quarta-feira, 28 de julho de 2010

Tédio do começo da noite

A Prefeitura de Goiânia vai fazer concurso para contratar novos professores. Ainda não saiu o edital, se houver vagas para minha área de formação irei fazer, mesmo que eu esteja agora frustrado com relação à licenciatura. Pretendo prestar o concurso só para desencargo de consciência, para que no futuro eu não me cobre por não ter tentado, seja passar no concurso, seja lecionar.

Não faço questão alguma de esconder isso, me frustrei com a minha escolha universitária, aliás, com a mais típica das atuações profissionais que a minha graduação permite, a licenciatura. Insatisfeito, me inscrevi no ENEM, vou ver se faço outra graduação, preferencialmente na Federal. Qual graduação ainda não sei bem qual. Gosto da área ambiental, coisa que um bacharelado na minha graduação me permite fazer, pena ter a concorrência de outras áreas. Gosto de TI, para ser mais exato, Telecomunicações, mas o campus do IF onde tem o curso fica um tanto quanto distante.

Bem, ainda não fiz muitas expectativas a respeito do outro curso. Vou escolher a próxima graduação com mais calma, já que não quero me arrepender depois e mesmo assim eu ainda possa me arrepender. Resta saber que se uma vez escolhida a graduação eu poderei cursá-la, seja porque eu não colo grau, e assim encerro meu vínculo com a universidade, no final do ano, seja porque, quem sabe, o meu perfil sócio-econômico, bem como "intelectual", aja vista que já vou ter uma graduação, pode não me habilitar para uma bolsa do Pró-Uni. Pagar um curso é o que eu não vou fazer.

Enquanto isso o segundo semestre letivo do Ensino Básico brasileiro já está começando em Goiás. A Secretária Estadual da Educação dispensou todos os professores comissionados e não contratou os concursados. Não conheço todos os capítulos e não sei no que vai dar essa novela, a não ser que a Educação e o futuro dos nossos alunos, como sempre, irão para o pau. E eu quero mais é que demorem a chamar os aprovados, assim ganho tempo para concluir minha licenciatura e ver, que de repente, eu consiga ser um bom professor.

Ultimamente eu não tenho me esquentado com muita coisa mesmo nem com a Educação. Teria virado um medíocre se eu já não fosse. Mas aliás, falando em não me preocupar, estou numa fase meio individualista, de achar que cada um é, em partes, culpado, ou responsável como eu preferir, de si mesmo. Exemplo, hoje minha mãe se irritou, ao ponto de bradar louca em Cristo, porque eu estava carregando músicas no celular e não ia fazer umas coisas na cidade e que ela havia pedido antes. Ela perguntava se eu não tinha dó dela e eu respondi que não, afinal de contas, quem mandou ela ser impositiva e querer que as coisas sejam só da maneira dela? Ir naquela hora, mais cedo ou mais tarde ia dar no mesmo. Na hora de sair ela me mandou ir com Deus. Aff, eu respondi "Tenha dó!" Ela sabe que eu não acredito, diz que vai quebrar o celular e grita ao ponto de me deixar irritado ao ponto de querer que ela enfarte e me dê sossego. Claro que eu não quero que a minha mãe enfarte, é que a emoção me tira a razão e na hora a gente só pensa, não deseja e não externaliza, respira fundo o ar seco até o nariz doer.

Contudo, no fundo penso em sair de casa, fazer às coisas ao meu tempo, da minha maneira. Não gosto de nada me pressionando. Problema que para sair de casa a gente precisa de dinheiro, coisa que eu não tenho e sou um vagabundo sustentado pela mãe feroz. Além do mais tenho uma constância de solidão, sinto falta de alguém, só vejo meu círculo social reduzindo e ficar distante dos meus pais, da minha mãe ainda por cima, me faria voltar rapidamente para casa outra vez, suplicando a presença deles, ou morrer deprimido e eu morro de medo ter depressão, eu sou angustiado, mas me controlo bem.

Tudo bem, como eu havia dito, se apertar eu voltaria para casa, não tenho vergonha de dar o braço a torcer mesmo. Ok, nem sempre eu dou o braço a torcer, mas melhorei bastante e me acho melhor do que muita gente com relação a isso. Sem contar que me sinto um tanto quanto nobre.

Bem, é isso. Ah, hoje eu passava pelo Mercado Central e numa loja de coisas típicas do cerrado havia um rapaz atendendo. Não sei porque, senti que ele gostava da mesma fruta que eu além de ser bem pegalvezinho. Olhei para ele meio sorridente e ele olhou para mim, me parece que sorriu de leve e olhou fundo nos meus olhos. Bem, continuei andando, pensando "mas será que é mesmo?" e se eu não deveria ter feito outra coisa além de simplesmente ir embora.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ainda bem que eu moro em Goiânia

No passado meus pais cogitaram se mudar para Minas Gerais. Apenas cogitaram e não fizeram esforço algum para que isso se realizasse. Bom, mas que minha mãe pensou no assunto a sério, isso ela pensou. Mas conforme podem ver, isso não aconteceu, continuo morando em Goiânia, como sempre morei, e seria difícil não respirar aliviado e bairrista o ar seco como fiz ontem quando vi pela primeira em nove dias os edifícios envolvidos em névoa seca de Goiânia.

A cidade natal da minha mãe em Minas Gerais para ser mais exato, é um lugar que já teve mais graça e a que vai sobrando vai se acabando aos poucos, idas após idas. Não consigo olhar para lá com grande entusiasmo e se minha vida é sem graça e precisa ser modificada, lá seria mais difícil se é que ela estaria no mesmo nível que está agora.

Não sou uma pessoa resolvida em certos aspectos, nos últimos anos melhorei boa parte deles e agora eles precisam de uma sintonia fina como imagino que serão as coisas por todo sempre, faz parte da vivência de qualquer um. Mas se eu morasse na cidade natal da minha mãe, eu não estaria tão bem resolvido quanto sou agora e pensando na média do que acontece por lá, certamente eu não poderia imaginar chegar onde posso chegar.

A cidadezinha é pacata, é linda, tem pessoas hospitaleiras, educadas e atenciosas, o sotaque é semelhante ao goiano, só que é mais doce. Existem muitos rapazes bonitos na cidade e muitos são de Uberlândia, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia para visitar amigos e familiares. Mas me parece utópico pensar que sobraria algum deles para mim ali naquele lugar e que eu fosse ter a consciência de que poderia pensar de forma clara e desinibida, como atualmente, que eu gosto de garotos.

Minha expectativas em relação a uma eventual vida em cidade pequena, como no passado foi cogitado, tem uma grande parcela de preconceitos e limitação de conhecimento. Mas não vejo porque pensar que eu esteja errado ou não tenha motivos respirar aliviado esse ar seco e metropolitano da minha "vida homossexual" em Goiânia.

Mas tudo bem. Deixa, vou ficar aqui em Goiânia mesmo até onde eu sei e deixar o interior só para as férias, feriados e outros prazos curtos. Agora vou ao banco, esperar os carros pararem antes da faixa de pedestres - em vão em muita das vezes, e não tomar um sorvete porque voltei mais rechunchudo nessa viagem.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um pouco de auto crítica obssessiva destrutiva.

Me vejo como alguém medíocre e acho mediocridade algo... medíocre. Penso que se eu lesse mais um pouco eu evoluiria bastante. No entanto não leio o quanto e o que eu acho que deveria ler, no caso livros. Não leio não é por preguiça, ou é? Será preguiça se falta de iniciativa for preguiça. Nesse tempo tenho me contentado somente com os livros pedidos ou sugeridos pelo curso universitário. Creio que meu problema em não ler o quanto eu deveria ler seja também a falta de costume, nunca pensei "hoje vou ao cinema e saindo de lá vou passar em uma livraria". Para ser bem sincero quando eu chego em uma livraria nem sei bem o que fazer, suponho que seja igual uma vídeo-locadora, eu entro, vou olhando os livros, divididos por sessão, e compro. Na verdade eu nem sei bem ao certo quais são os temas que me agradam. Sei que gosto de História, Sociologia, Economia, Política, Geografia (oh) e tenho boas lembranças da literatura regional do Ensino Médio.

Eu devo ler mais, mas por onde começarei não sei bem ao certo, acho que por enquanto os sobre urbanismo, cidades, movimentos sociais e disputa de poder, afinal de contas a monografia que era para eu começar com ela o ano passado vem aí. Tenho a expectativa e não sei até que ponto isso é uma fantasia, mas penso que a partir do dia em que eu ler mais poderei vir aqui e falar melhor sobre a união cívil na Argentina.

Bem é isso. Quando vocês lerem isso eu estarei em Minas Gerais, sem internet, sem telefone celular e wap, já que ficarei na zona rural. Então o Blogger irá postar esse texto automáticamente enquanto me admiro com os talvegues das serras do Alto Paranaíba, olho os ipês amarelos que, não sei porque motivo, floresce um mês antes em relação ao meu estado. Aproveitarei bastante a viagem, apesar da minha da constante sessão de solidão e desperdício, talvez se eu me esforçar mais arrume amigos quando voltar dessa viagem. Mas mesmo assim a gente que mora aqui vai me alegrar um pouco e assim é bom que me sentirei dentro da música do Pato Fu que coloco abaixo.

Espero chegar são e salvo em casa, já que dirigirei sozinho quase 700 Km, sendo 500 em pista simples sem a supervisão de um adulto, com os comentários da minha dramática e leiga matriarca. Kkkk Brincadeira, mas que eu tenho medo de sofrer um acidente, ah isso eu tenho.

Bem, vejam o vídeo:




Simplicidade
Pato Fu
Composição: John

Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia

Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso

Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria

Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia

terça-feira, 13 de julho de 2010

Minha experiência na Igreja Inclusiva

Eu fiquei curioso quando ouvi dizer pela primeira vez em igrejas inclusivas. Um dia eu estava navegando na página de uma revista gay e encontrei um artigo de um pastor homossexual pertencente a uma dessas igrejas. Escrevi um e-mail a esse pastor perguntando sobre alguma igreja inclusiva em Goiânia e desde já me identificando como ateu. O pastor respondeu orando a Deus em agradecimento pela minha mensagem, mas respeitando a minha crença ou falta dela, e indicou-me a outro pastor, porém de Brasília, que pudesse me dar informações melhores. Entrei em contato com o pastor de Brasília sem dizer que sou ateu e ele me falou sobre um grupo de homossexuais que estava começando aqui na minha cidade. Entrei em contato com o líder e fiquei aguardando pelas reuniões que não aconteceram.

Esperar esse tempo todo para mim não foi um problema, a curiosidade em conhecer uma igreja inclusiva nunca foi uma demanda de primeira importância e sim algo que eu pudesse esperar. Durante esse tempo conheci virtualmente algumas pessoas e fui convidado para participar de um grupo distinto do indicado pelo pastor de Brasília. Foi o culto desse grupo distinto a minha primeira experiência com protestantes homossexuais que acreditam que Deus não os rejeitam por serem e viverem o que de peculiar essa sexualidade tem.

No culto em que fui conheci pessoas novas como é de se esperar e fui bem tratado. No entanto tive alguns constrangimentos, um deles é o fato de mim não ter falado em hora alguma, previamente de preferência, que sou ateu e que estava ali naquele lugar para conhecê-los, saber em que se orientam e o que têm como objetivo, não sendo meu interesse, até onde sei, me tornar crente. O segundo é o minha falta de costume com cultos protestantes e só fui notar isso quando estava lá. Sempre me senti muito a vontade em missas católicas, mesmo depois de "assumir" o meu ceticismo.

Com relação ao que pude notar, não sei até que ponto estou certo e fica suspeito eu fazer juízos a respeito do que aqueles homossexuais acreditam. Se eu não estiver enganado, e acho que não mesmo, para eles Deus pode abençoar as uniões homossexuais e por isso a igreja deles casam religiosamente pessoas de mesmo sexo. Além do casamento, eles participam daquela denominação pois acreditam em Deus e vê na congregação, ou melhor, na reunião de pessoas em nome dele, uma forma de cumprir com as obrigações para com ele e de se sentirem felizes. Entre as outras coisas em que acreditam um para mim se saí extremamente equivocada, a utilização da Bíblia como parâmetro moral.

Tudo bem que é a fé deles, mas penso que, mesmo se eu fosse crente, eu não tomaria a Bíblia como parâmetro moral, seja pela idéia que tenho a respeito da moral e da sua relativa serventia - o que não depende de fé, seja porque a Bíblia tem inúmeras passagens cujas interpretações literais hoje são absurdas, mas no passado mais que aceitáveis, triviais. Bem, o que quero dizer com isso é que acho a Bíblia algo nada confiável para estabelecer o que é certo ou errado sendo nesse caso mais cauteloso ignorá-la para tal função. Sendo assim acho insensato rever naquele livro somente a interpretação dominante a respeito dos trechos que acusam aos homossexuais por serem homossexuais e permanecer com a mesma visão moralista a respeito do sexo, do corpo, do prazer, do amor, entre vários outros - não que a homossexualidade esteja intrínseca ao o que eles acham moralmente errado.

Bem, é mais ou menos isso por enquanto, não sei se irei dar sequência ao meu conhecimento, se der quero ir como ateu a quem interessar saber. Além do mais, se o grupo me aceitar lá como um ouvinte apenas espero cultivar por lá amizades. Quando católico, participava do grupo de jovens e uma moça adventistas que era muito querida por nós participava conosco. Tudo bem, católicos, adventistas, testemunhas de Jeová e protestantes têm coisas em comum, acreditam em Deus e no mesmo aliás, diferente de ateu que com relação a fé não compartilha nada em comum com eles. Mas deixa o tempo dar um jeito e eu saber como serão minhas vontades.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Era sobre religião, mas falei mais sobre a avó

Quis escrever esse post na segunda feira. Mas naquele dia uma notícia nada agradável chegou. Minha avó não vai bem, foi trazida para a capital, está mal do coração. Até agora os medicos não dizem muito bem o que está havendo e nem o que pretendem fazer. A falta de informações objetivas tanto quanto a situação dela tem causado na família, ou em boa parte dela, uma grande angústia.

Minha avó é daquelas avós matriarcas. É a que toma partida dos filhos, netos e bisnetos. Juntamente com meu avó não gosta de ver ninguém da família brigado e a satisfação deles é o natal, o ano novo e datas afins com a casa de cheia dos filhos, netos e bisnetos. Gente que somada daria talvez uma centena de pessoas, aquela família bem ao tipo das propagandas da Sadia ou da Kodak.

Tenho passado bem esses dias, eu não consigo manifestar preocupação e nem sei se mostrar resolve alguma coisa. Mas sempre vem a qualquer momento o fato da condição de saúde da minha avó e isso faz as coisas ficarem meio amarga, azedas e ou frias.

Tudo que eu não quero agora é lidar pela primeira vez com a perda de uma pessoa próxima. Eu não vejo a morte tanto assim como fim de carreira, mas é importante ter em mente que penso assim só porque nunca lidei efetivamente com a morte. Mas sou bem otimista, estou confiante, acho que todo essa deja vu é apenas um sinal para minha avó rever um pouco dos hábitos dela.

Bem, mas mudando de assunto, domingo teve aqui em minha cidade um culto de um grupo inclusivo. Eu fui para matar a curiosidade. A dinâmica é a mesma dos cultos tradicionais e as crenças também, a diferença é que a homossexualidade é lidada como algo normal e lógico, os presentes são declaradamente homossexuais.

Durante o culto me identifiquei como ex-católico, até aí nenhuma mentira. Porém menti pois não falei que se quiser acreditar no que eles acreditam ali não dá para mim dado às minhas concepções atuais a respeito da existência de Deus e das religiões. Me senti constrangido também, mas não orei em momento algum, fiquei em silêncio, como aquele que hora em silêncio?

Poderia eu dito a verdade, que sou ateu e que estou ali mais para conhecer as pessoas, para ter experiências, conhecer as ideias deles e não para declarar fé em algo que mesmo que eu quiser, não vai dar para acreditar, pelo menos não por agora como eu disse. Achei meio ingênuo e ou intransigente a Bíblia ser utilizada inclusive como fonte de norma moral, pois é a mesma Bíblia que trata a homossexualidade como amoralidade e define o que é moral ou imoral na sexualidade, entre outras coisas, enfim, uma outra discussão.

Bem, foi isso.

 

P.S.: Estou aparentemente meio ausente da blogosfera pois tenho utilizado o Google Reader para lê-los e acho que comentários, embora agradáveis de serem recebidos, são um trabalho a mais para a preguiça exagerada do Well ou sua falta do que dizer. Mas estou acompanhando e gosto de todos vocês.