sábado, 28 de novembro de 2009

Eu sou homem com H e com H sou muito homem

Mais uma aleatoriedade sobre o meu cotidiano, um deprezo à religião e um aísougay para alguém.

É comum haver discussões durante as minhas aulas, os professores gostam de incitar o debate e debatemos. Dessa vez a aula era de um disciplina cujo tema orbita ao redor da Educação. O que fica entendido é que os professores não devem transmitir prenconceitos, exemplos são citados ao tratar de temas relacionados aos gêneros, à sexualidade, à homossexualidade para ser mais exato, à influência africana na constituição da identidade brasileira e que agora é obrigatório ser ensinado na escola.

Sobre gênero e homossexualidade a professora cita e a turma cantarola junto com ela “nunca vi rastro de cobra, nem couro de lobisomem, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, porque eu sou é homem, porque eu sou é homem, menina eu sou é homem, menina eu sou é homem e como sou. Eu sou homem com H e com H eu sou muito homem, se alguém duvidar pode perguntar (?) pelo meu nome (?)”.

São jogados então vários temas que vão inflamando ainda mais a chama e o calor do debate. Minhas colocações são concisas e para quem puder ouvir, são sarcasmos e acides disparadas contras os argumentos religiosos dados para manter a convicção em algo que eu e muitos acreditam equivocados, pricipalmente os relativos a homossexualidade e o dilema para definir se é preconceito a objeção das religiões a essa condição.

Vou me incomodando com as premissas tomadas por alguns para justificarem o que para mim é sim preconceito das religiões e tentar explicar a homossexualidade. Tem a hora que a professora comenta rapidinho para mim:

- Ainda bem que você está ajudando a segurar o debate na polidez.

Meu estomâgo fica gelado, como algumas vezes ficou e como eu pensava que não ficaria mais e cochicho em seu ouvido:

- Complicado é para mim que sou homossexual e com eles não concordo, mas não posso me assumir para quebrar os paradigmas deles.

Imediatamente apreensiva ela volta ao meu ouvido e diz:

- Não faça isso agora, depois te explico porque.

O porquê dela para mim é um mistério, não consegui ficar sozinho com ela depois da aula. Enfim, me assumir ali para todos não era o que eu ia fazer. Independente disso, arrepios tive por todo o resto da aula, achava absurdo a justificativa dada pelos colegas religiosos para falar que as religiões africanas são complicadas de serem tratada, comparando-as a esse tal de Diabo, uma das melhores invenções para tirar das pessoas da responsabilidades que elas tem sobre as coisas ou para assumir o que é fato.

Agora fiquei esbabacado quando o colega religioso estressou comigo e com a turma ao dizer que para falar da Bíblia tem que conhecer de Teologia. Engraçado, justo eles, os luteranos que tanto pregam a livre interpretação daquele livro. Mais engraçado é que para dizer que se acredita nela não precisar de conhecer Teologia. E pelo que ele fala, teologia? Isso é ciência? Isso tem método? Tudo bem, estou sendo positivista aqui, assim também como materialista, mas teologia tem objeto de estudo? E é mais ciência do que a que estudamos naquela Universidade? Como assim tem ciência que é mais ciência que a outra?

Lógico, todo mundo caiu matando em cima do sujeito que o equivoco foi ter apelado e começar a falar aos berros e cortando a todos. Mas outra vez eu digo, religião é o câncer da humanidade alastrado nos sujeitos que deverão, mas não serão professores laicos, mesmo que não estejam em escolas confissionais, um erro cultural da nossa sociedade.

Mas não foi tudo perdido, ali deu para ver um galera realmente crítica, que incorporou aquilo que a Universidade potencializou em todos nós. Uma galera que questionou os próprios valores, a forma de perceber e pensar o mundo ao redor e abriu mão desses preceitos que vieram definidos como certo antes de todos nós nascermos e que até então nem tínhamos perguntado se é isso mesmo.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Não me pergunte que eu não sei

Eu leio, ouço, assisto muitas notícias sobre as mesmas e muitas coisas. Porém ainda assim me sinto desinformado, no fundo penso que eu não sei nada, que não entendo nada do que acontece. Não é humildade da minha parte dizer isso, é que acho que tudo que leio, ouço, assisto é pouco objetivo e quando não é tendencioso para algo que não gosto, acho ideológico, dogmático demais.

O presidente do Irã, que tem aquele nome estranho do qual não vou arriscar escrever aqui, veio ao Brasil e muita gente não gostou. Dizem que ele diz, porque eu nunca vi uma declaração completa dele e muito menos entendo a língua que ele fala, que ele enforca homossexuais, oprime mulheres, persegue minorias religiosas e nega o holocausto – que tem hora que eu não questiono se existiu, mas pergunto até quando os judeus são os coitadinhos tal as ações do Estado israelense deles com relação a Palestina.

Dizem também que ele é um ditador, tem um programa terrorista e que quer fazer armas nucleares. Se ele tem um bomba atômica, eu não sei, mas eu que sou cosmopolita e contrário as guerras me contradigo, para mim o Brasil também deve ter bomba atômica. Os EUA têm, ISRAEL tem, a China, a Índia tem, um monte de países. Mas não sei porque eles e nem nós, que precisamos pela diplomacia e é disso que eu gosto, não podemos ter se eles têm.

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Do fundo do meu coração eu tenho medo do presidente do Irã, tenho raiva também, me parece que ele faz no Irã o que os evangélicos querem fazer no Brasil e conseguem às vezes. Também me imagino dando cabeçadas no nariz dele, o presidente do Irã, ao ponto de quebrá-lo. Já me imaginei torcendo o pulso dele e dando joelhadas na mandíbula dele usando aquelas técnicas de Krav Magá.

Isso dá certo? Não, não sei. Mas que dá uma sensação de satisfação pessoa e elevação da autoestima dá, mesmo que seja só uma fantasia da minha mente fértil e entediada com os jornais.

Mas sabe, eu sou contra o Presidente do Irã, mas não me peça um argumento para tal profundo e bem elaborado, eu não tenho nada, a não ser a passionalidade do meu instinto de sobrevivência, conservação e solidariedade para os meus iguais em opressão e sexualidade.

Quer saber, para eu que nada sei, não fui a televisão falar nada, que acho que as faxinas “humanas” do presidente daquele Irã vão me afetar aqui no Brasil, que não escrevi e-mail para o meu deputado e acho que nossos jornalistas competente não conseguem, pelos seus variados, se não os mesmos motivos, informar, a passionalidade deve estar de bom tamanho para aflorar algum desprezo.

No entanto, vamos confessar também né minha gente! Nós adoramos frases de impactos, dizer que admiramos alguém falando altos elogios e pouco argumento. Criticar então nem se fala. Como eleva o ego dizer “eu desprezo fulano” ou dizer que tem uma opinião para tudo, igual Caetano Veloso.

Mas eu gosto disso, me faz sentir além de humano um tanto quanto vivo também!

Enfim, é melhor ouvir a Nova Brasil pela web e desligar a CBN no rádio.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Frustrado não dá para escrever

É isso, é frustração o que tenho sentido em todas essas semanas, inclusive na última e tão otimista postagem. Sim, ela realmente foi otimisma, mas o otimismo apenas superou momentaneamente um outro regime, um outro estado psicológico (me perdoem os psicólogos, um eu sei que lê isso aqui, se estado psicológico quer dizer outra coisa).

Na verdade no decorrer das últimas semanas eu me frustrei e então as coisas foram aumentando, as cobranças para cima de mim também. E eu refém do pensamento confuso, da incapacidade de constatar a situação naquele momento nada fiz, a não ser se deixar ser constrangido.

Bom, e os constrangimentos continuaram, inclusive quando tentei estender uma flor querendo reduzir a importância do que aconteceu a apenas mais um detalhe do passado, do que poderia ter acontecido e não aconteceu. Não deu certo e lá estou tentando me defender do que eu ainda não entendi o que é.

Isso me lembrou muitos conflitos que vivi nessas minhas exatas duas décadas de vida, entre eles o da sexualidade, na qual criei infantaria para atacar o quê precisaria de uma marinha. Exemplo idiota pegando o militarismo, coisa que eu não gosto, como embasamento.

E as coisas foram passando, chega um momento que eu não dou conta mais de aguentar tudo calado e sem querer fazer um desabafo conto a alguém como é que recebo e vivencio tudo aquilo. É sempre bom uma terceira visão, a de quem está de fora mas que a tudo vê, e que pode dar opinião tendo como base o quê não entendo.

Bom, ajudou muito para desencargo de consciência. Outra vez descubro que não necessariamente a culpa de toda infelicidade é minha. A minha resposta a tudo isso, bem, continuei minha política de me manter calado, mas do fundo do coração não é isso o que eu quero.

Continuo me sentindo acuado, sem direito de respostas e constrangido. Quero falar também agora que já entendo como vivencio essa coisa que tomou uma proporção maior do que imaginei e eu quis.

Bem, eu não vou mais chorar – e como tenho raiva de mim por ter chorado, ainda que em silêncio entre um sono, ou melhor, entre um sonho e outro – e continuarei calado, mesmo que eu tenha a necessidade de dar a dimensão de como foram as coisas para mim a outrem, enquanto não houver contexto ou se vier perguntar para mim.

O que lamento é que não sinto mais estimulado para conversar, não tenho mais aquele empenho e as falas daquele que me diz para mim se tornaram sempre enfadonhas, idiotas, inobjetivas e talvez inconvenientes. É como se eu tivesse perdido algo e dor de cotovelo eu tenho por ficar tirando conclusões do tipo “nem está se importa comigo” ou “não sou nada de novo”.

Eu sempre digo que o tempo é o senhor da razão e que a tudo resolve e continuo rogando por isso. Quero que ele, que na verdade sou eu com meu processo de amadurecimento, dê um jeito para que as coisas se tornem como eram antes. Tá bom, eu estou querendo demais, quero apenas que a frieza se acabe e as coisas não sejam cordiais apenas por diplomacia.

Sobre o perdão que já escrevi nesse blog, bem agora eu não consigo dar, mas darei em breve, assim que o tempo achar por melhor. Se é que tem alguém que pensa que me ofendeu e tanto faz para ela se ofendeu ou não para querer meu perdão.

Bom, por hoje é isso, um desabafo delongado, ainda que parcial, sobre uma coisa que me faz sentir desnudado, embora não seja tudo o que eu queira dizer, para alguém aí para qual considero mais certa a possibilidade de a isso não ler. Ainda bem se for realmente isso!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A sorrir Eu pretendo levar a vida Pois chorando Eu vi a mocidade perdida.

Mas os últimos dias não foram de todo mal apesar da peculiar baixa emoção das minhas horas. Meu pai desempregado e eu prometo a mim mesmo que não vou fazer da vida e das coisas um inferno para dizer que eu estou vivenciando um.

A noite em claro, apesar que não estivesse eu sentia calor e não dormi. Assim levantei-me e propondo sair antes do combinado cedo do dia para a casa dos avós no interior, desperto os senhores meus pais de seus sonos.

O Sol só foi aparecer quase chegando por lá, veio amarelo como a gema de um ovo de galinha caipira e teve o cheiro desagradável da vinhaça dos canaviais. Aliás, até de madrugada é possível sentir o odor da vinhaça trazido pelo vento fresco de sudeste, mesmo que a casa dos meus avós esteja no grande centro da cidade de 30.000 habitantes.

Imagem 016

Chegando a casa da avó uma ‘manada’ de cães estão a cachorrar em seu portão e se assustam com o carro que chega por ali. Um desses vira latas mais baixotinho no desespero se atropela socando-se debaixo do carro. Ali no banco de trás meu rosto é apreensivo e eu estou desesperado, os grunidos do cão são altos e eles despertam uma compaixão que me faz sentir humano, porém sem ser iluminista.

O mundo saiu de minhas costas quando o carro dá marcha a ré e o cão, de inteligência canina, saí correndo rumo a praça de logo ali aparentando estar apenas assustado e não muito machucado. Ótimo para mim que não dormi na última noite, mas que anseio um sono leve.

Mal chegamos e vamos para outra cidade para colecionar mais uma experiência para a série “Parentes distantes e do sítio que eu não conhecia”. Alguém percebe o rolo de papel higiênico em minhas mãos após uma crise de espirros provocados pelo resfriado. Então insistem para que eu tome remédio, o que eu odeio.

- Você está com febre?

- Não. (apático)

- Você está com dor no corpo?

- Não. (mais apático)

- Na garganta?

- Não.

- Com febre?

Respiro fundo e digo – Não.

- Com o quê? (Aí me dou conta que o jovem balconista da drogaria é bonito).

- Com coriza e espirros. (Mas cuida você bem de mim e nem se preocupe com esses senhores, meus pais e avós, eles sabem de mim e é só o que eu penso)

- Você toma um desses a cada oito horas, pode tomar um agora, vou pegar um copo d’água para você.

Ele volta com um copo e eu com cara de obrigado volte sempre digo que bebi o comprimido a seco.

E teve comida com gosto de roça, o morro agudo de fato era agudo e o celular não pegava. Ótimo, não ia ligar para ninguém e como esses primos distantes são feios. Eu durmo no banco de trás ouvindo a trilha sonora da novela, porque dormi na casa dos outros, que são meus parentes e nem sabia, é estranho. E o sono é bom, saí aquele suorzinho gostoso da testa e eu fico tão melancolico. A vida é boa sim.

Na hora de volta para casa dos avós eu levo o carro porque meu pai está um pouco etílico e com lei seca dirigir com pomba na cabeça não pode. A estrada é foi recém recapiada, as retas são retas além de longas. Em 5ª marcha na casa dos 3000 rpm vão se 100, 110, 120 e a minha avó no banco de trás começa a me reprender. Gente mais velha não gosta de emoções.

Tudo bem, isso não foi muito divertido, aliás, não é. Isso no caso é tudo, ficar a noite em claro, viajar de madrugada, atropelar cães, alto medicar, tratar com desdém o balconista que é bonito, achar os parentes feios e extrapolar por enquanto em 20% a limite de velocidade.

Fiquei entediado o tempo todo depois disso é verdade, ouvi música, não tive saco para ler, liguei para o Mário no Infinity. Isso foi bom, as peripecias dele na web com minha senha do MSN e do Twitter também. Também foi bom que ele leu os comentários deixados por vocês aqui no blog para mim. O “amigo” da cidade do interior não leu em tempo meu recado em off e fico sem alguém igual a mim para conversar ali. Prometo não deixar para última hora e salvar todos telefones em todos chips.Imagem 010

Em Goiânia é quarta feira, o céu está nublado, não vai chover, pelo menos não fede vinhaça. Embora quase 15:00 horas no Horário Brasileiro de Verão as onzeoras estão floridas e um pé de quê não sei também tiro foto delas.

Mas sabe, prometi que não ia pensar negativo e ia deixar o tempo agir. Ele agiu e os tempos de vacas magras duraram apenas duas semanas. Nunca estive com a autoestima tão elevada por ser brasileiro. Entramos por último no crise, saímos primeiro dela e como se não bastasse ela dura duas semanas na minha versão doméstica.

E viva o aumento do crédito, dos prazos e do financiamento da casa própria. Viva o Reuni também, que embora destrua a Universidade Federal de qualidade, tem obra para se tocar e empregar meu digno pai. Nhá, voltei a ser bonito também.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Escrevendo outra vez

Olá pessoas, aqui estou eu escrevendo algo para vocês lerem. E daí que o quê eu escrevo seja mais do mesmo, que seja enfadonho se pelo visto vocês não acham isso  não é? Até mesmo porque enquanto eu acho isso chato vocês estão aqui lendo e comentando.

Mas vou confessar… mesmo que eu ache o que meus colegas blogueiros escrevem mais interessante e melhor redigido eu escrevo porque eu gosto de escrever. Não sei qual o nome da região do cerebro e nem da substância que ele libera, mas ver o cursor do mouse se movimentando da esquerda para direita a cada segundo e ouvir esse tec tec tic tac tec do teclado faz com que eu sinta recompensando.

Enfim, escrever me dá prazer e acho de agradável estética ver as letras formarem palavras, as palavras sentenças e as sentenças parágrafos. Aliás, outra coisa que eu acho bonito é ver os parágrafos separados entre si pelo enter. E quando mais eu digito assim, mais com vontade de escrever eu sinto e me empolgo e acho lindo e fico satisfeito e não presto atenção. Por isso relevem como sempre os erros de concordância e gramática certo?

Mas não estou aqui para falar sobre os meus orgasmos editoriais (nem sei se essa palavra se aplica para o meu caso e deixa porque é licença poética e eu posso então). Estou aqui para falar que não aconteceu nada, absolutamente nada de interessante durante essa semana. Ninguém me cantou no MSN, ninguém me adicionou no MSN, eu não fui lugar que não fosse Universidade algum.

Ah sim! A Universidade foi um porre, assisti uma palestra por dia, em todas eu fiquei entediado, em todas eu olhava as panturrilhas peludas dos meus colegas, em todas  eu olhava mais para os meninos bonitos que passavam pela minha frente e olhava para os seus dedos, procurando algum anel de compromisso, casamento ou simplesmente para especular o tamanho de seus membros através deles.

Mas teve coisas interessantes? Acho que andar do ponto de ônibus até o centro de eventos debaixo daquela chuvinha fina foi legal. As gotas geladas geram um desconforto mas é bom, é bom porque a pele funciona, é bom porque está chuvando e eu prefiro chuva ao invés de Sol. Chuva é umidade para minhas vias aéreas, meus olhos, é água nos rios, nas hidrelétricas, no medidor de água, garantia de safra. E também acho que eu fico bonitinho, fofinho, quando me fico um pouco molhadinho de chuva. Sei lá, talvez alguém fique com dó de mim e queira me secar e ver o que eu vou fazer logo mais a noite.

Na verdade não teve nada de interessante, aliás, as coisas estão mais tensas. Minha mãe briga comigo porque eu não guardo minhas roupas na hora que ela quer e sim na que eu quero e eu falo alto mandando ela parar de gritar porque vizinho não tem que ouvir.

E ela grita, desnecessariamente grita, por coisa desnecessária e eu digo para falar baixo e ela gritando para vizinho ouvir que sou “um um um um” vendo que o um dela não saí, mas sabendo o que ela quer dizer eu pergunto berrando e dessa vez querendo que vizinho escute “Um quer que eu grite para eles ouvir? [com muita vontade de falar viado que dá e recebe cu]” e ela responde um preguiçoso engolindo seco.

Enfim, minha mãe é complicada. Ela é orgulhosa, ela acha a homossexualidade uma aberração e apesar de dizer que não tem preconceito, ela se sente muito superior a quem é. Ela se arrepia, amarga só de pensar que o filho dela é uma palavra que ela não gosta, gay! E gosto de ver na sua cara medo por temer que eu diga aos outros que o filho dela que se acha muito boa é um viado.

Essa não é a solução dos problemas existentes na relação com minha mãe, que penso ser muito reguladora, vaidosa ao ponto de ser pouco prática, muito menos crítica, apenas desnecessariamente liturgica. Mas é isso que eu sinto, irritação para com esse comportamente da minha mãe e sentimento de recompensa quando eu ameaço a dizer a ela o que ela quer dizer a mim.

Esses são meus podres… podem vaiá-los… mas isso sou eu.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O não vai dar certo voltou

Por muito tempo as perspectivas no horizonte simplesmente foram capazes de conferir a mim sofrimento ou muita alegria. Anos de terapia e aprendo não dar mais tanta importância para as expectativas, pelo contrário, se apegar ao máximo ao que é possível e não tratar o incerto como fato.

Não sabendo dosar a balança, comecei a ficar cético quanto a um monte de coisas. A vida se tornou um tédio, sem graça, simplesmete ficou quadrada e eu passei a ir para, ou acreditar nas coisas, como se o fato delas não darem certo era o mais esperado e a realização delas um acaso, que nesse caso viria para o bem.

A vida é um aprendizado e uma evolução constante e decidi viver as boas expectativas por antecedência. Uma delas foi o fato dos meus pais pagarem uma cirurgia nada tão sério, porém que custa 15 a 20 mil reais, uma cirurgia na mandibula necessária a minha qualidade de vida.

O preço elevado fez com que esperassemos por muito tempo a cirurgia na rede pública, onde as disputas de ego e política são sempre maiores do que as demandas dos pacientes e por isso a cirurgia não saiu, ou não saí. Meus pais decidem pagar por ela e isso me deu alegria. Comecei a viver a cirurgia antes mesmo dela acontecer, quando o dinheiro, mesmo que não seja o principal, ainda assim é preponderante para que ela aconteça.

O dia é um verdadeiro tédio, um calvário na Universidade. Os discursos são enfadonhos e meus olhos embaçam em sono quando tento fixar o olhar nos slides. Uma diversão, aliás, uma distração é olhar os rapazes em volta, principalmente suas pernas peludas, ou lembrar dos descamisados colegas estudantes das Artes Cênicas em suas apresentações nesses dias do evento.

De volta para casa, até que enfim, olho para a Região Leste e trovões e raios estão a bradar e clarear por lá. Aqui um asfalto ligeiramente molhado e um chuvisco de nada.

Finalmente estou no ônibus que vai me conduzir ao ponto da minha casa. Lá dentro olho os corpos masculinos procurando pelo que não tive e sequer é dessa cidade. A chuva vem e vem grossa, parece que quer levar embora tudo que num quero daquele dia. O tédio, as frustrações, a carência, o cansaço e quisesse anunciar alguma coisa, que poderia ser boa ou ruim.

Desço do bólido semovente para massas, doravante denominado ônibus, inundo meus pés com a água da sargeta, me escondo debaixo da marquiz e olho o véu laranja das lâmpadas de mercúrio. Meu pai chega para me buscar e quase em casa pergunto como foi na firma. Foi que agora meu pai está desempregado, o que significa entre uma série de coisas péssimas, uma mais péssima ainda, a possibilidade, pelo menos para quando planejamos, da minha cirurgia não se concretizar.

Chego em casa estressado já pelo simples fato de imaginar a minha mãe poder escolher a hora d’eu jantar para ser mais um calvário dela, aliás, uma coisa que me irrita profundamente na minha mãe é o seu gosto por sofrer, por viver o que não é positivo da pior forma, o seu processo eterno de se vitimizar, de se achar sofrida. É como se ela não vivenciasse algo negativo se ela não chorasse, esperneasse, berrasse e enchesse mais do que o necessário a minha paciência com essa lamúria.

Janto em paz e nada mais falo com meus pais. Me tranco nesse quarto e escrevo isso para vocês. Celebro ter uma verdadeira inspiração para à vocês escrever agora.

domingo, 25 de outubro de 2009

Metablogável

Fiquei com muita vontade de escrever e aqui estou, fazendo mais uma postagem no blog e quebrando um jejum superior a uma semana. Ao mesmo tempo que fico feliz por escrever qualquer coisa aqui, fico também chateado. Isso porque eu penso que quantidade, que é o que fiz muito nesse blog durante esse ano, não traz qualidade.

Não é que eu tenha em algum dia ficado realmente satisfeito e confiante no que eu tenha escrito, aliás, continuo achando que meu blog é sempre mais um do mesmo, contudo penso que escrever menos fará com que eu atinja a qualidade.

Tudo bem, eu confio quando as pessoas dizem que eu escrevo bem, e até me envaideço com isso, aliás, sempre me envaideço com um elogio por mais cético que eu seja a ele. Porém eu penso que esse blog é uma coisa medíocre. Eu já falei que acho ele mais do mesmo? Já né? Então, é isso o que eu sinto sempre que escrevo nele.

Também devo confessar que fiquei esses dias todos sem escrever por falta de criatividade, não que seja criativo, mas tem hora que por mais que tentemos reinventar a roda eu me convenço que realmente não dá.

Bem, e assim eu consegui ficar esses dias todos sem postar nada no blog. Não satisfeito com isso eu fui deixando também de ler e comentar os blogs dos textos que eu me interesso.

E o que dizer de mim? Que seja eu quem sabe, não vou ser tão auto-crítico assim, um idiota se martirizando pelo que não faz diferença como se o importante fosse apenas ser diferente. Também que eu acho que escrevendo

Olha, agora eu estou com uma baita preguiça de continuar isso aqui e vou postar assim mesmo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sobre o perdão

Quando lia a Bíblia, ia as missas, participava de encontros, retiros, pregações, fazia preparação para crismar lembro muito do que se dizia nesses lugares todos sobre o perdão. Lembro de como ele está contido nos escritos religiosos e como os cristãos acreditam nele como algo preponderante para alcançar a vida eterna, a santidade.

Hoje não sou mais cristão, aliás, me defino nesse momento como ateu, mas sobre o perdão eu concordo. Contudo não acho perdoar algo cristão, mas sim algo humano, uma prova de nós como seres racionais, inteligentes, diferentes e capazes de encontrar novas saídas para os conflitos.

Nos meados da minha adolescência aconteceu um conflito familiar. Esse conflito coincidiu com a época em que eu estive mais religioso, o conflito teve a mim como um dos epicentros. Saí dele muito ofendido, magoado e enraivecido.

Dizer que tinha raiva não resolvia o problema, mas me fazia sentir melhor quando a autoestima estava em baixa e pedir ou dar perdão, não importa quem estivesse culpado ali, era o que eu jamais pensaria em fazer, até mesmo porque eu estava muito orgulhoso.

Mesmo assim eu continuava hipócrita. Dentro da Igreja continuava rezando, cantando e pedindo perdão a Deus, algo que nos preceitos cristãos eu só teria o direito de pedir se eu desse também. Bom, mas eu achava que o perdão de Deus era maior até do que meu orgulho e minha hipocrisia e tudo bem se eu não pedisse perdão, Deus não me deixaria ir para o inferno, o maior medo da minha vida naquela época.

Minha mãe, matriarca que é, defendeu seu filho. A minha relação e da minha mãe para com um tio meu resumiu-se a diplomacia e até deixamos de participar de reuniões em família por causa da presença dele.

Com o passar do tempo minha mãe continuou muito resistente com relação ao meu tio. Eu não. Eu achei tudo que aconteceu na adolescência uma coisa menor, irrelevante, mas não ia tratar das situações como se nada tivesse acontecido. Nas reuniões em família eu continuava diplomático, mas sem abertura, aliás, fingindo quem não o via, escutava, simplesmente, que ele estivesse ali.

Devo confessar que foi um grande excercício de Paola Bracho ser tão dissimulado e cínico, fingir que absolutamente nada estava acontecendo. Mas fingir tudo isso foi um pé no saco e cansativo.

Então chega o último feriado prolongado, na casa da tia no interior, os filhos dos meus avós todos reunidos juntamente com eles a sós dentro da cozinha, onde estava minha mãe, enquanto netos e bisnetos do lado de fora ficavam curiosos.

Interessante é que eu fui o único deles, netos e bisnetos, que teve a honra de participar, mas quando meu avô começou a falar sobre perdoar 70x7 como Cristo falou e ali ao meu lado estava o tio, saquei a charada.

Bom, daí que achei aquele momento muito peru Sadia na noite de natal. Minhas tias choraram, minha avó chorava, os primos bicões choravam. Eu, que rapidamente mesmo sem saber o porquê me solidarizo com as lágrimas de riso ou choro, pelo contrário, dava altas gargalhadas porque achei tudo comicamente… fofo.

Se Deus existe, eu agradeci. Falei que da minha parte estava tudo bem, posaram os tios, tias e o tio, jutamente comigo, pais e meus avós numa foto estilo momento Kodak Ultra.

Confesso que tive vergonha de dizer no começo, há pouquissimos anos, que da minha parte estava tudo bem e que tive receio de não ser reciproco. Mas por em prática o perdão, não importando quem devesse ser perdoado por quem, foi o ápice do feliz feriado que tive.

Enfim, mas acho que o maior perdoado foi eu e o maior perdoador também, pois dessa forma deu para ficar melhor comigo mesmo e pensar que não estou devendo nada a ninguém. Entre essas dívidas está a de provar a mim mesmo que de fato dou perdão e me apego cada vez menos a essas vaidades, a de se achar muito bom para pedir perdão ou não dar perdão.

P.S.: Bom é que mesmo que eu volte a ser Cristão eu vou poder rezar o Pai Nosso em paz.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Feliz na escola

Agora estou fazendo estágio de verdade e já comecei acompanhando duas turmas. Elas não são muito disciplinadas, pelo contrário, mas eu estou feliz. É o professor o responsável por colocar os estudantes em envolvimento com o conteúdo e eu não tive essa formação na Universidade, mesmo assim estou feliz.

Bom, em uma das turmas as estudantes ficam me fotografando, cochichando sobre mim e quando eu olho elas dão risadinhas e ficam tímidas. Não sei, acho que elas me acha bonito, além de não saberem que eu desconfio.

Na escola encontro com meu passado sempre, o formigueiro da quarta série continua lá e a sala da quarta série virou laboratório de informática. A sala da oitava série agora tem o sétimo ano.

Emoções me despertam é quando encontro com os professores, as tias da merenda, as tias da limpeza e o guarda da portaria, que não estava lá quando eu era estudante, mas sim porque ele é um moreninho muito bonitinho com aquele cabelo milico e de farda.

Alguns professores não sabiam ainda que eu estou ali fazendo estágio e qual não é as suas caras de surpresa e de “mas você vai ser professor?”. É tudo tão lindo, nessas horas dá um medo desse senhor controlador e sabichão, mas muito simpático, o Tempo.

Engraçado tecer comentários sobre o salário de professor em Goiânia usando o estacionamento da escola como estudo de caso. “Olha, não tem nenhum BMW ou Mercedes-Benz, mas os mais velhos aí são ano 2005 e ninguém anda a pé”.

Ah! Está ótimo, e vai ficar melhor com as semanas, até mesmo em janeiro.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Sobre Mercedes Sosa

A primeira vez que ouvi Mercedes Sosa foi na RBC FM 90,1 de Goiânia, rádio de seguimento adulto. Tocava Duerme Negrito, achei a música diferente e bonita.

Algum tempo depois a Som Livre divulgava propaganda sobre uma compilação dos maiores sucessos da cantora para a série Perfil. Gostei muitas das músicas, mas eu ainda possuia grandes incógnitas a respeito de Mercedes Sosa.

Finalmente a inclusão digital chega a minha casa. Com computador e internet posso pesquisar material fonográfico, bem como comunidades e a biografia de Mercedes Sosa.

Sobre a cantora não possuo grandes conhecimentos a não ser alguns poucos e não sou tão ouvinte quanto de grandes outras vozes da música, só que brasileira. Porém fico chateado com a notícia de sua morte e confesso que me sinto ainda mais desperdiçado sabendo que eu não tive a oportunidade de ir a algum espetáculo dela, oportunidades que amigos tiveram e foram.

A música em questão é Como La Cigarra, que da metáfora é possível pensar sobre perseverença, sobre os leões que precisamos matar diariamente, sobre o sufocamento da Liberdade, que é o que acontece com os homossexuais no Brasil.

sábado, 3 de outubro de 2009

Do melhor amigo II

Hoje no começo da tarde voltava a pé para casa, vinha de uma reunião de estágio. De repente um motoqueiro para ao meu lado, o que serviu para me assustar já que uma vez um deles me deixou no mínimo constrangido.

Mas ainda bem, era o meu melhor, talvez, amigo perguntando se eu estava afim de terminar a caminhada até a minha casa ou se preferia subir na garupa e chegar até ela de moto. Eu escolhi a carona, mesmo que eu não estivesse de capacete.

Bom, a carona foi boa, mas não tão bom quanto poder conversar um pouco com ele, mesmo que breve. Acontece que isso serviu para dar ao resto do meu dia um clima de melancolia.

Gosto muito desse amigo, como amigo, e houve um tempo de nossas vidas que passamos muito do nosso tempo junto, fazendo uma infinidade de coisas, principalmente as mais caseiras como jogar baralho, xadrez e assistir a filmes, nenhum pornô que fique bem claro.

Esse foi, eu acho, o período de nossas vidas em que nossas relações foram as mais estreitas. Hoje ficou diferente, as coisas não são mais como eram antes. Vou pouco a casa dele, nos falamos pouco, nos vemos pouco também.

Uma coisa que mudou muito o meu semblante e garantiu por dias um sono mais leve, foi ter dito a ele que sou gay e ter da parte dele uma reação que se não foi a melhor, foi no mínimo muito boa. Ter dito a ele que sou gay parece não ter provocado nele nenhuma mudança, ele continua agindo naturalmente comigo, é sempre solicito, hospitaleiro e lembra de mim para favores que ele retribuí havendo a possibilidade.

O que parece ter mudado foi a minha segurança quanto ao amigo. Existe em mim uma insegurança quando na presença dele de haver alguma atitude minha, por mais que seja natural, que acabe provocando algum mal entendido, no sentido dele se sentir assediado.

Ele é muito inteligente, crítico, sabe que nossas convicções em muitos casos, como as sociais, são construídas, são relativas e por isso não expressam bem a realidade ou simplesmente não expressam. Mas não sei, tenho medo mesmo assim.

Uma coisa eu já percebi, ultimamente tenho adotado uma conduta mais reservada com relação a ele, embora eu queira me aproximar. Na verdade é medo meu.

Bom, aproveitei a melancolia para dormir no final da tarde, acordei mais melacólico ainda sentindo falta, saudade, de não sei quem. Um vazio que não é só por causa desse amigo, mas por causa de todos.  Isso pouco muda no decorrer do tempo, pois tenho cada vez menos lugares para ir com os amigos.

Não posso negar também que sinto falta do que nunca tive, alguém para contatos mais afetivos e íntimos. Sinto falta disso, mas não é apenas disso, é um mix de tudo mesmo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Pensamentos ao assistir Show da Fé

Rádio, televisão, telefone celular, internet wirelles, todos esses serviços  e um série de outros são transmitidos por meios de ondas eletromagnéticas em frequências distintas. Isso todo mundo sabe. O que pouca gente sabe é que para utilizar essas frequências é necessária autorização do Estado, no nosso caso a União através da Anatel, que representa o interesse público.

 

A Anatel, apesar das críticas que se faz, regula e distribuí bem as concessões públicas levando em conta os aspectos de ordem técnica. Quanto aos outros aspectos, como os de ordem social, não é critério dela e sim do Congresso Nacional avaliar na hora de autorizar alguns serviços como rádio e televisão.

Sabemos o Congresso que temos não é? Os deputados e senadores que deixamos nos representar quando não são donos, representam os interesses de emissoras de rádio e televisão, companhias telefônicas, igrejas e afins. Bom, isso não explica tudo, mas explica muito do que vemos e ouvimos na televisão e no rádio.

Como o que se leva em conta na distribuição de outorgas rigorosamente no Brasil são os aspectos técnicos, falta principalmente na nossa televisão aberta e de interesse público os interesses públicos que nossas leis definem bem. Por isso tantos programas com apelo erótico, inclusive entre as crianças, apelo à violência, ao sensacionalismo as custas de humilhações de pessoas e da agressão gratuíta entre elas.

A publicidade dá até medo, propagandas da cervajaria subjulgando a figura da mulher, atrelando o consumo de medicamentos algum glamour, gerando demandas por objetos de consumo cuja falta deprimem as pessoas. Mas a publicidade não dá tanto medo quanto o nosso “soberano” jornalismo monopolizado por cinco grupos nacionais, fora os regionais, caracterizado muitas vezes por abordagens tendenciosas, irresponsáveis e que ainda reclamam não existir liberdade de imprensa no Brasil.

Os problemas e as ausências de interesses públicos na televisão, e as vezes no rádio, não se resume a isso, pois também engloba o fator religioso, que no caso do rádio é ainda maior. Os programas e as emissoras religiosas, com a justificativa de liberdade religiosa, diariamente leva aos rádios e às televisões brasileiras promessas de curas, inclusive a AIDS e a homossexualidade como assisti certa vez no Show da Fé. Também não se pode ignorar as atribuições demôniacas e esteriotipantes que fazem às outras confissões, principalmente as de matriz africana.

Por fim, entre muitas coisas, os nossos programas religiosos aproveitando da ignorância, do desespero das pessoas e  principalmente das concessões públicas, leva a inúmeras pessoas expectativas baseadas em promessas de realização inexplicável ou pouco plausível, além de ilusórias e que criam preconceitos e intolerâncias contra alguns tipos, seja religioso, seja sexual, enfim.

A qualidade da programação de nossa televisão é tosca, é brega e de mal gosto. Essa qualidade em grande parte não tem compromisso com a promoção da cultura, regionalismos, fixação de nossas identidades, soberania, cidadania, informação, imparcialidade, causas sociais, com os preceitos constitucionais e os vigentes em outras leis.

Não justifica a distribuição de concessões públicas, levando em conta apenas os critérios técnicos, os interesses particulares e os de alguns grupos econômicos e políticos. Não justifica em nome da liberdade religiosa tolerar promessas irresponsáveis, discursos estigmatizantes e que ofendem outros grupos.

O Estado é um servidor, existe para prover os interesses da sociedade, não é uma máquina que deve ser dominada por ideias mercadológicos e políticos. Sendo assim cabe ao Estado considerar esses interesses, os sociais, na distribuição de concessões públicas e a nós, enquanto cidadãos, fiscalizar isso, pois para isso pretendemos um Estado que seja democrático e aberto ao diálogo.

Eu sou lindo? Absoluto?

Fiz uma Rev- no texto para tentar torná-lo menos confuso.

Eu fui a parada gay e todo mundo já sabe. Prometi a mim mesmo que iria a parada gay desse ano e iria ver o que é o evento com meus próprios olhos, questionando meus próprios valores para fazer um julgamente mais próximo do justo. Acho que consegui, apesar que fui porque meu amigo D insistiu.

Indo lá para a parada eu conheci os amigos do D, um deles é o P, que como vocês devem se lembrar ficou comigo, mas eu não continuei com ele porque não rolou muita afinidade da minha parte. Tudo bem!

Lá na parada estava também o R, amigo do D, o meu amigo, que notei ser mais reservado, menos falante e que tive a impressão que me olhava como se não tivesse ido para minha cara. Pensei também que o R fosse irmão da amiga simpatizante do D, o meu amigo, e além disso, heterossexual.

Dias depois, no domingo passado para ser mais exato, descubro que o R se chama R e que ele não é heterossexual, é sabão em pó mesmo, muito menos irmão da amiga do D. Descobri porque o R me adicionou deixando um scrap mínimo no orkut, mas que acabei aceitando pelo D, o amigo, e o P, o ex ficante, constar como nossos amigos em comum.

Lá no MSN, que também aceitei, ele me conta que é homossexual mesmo, que não é irmão da amiga do D, me perguntou o que eu achei da parada e então, finalmente, enfim, contudo, todavia, ele chega a um ponto, me pergunta se eu ficaria com ele.

Lembro que na hora eu pensei, “porra, ainda bem que é no MSN essa conversa, tenho tempo para pensar muito bem nas respostas”. Porém sem mentalizar muito respondo que não porque eu fiquei naquele dia e nos que se sucederam com o P, o ex ficante é claro. Então cerrrrto mano! Contornei e ele se deu por satisfeito.

Porém com essa pergunta eu comecei a tomar ideia do porque ele, o R, me adicionou no orkut e pediu para que o adicionasse no MSN, mas o principal, comecei a sacar porque ele me olhava fixamente e eu achava que ele não estava indo com a minha cara lá na parada.

A conversa fluí para outros assuntos, falo da minha graduação e o R não diz a clássica mas você vai ser professor? e ganha créditos comigo. Explico então da faculdade, do curso e ele volta o rumo da conversa para relação e pergunta se eu, que tinha dito que não estou com ninguém, aceitaria ficar com ele.

Lembro que na hora eu pensei, “o quê? Onde você quer chegar companheiro?”. Me levantei, olhei-me no espelho do guarda-roupas, testei ângulos e pensei, “feio eu não estou... (pausa)... hoje”. Contei a Vaca Profana em outra janela no MSN o que estava acontecendo, ao S, um amigo que conheci em São Paulo, também. Por fim perguntei a eles, “eu sou bonito por acaso?”.

Bem, o S disse com muitas exclamações que sim. A Vaca Profana disse que melhoramos, ela e eu, muito do Ensino Médio para cá. Enfim, se eu fosse hetero eu dava uns catos na Vaca, mas eu? Bonito?

Contei ao Gato de Cheshire um pouco da conversa com o R e rolou uma confusão danada. Tive que escrever um tratado cartesiano para explicar que nariz de tomada não é porco, eu sei que não é assim, para no fim ele, o Gato, dizer algo na linha de, agora entendi.

Contudo, o R estava lá me esperando e eu dei uma resposta ao se eu ficaria com ele agora que eu estou livre. Eu disse que não, porque eu não poderia retribuir os sentimentos. Simplesmente retribuir, pelo que vi na parada e no orkut, não ia acontecer já que ele não me atraí.

Daí que eu penso que talvez eu não esteja tão mal quanto penso que estou. Pois para mim o R só me adicionou no orkut, pediu para que eu o adicionasse no MSN, mas o principal, ficou durante o tempo que o vi na parada me encarado porque eu despertei algo nele.


Eu sou Well

No meu CrossGol eu vou sair

Vou buzinar os taxistas

Pois eu odeio essa classe, demaiiiiiiiiiissssssss!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Mas você vai ser professor?

Sim! Existe uma comunidade no orkut com esse nome cujo título e descrição me inspiram a fazer dessa pergunta, Mas você vai ser professor?, uma constante.

Pode ser uma verdade feita, mas já são quase três anos dentro da Universidade e eu refletindo sobre isso, mesmo assim ainda tenho comigo, Professor é a mais importante classe da sociedade. Lendo vários autores, estudando vários casos de vários países chego a essa conclusão.

Mas não é a importância que o Professor tem que me faz pensar que no final do ano que vem serei um. Quando olho os editais dos concursos e vejo as cargas horárias intensas e os salários de fome eu penso realmente se eu vou ser professor.

Fui até a escola em que estudei todo ensino fundamental, vi vários professores daquele tempo. Era inevitável o “mas você vai ser professor?” que me faziam. Hora com um entusiasmo, outra hora com um certo desdém, do tipo eu colocava tanta fé em você e me vem dizer isso.

Enfim, sempre fui bem quisto pelos professores, mas não será a minha graduação o motivo de mudar esse status entre eles. Assim espero. Mas ali em contato com a escola, com os professores sou bombardeado por várias memórias.

Das memórias tenho boas e más. E o que me levou a voltar àquela escola foram as boas, mas das más eu não esqueço. E falar das memórias ruins não me traz conforto, é meio que um tabu para mim e talvez um dos poucos, se não o único gargalo, que a minha sexualidade ainda tem.

Na escola foram várias as vezes em que cassoaram de mim, quando não me agrediam. Isso fazia com que eu me sentisse a pior das pessoas e chegasse a desejar nunca mais voltar para aquele lugar. Algumas vezes pedi a minha mãe me tirar de lá. Ela fica ofendida também quando dizia o que acontecia, mas mandava eu virar homem.

Quando minha mãe mandava eu virar homem eu ficava pior ainda, pois me sentia abandonado e ainda achava que a culpa era minha. Enfim, existiam momentos que pensar na escola era simplesmente ativar em mim sofrimento, um desejo de não ir.

E de uma coisa eu posso dizer, eu tive de tudo para não me autoaceitar e ser infeliz. Resolver o nó da minha sexualidade me conferiu uma qualidade de vida, uma leveza de espiríto, uma serenidade no sono que as pessoas que mais se gabam de gostar e ou amar a mim não ajudaram em nada.

E então eu penso, mas você vai ser professor? quando penso que vou trabalhar onde estudei sabendo que as crianças que romanticamente a sociedade atribuí uma ingenuidade, uma imacula, que na verdade não existe, fazem julgamentos e atitudes daquilo que em nós adultos se entende como maldade.

Mas não vou me preocupar em responder definitivamente essa pergunta. Vou ser professor, enquanto tiver ânimo, vontade, enquanto não aparecer nada melhor. Mas fiquem tranquilos, não vou quebrar galhos quando tiver atuando profissionalmente, vou fazer o que seja ético sem pensar que eu tenha a messiânica obrigação de quebrar os paradigmas das crianças.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Deus, religião e sexualidade.

Postei numa comunidade aí, achei bom e estou colocando aí.

Ruim de pegar assunto que fale de religião é que as crenças costumam ser deterministas e na hora de julgar a fé alheia comete-se muitos equívocos, pois se utiliza sempre a própria fé como pressuposto. Por isso que tem quem diga que todo ateu no momento de aperto recorre a Deus. Ledo engano.


O dilema entre ser bissexual, ou homossexual que não influência muita coisa nesse julgamento, é se é possível viver bem com a sexualidade e acreditar em Deus.


Indo do pressuposto que Deus é diferente de religião, é possível sim. Porque Deus, ou a determinação que se quiser dar a ele, é uma abstração que varia conforme a cultura, o tempo, a sociedade, a história, o grupo, o interesse, as idéias das pessoas e a subjetividade de cada um. Ou seja, cada um, ou cada grupo, religioso por exemplo, definem Deus conforme suas peculiaridades, porque Deus é uma definição mais variável e flexivel.


Dessa forma é possível acreditar em Deus sem entrar em conflito com a própria sexualidade, desde que a concepção que se faz a respeito de Deus tolere a sexualidade do indivíduo.


Quanto às religiões, o assunto é mais complicado, pois muitas delas, principalmente as grandes confissões como a muçulmana, a judia e as variadas cristãs fazem um definição de Deus como não tolerante a nada que não seja heterossexual.


Portanto, uma pessoa, que antes de ser católica é um bissexual, entra em conflito com o que prega sua religião, já que ela é algo mais normativo e definido em relação a Deus e que não tolera as práticas não heterossexuais.


Sobre a parte da religiãofobia, eu confesso que tenho, pois vejo a religião como uma ameaça as minhas liberdades individuais, além de uma punição ao que foge do meu controle e escolha, a minha sexualidade, e me obriga a viver de uma forma sofrível e injusta com isso tendo como justificativa argumentos relativos, simplistas, determinista, impositivos e, na maior parte das vezes, incompravados.

Exemplo disso é a mobilização que a bancada religiosa faz no Congresso Nacional para impedir leis que punam a homofobia, equiparem os direitos civis, criem condições para adaptação a diversidade de identificação de gênero, cujos argumentos são pautados na bíblia, na defesa da família cristã, como se todos fossem cristãos e como se homossexuais fossem perigo a eles, atribuíndo a nós desvio de caráter, perversão, doença, pedofilia, disturbio, transtornos sem nenhuma propriedade técnica e comprovação cientifica.


Além disso as religiões utilizam concessões públicas de radiofrequência de rádio e televisão para, entre muitos absurdos, veícularem propaganda homofóbicas e visão conturbadas.


Por isso vejo que acreditar em uma religião, católica, evangélica, enfim é dar apoio a um movimento contrário ao próprio indivíduo, porque antes de ser católico ou evangélico, a pessoa é em primeiro caso bi/homossexual tanto quanto é branco, negro, mestiço, isto é, partindo do pressuposto que religião seja uma construção social e a sexualdiade, assim como a cor da pele, algo inerente ao individuo, que é o que acredito ser no meu caso.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Papo Aleatório VIII – Um dia nublado

Bom, não é nada, é só vontade de escrever mesmo. Eu recomendo que você não leia essas baboseiras

Eu estou bem, me sinto mais livre agora. Ele logou, eu falei que da minha parte não dá para rolar. Pedir para ele esperar seria egoísmo da minha parte para o que agora e nem sei quando dá para acontecer. Por enquanto eu prefiro só a amizade.

Ele não fez escândalo, disse que tudo bem, mas acha que estou apaixonado por outro. Quem dera, se eu tivesse apaixonado por outro eu falaria também. Mas não foi mesmo. Feliz eu sei que ele não ficou, nem sei como ele dormiu já que acho que ele botou fé na relação.

Bem, eu recolhido em mim mesmo dormi muito bem essa noite. Acordei às  08:00 horas – sim eu sou um estudante universitário que não procura emprego porque tem medo de entrevistas, dinâmicas de grupo, não aguenta as desculpas esfarrapadas que dão quando não querem contratar, psicólogos de RH e ninguém sabe – e noitei que o céu estava nublado.

Fui até a janela, me senti livre quando pensei que não tinha que mentir para ninguém e que tudo ia dar certo agora, mesmo que eu acordasse às 08:00 horas da manhã. 

Deitei na cama outra vez e continuei olhando pela janela, que fica aberta a noite toda, pensei nas massas de ar, nos impactos ambientais, na impermeabilização do solo, no oiti – acho que é esse nome – cuja a copa está bem mais alta comparado ao ano passado e que o irritante do meu vizinho fica colocando o carro dele na sombra.

Imagem

Foto que eu tirei agorinha….

Isso que eu não entendo, ele tem uma calçada maior do que a minha, além de inútil, e não planta uma árvore. Aliás, ele cortou a pupunha que tinha no quintal dele para dar lugar a mais uma vaga para o carro do padrasto.

Me levantei e fui ver tv, reprise do Bom Dia Brasil na GloboNews. Me sinto tão alienado, além de preguiçoso e letárgico. Almocei, assisti o Jornal Anhangüera 1ª Edição. Vi as ofertas de emprego, não tinha nada para que eu pudesse me candidatar e isso serviu como uma desculpa esfarrapada para a cobrança da minha consciência.

“Viu só, nada de call center, nada de pessoas sem experiência e nada para a Educação, que é a minha área!”

Agora estou aqui, navegando na web, escrevendo esse texto, me irritando com as correntes que me mandam por email, pensando metarracionalmente.

Vou lavar a louça, arrumar meu quarto, limpar o chão, gravar um mp3 com o que tá bombando na rádio e começar a pintar algumas paredes da minha casa. Se tem uma coisa que faz a gente pensar é pintura, de parede. Acho atividades como essa tão racional.

domingo, 20 de setembro de 2009

Fatos e fantasias

O que é fato é que eu fui a parada gay e gostei de ter ido. É também fato que eu beijei na boca e gostei de ter beijado na boca. Também não deixa de ser fato que eu gostei de ter matado aula naquele agradável dia de chuva para ficar com ele outra vez, mesmo que isso me custasse uma avaliação em sala e mentiras sujeitas a serem desmacaradas.

O que é fantasia é que eu não me sinto sentimentalmente atraído. É fantasia que um eu te amo que por ventura possa ser dito da minha parte agora é verdadeiro. Também é fantasia que eu não me sinto pressionado e que estou satisfeito com a discussão de relação que tivemos ontem.

Combinamos deixar rolar, enquanto deixavamos rolar ele se antecipou, disse que me amava e disse a alguns que já “firmamos”. Não tenho raiva disso, mas isso me faz sentir pressionado e de certa forma me faz pensar que eu não estou tendo controle.

Pedi mais um tempo, não quero magoar ninguém. Disse que acho duas semanas, que se completam hoje, tempo insuficiente para firmamos um compromisso. Ele entendeu, pediu desculpas – embora não fosse uma questão de pedir desculpas porque eu não me ofendi com nada.

Mesmo assim não fiquei satisfeito, pedi para ele esperar um pronunciamento sobre um sim ou um não, o quê seria algo egoísta da minha parte, aliás, até agora está sendo. Ele não tem o mesmo tempo, ou interesse em utilizar esse tempo se o tiver, esperando por algo que eu não posso prover a ele, uma relação.

Então é melhor parar, ficar só na amizade porque não dá certo. Combinamos deixar rolar por mais um tempo e ainda hoje ele me pergunta se pode sair com uma das pessoas que eu conheci na parada e que é amigo dele há muito mais tempo do que ele me conhece, sem contar os sms lá com seus Eu Te Amo e me tratando como Amor.

Ou seja, me sinto pressionado com isso tudo e é então melhor deixar o caminho livre para ele. Não tenho atração afetiva por ele agora e não boto fé que terei um dia e dessa fez devo confiar nas minhas emoções. Namoro é para se conhecer e ver se gosta, mas se namora quando tem alguma coisa atraíndo e essa coisa deve ser lá uma paixão, um afeto mesmo que mínimo e que não tenho.

Sendo assim vou ser transparente, vou esperar que ele chegue em casa e dizer o que eu sinto, ou não sinto, para que eu me agarre só ao que eu quero. Não quero posar de super herói e nem ter o que não está sendo interessante para mim, uma relação.

Então fica melhor assim e não magoar ninguém.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Papo Aleatório VII – Um dia de calor

Agora está um céu limpo e claro lá fora. Claro não por muito tempo, está anoitecendo, é quase 18:00 horas. Apesar de estar limpo e anoitecendo faz calor e eu estou suando e sem camisa.

Ficar sem camisa é algo chato, não gosto. Meu corpo é unsexy na minha humilde opinião e estou pigando de suor em bicas enquanto deve estar fazendo aí uns 36° C. Além disso ficar sem camisa me faz sentir nu e é como se eu tivesse mais desprotegido e sujeito a julgamentos.

Se bem que ultimamente não estou me preocupando tanto com os julgamentos. Fui a parada gay e nem me preocupei com julgamentos, seja os que poderiam se fazer de mim, como os que eu pudesse fazer a respeito dos outros.

Foi bom, conheci mais pessoas, conheci mais o mundo e voltei mais leve. A parada gay não foi apenas uma diversão, foi um aprendizado também e um escancaramento de novas oportunidades.

Daí que outra vez cá estou eu escrevendo sobre as oportunidades que não estou agarrando. Dessa vez, como em várias outras, o ceticismo. Fico aqui achando que as coisas tem tudo para não dar certo comigo, e o pior, muitas vezes acontece.

Agora existem mais pessoas lá no Orkut social, o fake está um tédio e não sei porque ainda não apaguei. As pessoas deram um ânimo novo para abrir aquela coisa lá. O melhor foi uma pessoa em especial que dá para chegar mais e explorar o corpo dela sem constrangimento maiores.

Parece que estou a vontade, mas não estou. Prometemos um ao outro deixarmos rolarmos, ver no que vai dar. Tudo bem, mas daí que nem tem duas semanas e o cara já está me dizendo que me ama.

Isso é para mim constrangedor. Primeiro porque eu não me apego ao que dizem os poetas sobre o amor, não acho amor algo incondicional em todas vezes, mas algo que é construído e no nosso caso não deu tempo de construir isso.

Além disso Eu te amo não é saudação ao chegar, ao sair e nem vírgula, assim como enter também não é. Eu te amo é uma confissão de um sentimento que se nutre. Daí que eu não sinto esse sentimento.

Eu gosto dele sim, eu sei. Não sei se é como amigo. Acontece que para mim as coisas não são simplesmente dizer que são e elas se tornam. As coisas são construídas e leva, muito ou pouco, tempo.

Não quero magoá-lo, aliás, agora magoar é tudo que eu não quero fazer a ele. Mas quero deixar claro, sem querer ser sofista, sem querer ser idealista, sem querer ser chato, sem querer ser brochante dizer que eu não amo ele, embora eu ache que deva dar certo nossa relação.

Mas enfim, outra vez vou confiar no tempo e esperar o contexto para tal. Assim quem sabe as coisas deem certo.

E outra vez enfim, Deus sabe o que faz [/Irmã Selma] e rezar é uma ótima forma de achar que se está ajudando [/@OCriador]. Por isso não rezo e nem acredito em Deus.

P.S.: Como estou atrasado perdoem-me pelos erros de ortografia, gramática e concordância acima da média. E olha que agora num é nem preguiça de revisar o que escrevi, é que estou atrasado mesmo.

sábado, 12 de setembro de 2009

O Estado quer roubar meu corpo

E lá está o Estado, baseado em leis, em moral, em religião e outros fatores do tempo em que a ordem não era questionar o poder.

Não questionando o poder foi se permitindo que o Estado hoje escravize, defina ou seja conivente com o que fazem com o corpo.

Existe alguma liberdade na obrigação de apresentação e do serviço militar obrigatório? Existe algum fator humanista em ser obrigado assassinar outra pessoa para defender interesses diversos de quem quer que seja?

Não e não. A lei do serviço militar obrigatório na verdade é só outra confirmação de como o Estado usurpa o poder sobre o corpo, que pertence ao indivíduo.

Ninguém tem obrigação de morrer por um Estado que de caridoso nada tem. Por um Estado, chamado de pátria para ser personificado e assim os idiotas desenvolverem por ele um afeto mais fácil, não se morre, ainda mais quando quem o lidera é quem inventou a guerra e ou quando esse Estado é financiado com quase 40% de impostos.

Serviço militar obrigatório é apenas a forma mais descarada, mas ignorada pela paixão irracional das pessoas, de como o Estado tira das pessoas o poder de decisão e a autonomia delas sobre os próprios corpos.

Defendendo diferentes interesses e convicções, o Estado impede equivalência de direitos, principalmente entre homossexuais e heterossexuais, criminaliza outra vezes quem decide por algo, como consumir narcóticos e tolera outros.

Enfim, não sou ingênuo e não acredito que meu corpo seja totalmente meu, não que outros tenha direitos sobre o que eu faço questão que seja só meu, mas sim porque o corpo é disputado constantemente, pois seu domínio confere poder.

Apesar de tudo, quero dizer que não sou contra o Estado. Sou favorável a um Estado compacto, não mínimo, feito por pessoas e para pessoas defendendo interesses desde que não se passe por cima da liberdade de outras pessoas.

No entanto o Estado não é dono de ninguém e muito menos pode obrigá-las a ceder o mais preciosos bens, a integridada, a liberdade e a vida por interesses alheios.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Os filosofos… da rodoviária

O que quero dizer é que eu reconheço que sou limitado, incompleto, ingênuo, inexperiente, jovem – ainda bem, que tenho muito que aprender, que não sou dono da verdade.

Reconheço que devo que devo ter humildade para pensar sobre mim mesmo. Mas e você não tem que ter humildade, se perguntar e se julgar sobre quem você pensa ser e acreditar?

Gosto quando muitas pessoas, os filosofos… da rodoviária, se dão conta que eu tenho medo de todo mundo que tem opinião pronta e formada para tudo, até sobre o que não conhecem e se recusam conhecer.

Tenho medo porque são essas pessoas as que fazem os julgamentos mais ignorantes e mais levianos.

Gosto quando as pessoas questionam até que ponto o que elas dizem ser a opinião delas é delas mesmo, baseando-se no que elas de melhor aprenderam na vida. Aprenderam e não copiaram!

Tudo bem achar o que nos passam algo bom, o que não é certo é querer incorporar essas verdades sem questioná-las sendo que tudo é questionável, até o inquestionável.

Gosto também quando as pessoas pensam que talvez seja tudo passível de questionamentos e que um único olhar não representa a verdade e sim uma verdade quando existem várias perspectivas e assim sendo várias verdades, que embora várias não deixam de ser verdades.

Gosto que as pessoas pensam que seja arrogante pensar que a subjetividade de si próprio é maior do que a das outras pessoas e por isso se é melhor, quando na verdade apenas está, se é que possível estar.

Gosto quando as pessoas pensam se a experiência não deva ser cálculada pelos anos de vida e sim pelo valor que cada uma delas, as experiências, tem para a construção do humano que se é.

Assim sendo talvez pensem que os anos de vida podem ser inuteis para se tornar alguém melhor quando o que contribuiu para isso tenha acontecido uma única vez na vida.

Gosto que as pessoas pensem se não é mais certo pensar que só se conhece quando chegamos perto e esmiuçamos ao invés de pensar que tudo que de longe está a reluzir seja ouro.

Gosto que as pessoas pensem se talvez não seja megalomania achar que o mundo é maior do que se é quando a nossa ignorância que é grande na verdade e que o mundo é bem menor, bem simples e nós que o tornamos complicado.

De tal maneira pode ser que dê para pensar que não existem fórmulas mágicas e nem equações para se viver, para lidar com o fácil e gestual.

P.S.: Filosofos da rodoviária são aquelas pessoas que se assemelham as que já encontrei não só nas rodoviárias, mas nas mesas de bares, filas de bancos, e afins que puxam conversa comigo e que tem uma visão pronta, inquestionável, inrevogável, para tudo, mesmo que ignore algumas coisas, mesmo que não reconheça que essa ignorância existe.

P.S.:² Talvez eu esteja com paranoia por ter me dado conta que eu já não tenha mais certeza de nada, nem do que é a REALIDADE (que algum filosofo da rodoviária) mandou eu cair amanhã, digo ontem. Só sei que nada sei (foi Aristóteles que disse?).

P.S.:³ Viver é muito complicado, mas quero tentar simplificar.

P.S.:(²)² O menino lá da parada gay me ligou, e eu liguei para ele, ele me mandou SMS, eu mandei SMS de novo. Aproveitamos os bônus da Vivo e hoje matarei aula para vê-lo.

P.S.:(³)² Vamos deixar rolar, o que rolar rolou e o que não rolar é porque não rolou. Falavámos isso ontem quando aproveitávamos os 20 minutos de bônus que a Vivo me deu.

P.S.:(²)³ Hãããããããã éééééér [/Marília Gabriela]

VIVO SINAL DE QUALIDADE )))

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Eu ia e eu fui

E então eu fui a parada gay, com essa experiência aprendi muitas coisas que certamente vão contribuir para o meu processo de auto-construção. No processo de decisão em ir a parada gay, apesar do receio, e ir para ter ficado até o fim, tenho muitas coisas a comemorar. São ilusões que desaparecem, reflexões que faço, novas ideias, novas experiências. Enfim, valeu a pena ter ido a parada gay.

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Sou o da esquerda.

No sábado estava convicto sobre minha decisão, eu iria ao evento supracitado. Não aguentando a expectativa sobre a reação da minha mãe eu contei logo na noite desse dia que iria a parada. Ela perguntou se iria a parada militar e eu seco respondi, a parada gay. O que me surpreendeu foi a reação dela, se ela sentiu ela não demonstrou, sem receios por mim, sem choro e o melhor, sem perguntas excessivas, retóricas e desnecessárias.

Bom, daí acho que minha mãe já evoluiu, mesmo que em partes e eu não tomei noção disso. E agora me questiono se não estou sendo injusto com ela, com o jeito ríspido que a trato quando assunto é a minha sexualidade e se não é o caso de, entrando na onda da nova novela, viver a vida.

No domingo, que é o dia de hoje, lá pelo começo da manhã sonhava que transava, aliás, ia transar com um rapaz que mora aqui perto de casa. O conheci na infância, hoje ele já é adulto, mais velho que eu e bonito, talvez por isso o sonho libidinoso. O sonho ia interessante, problema que na hora do vamos ver minha mãe coloca a televisão na sala berrando na missa de Trindade – GO. Sempre minha mãe.

Enfim, acordei cedo, contra minha vontade e libido. Toquei uma para drenar um pouco da tesão. Tomei banho, me arrumei, almocei pouco e fui à parada. Fiquei na plataforma esperando o meu amigo e sua trupe por mais de hora e vendo as figuras coloridissimas que desembarcava no outro sentido da linha e no meu para irem ao evento.

A fiscal, simpática, com cara de heterossexual fazia suas colocações sobre os homossexuais, sem ser preconceituosas, mas demostrando desconhecimento. Eu apenas explicava algumas coisas que depois ela foi perceber porque explicava com tanta propriedade. Sou gay meu bein!

Subimos para o shopping que existe no centro da cidade, amplamente frequentado pela turma do babado. Foi divertido quebrar o gelo com relação aos amigos do amigo. São comunicativos, barulhentos, estressados, efeminados, divertidos, necessários para o meu processo de deseterossexualização.

Descemos para o parque, onde a parada ia partir. Foi bom, a sombra das árvores, as famílias dos homossexuais trazendo seus filhos e suas crianças para o evento, para desde cedo tirar as mistificações.

Confesso que as pessoas de lá são bizarras comparadas com o que estou acostumado a conviver e ver diariamente. Mas elas deixam de ser bizarras quando nos aproximamos delas, posamos juntos para fotos, brincam e abraçam! São seres humanos de expressões, texturas e emoções humanas! Não tenho mais medo de travestis!

Durante o evento vi algumas pessoas conhecidas de longe. Sabe os professores da universidade que você desconfia? Então, quando você desconfiar da próxima vez é bem provável que acerte e hoje acertei.

Encontrei uma amiga, que não sei se estava perdida, se era simpatizante, se estava com o namorado, se estava porque era do babado também. Só sei que ela estava e me deu beliscadinhos na barriga para dizer – Oi Well. E eu respondi com um sorriso pouco me importando com o que ela vai pensar.

Confesso que pensei no que vão pensar quando notei um velho conhecido, mala sem alça ainda por cima, da Igreja que estava trabalhando na área técnica de um dos trios. Fiquei constrangido, mas a vergonha passou quando o álcool subiu a cabeça, mesmo que eu não tenha feito nada do que me fosse arrepender depois.

Ali, ligeiramente bêbado, beijando o tempo todo a boca de alguém que agora estou esperando me ligar, se é que vai ligar, explorando e descobrindo a liberdade e o tato corporal, entre as amigas de rodinha, lésbicas ou simpatizantes, mas principalmente entre os amigos de rodinha, muito deles gatinhos, foi lindo embalado nos remixes de Lady Gaga, Beyonce, The Pussycat Dolls, olhar o céu azul anil profundo ao entadecer. O céu azul que aparece depois de três dias cinzentos e agradávelmente chuvosos.

O nome é parada do Orgulho LGBT e não teve nenhum discurso político, pelo menos que eu tenha ouvido. Sequer consegui ouvir o Hino Nacional, que não foi entoado pela Vanusa. Teve distribuições de camisinhas e não falaram sobre os projetos que correm no Congresso do Sarney, pelo menos no Senado ele manda e desamanda, que tratem da homofobia e dos direitos civis aos homossexuais. Não falaram das concessões públicas de rádio e TV sendo utilizadas pelos Renatos Aragões e Chicos Anysios da vida para discriminar com seus retardados humores os homossexuais. Muito menos das concessões públicas usadas pelos padres e pastores evangelizarem sua intolerância.

De político não teve muita coisa, que eu tenha visto, porém políticamente incorreto também não. Mas sabe, se pode desfile de 7 de setembro que de político não tem muito, de formação de caráter patriótico – o que acho uma grande besteira – muito menos e que na verdade é incitação aos órgãos estatais de controle e violência, por que não pode a parada do gay? Ganharia-se muito se a parada fosse mais política, pelo menos enre os participantes, mas porque esse pragmatismo em tudo também?

Enfim, mas falar do macro, da política e da mentalidade da sociedade não é bem o caso quando as maiores transformações aconteceu no indivíduo, no caso eu. A partir de hoje posso dizer que tenho menos preconceitos, mais autoconfiança, mais experiência.

E parafraseando o Mal do Castelo Rá-Tim-Bum, eu ia e eu fui.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Eu juro, só não tenho certeza…

Sem querer ser um sofista, mas já sendo, a vida é feita de escolhas. Algumas escolhas são complicadas e decidir o que se fazer, ou não fazer, a respeito dela demanda muita razão, muita paciência e porque não, muita emoção. Outras escolhas são simples, muitas vezes tão simples que nem penso que ela é uma escolha.

Mas enfim, algumas escolhas, mesmos que simples, acabam criando em mim, seja na razão, seja na emoção, um dilema fudido. Não são raras as vezes que eu estou entre a cruz e a espada, a cruz de isopor e a espada de espuma.

Ganhei uma semana para escolher entre o sim e o não, e escolhi o sim para a parada gay. Parece simples, mas não é. Para mim foi complicado e confesso que ainda estou com vontade de voltar atrás e dizer não. Porém resolvi seguir a propaganda da Visa, que passou no tempo do a vida é agora,  e não colecionar NÃO’s.

Decidi jogar algumas das coisas para cima, questionar, quebrar destruir mesmo que as vezes isso possa fazer mal ou falta, mas se vai, falar agora não passa de hipótese, de possibilidade. Enfim, eu decidi que vou parada gay, ou não.

Vou tentar ser breve, o que dúvido que vou conseguir, e explicar um pouco da minha trajetória de vida e o meu passado recente, ou será que é médio? Assim pode ser que alguém entenda a minha subjetividade e dê um conselho que tornará o meu caminho reto, plano, duplicado, sem radares eletrônicos e taxista, aquela classe filha duma put… que é isso que eles são.

Bom, quando criança eu já me sentia atraído por homens, pelo menos pela estética deles e depois sexual e emocionalmente. Com as mulheres o processo não se repetia da mesma forma, aliás, não se repetia. Fui crescendo em meio a ignorância do que acontecia comigo, em ambiente culturalmente nada propicio, com mistificações – palavra nova que aprendi usar e acho chique – a respeito da homossexualidade e o principal, a homofobia.

Naturalmente, eu que não sou alheio ao meio, fui incorporando isso, os preconceitos, a homofobia e zaz.  Além dos prenconceitos desenvolvi medo de ser identificado como homossexual, e o que mais me marcou para agir assim foram o bulling que sofri na Escola, os preceitos religiosos que já defendi com veemência e o assédio moral e a violência física que sofri da minha mãe quando ela me encontrou brincando de médico, com um outro menino da minha idade.

Cresci com medo de ser o que sempre fui, homossexual, e de ser identificado como tal. Acredito que isso tenha servido apenas para atrapalhar o meu processo de autoentendimento e autoaceitação. Quando me autoaceitei, próximo aos 18 anos de idade, passei a não ter mais vergonha de mim para comigo mesmo, mas das outras pessoas sim. Cheguei até comemorar a revelação da sexualidade a terapeuta, que lógico que já fazia ideia a um bom tempo.

Hoje da vergonha  me resta menos. Não fico constrangido ao falar da sexualidade com outros amigos que sabem e, conforme for, eu até a sugiro em alguns lugares em algum contexto. O que não gosto é que as pessoas que não conheço ou não confio saibam da minha sexualidade, não é da conta delas e acho isso íntimo, ainda mais quando as reações hostis mais do que factuais, são comuns.

Ir até a parada gay é identificar a minha sexualidade, ou sugerir j á que nem tudo que reluz é ouro, aos que por lá estiverem ou passarem. Pessoas com as quais não tenho intimidade, não tenho delas respeito em virtude da devoção e por aí vai.

Também não tenho incorporado totalmente algumas coisas. Algum tempo atrás escrevia neste blog falando do meu armário, situação que acho legitíma, e agora já estou falando de eventos que não combinam muito com quem está nessa condição.

Mas para quê ir até a parada gay então? Quero conhecer o evento para dizer se gosto, para dizer se é bom ou ruim, para colecionar a experiência, matar a curiosidade, para criar um discurso coerente.

Nunca confiei nesses julgamentes publicados na grande mídia criando uma mentalidade negativa a respeito do evento, pois sinto existir uma intencionalidade heteronormativa, até no “sou contra a parada mas respeito os homossexuais”. Ao mesmo tempo acho que tem homossexual que se rendeu a esse discurso mal intencionado quando o adota sem conhecer o evento.

Acho que devo ir ao evento, apesar que tenho comigo o velho pensamento do que os outros vão pensar de mim. Também acho que devo ir para mostrar a mim mesmo quem está no comando da minha vida, se é eu ou o que os outros pensam de mim. Eu deixo de fazer muitas coisas por causa dos outros e o mundo e o tempo são meus.

Chato, chato mesmo só vai ser dizer a minha mãe que eu vou a parada e querer que ela fique numa boa com isso. Ela vai chorar, ela vai berrar. Eu não vou chorar, mas berrar com ela eu vou.

Mas eu juro que vou a parada gay, só não tenho certeza.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Desabafo: desprezo a religião

Outra vez os homossexuais tem a conquista por maiores direitos civis adiada. Outra vez a justificativa para negar direitos civis, como a união estável entre casais homossexuais, é a defesa da família. Outra vez apresentam como argumentos mentiras e afirmações nunca provadas. Outra vez dizem garantir a nós direitos, mas outra vez nunca tivemos esse direito que afirmam.

Dessa vez a proposta de união estável entre casais homossexuais é negada pela Comissão de Seguridade Social e Família, sendo a pessoa do deputado José Linhares (PP-CE) a personificação disso. Como argumento Linhares diz que a união entre homossexuais não é natural e que uma criança precisa de um homem e uma mulher para educá-la.

Não existe coerência nesses argumentos, milenares e constantemente rechaçados, dados pelo deputado, que é padre. Quem prova que famílias chefiadas por homem e mulher nunca falham na formação da pessoa humana? Quem prova que homem e mulher por si só bastam para criar outra pessoa? Quem explica os casos das pessoas que cresceram em famílias que abandonam esse modelo familiar, nuclear cristão e em vias de se tornar menos comum, mas que demonstram caráter e inteligência superior aos filhos do bons costumes?

Enfim, por que se colocar contra algo argumentando que isso é contrário a natureza? Que estudo de caso existe para determinar no comportamento humano o que realmente é natural? Até que pontos somos naturais e o que se permite que algo não seja natural seja tolerado e outro não?

Certamente, Linhares e seus apoiadores, a bancada protestante e católica bem como os seus fiéis, vão dar como justificativa a moral e os ensinos da Bíblia que leem e o que dizem dizer a fé que professam. Vão justificar assim por pensarem que o quê acreditam seja a verdade absoluta, apesar das contradições, apesar das incoerências, apesar de não conhecerem profundamente outras concepções.

Tudo bem enquanto argumento, mas tudo mal para quando eles impõe através do Estado laico e de suas leis, do poder político, o que pensam como se todos tivessem que aderir ao que acreditam. Agir como agem os religiosos infiltrados no Estado com cargos políticos, usando concessões públicas para faixas de radiofrequência para rádio e televisão não é democracia, não é Estado laico, não é liberdade.

É necessário uma ação por parte dos que não concordam com essa intervenção religiosa, travestida de verdade e protetora do que é certo, se é que é certo, e que atribuí a responsabilidade e criminaliza as maiores vítimas desse processo e dessa mentalidade.

Não se deve tolerar a presença da religião na constituição do Estado, de suas leis e políticas. A religião não é sinônimo de ética e responsabilidade, não existe prova disso, muito menos se o pensamento é cristão. Como cidadão e pessoa humana não se deve tolerar as discrimações dos religiosos que oprimem, humilham, confundem, desprezam, mentem sobre amor, tolerância e liberdade.

A religião é o câncer da humanidade.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Papo Aleatório VI – Não é Proibido

Existem algumas músicas que ouço incansavelmente quando descubro que elas existem. Algumas dessas músicas não são novas e estão lá na biblioteca do meu PC a certo tempo. Outras não estão como é o caso de Não é Proibido da Marisa Monte.

Achei a letra ótima. Tem nela uma vibe, créditos ao Gato de Cheshire, meio pedofila na parte que fala de doces e diversão caso a minha suspeita de que a música esteja falando na verdade de suruba seja... verdadeira. Tudo bem, viagem, viagem.

Bom, mas o reforço nos graves são bons, eu adoro o som do contrabaixo porque ele torna a música gorda. E a bateria atiça um desejo de sair requebrando com os braços para cima igual aquele jacaré do Pica-Pau. Qual o nome dele? Foda-se.

Essa noite eu sonhei que no Brasil existia Maglev saindo da minha cidade e indo a vários outros lugares do país, onde mora gente que eu gosto, mas que não conheço e mesmo assim tenho saudade. O melhor era que a passagem custava mais barato do que uma tarifa de ônibus coletivo daqui. Isso sim era utópico.

Para quem não sabe Maglev é o trem magnético, ele não tem rodas e se desloca sobre trilhos magnetizados. A promessa é que ele chegue aos 8000Km/H, mais rápido do que os 2500Km/H do Concorde (in memorian), e tornando raquitico os 850 Km/H da aviação comum.

Por enquanto o Maglev está longe de atingir seus 8000Km/H, ele só vai até 550 Km/H, mais rápido que o TGV da França, ou os 180Km/H que um motor 2.0 atinge facilmente na rodovia quando dirigido por um inconsequente.

Outra vantagem do Maglev é que ele operacionalmente é mais barato do que avião, trem comum e ônibus. Muito melhor do ponto de vista ecológico e mais seguro porque não descarrila. Porém ainda tem muito que evoluir e a instalação é cara.

Bom, mas porque eu estou falando do Maglev? Claro, penso que ser o Brasil um dos pioneiros no desenvolvimente dessa tecnologia nos traria muitos avanços, mas o principal não é esse.

Essa noite eu tive um sonho. Sonhei que todos solitários como eu tinham o Maglev a R$2,25 para ir pela manhã a qualquer lugar do Brasil e a noite estar em casa para ir a Universidade.

Ultimamente tenho me sentindo um sujeitinho tão brega, tão idealizador. Mas tá bom, é até engraçado parafrasear um dos sujeitos que mais admiro e que certamente fazem falta ao Mundo.

Falando em direitos humanos, quero revogar o seguinte artigo do Estatuto do Homem:

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Quem escreveu isso nunca morou em Goiânia, não sabe o tão desagradável é dormir em uma noite quente enquanto que durante o dia sua pele queima e seus olhos e nariz estão a arderem. Manhãs cinzentas de terça-feiras, ainda mais se forem úmidas, são perfeitas por aqui e domingos ensolarados verdadeiros infernos. Pelo menos durante agosto.

domingo, 23 de agosto de 2009

Carta a mim mesmo…

Goiânia, 23 de agosto de 2009.

Aos senhor corpo que me porta, a mente que me conduz e as emoções que me existe…

Faz algum tempo que tenho percebido e atribuído a mim mesmo o que acredito que sejam fracassos, felizmente menores em relação aos sucessos, que tenho obtido na vida. Assim sendo atribuo a mim mesmo o título insuportável, pouco prático, autocrítico e destrutivo, talvez imbuído com alguma falsa modéstia de meu maior inimigo.

Na minha boca, assim como nas minhas veias e artérias, corre o pior veneno a minha felicidade, eu mesmo. Diante disso é certo que eu esteja pensando que o que estou pensando seja algo confrontante com a minha inclinação política, bem como o que penso ser bom, aja vista que esse discurso metaegocentríco que faço tem um caráter semelhante ao indesejado e meritocrático neoliberal e individualista.

De um tempo para cá, que inultimente quero determinar, tenho uma indiposição para fazer acontecer. É como se eu me deixasse levar pela vida boa que de repente eu tive e que aos poucos fui percebendo que se não me esforçasse continuaria com ela.

Tudo bem, reconheço que me esforcei para conseguir coisas que pudessem ser positivas para mim, o falecido, as entrevistas e dinâmicas de grupos com os insuportáveis psicólogos de recursos humanos, as inscrições para concorrer as oportunidades que me foram escancaradas, a tentativa de me socializar com novos grupos, a vontade de retornar para aqueles que só desprezo a fé que possuem e tudo mais.

Contudo, penso ser eu um alguém fraco que não soube correr, pois conta eu bem sei que dá, atrás do que a vida tem a oferecer. Noto que ultimamente me articulo lentamente para conseguir o que quero, que falta persistência e muito mais fé de que as coisas ainda vão dar certo.

Tá bom que não corri atrás do garoto da Universidade essa semana porque eu não o vi, correr atrás entendendo que nesse primeiro momento consiste fazer um reconhecimento de campo e aí sim tomar uma decisão efetiva. Mas confesso que faltou a mim empenho para obter o orkut do moço e permitir que a Mystica contribua para as coisas darem certo.

Nem sempre foi assim, eu sei que fui melhor para ir à ação. Reconheço que nos ultimos tempos tenho evoluído bastante, aliás, tenho sido pessimista inclusive na hora de reconhecer o que é real. Concerteza não sou e não escrevo mais como o sujeito de dois ou três anos atrás.

Seja a hora de se preocupar menos com números e mais com a qualidade talvez, não seja eu um sofista e nem me preocupe a enunciar aqui o que se fazer, eu bem sei o que fazer e não escreva mais uma carta de boa intenção que vai me frustrar no decorrer do tempo caso se não se concretize as belas palavras que um dia pude sugerir a mim.

Sabe, na verdade eu tenho vontade mesmo é de começar tudo, mas é impossível voltar ao passado e começar com a subjetividade que hoje me é inerente, com a intencionalidade que agora tenho querendo que as coisas se deem belas pelo acaso.

Enfim, não vou me despedir porque não estou morrendo e sei que meu pensamento continua, não aqui de forma escrita demonstrando apenas uma sequência e linearidade do que estou a bombardear nas infinitas conexões neurológicas da minha mente. Mas sendo essa uma carta eis, uma despedida simbólica somente para fins de licença poética.

Att,

Meu subjetivo racional e emotivo eu alocado nesse corpo seu corpo.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Mais eterno do quê dura

Uma reflexão sobre a convivência e o amor baseando em fatos.

 

Quando se mudaram para cá eram um simpático e sereno casal de bons velhos. Retirantes e embora os anos de Planalto Central ainda conservavam o sotaque arrastado do interior do Ceará. A fé protestante se entrelaçava com a humildade, a pouca ciência e achavam tudo biblíco e abençoado, as crianças gritando pela rua, o céu cinza avisando que vai chover. No fundo duas almas leves.

Hoje a velhinha ainda continua com o seu jeito sereno e simpático, mas embora more com a filha caçula e os outros filhos, netos e bisnetos venham visitá-la aos finais de semana, é notável sua solidão e sua carência. Ela não gosta de falar do passado mais como antes, porque quando fala lembra de quem a acompanhou  na maior parte da sua vida. Suspira, os olhos transbordam e solidarizo com ela.

Juntos construíram conseguiram só ao final de suas vidas construir uma casa descente e confortável para viverem. De frente a essa casa, quando saio da minha a vejo sentada que ascena e depois continua a olhar para o infinito. Dá a sensação de que para onde olha é onde está ou por onde se chega ao seu velhinho.

Especulo comigo mesmo o que faz alguém como ela sentir tanta saudade dele. Por que embora esses quatro anos da morte dele, ela ainda está a chorar e ainda lamenta? O que tem no céu e porque olhamos para ele quando desejamos ou sentimos saudade? Será que o céu representa visualmente a distância que ela sente? É saudade ou é amor o que torce a garganta e escorre lágrimas? Ou será que a saudade só existe porque existe primeiro o amor?

Se é amor o que ela sente é então o mais nobres do sentimentos. Sei que isso é brega, mas é sincero, desejo ter alguém para que eu possa, mesmo que isso seja dolorido e mesmo que eu queira ser tão racional e acomedido, ter alguém para chorar assim na mais avançada das idades que eu conseguir viver, caso o meu suspiro venha depois.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O colega da Universidade

Na Universidade existem muitos rapazes bonitos e que são estudantes. Existem uns poucos funcionários públicos jovens e bonitos. Mas funcionários são bem menos do que estudantes.

Mas o meu curso não é bem o lugar em que estão matriculados os rapazes mais bonitos. Eles estão em outros cursos, acredito que nos mais elitizados – entenda os mais concorridos. Apesar disso existem por ali colegas que me são bonitos.

Bom, ultimamente desisti de reparar os outros alunos, assim como todos homens, tentando saber se eles são homossexuais e então pensar se possível. Mas agora eu me dou por vencido, não consigo indentificar quem é colorido ali a menos que alguém me fale ou seja a criatura cheia de trejeitos efeminados.

Assim sendo me vejo numa situação de conflito entre a curiosidade e a insegurança. Tenho medo de me confundir com as expectativas que tenho e acabar me expondo no final, ficando de tal maneira constrangido e constrangendo outras pessoas. Também tenho curiosidade para saber se as minhas expectativas são verdadeiras já que se realmente forem será algo de muito bom grado.

Bem, vamos contar a história pelo começo. No ano seguinte ao que eu entrei na Universidade, novas vagas para o meu curso foram abertas e outra turma foi formada. Com a nova turma veio um novo colega que a partir do segundo semestre cursou algumas disciplinas comigo e participou de eventos também.

Apesar que eu tenho um bom relacionamento com toda a minha turma, acabei me inserido em uma panelinha no começo do curso ainda. Esse novo colega se inseriu na nossa panelinha quando cursou algumas disciplinas conosco e algumas vezes pegou carona com a gente depois da aula.

Principalmente nas caronas notei que ele tinha uma preferência em conversar comigo, princiaplmente para me ouvir. E até hoje nos corredores da faculdade, quando nos encontramos comprimento ele de um jeito tímido e que pode ser talvez confundido com indiferença.

E indiferença é o que me parece ele não ter para comigo, me comprimenta com largo sorriso e sempre citando o meu nome, que eu não gosto.

Que ele seja atencioso só comigo pode ser só impressão minha, pode ser que ele seja antencioso com todos. Mas pode ser que ele seja atencioso só comigo, que é o que mais me parece mesmo que eu não confie em minhas expectativas.

Se ele for antecioso realmente faço uma indagação, por que ele é antecioso comigo? Não é uma inteligência que eu possa ter que o atraía, ou atraí, para conversar comigo, pois não falávamos de assuntos cults, vamos colocar assim.

No meu gaydar eu não confio, mas ele me faz pensar uma coisa. O colega em questão tem suas amizades masculinas, não tem trejeitos efeminados, mas tem alguma coisa que me faz pensar que ele talvez não vá ser heterossexual, que ele pode ser homossexual, ou bi, só que discreto, o que eu acho adorável.

Então eu penso que ele seja homossexual, ou bi, e tem um gaydar competente que me detectou. Me detectando isso deve repercutir nele uma afinidade que deve ficar só na afinidade mesmo ou talvez numa amizade ou até algo mais.

Se isso mesmo eu não sei, sou sonso para perceber essas coisas e sou tímido. Fico constrangido, eu sou daqueles que díficilmente toma iniciativa, porém com uma vantagem, não me martirizo caso o que eu queira, pense ser o melhor, não aconteça.

Pois bem, daí que eu não sei até quando vou aguentar essa curiosidade retida pela insegurança. Pois tenho medo de correr atrás, ir me aproximando, começar a acreditar, a acreditar e chegar na hora cair do cavalo. Cair do cavalo é o cara falar que não é homossexual e acabe expondo minha condição, o que não é bom para eu que prezo uma descrição.

Ao mesmo tempo também penso que tudo pode ser expectativa, pois se o coleguinha for mesmo colorido e estiver interessado também ele poderia ter tomado iniciativa, partindo do pressuposto que ele se interessa por mim a mais tempo do que eu venho desconfiando desse interesse. Pode ser também que ele não tenha iniciativa e seja um medroso como eu.

Enfim, eu queria sintetizar o que eu penso a respeito dessa sinuca de bico e aqui estou. Vamos ver se eu vou colocar outro NÃO na minha coleção, nesse caso o das respostas que NÃO procurei.