sexta-feira, 8 de março de 2013
Um ode(ie) ao funk e ao arrocha
Hoje no último horário coloquei algumas músicas brasileiras sobre a mulher. Não não, não coloquei o Ensino Fundamental para ouvir Caetano Veloso, até eu que tenho que dar aula em três turnos hoje morreria de sono. Peguei músicas nacionais, das mais recentes a no máximo dos anos 80, do rock, falando sobre as mulheres e promovendo suas personalidades. Rolou J Quest, Rita Lee, Charlie Brown, Capital Inicial, Skank, Pitty, O Rappa, Engenheiros, enfim. Os alunos a todo momento apareciam com seus pen drives, que a julgar pelo gosto musical deles deveriam estar infestados de vírus, e pediam que eu colocasse Mc Catra, funk, arrocha, Gustavo Lima, e afins. Eu respondia com um irônico mas cordial não a todos. Em outros eu dava tapinhas nas costas e mandava ir prestar atenção na música.
Bom, nenhum deles gostaram disso e reclamaram não estar gostando, pelo menos muitos deles manifestaram isso e ninguém em contrário. Ana Carolina e eu continuamos com o rock. Ao final quando tocou o sinal todos foram embora e os alunos passavam por mim reclamando:
- Nossa professor, como suas músicas são ruins.
E eu prontamente respondia:
- Sério? - de um jeito que só quem me conhece pessoalmente sabe como eu falo.
Não, não se trata dessa narrativa uma crônica sobre conflito de gerações. Aliás, acho isso bem cafona, repetitivo e por assim dizer, superficial. Até mesmo porque eu deleito em meus 23 anos e sendo assim penso inexistir um conflito de gerações de verdade. A juventude, a qual faço parte, é sempre vista como idiota, alienada e inútil pelas gerações mais velhas. Mas quero apenas citar um exemplo de como a inteligência é outra dessas coisas que o exercício é que faz, de que como quando nos acomodamos com algo que nos parece o melhor e mais fácil é difícil de mudar.
Não sou contra que as pessoas ouçam arrocha e funk, embora Mc Catra e afins são intragáveis para o meu auto determinado refinado QI e bom gosto musical. Fora também porque penso que música também serve para recreação e é assim que vejo essas "canções" (só eu sei o conflito que desenvolvo agora comigo mesmo para se referir assim a aqueles sons ouvidos pelos meus alunos). Porém a inexistência de reflexão que eles, os alunos e a massa da qual fazem parte, tem sobre a qualidade dessa música e a intransigência para se abrir e a pelo menos conhecer outras possibilidades acho de uma burrice tremenda.
Com relação a ação perante aos meus alunos de agora em diante? Vou insistir sempre que tiver a oportunidade com meu gosto musical "ruim" aos seus ouvidos atrofiados. Sei que a muitos não vão mudar e sequer são obrigados a mudar. Pelo menos não poderão falar que alguém, algum dia, escancarou-lhes uma oportunidade de ouvir uma música diferente e melhor das quais eles tanto "apreciam".
Rausto!
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2 comentários:
eu sou radical ... sou contra mesmo ... se sobrinha ou sobrinho meu estão por aqui já sabem ... aqui em casa é proibido ouvir qualquer coisa semelhante, inclusive com fone de ouvido ... pronto falei ... rs
bjão
crianças e adolescentes sofrem de um imenso problema de mundo pequeno, eles têm uma dificuldade imensa de ouvir a música de outro grupo e considerá-la interessante porque eles estão ocupados demais em se integrar ao grupo ao qual eles pertencem. Ouvir funk ou música sertaneja não é por causa da música, é porque isso permite que eles se identifiquem como grupo e formem associações entre si, é um processo natural de desenvolvimento do indivíduo, com o amadurecimento eles começam a se separar do grupo e daí desenvolvem algum tipo de gosto.
outro problema: como eles têm um mundo muito pequeno, eles não tem o hábito de ouvir músicas diferentes das que o grupo ouve, não faz sentido procurar coisa nova, e inicialmente qualquer coisa nova causa estranhamento, eu sugiro que por causa disso, na escola, colocar outros tipos de música para eles ouvirem se torne um hábito, mesclar um pouco com as músicas q eles já conhecem, mas apresentar sempre coisa nova para ampliar o universo deles de referências.
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