Quando se trata dos meus gostos musicais as melhores vozes são as femininas. Só as mulheres transmitem tão bem o que pode ser a alma, a essência, a intenção de uma música. Muitas vozes se assemelham, porém outras se destacam tornando mais do que uma marca registrada da cantora, tornando tal voz a razão de uma vontade repentina de ouvir uma música e só ela, a voz em especial, a suficiente para suprir a carência que se tem de ouvir a determinada canção. As vozes das cantoras são tão importantes, pois independente dos compositores e de os seus estilos, elas são capazes de oferecer um estilo próprio a todo um universo de músicas, ainda que diferente naqueles critérios citados anteriormente e tão importantes.
Sendo assim, existem cantoras que in/felizmente são insubstituíveis. Histérica, elegante sim, mas histérica, como Dalva Oliveira ninguém mais. Que Será traduz o que digo. Pessimista, abandonada, Maysa Matarazzo. Doce e divertida como um algodão doce, só Fernanda Takai. Doce, mas séria como uma caixa de bombons de licor, Adriana Calcanhotto. Doce e subversiva, Clara Nunes. Forte, confiante e indiferente, Ana Carolina. Vozes que por aí vão.
Mas quero mesmo falar de Paula Fernandes e pouco me importa se para muita gente é uma profanação colocá-la junto com nomes do porte mencionado assim. Pouco me importa porque sou eu quem acha arrogante, limitado e inculto limitar a qualidade de um artista em função de seu estilo musical, que nem é uma blasfêmia quanto um funk ou o tal do arrocha, que fala mais de carro do que a Revista Quatro Rodas. Inclusive, muitos dos que cospem no chão após pronunciar Paula Fernandes pensa que arrocha e o estilo dela são exatamente iguais. Sim, ela canta sertanejo, mas é diferente de cantar arrocha. Sem contar que os críticam o sertanejo em si o fazem por modismo, uma vez que uma auto denominada elite cultural o despreza. Elite que vez ou outra diz gostar e fazer música sertaneja, embora muito diferente do que se viu surgir no Brasil a partir da década de 1940 e tem evoluído ao longo dos anos para o que se conhece e se tem hoje. Essas pessoas ignoram contexto cultural e desconhecem causa e efeito de um estilo musical, apenas acham seus gostos musicais absolutos por de fato ser bom, embora não seja o único.
Enfim, chega de racionalizações e voltemos as vozes, no entanto da Paula Fernandes neste caso em específico. Paula Fernandes também tem a voz forte e que se impõe, porém sem invadir, sem agredir e sem arrogância. É a voz do dia quente de verão que é vencido por uma tempestade suave, sem ventania que chega e dura toda a noite. Enfim, um ode à Paula Fernandes!
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
As vozes das cantoras
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quarta-feira, 7 de agosto de 2013
O Papa Francisco de mentirinha
Não existe nada de renovador no Papa Francisco, muito menos no que ele pensa a respeito de homossexuais. Ele continua sendo o representante de uma instituição retrógrada como ela sempre foi. Não existe motivo para que ele seja considerado novo, muito menos ganhe crédito dos homossexuais. Ele apenas repetiu coisas que a Igreja Católica já dizia: “amamos os gays”, “aceitamos os gays”, porém do nosso jeito e do qual nenhum homossexual sai ganhando em respeito, igualdade e dignidade.
O que o Papa Francisco chama de lobby gay, e despreza, é toda manifestação que este segmento da sociedade, os homossexuais, tem feito para ganhar visibilidade e avanços cívicos. É conveniente ao líder da Igreja que estes movimentos acabam, uma vez que eles confrontam e fazem críticas aos conceitos, às concepções morais arcaicas, entre outros aspectos aos quais esta instituição tanto defende. É o referido lobby gay que tem feito muitas pessoas questionar os princípios e a coerência no pensamento religioso católico e em muitos casos abandoná-lo.
Francisco é o mesmo cardeal argentino que por questões religiosas se opôs ao casamento civil igualitário naquele país, demonstrando prepotência e desprezo ao principio do Estado Laico vigente naquele país. Além disso, Francisco fala de homossexuais e dignidade para eles, mas porque afinal de contas aproveitou a ocasião no Brasil para exigir uma lei que puna crimes de ódio contra este grupo? Isso não seria nenhuma utopia já que é coisa que outros segmentos da sociedade já possuem. Por que não chamou para esclarecimentos teólogos de sua denominação com princípios reacionários, muitas vezes hostis aos homossexuais.
O Francisco humanista e renovador pintado pela grande imprensa e uma massa de católicos românticos é uma farsa. É uma estrela pop do museu de novidades católico/cristão. Só não entende isso quem prefere acreditar neste endeusamento sem crítica, quem se recusa a olhar de maneira mais ampla, porém aprofundada, sobre as questões às quais o líder católico tanto ousa, sem razão, advogar. Francisco não é e nunca foi “gay friendly”.
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