terça-feira, 1 de novembro de 2011

Páginas Amarelas.

Goiânia, 01 de novembro de 2011.

Caros leitores, se é que vocês ainda existem, com exceção da fiel raposa @Foxx...

Informo que este blog tem muitas páginas em branco, mas estão amareladas. Este caderninho é velho, tem muita coisa anotada e que não vou jogar fora. Estarão sempre aqui para vocês e principalmente para eu ler sempre que quiser. Porém comprei uma resma nova, vou anotar coisas lá e este lugar aqui, com nome fofinho e auto-elogios-justificativos, está descontinuado. 

Atenciosamente;

Wellington Gabriel de Borba. 
Diretor de Enfadonhamento e Outros Clichês.
O Lugar do Well

P.S.: Continuo na blogosfera, mas num vou dizer onde, até mesmo porque deixei pistas, é só segui-las.

P.S2.: Não sabia que eu era pop a este ponto. Ok, então pelo @Foxx e por quem mais pediu aqui está o link do novo blog: http://resmanova.blogspot.com/ que é facilmente acessado pelo meu perfil no Blogger.

P.S.3: Gente, mas comentem o último post que está divertidíssimo, ou não. 

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Concursos Públicos, o cara malhado e trilha sonora

Desculpe os erros de português e digitação, preciso ir a fonoaudióloga e na volta reviso. Ok!?



 Do concurso público
As pessoas quando começam a conversar comigo me perguntam que idade tenho e o que faço da vida. Eu respondo que tenho 22 anos e que sou professor concursado. Muitas ficam admiradas, pois tão jovem já sou formado e já tenho emprego público em uma profissão valorizada nos discursos, mas só nos discursos. Por um bom tempo, mesmo sabendo que não gosto do magistério, pensei que isto é algo realmente relevante. Se comparo minha trajetória profissional e acadêmica a de outros jovens, vou ver que estou em uma situação melhor do que a média, mesmo que um curso de licenciatura não seja considerado de elite, ainda que cursado em uma universidade federal.




Do cara malhado
Estou em licença médica e tenho ficado mais tempo em casa, tenho aproveitado para navegar nestes sites como o manhunt.com, e tenho adicionado algumas pessoas de lá. Uma delas é um caso especial que quero falar para vocês aqui. O cara todo malhado me envia uma mensagem com seu MSN me perguntando se eu queria conversar. Aproveitei para olhar o seu perfil antes de decidir se iria adicioná-lo e gostei da descrição, diferente da média, ele não falava sobre o seu próprio corpo, ou fazia restrições, nem mesmo aos caras efeminados, assumidos, enfim. 

Ok, eu adicionei apesar do meu receio, porque caras malhados nestes tipos de sites geralmente são arrogantes e seletistas, a principio eu não dou atenção, a menos que a pessoa tome iniciativa e me aborde e a principio sou uma pessoa receptiva. Devo ser mais justo e confessar que também faço minhas seleções, pois não respondo a todas mensagens que me enviam e tem um cara que na próxima piscada que repetir envio a ele uma mensagem usando termos no gabarito de mentecapto, pederastas, patajola e virago, afinal de contas paciência tem limites.

Certo, o rapaz malhado lá do manhunt.com adiciona meu MSN, depois fica on line e minutos depois começa a conversar comigo (notaram que sou tímido?). Realmente ele mora em uma cidade do Oeste da Bahia que está passando por um surto de desenvolvimento, o que me deixa chateado, uma vez que não gosto quando moram fora da mesma região metropolitana que eu. E isso ele loga justifica, dizendo para uma amizade ou amor não existem distâncias, eu cético não respondo nada, fixei-me na ideia de um amor.

Mas tudo bem. Logo vou notando um caráter diferenciado no cara malhado, aliás, ele num é simplesmente um cara malhado, ele é um funcionário público com título de mestrado, doutorado em andamento, professor concursado da universidade existente naquela cidade, motivo pelo qual deixou a cidade de origem no interior de São Paulo. E ele não é muito de perguntar sobre a gente, eu que perguntava mais a respeito dele e do que ele fazia. 

Mas tudo bem, ele me pareceu cativante, mesmo quando disse que prefere se relacionar com gente menos escolarizada que ele, tipo eu -  o que me fez sentir um analfabeto. Na segunda vez que vamos conversar, sei lá o que surge, ele começa me mandar fotos, todas elas sem mostrar o rosto, apenas com as roupas debaixo e começo a falar sobre cuecas, mentira, eu estava achando um máximo ele me mandar aquelas fotos para olhar aquele corpo com tatuagens tribais e caracteres do alfabeto grego. 

Ele não é arrogante e humilde e tem caráter bem... sei lá o que eu poderia dizer, estou abobalhado. Falei a ele que quero tatuar meu corpo, mas preciso ficar malhado também. Ele replicou que posso me tatuar antes de ficar malhado, respondo que não fui premiado com o corpo nas condições que ele tem atualmente e ele me diz que isso é pecado, subentendendo ele ser religioso. Isso me pareceu fofo, apesar de essa história que fomos desenho por Deus é muito, aghhh. Mostro a ele o que quero tatuar em mim, o Pequeno Príncipe pegando carona nas aves para voar pelo espaço, e ele diz que é contraditório eu não ser espiritualizado, mas gostar do "desenho". 

Ok, ele ficou off line, e eu fiquei aqui, de fronte ao PC pensando em tudo aquilo, naquele corpo, naquele currículo lattes, naquelas convicções e a maneira como coloca elas aos seus 26 anos de idade. Ele me pareceu muito perfeito e eu, achando alguma coisa ser um professorzinho concursado aos 22 anos, passei a pensar que o que tenho é muito pouco em vista de todo aquele mundo.

Da trilha sonora
Mas tudo bem, aquilo foi meio que uma luva de box no meu rosto e nos meus pensamentos. É uma história sem pé e cabeça, sequer sei seu verdadeiro nome, ele mora longe e pode ser que aquelas fotos e tudo que ele me falou ao respeito dele própria seja mentira, mesmo que pareça ser muito difícil. Agora fico aqui em casa imaginando cenas, dá uma vontade de sair de casa de madrugada, sem avisar nada aos meus pais, dirigir por quase dez horas entre Goiânia e a cidade do Oeste da Bahia. Fico imaginando aquela cena do Voyage do papi saindo de Goiânia, atravessando Anápolis, Brasília, o Nordeste de Goiás e em alta velocidade o Oeste da Bahia enquanto Tracy Chapman canta Fast Car. Bem, o que eu imagino que aconteceria quando eu o visse, sei lá, talvez ele me beijasse, me mandasse ir embora, fosse frio, se decepcionasse com o que vê ao vivo, me levasse para sua casa e transasse comigo, quem sabe nem me deixasse ir embora. Como eu não sei o que aconteceria depois disso, colocaria Encostar na Sua da Ana Carolina, porque serve desde para um beijo como para um pontapé e uma denuncia para polícia de tentativa de sequestro.



Acho que isso passa ou piora, na verdade tenho me prendido mais a possibilidades das pessoas da minha cidade mesmo e tenho conhecido algumas pessoas legais. Mas né... palmas que é para dar ibope.

Como sou ridículo. 

Bem, é isso, beijos, me liga. 


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O estatuto da juventude e a imprensa

Para quem não sabe hoje foi aprovado na Câmara dos Deputados o Estatuto da Juventude. O projeto segue agora para o Senado Federal, se for aprovado sem alterações, segue para a sanção da Presidente Dilma. Confesso que sei pouco a respeito dele, mas pelo pouco que pude ler é possível compreender que o estatuto é algo muito importante para as pessoas com idade entre 15 e 29 anos. Entre os motivos têm-se o passe livre para os estudantes de até 29 anos e a meia passagem no transporte intermunicipal ou interestadual, a obrigatoriedade de aulas sobre sexualidade no Ensino Básico, coisa que a Frente LGBT espera que sirva para esclarecer a sociedade sobre as diversidades sexual e de gênero.


O  texto do projeto ou um artigo mais  profundo sobre o mesmo eu não li e  este último se depender da grande mídia nem vou ler, o que é revoltante. Fiquei o dia todo em casa, assisti a vários canais dedicados à notícia, fora o tempo em que estive dentro do carro ouvindo CBN e os grandes sites de notícia que ficam constantemente abertos em meu computador. Em nenhum desses meios nada  foi falado sobre o projeto, dedicado à juventude, principalmente na Globo News e no G1, foi falado somente sobre as insanidades das adolescentes apaixonadas pelo Justin Bieber, que está no Brasil, e suas músicas inócuas e com prazo de validade. Nem mesmo para dizer que com o novo estatuto aquela gente ensandecida teria direito a meia entrada para o evento. 

A imprensa é importante, porém devemos ser realistas, a grande imprensa está longe de ser honesta e preocupada com os interesses sociais. Na verdade a grande imprensa nada mais é do que empresas privadas que vê na produção e circulação de notícias uma maneira de obter lucro, ou alguém acredita que o Jornal Nacional estaria no ar se a Globo não tivesse retorno financeiro com isso? Aliás, foi justamente por não ver oportunidade de lucro compatível com seus interesses que Sílvio Santos extinguiu durante alguns anos os programas jornalísticos do SBT e é por lucro que o homem o Baú muda o horário dos jornalísticos em detrimento dos programas com maior audiência. 

Além do mais, a grande imprensa tem outros interesses que extrapolam os financeiros simplesmente. Existe interesses políticos, ideológicos, entre outros, como as notícias frequentes da Record sobre os casos de pedofilia e outros escândalos na Igreja Católica a despeito dos que envolvem outras denominações como a qual ela pertence, o seu boicote à notícias que  falam dos assédios que os LGBT's sofrem e da sua mobilização para reverter a situação. De maneira geral, tudo é vendido pela grande imprensa na santa aura de interesse social ameaçado de censura e de autoritarismo por iniciativas governamentais para criar regulamentação para coisas que já possuem os países cujas liberdades, a democracia e as instituições são mais sérias e estáveis do que as de nosso país. 

A grande imprensa não é isenta e independente, muito menos boazinha. É conservadora, alienadora, enfadonha, manipuladora e sensacionalista. Transformam os professores grevistas em vilões do problema da Educação, assim como qualquer trabalhador grevista que reivindica melhorias. Distorcem e não esclarecem que os LGBT's querem equiparação de direitos e não mais direitos que os demais. Não debatem, não esclarecem sobre quais são os argumentos de quem é favorável a legalização do aborto ou dos narcóticos. Em suas análises econômicas afogam o Brasil e defendem a geração de emprego, para chineses. Os exemplos são muitos, infindáveis talvez, e ainda por cima querem auto regulamentação do setor, como se convidássemos as raposas para definir como será a proteção do galinheiro.

domingo, 2 de outubro de 2011

Mais mudanças

Oi pessoal, sou eu, o Well. Porém agora venho até vocês como Well Gabriel, na verdade como Wellington Gabriel de Borba. O Well Bernard não existe mais porque não preciso mais dele, avoquei toda a personalidade que um dia deleguei a ele.

O blog mudou também. Cansei-me das palavras pseudo-intelectuais e aparentemente sofisticadas. O lugar do Well é algo mais sincero, simples e a ver comigo. Em Parafuso Horizontal é algo que não diz mais respeito a mim, principalmente nestes tempos em que vejo, realmente, como a minha vem se transformando.

Então começo aqui um novo momento do blog que anda abandonado e espero realmente que ele não continue mais assim, o que também depende de mim. Tenho faltado comigo mesmo, deixando de escrever para mim, e vocês por acaso lerem, sobre coisas que preciso mentalizar melhor. Essas mudanças que faço aqui foram produzidas por uma onda de coisas que vem se resolvendo em minha vida nas últimas semanas, coisas que me darão mais daquela felicidade que dura semanas e te inspira a fazer mais coisas, o que é bom.

Lembra daquela cirurgia muito cara na mandíbula? Em duas semanas estarei com uma nova face, não ficarei apenas e  talvez bonito, mas muitos dos meus problemas referentes a qualidade de vida e os de auto-estima, pronto admiti, serão resolvidos, assim espero. Precisarei de uma fonoaudiologia, mas nada mais representa uma mudança muito esperada.

Comprei também as passagens para o meu destino de final de ano, Florianópolis. Conhecerei mais outra capital, a Região Sul e o principal, o amigo virtual com quem regularmente mantive contato desde o primeiro ano da Universidade. Fizemos amigos pessoais em comum, que tiveram a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente primeiro que eu que só o verei na última semana deste 2011. Agora é o tempo de me preparar para estar com quem, meio que me tirou do armário, apesar da distância.

Tudo bem, nem tudo está tão bom assim, não gosto do meu salário, nem da minha profissão. Contudo venho trabalhando, de maneira indisciplina é verdade, para mudar isso, aulas no preparatório para concursos. Meu coração continua sem dono, aliás, tenho pessoas em vista, a questão é que ao que tudo indica, como sempre, elas não me têm em vista.

Bem, por enquanto é isto.

Peixos, me liga.

domingo, 26 de junho de 2011

A Casa da Juventude

A oficina de sexualidade e afetividade que fiz neste primeiro semestre é certamente uma das melhores experiências que eu tive em 2011. Fiquei sabendo da mesma através de um email de divulgação que foi encaminhado pela terapeuta, que descreveu a oficina como algo que ela fez e que é ótimo. Como confio na pessoa que ouve minhas verborragias, me inscrevi logo de cara. Confesso que menti quando na ficha perguntaram o porquê de eu estar interessado em fazer a oficina. Mas mesmo assim eu fui sincero, disse que foi uma indicação da terapeuta, que procuro captar novas vivências, que sou professor e seria bom algo que colaborasse para que eu pudesse me relacionar com os meus pares e alunos, enfim.


 

Fui selecionado e fiz todas as etapas da oficina, que por serem pautadas na vivência precisou-se que eu dormisse no local, uma organização católica, a Casa da Juventude de Goiânia. É irônico, mas serviu para eu ter uma visão mais otimista da igreja de Roma, pois, entre os assessores da organização e o próprio sacerdote que a coordena, logo deu para notar os valores progressistas a respeito de temas que a instituição católica oficialmente é contrária, entre elas o uso de métodos contraceptivos e a aceitação plena da homoafetividade.


 

Alguém que seja católico e me lê agora poderá dizer que a Igreja Católica aceita os homossexuais. Aceita, porém aceita em partes e não de uma maneira que confira igualdade em relação aos heterossexuais. Na Igreja Católica ser gay não é motivo para impedir que alguém coordene uma pastoral, faça parte da equipe de liturgia (o mesmo que ministério de louvor dos protestantes), comungue (que no catolicismo significa participar da vida de Jesus Cristo, levando um estilo de vida que tenha por objetivo a santidade). No entanto, um gay católico deve ser casto, ou seja, não pode ter relações sexuais e afetivas com uma pessoa do mesmo sexo que o seu. A Igreja Católica não vai reconhecer como um casal, como alguém digno das bênçãos de Deus, duas pessoas do mesmo sexo e que dormem na mesma cama.


 

Na CAJU é diferente, senti entre os membros da instituição satisfação em relação a decisão do STF sobre a união estável para os homossexuais, a necessidade de reconhecimento das peculiaridades dos LGBT's e da necessidade políticas de proteção direcionadas a esse público. Além disso, a CAJU turbinou meu círculo de amizades, que anda crescendo, ainda bem, mas num ritmo lento, até mesmo porque amigos vêm de relações que o tempo constrói. Encerradas todas as etapas, criamos um grupo no Facebook onde criamos pretextos para encontrar os novos amigos.


 

A Casa da Juventude pode ser um paraíso para as mentes progressistas, e é sim. É uma instituição historicamente envolvida com os motores de muitas das mudanças sociais, os jovens, e suas articulações políticas. É uma instituição que pede aos jovens o seu protagonismo juvenil, vive de acolhê-los e denunciar aquilo que os prejudica como o consumo de narcóticos, a inconseqüência no trânsito, a baixa escolaridade, o desemprego acima da média, a criminalidade, a marginalização de sua cultura, valores e expressão.


 

Contudo, a CAJU é um ambiente ameaçado. Outros setores da Igreja Católica a chama de motel juvenil, lugar onde os jovens fazem sexo de graça enquanto dizem que estão fazendo curso de alguma coisa, pensionato de homossexuais – palavra cujo valor negativo que ela tem entre os fundamentalistas cristãos sabemos bem qual é, lugar que incentiva a impunidade, já que oficialmente ela se opõe a redução da maioridade penal, tema para o qual não me sinto habilitado para falar. Até a Polícia Militar, setores corruptos dela dirá alguns, têm colaborado para desarticular a Casa da Juventude, uma vez que ela, a CAJU, anda de mãos dadas com ONGs, Universidades, Ministério Público, Comissão de Direitos Humanos do Congresso Nacional, da Assembleia Legislativa, da Câmara Municipal de Goiânia, entre outros lugares nos quais sejam possíveis as denuncias dos abusos que a juventude sofre. As ameaças de morte já foram feitas, resta saber se elas serão concretizadas. Por enquanto, o tiro contra a organização vem daqueles setores católicos que citei, pois eles se mexem e eles podem conseguir que a Arquidiocese feche a casa e com um arcebispo não muito progressista, é possível que este seja o caminho.


 

http://www.casadajuventude.org.br/

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A crise existencial deste blog


 

Olha, uma coisa é super fato, se eu quiser lembrar como eu estava há um, dois, três ou até mesmo quatro anos, basta eu abrir um post qualquer deste blog. Ele fala muito sobre mim e de como eu mudei até aqui. Tudo bem que cada vez que me leio eu me sinto ridículo, meus textos dão tédio, pelo menos em mim.


 

Mas então, mudei para melhor? Certamente e prefiro muito mais os dias de hoje, em que me envaideço quando alguém deixa de falar comigo porque lhe respondo ser assumido. Tudo bem, andar pelo Vaca Brava, o parque mais liberal de Goiânia, de mãos dados ainda me dá um certo receio, aqueles heterossexuais desconhecidos me olhando. Também tudo bem que tenho uma nostalgia por aqueles dias em que meu otimismo foi apagado em um eclipse, em que eu tive muito medo e recalque.


 

Agora as coisas são diferentes, sinto a estrela de maior magnitude no céu. Estou em uma fase em que busco realizar tudo aquilo que desejo, tudo bem que nem tudo que desejo é realmente o que desejo ou se realiza tão rápido, tão fácil quanto quero. Mas gosto das mudanças.


 

A questão é que eu preciso também pensar em como vou seguir com este blog, é ingrato eu apagar ou simplesmente deixar de lado um pedaço da minha história. Também acredito que tenho muito a contar, até mesmo porque agora estou me sentindo bem mais livre que antes, porém fazendo algumas coisas que eu questiono se são realmente o que penso ser correto. Não! Fiquem tranqüilos, não tem nada de drogas, sexo sem camisinhas, mas beijo no parque escuro e uma vaidade aflorada por estes músculos que eu com amor ei de cultivá-los, sim. Só para constar, já estou pesando 70 Kg.


 

Deixa "as vaidades que a terra um dia há de comer", né, Humberto Geissenger?


 

Mas e o meu blog, como fica? O nome não diz mais respeito, a minha auto-descrição, essa do um jovem rapaz do Planalto Central – que de repente não é tão jovem assim porque sinto minha juventude indo embora e de certa maneira um luto por ela – não diz tanto respeito. O layout? Continuo gostando do fundo branco, aliás, adoro cores claras e tudo que remete a simplicidade. Mas a foto, que embora bonitinha num tem lá muito a ver comigo ou com quem o que quero com este blog, jamais teve.


 

Porém, o que eu quero com este blog? Está na hora de demolir tudo por aqui, exceto os pertences pessoais, no caso os meus post e os seus comentários, e construir tudo de novo. Falta-me saber o que construir de agora para frente. Mas fiquem tranqüilos, este blog será mais colorido nas palavras, como nunca foi antes.


 

Bem, é isso, peixos, me liguem. Ou twitten; @BorbaGabriel.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Suspenso o Kit gay - blogay travez, mas foi sem querer

Comentário que publiquei no Blog do Luis Nassif cujo texto não está revistado.

Tenham dó, agora até Toni Reis quer jogar sua credibilidade na lama, junto à bancada evangélica e ao Governo. Vão pedir o que na próxima vez? Que acreditemos no Papai Noel e que ele seja petista com suas cores vermelha e branca?

Tudo bem que a Presidente não conhecesse o vídeo, mas alguém do Governo ligado ao projeto deveria apresentá-lo e explicando qual é a ótica e o intuito das mensagens, para depois sim ela receber uma gente que embora evangélica, nem de longe é confiável.

Mas nada disso é uma surpresa, era previsto. O Governo mostra que está disposto a jogar a causa LGBT para o escanteio quando coloca em sua equipe alguém que pode até ser inocente, mas que não conseguiu prová-la e é a carniça dos urubus da grande imprensa, e quando faz um termo com evangélicos para por panos quentes e quem sabe assim ganhar as eleições.

O que lamento é que ainda tem LGBT acreditando nisso e outras, que embora heterossexuais, sejam progressista relativizar a questão para justificar algo que não é justificável. O Governo Dilma Rousseff cedeu às chantagens de um grupo que de tão moralmente correto prefere ignorar um possivel caso de corrupção para impedir aquilo que eles no alto de seu senso comum e fundamentalismo não aceitam.

Caiam na real! Os argumentos dos evangélicos já são por si só frágeis. Por melhor que os nossos se tornem, tudo que acontecerá é um novo repertório batido de verdades bíblicas e achismos a respeito de natureza e comportamento para impedir que os homossexuais ganhem maiores direitos e políticas públicas.

O problema dos evangélicos não são as suas liberdades religiosa ou de expressão talvez serem ameaçadas e sim fato de nós, LGBT, existirmos! Eles só não nos matam porque, por enquanto, isto é considerado uma incivilidade. Mas para pastores do show business isto faz parte do jogo, quando dizem que somos pecadores e o nosso premio é a morte, quando dizem que gente pobre é mais importante do que nós, pois quando nos assassinam nada mais está acontecendo do que o cumprimento de suas sagradas escrituras e porque em nossa sociedade o que faz importância para se ter dignidade é a relevância que um grupo possui.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Nem só de STF se faz o Brasil, infelizmente.

No início deste mês, maio, os ministros do Supremo Tribunal Federal votaram unânimes e favoráveis à união civil entre pessoas do mesmo sexo. Levando em conta o fato de o Brasil ser um Estado laico, cujas leis e ações governamentais não podem ser orientadas tomando como pressupostos os dogmas religiosos, os nossos pomposos juízes sustentaram seus argumentos em profundos e técnicos conhecimentos e literatura a respeito do tema debatido. Assim, nosso país avançou na consolidação da liberdade, da pluralidade e da igualdade, estes que são alguns dos pressupostos que sustentam a nossa democracia.

Infelizmente o Judiciário, neste caso o STF, é apenas um “tira-dúvidas” sobre a constitucionalidade de leis e afins. Em outras palavras, ele apenas decide se um determinado texto ou decisão respeita o supremo e principal texto de nosso país, a Constituição Federal, embora alguns pensam ser a Bíblia cristã e a interpretação que uma parcela religiosa faz de seus versículos tal livro. Para a população LGBT avançar em novos direitos, muita coisa precisa passar pelas casas do Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, isto é inerente à nossa democracia e não haveria nada de mal nisto se boa parte, talvez a maior parte, de nossos legisladores não estivesse mais preocupada com as barganhas políticas, como votar favorável ou contra algo em função de apoio e outros interesses políticos. Tambéms se não tivesse conhecimentos tão rasos e tão tacanhos a respeito dos assuntos tratados e, principalmente, não estivesse ligada aos interesses umbicistas, quiçá desconhecidos e espúrios, de vários segmentos religiosos.

Políticos com estes perfis tornam o nosso Congresso Nacional frágil diante de uma massa nada crítica e que repete os sofismos e as palavras de efeito a respeito dos LGBT’s. Esta massa é orientada por líderes religiosos e formadores de opinião conservadores que insistem em dizer que as demandas LGBT’s são uma questão de menor importância em vista da segurança pública, da pobreza, da saúde, da educação, entre outros. Ideias absurdas, pois ignoram que esse público social também sofre com os gargalos destas áreas, afinal de contas ser homossexual não é exclusividade de determinado sexo cromossômico, classe social, escolaridade, credo ou cor.

Além disso, tais líderes ignoram que em nossa sociedade as leis, a publicidade, os nossos símbolos sociais, as rotinas dos programas de saúde e educação formal dão percepção apenas, salvo raras exceções, à orientação heterossexual. Sendo assim, a despeito dessa realidade, repercutem a teoria de uma ditadura homossexual, dando a entender, em suas entrelinhas, que não existe equiparação de direitos e políticas, e sim a sobreposição de um sobre o outro que, enquanto dominante, nunca lhes causaram a mesma indignação em função de suas concepções religiosas, da orientação sexual que possuem e da pseudo-justificativa da representação social que a mesma tem na sociedade.

Isto para não dizer de outros chavões, como os de que o homossexualismo (termo que, além de errado, demonstra a pouca profundidade do conhecimento que estes reacionários possuem a respeito do tema) se trata de uma escolha, rompe com a ordem natural das coisas e é nocivo à família e à sociedade. Pergunto, portanto, qual família? A proposta pelos cristãos como único modelo válido e que nunca se provou eficiente? Ora! Quem destrói a família não são e não serão os homossexuais e sim as diferenças sociais, as longas jornadas de trabalho, a nossa inrefletida e inadvertida programação de TV e publicidade, os nossos padrões de consumo e demais referências, cujas vanguardas são tomadas por declarados cidadãos de bem heterossexuais. Ordem natural? Em qual conhecimento está baseado o conceito de ordem natural? No senso comum que tanto usam para tipificar aos outros que não aceitam os determinismos religiosos! Desconstruindo este mito tem Joan Roughgarden no livro Evolução do Gênero e da Sexualidade.

O irônico, que embora essas pessoas desconheçam em profundidade e sejam aversas ao que é reconhecido como homossexual, elas ainda se sentem injustiçadas do título de homofóbicas. Talvez sejam porque também não sabem o que a palavra significa, assim como o termo “senso comum” que disparam contra os outros, sempre que seus versículos bíblicos demonstram a profundidade dos pires.

Resta a nós a crítica e a ação ética, da maneira que encontrarmos e entendermos por bem, para que não precisemos mais recorrer ao STF, pois teremos como certa a aprovação de nossas demandas em um Congresso coerente com as definições de nossa Constituição Federal e com o principal fator nos quais as leis devem tirar o seu bom senso, nos fatos sociais.

Bem, é isto! Peixos, me liga.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Memórias do vigésimo segundo

Resolvi que irei começar um exercício de postar neste blog uma vez por semana. Sinto falta dele e relendo o que eu escrevo concluo que é um desperdício deixar um espaço em que verbalizo sem ser interrompido o que quero falar. Por enquanto não irei me propor ler aos outros blogs, pois este é um exercício que posso começar assim que conseguir cumprir pelo menos esse aqui.

Este é o segundo post que escrevo no dia do meu aniversário, que vai acabar em menos de uma hora. Muitas coisas mudaram nestes dois anos, desde o primeiro post de aniversário, e melhorou para melhor. Muitas coisas não estão como eu queria, é verdade, mas espero que não dure muito mais.

Conforme alguns já sabem hoje estou formado, tenho emprego público, porém não gosto da área em que trabalho. Eu sabia que era ruim a vida de professor, porém não tanto degradante. Talvez nem seja, mas eu definitivamente não gosto. Pretendo mudar de área, a menos que eu consigo no futuro lecionar para adultos, que é um público que está interessado em aprender ao invés de ficar tirando com a cara do professor.

Amigos, hoje fui a pizzaria, na melhor do meu bairro, cuja dona é minha amiga. Conversa vai, conversa vem e vieram muitas lembranças da nossa adolescência. Eu formado com meu emprego público, ela casada, com o próprio negócio e com um lindinho pequerruxo. Estavam outros amigos, que cantaram parabéns para mim. Legal, fiquei com vergonha, mas eu gostei mesmo.

O assunto da felicidade, da sexualidade vem a tona e ela diz que acha que todo mundo que é gay precisa ter coragem de se assumir. Ai que bom! Ela é super de boa, eu conto e ela diz que já desconfiava. Pelo visto que está ficando passado sou eu, frequento bar gay, ouço omegahitz.com e ainda acho que existem pessoas para quem eu não preciso comprar.

Foram poucas pessoas na comemoração do aniversário, tenho arrumado novos amigos, porém ainda assim são novos. Não sei se eles viriam para uma comemoração no meio da semana até minha casa. Com medo não convidei ninguém e continuo sem saber se eles viriam.

Ainda assim tenho muito que comemorar, principalmente quando me olho no espelho, são quase dois meses e quase cinco 5 Kg a menos. Os músculos começam a ficar durinho e eu mais gostosinho. O rosto em no máximo dois meses estará diferente, mais redondo e eu poderei exibir um lindo sorriso. Comemoro isto comprando camiseta de bitch, dessas apertadinhas. Mais na frente eu coloco um transversal na orelha, no meio tempo tomo um Sol e eita Jesus maravilhoso. Vou me sensualizar na noite.

Tudo muito lindo, tudo muito bom, pena o salário e a leitura num acompanhar estas futilidades. Mas enfim, é que temos hoje, porque Paulo Braccini sempre inspira.

Só para constar hoje é o meu dia de me sentir assim:


sábado, 14 de maio de 2011

Saudades daqui

Ando meio sumido da blogosfera, não posto e não leio ninguém. Pretendo mudar isso, mas preciso saber o que será de mim com esta vida nova em que pensar nas crianças para as quais leciono me causa certa depressão. O lado bom da história é que estou lecionando também para adultos e deles eu gosto, dar aula para quem está interessado é muito melhor.

Não me tem sobrado muito tempo para algumas coisas, portanto. Estou trabalhando muito e ainda assim meu salário não serve para tudo que eu quero fazer. Tudo bem que não são importantes um relógio comprado na Vivara, um par de óculos da Chilli Beans e um iPod touch screen de 64 GB. Isso tudo aí é apenas consumismo e o essencial eu não consegui, apenas a agonia de saber que estou trabalhando em uma área que está na UTI e cada governo, e suas promessas esdrúxulas de campanha, e a própria ignorância do povo dão um jeito de colocar mais veneno no soro.

Não ando namorando ninguém, continuo solteiro, tive neste tempo apenas umas aventuras de tuda semana que nunca deram certo, talvez porque eu vou com a mentalidade de que provavelmente não vai dar certo. Minha vida social, por outro lado, anda no acostamento, bem melhor assim, antes andava aos trancos após apagar uma dúzia de metros mais a frente.

Bem, como eu havia esperado, 2011 é um ano de realizações, não tão grandes e não tantas quanto pensei, mas tem aí sua graça e vou gostar de me recordar dele. E tomara que tudo isso seja apenas medo da minha própria ignorância. Um dia eu aprendo e finalmente consigo ficar abaixo dos 73 Kg. Há um mês eu pesava 76 Kg e com custo puxava 15 Kg e hoje nem acho difícil levantar 20 Kg. Algumas coisas estão mudando, só espero virar um objeto de desejo e consumo o quanto antes. Maldita Matrix.

Então é isto, peixos, me liga e deixa os erros de português para lá, já estão pegando o boi por eu estar escrevendo essas poucas palavras.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O motel, O Rei do Gado e o talão de cheques do Itaú

Finalmente os primeiro salário como professor chegou e não foi nada animador. Mas eu vou ser professor? Bem, essa é a pergunta que eu fiz, pela enésima vez, ao olhar para o saldo da minha conta. Mesmo ganhando menos do que eu acho que eu deveria ganhar comecei criar uma série de gastos. Muitos deles poderima ser evitados, afinal de contas, ninguém precisa ir ao motel três dias seguidos. 

Apesar de ter gasto com todas essas idas até lá uns 70 contos, fora meio tanque de gasolina, que assim como preço do álcool, está com o valor pela hora da morte, valeu a pena ter ido lá fazer traquinagens. Na última vez que estivemos lá, na transa da despedida, ele formalizou a vontade de namorarmos. Sinceramente eu fiquei com vontade, mas sabe-se lá porque, ele acha que eu sou um corrimão de escada e por tudo que passamos juntos naquele pouco ele não me pareceu muito fiel. Está bem, que estou com muita vontade de ir em frente, mas também estou com medo de ir em frente e ser humilhado com a infidelidade dele. Ok, a noção é que ao nos bejarmos ele segura um machado e eu uma foice e ambos esperam a primeira pisada de bola do outro para... bem, fazer o que geralmente uma pessoa faz com um machado ou uma foice quando não quer trabalhar.

Tudo bem, vamos deixar rolar, confiança venha com o tempo e talvez eu nunca tenha. Mas tomara ela existir, embora talvez ela nunca venha, ainda mais numa relação que depois das duas primeiras horas terminou em um motel. Será que eu sou tão inteligente e cativante assim ou sou burro mesmo. Bem, já deu para sacar, estou com medo e ao mesmo tempo estou com vontade de ir adiante.

Vamos lá, assinei um plano de TV por assinatura que não é da NET, ninguém mandou ela cobrar o dobro pelo que a concorrência pode oferecer. Próxima semana começa no Viva a reprise de O Rei do Gado, novela cuja primeira exibição foi em 1996 e que me faz pensar que a Globo já não faz mais novelas como antes. Mas vou assistir O Rei do Gado para não só lembrar da história dos personagens, mas também da minha própria história, uma vez que sua exibição foi paralela e mexeu com o imaginário de alguns meses da minha vida.


Eu ouvia e achava lindo.

Quando a novela foi exibida pela primeira vez, viajámos em julho para o sítio do meus avôs maternos em Minas Gerais. Naquela ocasião toda a família da minha mãe estava unida ao redor deles. Lembro de a sala da casa da minha tia, que morava na propriedade vizinha, ficar cheia com gente da cidade, ali da zona rural mesmo, de Goiânia, Uberada, interior de São Paulo, enfim, vendo o MST invadir a propriedade do Bruno Berdinazzi Mezzenga que tratou de matar um boi para alimentar aquele povo todo. E o Carlos Vereza, que é bem de direita, fazer papel de um senador de esquerda. Lembro de brincar com meus primos e seus amigos que eram naturais dali. Brincávamos debaixo de um pé de manga no qual meu avô deixava o carro de boi, que era nosso castelo, casa, carro, caminhão, palco das nossas  duplas sertanejas no estilo Pirilampo e Saracura (nome da dupla sertaneja que Sérgio Reis e Almir Sáter fizeram na novela) e brigarmos com um primo uns dois anos mais velho e que hoje mora nos EUA porque ele queria que não ficássemos brincando ali. Dizíamos que ele se achava o Rei do Gado e num era ninguém.

Bem, lembro que a minha avô materna não entendia o que queria dizer o Gustavo Borges ganhar sua medalha de ouro em Atlanta, assim como lembro dela fazer biscoitos, pão-de-queijo, canjica, arroz doce com o leite que meu avó ordenhava todas manhãs. Lembro dela ensinar a mim e aos meus primos brigar com meu avó para ele "sungá" (erguer) as calças e dela me colocar no colo e contar para mim as histórias sobre Deus ter criado os animaiszinhos (?) e dos lobos (guarás) que iam matar as carinjós dela durante a noite. Como meus avós moravam em um bairro rural onde até hoje a agricultura familiar é predominante, íamos a pé jantar ou almoçar na propriedade de alguma tia ou primos da minha mãe e tios. Lembro que meu avó me carregava na garupa do cavalo, afinal de contas eu era o xodózinho porque é o que morava mais longe e na cidade grande, o que não conhecia essas coisas do campo. Ali, sobre o tal animal eu me sentia meio que um Rei do Gado.

Hoje estava olhando o meu talão de cheques, a conta tem apenas três meses de idade, mas nas folhas está impresso que sou cliente do sistema bancário desde abril de 2002. Na verdade deveria ser mais tempo, desde 1991 se for contar meu tempo enquanto cliente do Banco do Estado de Goiás, que foi comprado pelo Itaú. Quem trabalha com cobranças e análise de crédito deve saber que quanto mais tempo de correntista consta impresso no talão de cheque, maior a facilidade para um cliente ser aprovado. Não é grande coisas para quem adora um cartão de débito ou crédito como eu, mas se hoje tenho um talão de cheques que conta com esse detalhe interessante é graças ao meu avô materno que em 1991 mandou abrir uma poupança para mim e depositou um significativo dinheiro para os padrões da época. 

Estou pensando no talão de cheques e na novela O Rei do Gado porque quando esta foi exibida, foi a última vez que vi minha avó materna viva. No ano seguinte ela se suicidou e após isso a família entrou em atrito, alguns tios hoje não se falam, embora sejam irmãos. E no final do ano passado meu avô materno morreu. Quando morreu pensei que não estava eu perdendo lá grande coisas, nunca pintaram um bom quadro dele para mim, disseram que se não fosse o jeito mulherengo dele toda família teria uma condição social muito melhor do que tem hoje e minha avó provávelmente viveria mais anos. Quando o vi enterrando na cidade de uns tios que tenho no interior de São Paulo, não chorei, senti que não tinha nada de muito importante meu indo embora. Bem, atualmente não choro a morte do meu avô, mas essas lembranças da novela e a data às vezes irrelevante do talão de cheques me faz pensar que acreditar que dizer que meu avô não fez a diferença é de uma grande limitação da minha parte e talvez uma defesa que crio inconscientemente com medo de admitar o luto.

Coisas loucas. Bem, é isso, peixos, me liguem e me twitem. 

Vou ver Glee.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Minha primeira semana de aula, como professor.


Primeiro dia de aula, eu me apresentei como professor regente e pedi para que todos se apresentassem e dissessem o que gostam e não gostam na escola.

No 9º Ano:

Aluna: Professor, você é estranho. (ela se veste de preto, usa maquiagem e acha que Linkin Park é metal)
Eu: Hum, você também é estranha.
Aluna: Todos dizem isso para mim! Já estou acostumada...
Eu: Eu gosto de gente estranha, os meus melhores amigos são estranhos para a sociedade (leia-se gays).
Aluna: Tipo eu?
Eu: Não, eles são legais. (fazendo a Paola Bracho)

No 8º Ano:

Aluna: Professor, você também tem a língua presa?
Eu (magoadinho): Problema bucomaxilofacial mesmo (falei para complicar mesmo).

No 7º Ano:

Aluno (interrompendo a colega falante): Eu tenho uma coisa a dizer.
Eu: Diga!
Aluno (todos prestando atenção): Não gosto do professor de Geografia (eu).
Eu: Eu também não gosto de você e vou ser obrigado a te tolerar um ano. Algo mais?
Aluno: Não (sorriso amarelo).

No 6º Ano:

Pedi para os estudantes escrever uma redação sobre o que é na visão deles a vida e Deus. Eis o que leio:

“Vida para mim não é só viver, tem que aproveitar a vida enquanto você está vivo, porque quando você morrer você não faz as coisas que fosse fazer quando estava vivo.”
Aluno 1

“Deus é a pessoa mais doce e meiga e amável desse mundo. E Deus existe sim.O que eu mais odeio é o Satanais que só deseja o mal.”
Aluna 2

“Deus para mim é real, ele existe porque ele faz muitas coisas boas ruins pra mim.”
Aluna 3 – Vontade de recomendar a ela a leitura de textos sobre a inquisição e acompanhar os casos dos direitos LGBT para que ela fundamente a sua tese.


“Eu acho que eu acho da vida é nascer, crescer, casar, reproduzir, beber, comer e morrer e assim por diante.”
Aluno 4 – Ele esqueceu de falar que temos que descomer e desbeber.



Enquanto monto o data-show no 6º Ano:

Aluna caçoando: Professor, esse menino quer casar com aquele menino!
Eu (querendo ser diplomático): Então respeite a vontade deles.
Sala toda: Uuuuuuuuuuhhhhh!!! Ouviu Mariazinha!
Eu (irritado): Sexto Ano!!! Calado!!!
Coordenadora entra na sala, todos ficam imóveis e ela passa aquele sabão na molecada enquanto eu termino de montar o data-show na santa paz.

Enquanto escrevo um texto na lousa para o 6º.

Aluno: Tí? Tí? Tí? Oh tiiiiiii?
Eu: Me viro estressado para a sala e percebo que o tio sou eu. Own, fofinhos!

Tempo depois...

Outro aluno: Ti!
Eu: Sim! (Já assimilando que eu sou o tio deles)
Outro aluno: Que letra é essa?
Eu: Essa?
Outro aluno: Ééééé.
Alguém da sala: Ele não sabe escrever o Vêêê, fessor!
Eu: Você não consegue escrever o V?
Outro Aluno: Não (envergonhado).
Eu: Do lado do aluno ensinando ele fazer o V, aja paciência. (Eike futuro, hein bruezeal?)


Bem que eu já sabia que eu ia aprender coisas.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Eu assumo, gosto de Jorge e Matheus

De verdade 2011 ainda não começou para mim. Tracei muitos planos para esse ano e de todos eles apenas um eu concretizei até agora, comprar cuecas novas, o que não é grande coisa. Mas levando-se em conta que durante 21 anos da minha vida eu pensei que a Marisa fosse apenas de mulher para mulher, comprar cuecas ali é novidade para mim e uma das descobertas de 2011.

Além da comercialização de artigos masculinos na Marisa, esse ano eu descobri que gosto de Jorge e Matheus. Eu já sabia disso antes, mas vocês que são homoafetivos sabem como é, existe um processo de entendimento, auto-aceitação e posteriormente assumir à sociedade, que é tipicamente incompreensível e hostil para algumas de nossas preferências. Agora que eu assumi que gosto de Jorge e Matheus, em fevereiro eu pretendo ir a um show deles que será aqui em Goiânia. Irei até lá do mesmo modo que um gay se interessa pela parada do orgulho de sensualizar em público.

Um rapaz de 18 ou 19 anos, não me lembro a idade, mas lembro que eu perguntei, me é o responsável por me fazer entender que gosto de Jorge e Matheus. Era a madrugada do segundo dia deste ano, chovia muito e fazia frio, estávamos na rua, eu, ele e os parentes que acompanhavam a Folia de Reis, na qual meu avô toca e “embaixa” versos e cuja tradição de chegar na calada da noite às casas dos devotos dos Santos Reis ainda permanece. Estava conosco o cunhado gostoso e pirocudo, da prima e o qual ela acreditar ser “viado”, uma vez que ele não come as periguetes que querem dar para ele. 

Bem, alguns sabem que o cunhado da prima mexe comigo e eu o desejo toda vez que o vejo. Logo, naquela fria madrugada eu estava carente, sentado em uma eira qualquer ao lado dele, fazendo a linha machinho, mas morto de vontade de chegar mais e me esquentar naqueles perfumados moletons dele. Naquela hora o rapaz de 18 ou 19 anos, que tocava e participava do coro da folia, se aproximou de nós – cunhado da prima, eu, e as outras primas, que são gostosinhas e que estavam com vontade de dar para o rapaz de 18 ou 19 anos – e começou a sensualizar para as minhas primas tocando canções do Jorge e Matheus.

Enquanto eu via aquela boca cor de rosa cantando “Por que será que você não assume que eu sou seu homem? Por que o tempo todo fala no meu nome? Confessa que você não sabe me esquecer!” e aqueles sugestivos dedos tocando aquele violão, notei que aquele rapaz ficava mais bonito e sedutor tocando Jorge e Matheus olhando para mim com aquela cara de “suas primas estão loucas para dar para mim e não sei porque você me olha assim”. Notei também que as músicas do Jorge e Matheus são como as músicas da Ana Carolina, pois combinam com o meu estado de carência, porém usando sanfonas e violas, fazendo a linha cultura de massas que não toca em rádio de segmento adulto e que vocês que acham que não são bregas não ouvem, mesmo que Chico Buarque, Tom Jobim e Oswaldo Montenegro durante a madrugada façam chorar.
Digo mais, se a Drica (que vocês conhecem como Adriana Calcanhotto) regravar uma música do Jorge e Matheus vai todo mundo cantar dizendo que as letras deles são boas.

Bem, é isso, peixos, me liguem e vejam aí a música original Tem Nada a Ver com o Jorge e Matheus: