para ninguém e que tudo ia dar certo agora, mesmo que eu acordasse às 08:00 horas da manhã. 

Deitei na cama outra vez e continuei olhando pela janela, que fica aberta a noite toda, pensei nas massas de ar, nos impactos ambientais, na impermeabilização do solo, no oiti – acho que é esse nome – cuja a copa está bem mais alta comparado ao ano passado e que o irritante do meu vizinho fica colocando o carro dele na sombra.

Imagem

Foto que eu tirei agorinha….

Isso que eu não entendo, ele tem uma calçada maior do que a minha, além de inútil, e não planta uma árvore. Aliás, ele cortou a pupunha que tinha no quintal dele para dar lugar a mais uma vaga para o carro do padrasto.

Me levantei e fui ver tv, reprise do Bom Dia Brasil na GloboNews. Me sinto tão alienado, além de preguiçoso e letárgico. Almocei, assisti o Jornal Anhangüera 1ª Edição. Vi as ofertas de emprego, não tinha nada para que eu pudesse me candidatar e isso serviu como uma desculpa esfarrapada para a cobrança da minha consciência.

“Viu só, nada de call center, nada de pessoas sem experiência e nada para a Educação, que é a minha área!”

Agora estou aqui, navegando na web, escrevendo esse texto, me irritando com as correntes que me mandam por email, pensando metarracionalmente.

Vou lavar a louça, arrumar meu quarto, limpar o chão, gravar um mp3 com o que tá bombando na rádio e começar a pintar algumas paredes da minha casa. Se tem uma coisa que faz a gente pensar é pintura, de parede. Acho atividades como essa tão racional.

domingo, 20 de setembro de 2009

Fatos e fantasias

O que é fato é que eu fui a parada gay e gostei de ter ido. É também fato que eu beijei na boca e gostei de ter beijado na boca. Também não deixa de ser fato que eu gostei de ter matado aula naquele agradável dia de chuva para ficar com ele outra vez, mesmo que isso me custasse uma avaliação em sala e mentiras sujeitas a serem desmacaradas.

O que é fantasia é que eu não me sinto sentimentalmente atraído. É fantasia que um eu te amo que por ventura possa ser dito da minha parte agora é verdadeiro. Também é fantasia que eu não me sinto pressionado e que estou satisfeito com a discussão de relação que tivemos ontem.

Combinamos deixar rolar, enquanto deixavamos rolar ele se antecipou, disse que me amava e disse a alguns que já “firmamos”. Não tenho raiva disso, mas isso me faz sentir pressionado e de certa forma me faz pensar que eu não estou tendo controle.

Pedi mais um tempo, não quero magoar ninguém. Disse que acho duas semanas, que se completam hoje, tempo insuficiente para firmamos um compromisso. Ele entendeu, pediu desculpas – embora não fosse uma questão de pedir desculpas porque eu não me ofendi com nada.

Mesmo assim não fiquei satisfeito, pedi para ele esperar um pronunciamento sobre um sim ou um não, o quê seria algo egoísta da minha parte, aliás, até agora está sendo. Ele não tem o mesmo tempo, ou interesse em utilizar esse tempo se o tiver, esperando por algo que eu não posso prover a ele, uma relação.

Então é melhor parar, ficar só na amizade porque não dá certo. Combinamos deixar rolar por mais um tempo e ainda hoje ele me pergunta se pode sair com uma das pessoas que eu conheci na parada e que é amigo dele há muito mais tempo do que ele me conhece, sem contar os sms lá com seus Eu Te Amo e me tratando como Amor.

Ou seja, me sinto pressionado com isso tudo e é então melhor deixar o caminho livre para ele. Não tenho atração afetiva por ele agora e não boto fé que terei um dia e dessa fez devo confiar nas minhas emoções. Namoro é para se conhecer e ver se gosta, mas se namora quando tem alguma coisa atraíndo e essa coisa deve ser lá uma paixão, um afeto mesmo que mínimo e que não tenho.

Sendo assim vou ser transparente, vou esperar que ele chegue em casa e dizer o que eu sinto, ou não sinto, para que eu me agarre só ao que eu quero. Não quero posar de super herói e nem ter o que não está sendo interessante para mim, uma relação.

Então fica melhor assim e não magoar ninguém.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Papo Aleatório VII – Um dia de calor

Agora está um céu limpo e claro lá fora. Claro não por muito tempo, está anoitecendo, é quase 18:00 horas. Apesar de estar limpo e anoitecendo faz calor e eu estou suando e sem camisa.

Ficar sem camisa é algo chato, não gosto. Meu corpo é unsexy na minha humilde opinião e estou pigando de suor em bicas enquanto deve estar fazendo aí uns 36° C. Além disso ficar sem camisa me faz sentir nu e é como se eu tivesse mais desprotegido e sujeito a julgamentos.

Se bem que ultimamente não estou me preocupando tanto com os julgamentos. Fui a parada gay e nem me preocupei com julgamentos, seja os que poderiam se fazer de mim, como os que eu pudesse fazer a respeito dos outros.

Foi bom, conheci mais pessoas, conheci mais o mundo e voltei mais leve. A parada gay não foi apenas uma diversão, foi um aprendizado também e um escancaramento de novas oportunidades.

Daí que outra vez cá estou eu escrevendo sobre as oportunidades que não estou agarrando. Dessa vez, como em várias outras, o ceticismo. Fico aqui achando que as coisas tem tudo para não dar certo comigo, e o pior, muitas vezes acontece.

Agora existem mais pessoas lá no Orkut social, o fake está um tédio e não sei porque ainda não apaguei. As pessoas deram um ânimo novo para abrir aquela coisa lá. O melhor foi uma pessoa em especial que dá para chegar mais e explorar o corpo dela sem constrangimento maiores.

Parece que estou a vontade, mas não estou. Prometemos um ao outro deixarmos rolarmos, ver no que vai dar. Tudo bem, mas daí que nem tem duas semanas e o cara já está me dizendo que me ama.

Isso é para mim constrangedor. Primeiro porque eu não me apego ao que dizem os poetas sobre o amor, não acho amor algo incondicional em todas vezes, mas algo que é construído e no nosso caso não deu tempo de construir isso.

Além disso Eu te amo não é saudação ao chegar, ao sair e nem vírgula, assim como enter também não é. Eu te amo é uma confissão de um sentimento que se nutre. Daí que eu não sinto esse sentimento.

Eu gosto dele sim, eu sei. Não sei se é como amigo. Acontece que para mim as coisas não são simplesmente dizer que são e elas se tornam. As coisas são construídas e leva, muito ou pouco, tempo.

Não quero magoá-lo, aliás, agora magoar é tudo que eu não quero fazer a ele. Mas quero deixar claro, sem querer ser sofista, sem querer ser idealista, sem querer ser chato, sem querer ser brochante dizer que eu não amo ele, embora eu ache que deva dar certo nossa relação.

Mas enfim, outra vez vou confiar no tempo e esperar o contexto para tal. Assim quem sabe as coisas deem certo.

E outra vez enfim, Deus sabe o que faz [/Irmã Selma] e rezar é uma ótima forma de achar que se está ajudando [/@OCriador]. Por isso não rezo e nem acredito em Deus.

P.S.: Como estou atrasado perdoem-me pelos erros de ortografia, gramática e concordância acima da média. E olha que agora num é nem preguiça de revisar o que escrevi, é que estou atrasado mesmo.

sábado, 12 de setembro de 2009

O Estado quer roubar meu corpo

E lá está o Estado, baseado em leis, em moral, em religião e outros fatores do tempo em que a ordem não era questionar o poder.

Não questionando o poder foi se permitindo que o Estado hoje escravize, defina ou seja conivente com o que fazem com o corpo.

Existe alguma liberdade na obrigação de apresentação e do serviço militar obrigatório? Existe algum fator humanista em ser obrigado assassinar outra pessoa para defender interesses diversos de quem quer que seja?

Não e não. A lei do serviço militar obrigatório na verdade é só outra confirmação de como o Estado usurpa o poder sobre o corpo, que pertence ao indivíduo.

Ninguém tem obrigação de morrer por um Estado que de caridoso nada tem. Por um Estado, chamado de pátria para ser personificado e assim os idiotas desenvolverem por ele um afeto mais fácil, não se morre, ainda mais quando quem o lidera é quem inventou a guerra e ou quando esse Estado é financiado com quase 40% de impostos.

Serviço militar obrigatório é apenas a forma mais descarada, mas ignorada pela paixão irracional das pessoas, de como o Estado tira das pessoas o poder de decisão e a autonomia delas sobre os próprios corpos.

Defendendo diferentes interesses e convicções, o Estado impede equivalência de direitos, principalmente entre homossexuais e heterossexuais, criminaliza outra vezes quem decide por algo, como consumir narcóticos e tolera outros.

Enfim, não sou ingênuo e não acredito que meu corpo seja totalmente meu, não que outros tenha direitos sobre o que eu faço questão que seja só meu, mas sim porque o corpo é disputado constantemente, pois seu domínio confere poder.

Apesar de tudo, quero dizer que não sou contra o Estado. Sou favorável a um Estado compacto, não mínimo, feito por pessoas e para pessoas defendendo interesses desde que não se passe por cima da liberdade de outras pessoas.

No entanto o Estado não é dono de ninguém e muito menos pode obrigá-las a ceder o mais preciosos bens, a integridada, a liberdade e a vida por interesses alheios.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Os filosofos… da rodoviária

O que quero dizer é que eu reconheço que sou limitado, incompleto, ingênuo, inexperiente, jovem – ainda bem, que tenho muito que aprender, que não sou dono da verdade.

Reconheço que devo que devo ter humildade para pensar sobre mim mesmo. Mas e você não tem que ter humildade, se perguntar e se julgar sobre quem você pensa ser e acreditar?

Gosto quando muitas pessoas, os filosofos… da rodoviária, se dão conta que eu tenho medo de todo mundo que tem opinião pronta e formada para tudo, até sobre o que não conhecem e se recusam conhecer.

Tenho medo porque são essas pessoas as que fazem os julgamentos mais ignorantes e mais levianos.

Gosto quando as pessoas questionam até que ponto o que elas dizem ser a opinião delas é delas mesmo, baseando-se no que elas de melhor aprenderam na vida. Aprenderam e não copiaram!

Tudo bem achar o que nos passam algo bom, o que não é certo é querer incorporar essas verdades sem questioná-las sendo que tudo é questionável, até o inquestionável.

Gosto também quando as pessoas pensam que talvez seja tudo passível de questionamentos e que um único olhar não representa a verdade e sim uma verdade quando existem várias perspectivas e assim sendo várias verdades, que embora várias não deixam de ser verdades.

Gosto que as pessoas pensam que seja arrogante pensar que a subjetividade de si próprio é maior do que a das outras pessoas e por isso se é melhor, quando na verdade apenas está, se é que possível estar.

Gosto quando as pessoas pensam se a experiência não deva ser cálculada pelos anos de vida e sim pelo valor que cada uma delas, as experiências, tem para a construção do humano que se é.

Assim sendo talvez pensem que os anos de vida podem ser inuteis para se tornar alguém melhor quando o que contribuiu para isso tenha acontecido uma única vez na vida.

Gosto que as pessoas pensem se não é mais certo pensar que só se conhece quando chegamos perto e esmiuçamos ao invés de pensar que tudo que de longe está a reluzir seja ouro.

Gosto que as pessoas pensem se talvez não seja megalomania achar que o mundo é maior do que se é quando a nossa ignorância que é grande na verdade e que o mundo é bem menor, bem simples e nós que o tornamos complicado.

De tal maneira pode ser que dê para pensar que não existem fórmulas mágicas e nem equações para se viver, para lidar com o fácil e gestual.

P.S.: Filosofos da rodoviária são aquelas pessoas que se assemelham as que já encontrei não só nas rodoviárias, mas nas mesas de bares, filas de bancos, e afins que puxam conversa comigo e que tem uma visão pronta, inquestionável, inrevogável, para tudo, mesmo que ignore algumas coisas, mesmo que não reconheça que essa ignorância existe.

P.S.:² Talvez eu esteja com paranoia por ter me dado conta que eu já não tenha mais certeza de nada, nem do que é a REALIDADE (que algum filosofo da rodoviária) mandou eu cair amanhã, digo ontem. Só sei que nada sei (foi Aristóteles que disse?).

P.S.:³ Viver é muito complicado, mas quero tentar simplificar.

P.S.:(²)² O menino lá da parada gay me ligou, e eu liguei para ele, ele me mandou SMS, eu mandei SMS de novo. Aproveitamos os bônus da Vivo e hoje matarei aula para vê-lo.

P.S.:(³)² Vamos deixar rolar, o que rolar rolou e o que não rolar é porque não rolou. Falavámos isso ontem quando aproveitávamos os 20 minutos de bônus que a Vivo me deu.

P.S.:(²)³ Hãããããããã éééééér [/Marília Gabriela]

VIVO SINAL DE QUALIDADE )))

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Eu ia e eu fui

E então eu fui a parada gay, com essa experiência aprendi muitas coisas que certamente vão contribuir para o meu processo de auto-construção. No processo de decisão em ir a parada gay, apesar do receio, e ir para ter ficado até o fim, tenho muitas coisas a comemorar. São ilusões que desaparecem, reflexões que faço, novas ideias, novas experiências. Enfim, valeu a pena ter ido a parada gay.

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Sou o da esquerda.

No sábado estava convicto sobre minha decisão, eu iria ao evento supracitado. Não aguentando a expectativa sobre a reação da minha mãe eu contei logo na noite desse dia que iria a parada. Ela perguntou se iria a parada militar e eu seco respondi, a parada gay. O que me surpreendeu foi a reação dela, se ela sentiu ela não demonstrou, sem receios por mim, sem choro e o melhor, sem perguntas excessivas, retóricas e desnecessárias.

Bom, daí acho que minha mãe já evoluiu, mesmo que em partes e eu não tomei noção disso. E agora me questiono se não estou sendo injusto com ela, com o jeito ríspido que a trato quando assunto é a minha sexualidade e se não é o caso de, entrando na onda da nova novela, viver a vida.

No domingo, que é o dia de hoje, lá pelo começo da manhã sonhava que transava, aliás, ia transar com um rapaz que mora aqui perto de casa. O conheci na infância, hoje ele já é adulto, mais velho que eu e bonito, talvez por isso o sonho libidinoso. O sonho ia interessante, problema que na hora do vamos ver minha mãe coloca a televisão na sala berrando na missa de Trindade – GO. Sempre minha mãe.

Enfim, acordei cedo, contra minha vontade e libido. Toquei uma para drenar um pouco da tesão. Tomei banho, me arrumei, almocei pouco e fui à parada. Fiquei na plataforma esperando o meu amigo e sua trupe por mais de hora e vendo as figuras coloridissimas que desembarcava no outro sentido da linha e no meu para irem ao evento.

A fiscal, simpática, com cara de heterossexual fazia suas colocações sobre os homossexuais, sem ser preconceituosas, mas demostrando desconhecimento. Eu apenas explicava algumas coisas que depois ela foi perceber porque explicava com tanta propriedade. Sou gay meu bein!

Subimos para o shopping que existe no centro da cidade, amplamente frequentado pela turma do babado. Foi divertido quebrar o gelo com relação aos amigos do amigo. São comunicativos, barulhentos, estressados, efeminados, divertidos, necessários para o meu processo de deseterossexualização.

Descemos para o parque, onde a parada ia partir. Foi bom, a sombra das árvores, as famílias dos homossexuais trazendo seus filhos e suas crianças para o evento, para desde cedo tirar as mistificações.

Confesso que as pessoas de lá são bizarras comparadas com o que estou acostumado a conviver e ver diariamente. Mas elas deixam de ser bizarras quando nos aproximamos delas, posamos juntos para fotos, brincam e abraçam! São seres humanos de expressões, texturas e emoções humanas! Não tenho mais medo de travestis!

Durante o evento vi algumas pessoas conhecidas de longe. Sabe os professores da universidade que você desconfia? Então, quando você desconfiar da próxima vez é bem provável que acerte e hoje acertei.

Encontrei uma amiga, que não sei se estava perdida, se era simpatizante, se estava com o namorado, se estava porque era do babado também. Só sei que ela estava e me deu beliscadinhos na barriga para dizer – Oi Well. E eu respondi com um sorriso pouco me importando com o que ela vai pensar.

Confesso que pensei no que vão pensar quando notei um velho conhecido, mala sem alça ainda por cima, da Igreja que estava trabalhando na área técnica de um dos trios. Fiquei constrangido, mas a vergonha passou quando o álcool subiu a cabeça, mesmo que eu não tenha feito nada do que me fosse arrepender depois.

Ali, ligeiramente bêbado, beijando o tempo todo a boca de alguém que agora estou esperando me ligar, se é que vai ligar, explorando e descobrindo a liberdade e o tato corporal, entre as amigas de rodinha, lésbicas ou simpatizantes, mas principalmente entre os amigos de rodinha, muito deles gatinhos, foi lindo embalado nos remixes de Lady Gaga, Beyonce, The Pussycat Dolls, olhar o céu azul anil profundo ao entadecer. O céu azul que aparece depois de três dias cinzentos e agradávelmente chuvosos.

O nome é parada do Orgulho LGBT e não teve nenhum discurso político, pelo menos que eu tenha ouvido. Sequer consegui ouvir o Hino Nacional, que não foi entoado pela Vanusa. Teve distribuições de camisinhas e não falaram sobre os projetos que correm no Congresso do Sarney, pelo menos no Senado ele manda e desamanda, que tratem da homofobia e dos direitos civis aos homossexuais. Não falaram das concessões públicas de rádio e TV sendo utilizadas pelos Renatos Aragões e Chicos Anysios da vida para discriminar com seus retardados humores os homossexuais. Muito menos das concessões públicas usadas pelos padres e pastores evangelizarem sua intolerância.

De político não teve muita coisa, que eu tenha visto, porém políticamente incorreto também não. Mas sabe, se pode desfile de 7 de setembro que de político não tem muito, de formação de caráter patriótico – o que acho uma grande besteira – muito menos e que na verdade é incitação aos órgãos estatais de controle e violência, por que não pode a parada do gay? Ganharia-se muito se a parada fosse mais política, pelo menos enre os participantes, mas porque esse pragmatismo em tudo também?

Enfim, mas falar do macro, da política e da mentalidade da sociedade não é bem o caso quando as maiores transformações aconteceu no indivíduo, no caso eu. A partir de hoje posso dizer que tenho menos preconceitos, mais autoconfiança, mais experiência.

E parafraseando o Mal do Castelo Rá-Tim-Bum, eu ia e eu fui.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Eu juro, só não tenho certeza…

Sem querer ser um sofista, mas já sendo, a vida é feita de escolhas. Algumas escolhas são complicadas e decidir o que se fazer, ou não fazer, a respeito dela demanda muita razão, muita paciência e porque não, muita emoção. Outras escolhas são simples, muitas vezes tão simples que nem penso que ela é uma escolha.

Mas enfim, algumas escolhas, mesmos que simples, acabam criando em mim, seja na razão, seja na emoção, um dilema fudido. Não são raras as vezes que eu estou entre a cruz e a espada, a cruz de isopor e a espada de espuma.

Ganhei uma semana para escolher entre o sim e o não, e escolhi o sim para a parada gay. Parece simples, mas não é. Para mim foi complicado e confesso que ainda estou com vontade de voltar atrás e dizer não. Porém resolvi seguir a propaganda da Visa, que passou no tempo do a vida é agora,  e não colecionar NÃO’s.

Decidi jogar algumas das coisas para cima, questionar, quebrar destruir mesmo que as vezes isso possa fazer mal ou falta, mas se vai, falar agora não passa de hipótese, de possibilidade. Enfim, eu decidi que vou parada gay, ou não.

Vou tentar ser breve, o que dúvido que vou conseguir, e explicar um pouco da minha trajetória de vida e o meu passado recente, ou será que é médio? Assim pode ser que alguém entenda a minha subjetividade e dê um conselho que tornará o meu caminho reto, plano, duplicado, sem radares eletrônicos e taxista, aquela classe filha duma put… que é isso que eles são.

Bom, quando criança eu já me sentia atraído por homens, pelo menos pela estética deles e depois sexual e emocionalmente. Com as mulheres o processo não se repetia da mesma forma, aliás, não se repetia. Fui crescendo em meio a ignorância do que acontecia comigo, em ambiente culturalmente nada propicio, com mistificações – palavra nova que aprendi usar e acho chique – a respeito da homossexualidade e o principal, a homofobia.

Naturalmente, eu que não sou alheio ao meio, fui incorporando isso, os preconceitos, a homofobia e zaz.  Além dos prenconceitos desenvolvi medo de ser identificado como homossexual, e o que mais me marcou para agir assim foram o bulling que sofri na Escola, os preceitos religiosos que já defendi com veemência e o assédio moral e a violência física que sofri da minha mãe quando ela me encontrou brincando de médico, com um outro menino da minha idade.

Cresci com medo de ser o que sempre fui, homossexual, e de ser identificado como tal. Acredito que isso tenha servido apenas para atrapalhar o meu processo de autoentendimento e autoaceitação. Quando me autoaceitei, próximo aos 18 anos de idade, passei a não ter mais vergonha de mim para comigo mesmo, mas das outras pessoas sim. Cheguei até comemorar a revelação da sexualidade a terapeuta, que lógico que já fazia ideia a um bom tempo.

Hoje da vergonha  me resta menos. Não fico constrangido ao falar da sexualidade com outros amigos que sabem e, conforme for, eu até a sugiro em alguns lugares em algum contexto. O que não gosto é que as pessoas que não conheço ou não confio saibam da minha sexualidade, não é da conta delas e acho isso íntimo, ainda mais quando as reações hostis mais do que factuais, são comuns.

Ir até a parada gay é identificar a minha sexualidade, ou sugerir j á que nem tudo que reluz é ouro, aos que por lá estiverem ou passarem. Pessoas com as quais não tenho intimidade, não tenho delas respeito em virtude da devoção e por aí vai.

Também não tenho incorporado totalmente algumas coisas. Algum tempo atrás escrevia neste blog falando do meu armário, situação que acho legitíma, e agora já estou falando de eventos que não combinam muito com quem está nessa condição.

Mas para quê ir até a parada gay então? Quero conhecer o evento para dizer se gosto, para dizer se é bom ou ruim, para colecionar a experiência, matar a curiosidade, para criar um discurso coerente.

Nunca confiei nesses julgamentes publicados na grande mídia criando uma mentalidade negativa a respeito do evento, pois sinto existir uma intencionalidade heteronormativa, até no “sou contra a parada mas respeito os homossexuais”. Ao mesmo tempo acho que tem homossexual que se rendeu a esse discurso mal intencionado quando o adota sem conhecer o evento.

Acho que devo ir ao evento, apesar que tenho comigo o velho pensamento do que os outros vão pensar de mim. Também acho que devo ir para mostrar a mim mesmo quem está no comando da minha vida, se é eu ou o que os outros pensam de mim. Eu deixo de fazer muitas coisas por causa dos outros e o mundo e o tempo são meus.

Chato, chato mesmo só vai ser dizer a minha mãe que eu vou a parada e querer que ela fique numa boa com isso. Ela vai chorar, ela vai berrar. Eu não vou chorar, mas berrar com ela eu vou.

Mas eu juro que vou a parada gay, só não tenho certeza.