Os exemplos são vários, mas vou me concentrar no gayzismo, que é o termo que pessoas têm empregado para se referir a uma ditadura gay que acreditam estar se instalando no Brasil. Os argumentos, que podem ser encontrados facilmente ao digitar o termo gayzismo em um site busca, são aberrantes, são rasos, míopes, relativos e acima de tudo ridículos.
O que dizem é que com o advento do tal gayzismo, os heterossexuais serão discriminados enquanto que os homossexuais serão apoiados, algo inconcebível para os opositores, cujo porquê é explicado com muitos versículos desprovidos de contextualização histórica do Antigo Testamento da Bíblia dos cristãos.
Dizem também que a Família será extinta, na verdade o conceito de família eles fazem e que já está obsoleto para descrever toda sociedade, e com isso teremos a falência da humanidade, que há muito tempo não é cristã, muito menos segue seu modelo de família patriarcal monogâmica nuclear.
Também insistem na teoria de que no mundo o que se tem não é homossexualidade, primeiro porque desconhece o termo, segundo porque é homossexualismo, uma doença, que na opinião, embora censurada pelo CRF, da psicóloga denominada cristã, Rosângela Justino, deve ser curada e combatida, com vistas evitar que se tenha no Brasil um regime de castas provocado por gente pervertida e abusada sexualmente.
Para provar (sic) essa tal de ditadura gay, comparam o que os movimentos pró cidadania LGBT fazem no Brasil ao que aconteceu na Alemanha no segundo quartel do século XX e assim dizer que os homossexuais compartilham de ideais nazistas, embora fossem naquele período um grupo perseguido.
Outro ponto chave é o de que leis como a PLC 122 são um leis anti democráticas, assim sendo um outro indício dessa ditadura gay que dizem se aproximar, pois no fim querem acabar com a liberdade religiosa e com a liberdade de pensamento e que os heterossexuais serão cerceados na sua liberdade individual, a de ser heterossexuais, como se alguém quisesse que não os fossem.
Não vou rechaçar o que dizem em linhas gerais os teóricos do golpe gayzista. Acredito que os que venham nesse blog sejam inteligentes o suficiente para saber que são disparates proferidos por pessoas que vêem a sua posição de opressores e sócio-culturalmente beneficiada ameaçada pela ampliação que não visa nada senão equiparar direitos e tirar justificativas contrárias a essa equiparação.
O que sei é que enquanto os movimentos sociais se articulam em prol de democracia, que não consiste é claro em apenas votar, direito de ir e vir ou de expressão, mas também na equivalência que as pessoas tem para a sociedade, o Estado, aos serviços públicos e itens de sobrevivência com qualidade de vida, existe também gente em nome da fé fanática e doentia, imbuídas em pouco conhecimento de causa, se articulando contra usando de prerrogativas toscas e insensatas, acusando aos outros pelos crimes contra a democracia que cometem. Mas não é esse o pior, o pior é que tem gente se conformando assim como tem gente acreditando que eles estão certos.