sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Hoje é o novo dia.. de um novo tempo que já começou... [da Grobo]

Eu havia bebido dum tanto, em uma duas horas eu enfiei guela abaixo umas seis latas de Brahma. Pode parecer pouco para quem é piolho de festa e bebe muito, né Mauri?, mas para eu que não bebo muito era bastante, as idas ao banheiro que não me deixam mentir. Eu estava deprimido, uma sensação de vazio, como sempre, liguei a televisão, eram 23:58 no relógio digital comprado em uma loja de variedades baratas vindas da China. Eu olhava para a televisão meio sem entender, até mesmo porque quando quero ser apático eu consigo, embora isso me exija concentração e umas latas de Brahma ajudem. Daí eu vi aquela pirotecnia, a tela dividida em duas mostrando as combinações de Copacabana, Avenida Paulista, Esplanada dos Ministérios, Praia do Forte, Florianópolis e tudo mais.

Saí da sala e fui para a varanda onde todo mundo bebia, falava mal de quem não estava, dava risada, falava alto e ou dançava aquelas músicas que há seis meses não tocam mais no rádio e 10 ninguém se lembra mais delas. Eu gritava Virou! Virou! Virou! e girava com os dedos. Eu estava feliz como se aquilo fosse muito divertido e empolgante. Mas sem hipocrisia, eu estava achando aquilo mara. Minha prima perguntou o que acabou e alguém falou Virou, já passou da meia noite. Pronto, todo mundo começou a se abraçar, fazer simpatia, cantar aquelas músicas globais e eu escrevi dois parágrafos inúteis, que poderiam ser um apenas, para prender a atenção de vocês. ahuahuahauhau

Bem, mas o importante é que esses dois parágrafos narram como 2010 começou para mim, meio tonto, com os sentidos, principalmente a audição, limitados, vontade de urinar, com efusividade etílica para disfarçar a carência afetiva de longa data. Ok! Tomei mais uma lata e comecei a tascar água em mim, no meu estômago, queria tirar todo aquele álcool de dentro de mim e acordar na próxima manhã todo joiado. Não é de ver que deu certo?
Em 2010 eu não arrumei um namoro, transei menos do que em 2009, continuei sem lugares para ir, pessoas com quem conversar. Mesmo assim a presença da Vaca Profana e da Mariana ajudaram muito. Não saí do armário para ninguém até mesmo porque já não me considero mais nele e olho com certo desprezo aqueles que estão no armário, mas que não tem uma condição social tão hostil que justifique a eles permanecerem calados. Em 2010 eu fiz alguns meses de LIBRAS, me interessei por ela e penso em aprofundar meus conhecimentos a respeito dela, bem como conviver com pessoas surdas. Também fiz uma disciplina sobre adolescência e violência na qual falaram sobre bullying e eu, não muito bem à vontade, falei sobre o assunto aqui. O que me rendeu dois contatos novos no MSN, um deles sem notar que eu sou da linha de estojos da Faber Castell.

Mas foi em 2010 em que eu peguei a essência ou notei a graça do Twitter. Dane-se, o que importa? Não arrumei namorado, mas consegui arrumar alguns amigos que também vieram nos estojos da Faber Castell. Lembro da minha amiga que trabalhava numa papelaria dizer que foi vendida para uma multinacional chinesa de marca barata. Mas isso tem uns oito anos, na época eu era heterossexual, na verdade eu achava que era, e nem todas marcas chinesas são baratas, como a AOC, mas Samsung e LG são melhores. De novo eu falando de coisas sem a menor importância e vocês lendo.

Viajei com minha mãe para Minas Gerais, e o melhor, eu dirigi sozinho, sem a supervisão de um adulto, no caso meu pai. Na verdade já tem uns três anos que sai da autoescola, mas é que rodovia eu nunca dirigi por longas distâncias sem meu pai. Então, cheguei lá vivo, sem levar nenhum susto e com a noção de Simples Assim da Oi. Reparei bem aquela paisagem bucólica de cidadezinha do interior de Minas, que se parece com as cidadezinhas do interior de Goiás. Foi nessa hora que eu fiquei um pouco insatisfeito e depois de 700 km de volta, entre MG's, BR's e GO's, com algumas pausas por causa de urubu atropelado na estrada, mangueira do radiador rompida, pedido de balde de água em uma fazenda com cachorros assassinos e das incertezas dos quebra galhos arrumados por um típico mecânico de rodovia, eu respirei aliviado a névoa seca que cobre Goiânia em julho. Pois imagina só, gay e morando no interior como um dia minha mãe pretendeu... ainda bem, que sempre morei em Goiânia, essa cidade que um dia Roberto Carlos, dizem, chamou de fazenda asfaltada, décadas atrás, quando era mesmo. Mas Arsênico, se um dia você seguir os conselhos dos seus amigos que são daí e quiser vir para cá, eu vou achar ótimo.

O carro que utilizamos para ir para MG mostrou que ia consumir de nós uma considerável quantidade de recursos. Aproveitamos a oferta de crédito e compramos nosso primeiro 0 km e incerto do apoio da Dilma à causa LGBT, votamos na mulher para ver se o crédito continua lá. Mas nesse parágrafo quero falar do Silas Malafaia, o homem que tem um segredo, que não sabe que tem um segredo, mas sabe que esse segredo quer se fazer consciente e por isso ele prega em defesa da família, da moral e dos bons costumes. Ele havia falando um quilo de coisas que só um Silas Malafaia poderia falar, um pastor de uma igreja inclusiva escreveu um artigo para uma revista gay contrapondo as concepções do Silas, eu pensei: quero saber como funciona essa tal igreja de gay. Mandei email para o pastor, que me respondeu e me indicou outro pastor de Brasília, enfim, resumindo, freqüento uma igreja inclusiva que começou como grupo de oração, onde todo mundo sabe de mim, que eu sou gay evidentemente, mas que eu não tenho muita crença, aliás, crença alguma,no que eles dizem.

Tá, mas a igreja inclusiva serviu para eu ter novos contatos na agenda telefônica, no MSN, no Orkut e no Facebook, onde o Braccini curte meus devaneios tolos a me torturar. Contatos que viraram companhia para ir a qualquer lugar fazer o que um lugar qualquer pode ter para se fazer. É, a igreja inclusiva me deu amigos e pessoas para pegar no meu pé, sentia falta disso e a coisa começa a fluir. A igreja inclusiva é uma das coisas de 2010 que valeu a pena.

Continuo encalhado e por um momento pensei que me tornaria um desempregado e encalhado. Fiz alguns concursos durante 2010, passei em alguns deles e em um já fui convocado, sou professor agora, atividade que não me causa fascínio. Porém é um emprego público, sem entrevista, psicólogo de RH pedindo para eu falar sobre mim ou fazer dinâmica de grupo. Gente, dinâmica de grupo, faça, mas quando fizerem lembre-se que eles estão olhando o que há de mais podre em você e que nem você mesmo sabe que é podre. Aliás, ninguém merece seleção de emprego.

Parece que 2010 foi divertido, mas não foi. Foi um ano majoritariamente entediante e apático, assim como 2009 cuja única graça dele foi ser o ano que ficará para a história, do Well, como o ano cujo já no começo o Well socializou a condição sexual que mamãe nunca quis a confirmação. Mas esse ano em que estaremos por mais alguns dias se fez ganhar nos dois últimos meses. Na verdade os últimos meses foram apenas a jusante de algo que represei há mais tempo, a primeira delas foi o curso universitário, iniciado em 2007, a segunda um monte de concurso para os quais eu prestei e em um para o qual eu passei. Resultado, eu virei servidor público e para isso eu tive que correr para formar, tão logo agora eu tenho curso superior, pena que não tenho mais direito a cela especial. Não que eu vá cometer um crime, mas nunca se sabe.

Ruim é que a gente fica desejoso de continuar os estudos, perdi o vínculo como a universidade, que é pública e agora para voltar para ela só com editais, projetos ou aquelas provas de medir conhecimento bancário e limitado, o vestibular. Consola saber que alguns cursos de extensão pelo menos serão pagos pelo Estado. É nessa hora que olho os colegas do Ensino Médio, dos quais tenho saudade e ao ver alguns deles acho ótimo o fato d’eu ser gay, 21 anos, formado, com emprego público e com a chance de entrar na academia, emagrecer e ficar mais gostoso do que alguns acham que eu sou, diferente deles, que estão gordos e em alguns casos tem que sustentar o filho que inventaram. Gente, como os heterossexuais se reproduzem.

E assim acaba 2010, pela primeira vez eu atingi a minha franquia de dados e a NET reduziu minha velocidade a metade. Filha da puta. Pela primeira vez, desde que eu me lembro não passarei o Natal e o Revellon deprimido por causa das propagandas de peru, fiestas, chester e outras galinhas transgenicamente e anabolizadas que mostram pessoas felizes com suas famílias felizes, além de brancas e com sobrenomes italianos. Na verdade fico, porque ainda não desisti do menino felpudo lá da igreja inclusiva. Menino que não é felpudo assim, eu estava reparando as fotos dele no Orkut.

Bem, 2011 vem aí, ano para o qual fiz muitos planos e cuja característica será, provavelmente, a de ano em que eu vou aprender muita coisa, pois o que virá aí é muito novo. Tomara eu conseguir. Acho que vou, mas eu queria adrenalina na vida, né? Uma sala cheia de meninos, quanta tensão.

Para a blogosfera faço os seguintes planos. Primeiro dar mais atenção como um dia eu já dei a ela. Lerei mais todos vocês, e comentarei também, pois esta que é a moeda de troca e reconhecimento deste lugar. Portanto o Diego, o meu amigo fofix, que um dia me levou a Parada Gay, terá mais da minha audiência. Diego, leia o blog do Braccini e comente, pois é estranho um blog de gay o qual o Braccini, o Delphos da blogosfera, não leia. É como diria seu Ladir, Paulo Braccini é mara! Diego, você é mara também, por experiência própria, falo como amigo. O segundo voto tem mais a ver comigo e diz respeito a não empurrar mais esse blog com a barriga, como tenho feito nos últimos meses.

Bem, é isso, peixos, me liga quem tiver meu Vivo ou meu TIM. Ou me Twitta, pois Natal na casa da avó combina muito com todo mundo falando e a gente com o celular ligado navegando no wap.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Resposta ao Johannsen

Johannes, já falei nesse blog que eu aceito opiniões diferentes e consigo conviver bem com elas. Você não é a única pessoa que pensa diferente de mim, também não é a única pessoa que critica o meu ponto de vista. Com relação a mim, a sua única exclusividade é a de me deixar irritado, pois o que me incomoda não são as opiniões diferentes, mas a maneira como os seus donos as colocam e isso o que me irrita em você. 

Repare bem no seu último comentário, você diz que eu sou isso, que eu sou aquilo e por isso eu devo fazer aquilo outro. Nele você disse o que você sempre diz nos seus comentários anteriores, só que de maneira mais contundente e invasiva, me rotulou e sem me conhecer. Tudo bem que você não precisa me conhecer para ter certas concepções ao meu respeito, tanto é que eu também tenho a minhas ao seu respeito e que são bem antipáticas para ser sincero. Porém, acho que você me conhece muito pouco para ter algumas delas e nenhuma intimidade possui para delas me falar.

Para mim tudo bem enquanto você criticasse as minhas idéias, que é o que os que discordam de mim, poucos nesse blog, sempre fazem e eu nunca me estresso por isso. Porém você fica pedante quando sobe nesse banquinho professoral da maturidade, do conhecimento e da reflexão que imagina ter. Você tem o direito de pensar o que quiser de mim, porém compreenda que eu não estou interessado e não tenho a obrigação de saber o que você, que praticamente nada de mim conhece, pensa a meu respeito. 

Parece grosseiro, e talvez seja mesmo, mas você não é nada meu, eu não tenho nenhuma obrigação ou vínculo para com você, que não é meu amigo, que não é meu familiar,a terapeuta que pago para me criticar, um superior, subordinado ou igual. Sequer é alguém em quem na fila do banco eu pisei no pé ou buzinei grosseiramente no trânsito, alguém que seja agredido ou constrangido com alguma atitude ou pensamento meu e que seja equivocado. Enfim, não dê tanta importância para mim e a maneira como sou.

Realmente, nesse blog a maioria dos comentários são elogios para mim, a maioria das críticas é feita em situações cotidianas e relacionadas à convivência, que você não tem comigo. Mas voltando aos elogios, eu não acredito que eles sejam tão mentirosos assim e eu não me recuso recebê-los. Não pense que isso seja orgulho, uma vez que o nome disso é auto-estima, elevada talvez não, pois quando estou escrevendo isso aqui para você demonstro toda uma insegurança. Entenda que eu aceito críticas e não me ache arrogante, porque eu reconheço meus erros, minhas limitações – leia a minha descrição aqui no canto do blog – e tento mudá-los a partir do instante que eu tomo consciência delas e concebo uma maneira que eu acho correta.  Acho isso mais bonito do que se achar dono da verdade da ponderação, mas muito difícil e por isso me saio bem errante, mesmo assim continuo.

Bom, e já que você se acha tão crítico, faça um pouco daquilo que você sugere aos outros, mas para você mesmo, pois para mim não existe pessoa honestamente crítica que não faça daquela cuja palavra auto é o prefixo.

Ainda assim de todas as críticas que você fez a mim existe uma com a qual eu concordei, meus textos precisam ser revisados, tenho erros gramaticais e preciso melhorar a clareza da idéia. Contudo saiba que essa constatação eu e outras pessoas tiveram antes de você. Aí sim reconheço o erro na parte em que falo do babaca do Reinaldo Azevedo e de você. Faltou eu especificar que o me irrita e eu não quero saber é a sua opinião ao meu respeito e que o jornalista pelo qual você tem alguma simpatia é o babaca. 

Com relação ao Reinaldo Azevedo, se eu sou infantil por achá-lo um babaca, ele não me parece muito adulto quando chama aos que pensam diferente dele de petralhas, que também não me parece ser um elogio da parte dele. Acho Reinaldo Azevedo um babaca mesmo, se você não acha diz porque aí nos comentários, espaço que você acha que para mim serve apenas para me adular, ou crie um espaço para você repercutir suas opiniões e deixe eu aqui com as minhas mostrando toda minha consciente e pretendida parcialidade.

Bem, é isso, peixos, não me liga.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Trivial de Igreja Inclusiva

No último sábado houve uma palestra sobre DST's na igreja inclusiva. Na verdade a palestra ficou mais concentrada na AIDS, até mesmo porque semana passada foi a semana nacional, mundial, universal, não sei, de combate à AIDS. Engana-se quem pensou que quem foi palestrar foi algum religioso, desses que pensam que a castidade é o melhor caminho. Que deu palestra foi à presidente do fórum estadual de transgêneros, que não por acaso também é uma transgênero. 

Confesso que fui para lá interessado mais em conhecer a palestrante, testar meus preconceitos internos, até mesmo porque na penúltima Copa do Mundo eu ainda acreditava na minha heterossexualidade. A palestra serviu para muita coisas, os conhecimentos sobre a AIDS avançaram mais um pouco e muito aprendi sobre transgêneros, que será tema de uma palestra futura, pois nessa ocasião apenas pincelamos o assunto. Foi ótimo também para perceber que o Estado não é tão omisso assim para a causa LGBT, em Goiás pelo menos existe um lugar com atendimento multidisciplinar para pessoas que passam por alguma crise, seja porque se descobrem soropositivas, porque sofrem bullying na escola ou são expulsas, entram em conflito com a família por serem homossexuais. Porém nada que seja considerado o suficiente, se foi possível ficar otimista por isso, saí de lá muito mais pessimista pelas inúmeros problemas de assistências e que duram no mínimo duas décadas.

Final da palestra algumas fotografias e a palestrante dizendo contente com a existência da igreja em Goiânia, do trabalho sério feito por ela e do interesse dela em recomendar o lugar as pessoas, destruídas, que passam pelo Centro de Referência da Secretaria Estadual de Saúde. Analisei meus preconceitos e tenho ficado satisfeito. Tempos atrás ficaria no mínimo constrangido com a transgênero e é boa a noção de que evolui.

Na verdade queria falar sobre outras coisa, mas o babado é forte. Deixa para a próxima.